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Madalena Bessa
Assustador!
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Cinco palavras catalãs que fazem cócegas
Quando olhamos para as línguas próximas, são as pequenas diferenças que nos deixam com um sorriso na boca, como se nos fizessem cócegas. Façamos a experiência com cinco palavras catalãs. É uma forma de viajar neste mês de férias. Fotos de Lucas Gallone em Unsplash 1. NitDizer «bona nit!» é simpático, mas para um português o estranho é ouvir um «bon dia» assim de chofre, sem nada que desmanche a ilusão de estarmos a ouvir a nossa língua. Não estamos. Mas, durante aqueles segundos, parece. Avancemos no dia. «Boa tarde» é «bona tarda». A noite é «nit». Sim, estamos a caminhar até à «nuit» francesa, mas não temos nenhum «u» e estamos longe da «noite» portuguesa ou da «noche» castelhana, sempre com o «O» a lembrar-nos uma certa escuridão. Sim, isto sou eu a delirar. A escuridão da noite não está nas palavras e sim no céu, mas o que querem? Quando oiço «nit» lembro-me de um qualquer grito nocturno. 2. TardorNão sei se me soa a Terra Média («e os cavaleiros puseram-se a caminho das negras terras de Tardor») ou a qualquer coisa de tardio, ainda um pouco quente — ou talvez me soe ao aspecto ardido das folhas castanhas no chão. Não faço ideia, mas sei que soa bem. É «outono» em catalão, mas lembra-me também o entardecer e uma certa mansidão. As outras línguas são assim: às vezes põem-nos a ver as coisas pela primeira vez. 3. CapEsta é uma estranha palavra que tanto quer dizer «cabeça», como «chefe» e ainda «cabo», «nenhum» — ou «em direcção a». E olhem que não fica por aqui. Ou seja, «cap al cap» será algo como «em direcção ao cabo». «No tinc cap pressa» é «não tenho nenhuma pressa». «El cap del meu cap» — «a cabeça do meu chefe». Uma palavra bem cheia… (E espero não ter metido os pés pelas mãos com o atrevimento de escrever umas frases em catalão.) 4. SenyComo nós, que temos sempre a saudade na boca quando nos falam do que é ser português, também os catalães tentam definir o seu carácter com uma ou duas palavras. Neste caso, duas: «seny» (bom senso) e «rauxa» (loucura) — uma estranha mistura que há uns anos li descrita (não sei bem onde) como alguém a tratar de negócios à varanda do hotel, mas todo nu. E se calhar com um bigode à Dali. Como sempre, estas caracterizações são perigosas, redutoras, ilusórias — o que quiserem. Mas aqui fica a tal «seny» nem que seja para vos dizer que o «ny» se lê «nh». Sim, em catalão, Catalunha escreve-se «Catalunya» (mas lê-se como cá). 5. DinarNão me fico pelas cinco palavras… Acho curiosas palavras próximas de forma peculiar, como «dona» (mulher) ou «germà» (irmão) ou «menjar» (comer) ou «parlar» (falar). E estranho, estranho é dizer «dinar» para o «almoço». Já o jantar é «sopar». E o pequeno-almoço? «Esmorzar». Temos ainda isto: «dona» no plural dá «dones» (mas o «e» lê-se quase como o nosso «a»). «Irmã» é «germana» e, assim, irmãs são «germanes». Para terminar, aponto para a palavra «novel·la» (romance). Tem aquele símbolo estranho, exclusivamente catalão: assinala que os dois LL não se devem ler como o nosso «lh», mas antes como dois LL separados, um em cada sílaba. «Una novel·la excel·lent» é, por exemplo, La plaça del diamant, de Mercè Rodoreda (o «ç» em «plaça» mostra que a cedilha também existe em catalão). As outras línguas latinas são assim: vão revelando os seus segredos devagar, enquanto nos fazem cócegas. Fins demà! Texto publicado anteriormente. Proponho, já agora, que oiça o episódio «Ler as línguas nas placas das estradas de Espanha». Aqui fica o mais recente episódio da Pilha de Livros:
Oiça também os outros programas em que participo:
Pode encomendar os meus livros nesta página.
© 2023 Marco Neves |
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Vai ser lançado em breve o novo serviço de transporte que liga o posto fronteiriço de Macau da Ponte do Delta até à área restrita de partidas do Aeroporto Internacional de Hong Kong. O serviço vai permitir que os passageiros façam os procedimentos de emissão de cartões de embarque, de check-in ou transferência de bagagem […]
Source: Lançada em breve ligação terrestre directa entre Macau e Aeroporto de Hong Kong – PONTO FINAL
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Países da Ásia protestam contra liberação de água radioativa no mar pelo Japão
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Detailed info, map, data, reports, updates about this earthquake: Weak mag. 2.6 earthquake – North Atlantic Ocean, 88 km southeast of Ponta Delgada, Azores, Portugal, on Thursday, Aug 24, 2023 at 8:32 am (GMT +0) – 1 user experience report
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Peixe do meu quintal
Manhosa Democracia
As eleições nos vários territórios ibéricos, sob o domínio secular de Castela e a que se convencionou astutamente chamar Espanha, trouxeram à luz da realidade incómoda para Madrid, toda a hipocrisia envolta num velho manto malcheiroso e mofento, a que os castelhanos teimam em chamar-lhe democracia.
Já tenho escrito (e muitos outros igualmente o fazem) que a Península Ibérica é uma manta de retalhos. Vários países continuam subjugados pelas forças centralistas de Castela. Portugal foi o único que conseguiu safar-se do jugo castelhano graças às sucessivas intentonas da Catalunha que em 1640 se levantaram para nova tentativa de libertação. Castela teve de enviar, de urgência, o grosso das forças militares estacionadas na ocupação de Portugal. Ficando Lisboa desprovida de defesa castelhana, D. João IV aproveitou a fraca resistência e conseguiu libertar Portugal.
Hipocritamente, os políticos portugueses não falam muito desta realidade histórica, em troca de um bom relacionamento com Castela. Mas o facto é que muito deveríamos agradecer aos nossos patrícios catalães pela liberdade e independência portuguesa que ainda hoje desfrutamos.
Mas agora, com as eleições castelhanas em toda a Hispânia e com resultados insuficientes dos grandes partidos políticos para formarem governo de maioria, o partido socialista pensa aliar-se com os independentistas que foram detidos por causa do referendo de 2017 para a independência da Catalunha. O mesmo catalão, Carles Puigdemont, que teve de fugir na bagageira de um carro para não ser preso pelos dirigentes de Madrid, é agora ‘procurado’ pelo partido socialista operário espanhol de Pedro Sánchez para poder obter o número suficiente de deputados e assim formar o próximo governo. Ironia das ironias.
Claro que Puigdemont exige imunidade jurídica pelos crimes de que é acusado, por ter querido dar a independência à Catalunha, a seguir ao referendo de 2017, realizado à revelia da constituição espanhola e com a brutal perseguição policial ordenada por Madrid durante o ato referendário de 2017.
A tudo isto o mundo democrático assobiou para o lado, fingindo que nada via.
Num interessante artigo publicado no “Diário de Notícias” intitulado “O regresso da base das Lages”, pode ler-se, entre outras coisas:
“Uma nova realidade estratégica (e tecnológica), que envolve EUA, China e Rússia numa disputa pelo controlo do espaço geoestratégico dos Açores e do Atlântico em geral, reacende no pensamento militar norte-americano um debate sobre a importância da Base das Lajes enquanto ativo “essencial”. Depois de um downsizing (2015) que nunca foi bem aceite pelos militares, a base é agora equacionada como principal infraestrutura dos EUA na Europa num horizonte até 2050… A discussão pública à volta da importância da Base das Lajes para os EUA, enquanto potência que domina e quer continuar a dominar o Atlântico, está ativa nos anos mais recentes e com particular incidência na atualidade, por iniciativa de militares norte-americanos e da própria comunicação social militar. A capacidade demonstrada pela Rússia para invadir a Ucrânia e para entrar com submarinos no espaço do Atlântico Norte parece ter despertado o pensamento estratégico norte-americano para a necessidade de precaver os meios, o que leva Hardeman a afirmar que as duas bases até há poucos dias sob o seu comando, além de serem plataformas estratégicas de projeção de poder, tornam possível aos bombardeiros e caças permanecerem fora da área de ameaça russa, mas suficientemente perto para apoiarem a iniciativa de dissuasão europeia e a operação no Médio Oriente. Na prática, esta visão aproxima a Base das Lajes de uma base de ataque, com bombardeiros e caças partindo de uma posição segura e certamente apoiados por reabastecedores. Hardeman avisa que a China continua a expandir-se para a África e para a região do Atlântico, enquanto a Rússia se assume como “uma ameaça desestabilizadora”. Está assim ultrapassado o discurso de desvalorização das capacidades da Rússia e de remissão da China para uma potência regional, admitindo-se que os dois poderes convirjam com os EUA numa disputa estratégica também no Atlântico.”
Para um bom entendedor, meia palavra basta…
jose.soares@peixedomeuquintal.com