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  • POEMAS À MINHA GALIZA LUSÓFONA

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    ao celebrar 40 anos de vida literária criei um capítulo GALIZÓFONA

    501 partir ii (a uma galiza lusófona)

    partir!
    cortar amarras
    como se ficar fosse já um naufrágio
    ficar
    como quem parte nunca
    partir
    como quem fica nas asas do tempo
    partir!
    cortar grilhetas
    como se viver fosse uma morte adiada
    vencer ameias
    cortar amarras
    velas ao vento
    olhar o mundo
    descobrir liberdades
    esta a mensagem
    levar o desespero
    ao limiar
    até erguer a voz
    sem medos
    até rasgar as pedras
    e o ventre úbere
    semear desencanto
    sorrir
    à grande utopia
    nascer
    de novo
    dar o salto
    transpor a fronteira
    entre o ter e o ser
    imaginar
    como só os loucos sabem
    e então chegaste
    com primaveras nos dedos
    e liberdade por nome
    loucas promessas insinuavas
    despontaste
    como quem acorda horizontes perdidos
    demos as mãos
    sabor de início do mundo
    pendão das palavras por dizer
    esta a revolução
    minha bandeira por desfraldar
    s. martinho do porto, setembro, 5, 1976/lomba da maia, açores fev 13, 2011

    525. Galiza como Hiroshima mon amour

    acordaste e ouviste o teu hino
    bandeira desfraldada ao vento
    ao intrépido som
    das armas de breogán
    amor da terra verde,
    da verde terra nossa,
    à nobre lusitânia
    os braços estende amigos,
    desperta do teu sono
    pega nos irmãos
    caminha pelas estradas
    ergue bem alto a tua voz
    diz a quem te ouvir quem és
    orgulhosa, vetusta e altiva
    indomada criatura
    nenhum poder te subjugará
    nenhum exército te conquistará
    nenhuma lei te amiquilará
    és a Galiza mon amour

    528. ah como eu gostava 16/11/2011

    portugal lembra o filho ingrato
    que sai de casa levando as malas
    cresce como um sem-abrigo
    vivendo de expedientes
    sujo, maltrapilho e destituído
    mas orgulhosamente só e independente
    altivo olha a galiza do tempo dos aguadeiros
    da pobreza, fome e sofrimento
    e sente-se superior
    não reconhece pai ou mãe
    nem partilha um cobertor
    comporta-se como assaltante
    aliado ao invasor
    esqueceu a história e perdeu os genes
    ah como eu gostava de ser galego

     

    530. pesadelo zoológico 3 dezembro 2011 à concha rousia

    s castelhano
    onhei estar num circo
    era um leão amestrado
    o domador espanhol
    senti-me galego
    eles não sabem
    que não há leões domados
    vivem anestesiados
    um dia acordam
    sem ronronar em castrapo
    vou esperar pelo chicote
    desobediente
    aguardo que ele erga a cadeira
    estreleje o látego
    e me mande falar
    aí direi ao castelhano
    já chega de circo
    o palhaço és tu.
    acordei e não vi bandeiras de castela

     

    531. lendas da minha galiza 11 dez 2011

    Galiza és tão especial
    quando sorris
    por que não sorris sempre?
    és tão bela
    quando ris com gargalhadas cristalinas
    por que não ris sempre?
    és tão amorosa
    quando falas e cicias
    por que não falas sempre?
    no meu quintal tenho um poço
    sempre cheio de palavras
    onde vou buscar inspiração
    é lá que busco amores
    como se fora o monte das Ánimas
    na era dos Templários
    quando os cervos eram livres e não havia lobos
    foi lá que aprendi a tua história
    depois de Ith filho de Breogán
    ir à Torre de Hércules
    divisar Eirin a Verde
    morto Ith, perdidas as Cassitérides
    aprisionados os Ártabros
    resta visitar Santo Andrés de Teixido
    duas vezes de morto
    que não o visitei uma de vivo
    e esta história queda silente
    nos livros e na memória dos velhos
    por que não a aprendem os nenos?
    agora que o rio Minho passa caladinho
    para não despertar os meninos
    hoje quando fui ao poço
    encontrei-o seco e mirrado
    sem um fio de água sequer
    não havia pardais nas árvores
    nem flores no jardim
    senti o coração trespassado
    as lágrimas secaram-me
    aºao trespassado Castelaer
    caladinho
    fincado no chão
    pios e polinia fadas ou sereias
    atopei umas Meigas
    a dançar com o Dianho
    foi então que o vi, o Chupacabras
    estandarte de Castela
    não mais haveria fadas ou sereias
    cronópios e polinópios
    vou juntar ferraduras, alho e sal
    colares de conchas e tesouras abertas
    esconjuro-vos ó meigas castelhanas
    que me salve o burro farinheiro
    vou ao banho santo em Lanzada (sansenxo)
    hei de te encontrar minha moura encantada
    não tenho medo de travessuras de Trasgos
    nem Marimanta ou Dama de Castro
    sem temor da Santa Companhatravessuras de Trasgos
    a
    a Santa Companha
    nem do Nubeiro vagueando
    entre tempestades e tormentas
    hei de te encontrar minha moura encantada
    e brotará áuga do meu poço
    escreverei os versos e serão mágicos
    erguerei a tua flâmula
    no poste mais alto e cantarei
    Galiza livre sempre

     

    532. genevieve 13 dez 2011

    genevieve era nome de mulher
    um restaurante japonês
    no meio de chinatown
    sorrisos largos e astutos
    mansos como o rio minho
    olhos profundos amendoados
    como o canon do sil
    prometia ribeiras sacras
    seios amplos acolhedores
    como as rias baixas
    genoveva da galiza
    amazonaom saudades de arousamazona
    s
    amazonaaa em sidney
    um pai na argentina
    uma mãe em paris
    com saudades de arousa
    promovia sushi com saké
    loucas bebedeiras em galego

     

    533. concha é nome de guerra 13 dezembro 2011

    para ti não há música nem dança
    apenas as artes marciais
    guerrilheira de montes e vales
    urdidora de emboscadas
    sob a copa das amplas árvores
    brandes teu gládio de palavras suaves
    não usas as falas do inimigo
    vingas a dor de seres galega
    a montanha que herdaste sozinha
    prenhada de mar na ilha dos nossos
    o povo desaparecido da Rousia aldeia
    esse recanto insuspeito ao virar da raia
    onde fui a férias em 2005 sem te saber
    eu que nasci galego do sul
    sendo galego de Celanova
    apartado de meus irmãos e irmãs
    séculos de história ao desbarato
    distavam mares que nunca navegámos
    montes que nunca escalámos
    estrelas que jamais enxergámos
    até um dia em que surgiste
    vestias azul e branco orlada a ouro
    estandarte do nosso reino
    ciciavas liberdades por atingir
    sonhos por realizar
    brandias a tua utopia
    numa mesma lusofonia

     

    536. elegia à AGLP 16 dez 2011
    viver numa ilha é prisão
    sair dela é impossível
    nem com a velocidade da chita
    nem com a força do elefante
    nem com o mergulho do cachalote
    de nada servem passaportes
    nem vistos consulares
    só água nos rodeia
    preciso saber nadar
    viver na Galiza é prisão
    sair dela é possível
    mas não elimina os carcereiros
    não abate as grades do cárcere
    não liberta do cativeiro
    mas nas árvores de NottinGaliza
    há sempre uma Concha dos Bosques
    ou um Ângelo Merlim
    um Joám Pequeno Evans Pim
    um frei Tuck Montero Santalha
    e seu bando de lusofalantes
    manejando o arco
    invencível besta da lusofonia
  • Onésimo Almeida na antologia bilingue

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    interessante texto sobre Onésimo de Almeida e a antologia bilingue de autores açorianos contemporâneos na sua apresentação na universidade do minho (Braga) dia 6 de dezembro

    http://www.lusofonias.eu/cat_view/91-iniciativas-e-apoios/58-apoios/115-antologias.html?view=docman

    Almedina-Braga, 6 de Dezembro de 2011
    Apresentação do livro Antologia Bilingue de Autores Açorianos Contemporâneos
    Onésimo e a questão da Literatura Açoriana
    Em vez de oferecer uma visão geral sobre esta Antologia Bilingue de Autores Açorianos Contemporâneos, optei por destacar um autor que nela figura: o Professor Onésimo Teotónio de Almeida. Confesso, desde já, o meu gosto pessoal pela prosa de Onésimo, pela sua limpidez, pelo seu humor (vd. “Que nome é esse, ó Nézimo?”, integralmente nesta antologia). Porém, a minha escolha, hoje, recai sobre um trecho não ficcional que extraí de A questão da literatura açoriana e que também consta da presente antologia:
    Embora haja quem suponha estéril o debate sobre a existência ou não de uma literatura açoriana, pessoalmente vejo nele uma riquíssima mina de elementos – dados, ideias perspetivas, conceitos, especulações, interpretações, explicações, análises – que refletem mundividências, posições teóricas sobre estética, pontos de vista sobre uma realidade humana num espaço geográfico específico (os Açores) de muitos dos melhores nomes das letras dos Açores. […] os textos de intervenção n[esse] debate […] representam a consciencialização teórica, uma explicitação de pontos de vista, intenções, demarcação e distanciamento de posições da parte exatamente de quem se tem preocupado por conjugar os Açores como tema, ou utilizá-los como espaço ou pano de fundo dentro do qual se move a realidade por eles criada ou recriada nos seus textos.
    Com certeza não será este o local, nem esta a hora, de debater a existência ou não da Literatura Açoriana. Questão apriorística, paradoxal, porquanto a sua formulação já expressa a identidade que está a questionar. Da mesma forma, esta antologia também não pretende dar nenhuma resposta a esta questão. Por outro lado, de maneira bem eloquente, a seleção de textos antologiados apresentam-nos as tais conjugações (a que Onésimo se referia) dos Açores como tema, as tais utilizações dos Açores como espaço ou pano de fundo, enfim, a tal realidade de formatação açoriana. Pode, então, o leitor conhecer, ainda que de forma fragmentária, os temas, os motivos, as histórias, as particularidades da língua e os demais recursos retórico-literários que fornecem os argumentos àqueles que defendem a existência de uma Literatura Açoriana. Claro que não se dispensa a leitura integral das obras — De resto, uma antologia é sempre um convite à procura da obra integral – e só assim se poderá formular uma opinião informada. Pela minha parte, reconheço obras que falam da experiência humana. Sem dúvida, obras que resultam de vivências próprias e estilos pessoais. Mas obras que espelham o mundo, os homens e as mulheres que nele vivem. Utilizando palavras de Claudio Guillén obras “entre o Uno e o Diverso”.
    A presente antologia acentua a universalidade das obras antologiadas. Promove-as e facilita que elas cumpram um propósito supranacional, de certa forma, enunciado por Goethe quando anunciava a chegada de uma Weltliteratur: cada literatura local tem um papel a desempenhar na grande sinfonia da Literatura Mundial. E, não abandonando a metáfora, esta antologia desempenha este papel a dois instrumentos: a Língua Portuguesa e a Língua Inglesa.
    Diz Onésimo no fim do mesmo artigo que “quem lucrará com isso [o reconhecimento da Literatura Açoriana] será a Literatura Portuguesa. Ficará menos monocórdica. E monótona.”. Depois desta antologia bilingue, independentemente de reconhecermos ou não a existência de uma Literatura Açoriana, quem lucra é a Literatura do Mundo: fica ainda mais polifónica e acessível a um maior número de leitores.
    João Peixe
    Doutorando da Fundação para a Ciência e Tecnologia
    Centro de Estudos Humanísticos
    Instituto de Letras e Ciências Humanas
    Universidade do Minho
  • O valor económico da língua portuguesa pode ser potenciado

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    O valor económico da língua portuguesa pode ser potenciado

     

    A Língua Portuguesa é um património muito acima da sua actual valorização (José Paulo Esperança). É fundamental que Portugal aposte, economicamente, nos países lusófonos (Sousa de Macedo).

    09-12-2011

    «O Valor Económico da Língua Portuguesa» foi o tema de uma conferência organizada pelo Observatório da Língua Portuguesa e que teve como conferencistas o professor universitário José Paulo Esperança e o ex-secretário de Estado das Comunidades Luís Sousa de Macedo. E se para o docente a Língua Portuguesa é um património muito acima da sua actual valorização, para Sousa de Macedo é fundamental que Portugal aposte, economicamente, nos países lusófonos. “Uma língua é tanto mais valiosa quanto mais parceiros de utilização tiver, porque quanto mais pessoas a conhecerem, maior será esse valor”, lembrou o professor José Paulo Esperança, na abertura da conferência, realizada no passado dia 29 de Novembro, na Fundação Cidade de Lisboa.
    Falada actualmente por mais de 240 milhões de pessoas em todo o mundo – 3,7 por cento da população mundial – a língua portuguesa representa, em termos económicos 4 por cento do valor mundial, sublinhou o professor José Paulo Esperança.
    O docente universitário – que integrou a equipa que realizou o estudo «O Valor Económico da Língua Portuguesa», encomendado pelo Instituto Camões (IC) e desenvolvido por 10 investigadores do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) – defendeu que “a proximidade linguística é um fator importante” nas relações económicas de Portugal, já que “países com uma língua comum têm maior facilidade em fazer negócios”.
    Apesar de apenas 6 por cento das exportações nacionais se destinarem a países de expressão portuguesa, o saldo comercial é favorável, já que Portugal importa desses mesmos países, apenas 3 por cento do total do volume de importações, referiu José Paulo Esperança.
    O professor afirmou ainda haver um aumento do interesse na língua falada por oito países – Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Timor Leste – dando como exemplo a sua presença ma internet. Segundo o Barômetro Calvet das línguas no mundo, é de 34,4509 o índice de penetração da língua portuguesa na Internet (dados de Novembro de 2009). O português é já o oitavo idioma em número de artigos divulgados na Wikipédia e ocupa o 15º lugar no índice «traduções de língua de origem». “Num período de dez anos, o português foi a língua que mais cresceu em termos de acesso na internet”, afirmou o docente.
    José Paulo Esperança revelou ainda que a sua procura como língua estrangeira está a crescer exponencialmente em países de língua espanhola “como a Argentina e o Uruguai” onde, acrescentou “já é um idioma mais procurado do que o inglês”.
    Mesmo assim, o investigador defende que é importante a definição de estratégias para a sua dinamização. “O Português é um património superior à sua atual valorização”, defendeu, acrescentando que este valor abaixo das potencialidades da língua ocorre “muito por uma inércia e indefinição tanto a nível de entidades públicas como privadas”.
    “A língua promove relações e o seu valor para as empresas e para os países pode ser potenciado, já que o estudo («O Valor Económico da Língua Portuguesa») revelou que as indústrias e os serviços em que ela é um elemento chave, representam 17 por cento do Produto Interno Bruto de Portugal”, alertou.
    Já Luis Sousa de Macedo recordou que a língua portuguesa é o veículo de comunicação de milhões de lusófonos na diáspora, com destaque para os 4,5 milhões de portugueses e luso-descendentes. Nesse sentido, foi ainda mais longe ao afirmar que “já que língua e cultura são factores de aproximação”, falar português “é tão importante” que as empresas portuguesas elegeram como mercados fundamentais “a África lusófona e o Brasil”.
    “Neste momento de crise económica, é crucial apostar nos países onde ao longo de séculos criamos uma ligação de proximidade, com destaque para o Brasil e Angola”, defendeu o ex-secretário de Estado das Comunidades e actual administrador da Fundação PT.
    Inserida no 1º Ciclo de Conferências do Observatório da Língua Portuguesa – que teve como temáticas anteriores «Que Política para a Língua Portuguesa?» e «A Internacionalização da Língua Portuguesa» – a palestra reuniu vários estudiosos da língua portuguesa. As três conferências tiveram por objetivo ser um espaço de reflexão e debate de ideias sobre questões relevantes da língua de Camões e ainda motivar a sociedade civil para a importância da II Conferência Internacional sobre Língua Portuguesa no Sistema Mundial que será realizada em Portugal no próximo ano.
    17 por cento do PIB de Portugal

    O estudo «O Valor Económico da Língua Portuguesa», focado na realidade portuguesa, avaliou o impacto da proximidade linguística em quatro dimensões: comércio externo, investimento directo estrangeiro em Portugal, fluxos de turismo e fluxos migratórios. Os dados iniciais permitiram perceber que as indústrias e os serviços em que a língua portuguesa é um elemento chave, representam 17 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal.
    Encomendado pelo Instituto Camões (IC) em Setembro de 2007, e desenvolvido por uma equipa de investigadores do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), o estudo confirmou o elevado peso da proximidade linguística nas relações de Portugal com o exterior. “O papel da língua é um facilitador significativo nas dimensões de intercâmbio analisadas”, lê-se nas conclusões do estudo que apontam a área das migrações e a do Investimento Directo de Portugal no Estrangeiro (IDPE) como aquelas onde neste momento, a língua portuguesa tem mais peso.
    Nesta área, revelou que Brasil e Angola representaram “19 por cento do total da saída de investimento directo a partir de Portugal, no período de 1996-2007”. No mesmo período, embora menos significativa, “também à entrada se verifica um peso superior ao «natural» do investimento directo oriundo principalmente do Brasil e de Angola, representando 13% do total”, refere o documento.
    Idioma oficial em oito países, o português é uma das seis línguas mais faladas no mundo.
    Ana Grácio Pinto
  • DO IBERISMO AO 1º DEZEMBRO in ChrónicAçores vol.2

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    16.5. Do Iberismo ao 1º de dezembro
    Gostava JC de ter algumas réstias do sempiterno otimismo mas a
    desoladamente, a sua reserva, está no nível mínimo desde há déca-das. Mas quando, ano após ano, a chuva cai dentro de casa e alaga o chão ou móveis como se não houvesse teto, tem de assumir a péssi-ma qualidade das casas e que os ”mestres” de construção não passam de biscateiros incapazes de fazerem a obra como deve ser. Mas se vai a um restaurante o resultado é similar com um serviço deficiente a preços de luxo, se vai a um mecânico automóvel idem aspas. E o mesmo se passa na saúde, na justiça, na ignorância santa dos novos professores, na incompetência dos que governam e dos que são man-dados. É esta a tradição. Não é de hoje, vem de longe como consta-tou hoje ao traduzir este parágrafo
    Enquanto a Terceira e as ilhas próximas resistiam ao assalto dos espanhóis à Coroa portuguesa, S. Miguel franqueou-lhes a entrada. Esta diferença deveu-se ao facto de o Corregedor Ciprião de Figueiredo estar sedeado em Angra. Fiel apoiante do Prior de Crato, terá proferido a frase “antes morrer livres que em paz sujeitos”. Por outro lado, a capitania de S. Miguel estava na mão da influente família Gonçalves da Câmara. Além disso, residia nessa altura em São Miguel o Bispo dos Açores, D. Pedro de Castilho, fiel a Filipe II. Viria a ser Vice-Rei de Portugal em paga da sua fidelidade à causa castelhana. Mais tarde, o Capitão do Donatário de São Miguel receberia o título de Conde de Vila Franca.
    Abundam assim os que esquecem o terror do domínio castelhano e
    pressurosos querem entregar o país ao vizinho ibérico.
    Miguel Urbano Rodrigues escrevia em 2006:
    151

    J. Chrys Chrystello
    Os iberistas, ao esboçarem uma Espanha pletórica de energias, de
    progresso e criatividade, simulam esquecer que o país exibe a mais
    alta taxa de desemprego da UE. Não aludem ao racismo e à xenofobia
    …onde os imigrantes, sobretudo os magrebinos, equatorianos e colom-
    bianos são mais discriminados.
    Há três décadas a Espanha não existia como parceiro comercial. Hoje
    ocupa o primeiro lugar nas importações portuguesas. A banca espanho-
    la conquistou uma parcela importante. O mesmo ocorre com a hotelaria
    e grandes transnacionais como El Corte Inglês e Zara. As imobiliárias
    espanholas invadem as cidades. … no Alentejo capitalistas espanhóis
    compraram já as melhores terras no Alqueva. Adquiriram milhares de
    hectares para criação de porcos, lagares e plantação de oliveiras e vinhas. Essa invasão é festejada pelo Governo de Sócrates e pela grande burguesia. … Agradecem. Com a espontaneidade da nobreza
    de 1383 a saudar D João De Castela e a nobreza de 1580 a alinhar
    com Filipe II. Essa forma de dominação económica encobre uma moda-
    lidade de intervenção imperial. “Alentejo Popular”(Beja) 02-11-06
    Portugal atingiu tal irrelevância que ninguém se surpreenderia se
    passasse a dependência espanhola, como se de banco se tratasse.
    Como se estivéssemos a falar de abrir um escritório no litoral já que
    o interior está desertificado de gentes e de economias de mercado viáveis. Por outro lado, despontam a nível governamental, iniciativas de união ibérica, nem sempre dissimuladas, que causam engulhos. Por ser um estudioso do assunto que condensou o que JC pensa, sigamos Carlos Fontes em Lusotopias
    O iberismo é um fenómeno do séc. XIX como resposta à teoria das
    grandes nações então em voga. …as pequenas estariam condenadas
    a serem absorvidas pelas grandes, tal como teria acontecido entre os
    animais onde os mais fortes extinguiram os mais fracos (darwinismo).
    Sempre que a situação é melhor no outro lado da fronteira, a integra-
    ção de Portugal em Espanha surge aos olhos dos iberistas como a
    solução para resolver a crise, sem trabalho… as mortes de dois ibe-
    ristas assumiram enorme carga simbólica na história portuguesa, sendo
    continuamente evocadas. A morte do Conde de Andeiro, fidalgo galego,
    foi assumida como o símbolo de liberdade de um povo que recusa as
    ingerências externas. Acabou por ascender a elevada posição na corte,
    tendo recebido de D. Fernando o título de Conde de Ourém, pondo-se
    152

    ChrónicAçores:
    .
    na crise de 1383-85, ao serviço de Castela. Foi assassinado, em 1383, por D. João, mestre de Avis e futuro rei de Portugal. A sua nefasta ação traduziu-se numa violenta guerra civil.
    Já a morte de Miguel de Vascon-celos exprime simbolicamente a afir-mação da identidade cultural de um povo, após a opressão de 60 anos. Após a morte deste esbirro, o povo português travou com a Espanha, durante 28 anos, uma sangrenta guerra na Europa e na América do Sul pela defesa da sua liberdade e dignidade.
    …E como já ninguém estuda História, estes episódios perdem
    a força, não são transmitidos de geração para geração, perde-se a
    memória coletiva do povo. Continuemos com Carlos Fontes:
    Nas últimas décadas, órgãos de comunicação social usando da
    liberdade de expressão, têm procurado abrir fraturas na sociedade.
    O seu objetivo é simples:
    1. Mostrar através de “sondagens” encomendadas ou “discussões”
    públicas que na sociedade portuguesa existe um grupo cujo objetivo é a
    dissolução do Estado português;
    2. Dar “voz” à hipotética minoria iberista portuguesa. Ao mesmo
    tempo, a imprensa espanhola mostra aceitação à possível integração.
    3. Os supostos iberistas não constituem uma corrente de opinião nem
    um movimento organizado.
    A imprensa trabalha no terreno das hipóteses…introduzindo elementos de discórdia e desmoralização coletiva.
    Oliveira Martins (1845-1894) é o melhor exemplo dos esbirros iberistas.
    É difícil de determinar a causa do profundo ódio que manifestava pelos
    seus concidadãos e o país. Foi um típico vira-casaca: anarquista, socia-
    lista, republicano, monárquico, liberal, antiliberal. Defendeu a liberdade,
    mas também a ditadura. Atacou os ditadores, mas apoiou João Franco,
    Muitas das suas ideias foram aplicadas por ditadores (Sidónio Pais ou
    Oliveira Salazar).
    Antero de Quental (1869) era um confesso iberista, dois anos depois já nem fala no assunto, e mais tarde abomina a ideia. Algo idêntico ocorreu com Teófilo Braga. …
    Durante as legislativas de setembro 2009 – a TVI -, canal de TV controlado por espanhóis interferiu diretamente na campanha eleitoral, e…afastou a “jornalista” (Manuela Moura Guedes) que promovia uma campanha de propaganda contra o governo socialista… e a comuni-icação social espanhola procurava lançar nova campanha em defesa das teses iberistas, apoiada numa “sondagem” da Universidade de Salamanca, com a colaboração de alienados no ISCTE (Lisboa).
    153

    J. Chrys Chrystello
    A razão por que se escolheu este tema e as citações supra para esta
    crónica é a data que ora se celebra, o dia da Restauração da Indepen-
    dência de 1 de dezembro de 1640. Para que os mais jovens nunca o
    esqueçam e deixem de a tratar como um dia sem aulas. Infelizmente,
    é para a maioria, um dia como qualquer outro nos Açores, sem que
    o povo se dê conta do seu significado:
    “…arrebatados do generoso impulso, saíram todos das carroças e
    avançaram ao paço. .. D. Miguel de Almeida, venerável e brioso, com a
    espada na mão grita: Liberdade, portugueses! Viva El-Rei D. João IV”
    A ideia de nacionalidade esteve por trás da restauração da inde-
    pendência plena de Portugal após 60 anos de monarquia dualista.
    Cinco séculos de governo próprio haviam forjado a nação, fortalecen-
    do a rejeição da união com o vizinho. A independência fora sempre um
    desafio a Castela. Foram sucessivas e acerbas as guerras, as únicas
    que Portugal travou na Europa. Para a maioria, os Habsburgo eram
    usurpadores, os Espanhóis inimigos e os seus partidários, traidores.
    Culturalmente, avançara depressa a castelhanização de 1580 a 1640.
    Autores e artistas gravitavam na corte espanhola, aceitavam padrões
    espanhóis e escreviam cada vez mais em castelhano, contribuindo para
    a riqueza espanhola. Dão a impressão errada de decadência cultural
    após 1580. A perda da individualidade cultural era sentida por muitos
    portugueses, com reações diversas a favor da língua pátria e da sua
    expressão em prosa e poesia. Contudo, os intelectuais sabiam perfei-
    tamente que os seus esforços seriam vãos sem a recuperação da
    independência política. O Império Português atravessava uma crise
    com a entrada em jogo de holandeses e ingleses. Perdera o mono-
    pólio comercial (Ásia, África e Brasil) e a Coroa, a nobreza, o clero
    e a burguesia haviam sofrido severos cortes de receitas.
    Os Espanhóis reagiam contra a presença portuguesa nos seus ter-
    ritórios, mediante vários processos, entre os quais a Inquisição. Isso
    suscitou grande animosidade nacionalista em Portugal aprofundan-
    do o fosso entre os dois países.
    Margarida, duquesa de Mântua, neta de Filipe II, exerceu o governo
    de Portugal, de 1634 a 1640, como vice-rei e capitão-general. Econo-
    micamente, a situação piorara desde 1620 ou até antes. Os produtores
    sofriam com a queda dos preços do trigo, azeite e carvão. A crise
    afetava as classes baixas, cuja pobreza aumentou sem disfarces. O
    agravamento dos impostos tornava a situação pior. A solução apre-
    sentava-se fácil e óbvia: a Espanha, causa de todos os males.
    154

    J. Chrys Chrystello
    A conspiração independentista congregava um grupo heterogé-
    neo [nobres, funcionários da Casa de Bragança e elementos do clero
    (alto e baixo)]. Em novembro de 1640 conseguiram o apoio formal
    do duque de Bragança. Na manhã do 1º de dezembro, um grupo de
    nobres atacou a sede do governo (Paço da Ribeira), prendeu a du-
    quesa de Mântua, matou e feriu membros da guarnição militar e
    funcionários, como o Secretário de Estado, Miguel de Vasconcelos.
    Dizia Camões: “Também dos Portugueses alguns traidores houve,
    algumas vezes…” (Os Lusíadas, C. IV, 33). Seguidamente, os re-
    voltosos percorreram a cidade, aclamando o novo estado, secun-
    dados pelo entusiasmo popular. Em todo o Portugal, metropolitano
    e ultramarino, a notícia da mudança do regime foi recebida e obe-
    decida sem qualquer dúvida. Só Ceuta permaneceu fiel a Filipe IV.
    D. João IV entrou em Lisboa a 6 de dezembro. Proclamar a separa-
    ção fora fácil. Mais difícil seria mantê-la. Tal como em 1580, em 1640 os
    portugueses estavam longe de unidos. As classes inferiores mantinham
    a fé nacionalista em D. João IV, mas o clero e a nobreza, com laços em
    Espanha, hesitava e a medo alinhava com o duque de Bragança.
    O novo monarca estava numa posição pouco invejável. Tornava-se
    necessário justificar a secessão não como usurpador, mas a reaver o
    que por direito legítimo lhe pertencia. Abundante bibliografia (em
    Portugal e fora dele) procurou demonstrar direitos reais do duque
    de Bragança. Se o trono jamais estivera vago de direito, em 1580
    ou 1640, não havia razões para eleição em cortes, o que retirava
    ao povo a importância que teria, fosse o trono declarado vago.
    Todo o reinado (1640-56) foi orientado por prioridades. Primeiro, a re-
    organização do aparelho militar, reparação de fortalezas das linhas
    defensivas fronteiriças, fortalecimento das guarnições e obtenção de
    reforços no estrangeiro. Paralelamente, a intensa atividade diplomática
    nas cortes da Europa, para obter apoio militar e financeiro, negociar
    tratados de paz ou de tréguas, o reconhecimento da Restauração, e a
    reconquista do império ultramarino. A nível interno, a estabilidade de-
    pendeu, do aniquilamento de toda a dissensão a favor de Espanha.
    A guerra da Restauração mobilizou todos os esforços e absorveu
    enormes somas. Pior, impediu o governo de conceder ajuda às ata-
    cadas possessões ultramarinas. Mas, se o cerne do Império, na Ásia,
    foi sacrificado, salvou a Metrópole da ocupação espanhola.
    155

    ChrónicAçores:
    Portugal não dispunha de exército moderno, as forças terrestres
    escassas na fronteira, as coudelarias extintas e os melhores generais
    lutavam pela Espanha na Europa. Isto explica por que motivo a guerra se limitou a operações fronteiriças de pouca envergadura.
    Do lado espanhol, a Guerra dos Trinta Anos (até 1659) e a questão
    da Catalunha (até 1652) atrasavam ofensivas de vulto. A guerra, que se
    prolongou por 28 anos, teve altos e baixos até se assinar o Tratado de
    Lisboa,1668, entre Afonso VI de Portugal e Carlos II de Espanha, em
    que este reconhece a independência do nosso País. (Adaptado de
    Oliveira Marques, “A Restauração e suas Consequências”, in História de
    Portugal, vol. II, Lisboa, ed. Presença, 1998, pp. 176-201).
    Hoje anda muita gente com passaporte português a celebrar o 1º
    de dezembro como desastre ou deplorável evento. Esquecem que se
    tratou da reconquista da liberdade do povo e da nação subjugada
    pelo poder dinástico dos Filipes de Castela. Mais vale um povo
    pobre e livre do que rico na gaiola dourada com as cores do reino
    de Espanha. Assim o dizem os galegos que se acercam das origens
    portuguesas preservando a língua e cultura comuns. A memória dos
    homens é curta e ninguém sabe nem evoca o jovem Miguel da Paz
    (n. 1499) que seria Rei de Portugal e de Espanha se não morresse
    aos dois anos. Infelizmente morreu e este “se” é desconhecido dos
    portugueses, clamem ou não pelo regresso ao trono espanhol.
    São deveras interessantes os “pequenos detalhes” que determinam
    o curso da História e que vieram legalizar de pleno direito a sucessão de
    Filipe II ao trono de Portugal em 1580, por morte sem descendência do
    herdeiro varão, cardeal D. Henrique (68 anos), 9º filho do rei D. Manuel I
    A candidatura de Filipe era fortíssima e indiscutível e resultava do ca-
    samento da filha terceira de D. Manuel I, com Carlos V (I de Espanha),
    pais de Filipe I de Portugal (II de Espanha). Paradoxalmente, antes da
    candidatura de Filipe ao trono, a situação poderia ter sido invertida,
    unificando as coroas ibéricas “para o lado português”. Em 1499, fora
    proclamado herdeiro das coroas de Portugal e de Espanha, Miguel da
    Paz, primeiro filho de D. Manuel I com Isabel, filha dos Reis Católicos.
    Azar dos portugueses ou conspiração castelhana, morreu com 2 anos.
    Por estas e outras razões os portugueses serão sempre saudosistas,
    dos espanhóis, de Salazar e do sonho chamado 25 de abril.
    in CHRÓNICAÇORES UMA CIRCUM-NAVEGAÇÃO POR J CHRYS CHRYSTELLO ED CALENDÁRIO DE LETRAS 2011
    156

    J. Chrys Chrystello
    — Quem garante que Portugal estaria melhor como província espa-
    nhola do que independente? (Os galegos dizem que não)
    — Quem garante que não seria Portugal uma célula independentista,
    tipo ETA, (aliada ou não à Galiza)?
    E se fosse ao contrário e o Reino de Espanha fosse uma província
    de Portugal? Que aconteceria aos Bourbon? Só tinham utilidade nos
    EUA. Lá emborcam todos os Bourbon que encontram. Infelizmente,
    aqui ao lado, entronizam-nos e chamam-lhes Reis.
  • Malaca povos cruzados

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    NOTICIA PUBLICADA PELO CLUBE RAIZES

    Malaca 500 anos – Portugal ao longe | Clube Raízes

    Viagens pela História e pelo Património

    Malaca 500 anos – Portugal ao longe

    (Photography by: Antony D’Cruz)
    Comemoram-se este ano os 500 anos da conquista da cidade – entreposto comercial – de Malaca,
    na Malásia, pelas forças portuguesas, comandadas por Afonso de Albuquerque.
    Malaca, do outro lado do mundo, no continente asiático, apesar da grande distância a que se encontra de Portugal,
    mantém uma comunidade de origem portuguesa que tenta manter vivas as raízes lá deixadas desde o século XVI.
    É grande o amor que esta comunidade nutre por Portugal, traduzido na manutenção dos nomes portugueses,
    comuns na maior parte destas famílias, e de mostrar aos outros, através das canções e das danças de influência lusa,
    da prática do catolicismo, da transmissão familiar da língua portuguesa localmente falada, preservada desde o tempo
    de Albuquerque. A origem portuguesa é, para esta comunidade, um orgulho que pretendem manter. As
    comemorações tiveram o seu ponto alto nos finais de Outubro, com atividades diversas onde prevaleceu a ligação
    histórica, cultural e religiosa a Portugal. Nelas esteve presente o Cónego António Rego, que além de participar na
    missa, ofereceu à comunidade uma imagem da padroeira de Portugal, Nossa Senhora da Conceição. Reproduzimos
    aqui as palavras de António Rego sobre a sua participação nas comemorações em Malaca, publicadas no site da Agência
    Ecclesia e também no semanário figueirense ”O Dever”, de 10 de novembro.

    Portugal ao longe

    Mesmo sem se entender a língua, ou falando um português do tempo de Afonso de Albuquerque, há

    um povo que aí encontra a sua identidade, a venera, reza e ama com um enternecimento comovedor

    500 anos não são nada na história. Andar 12 mil quilómetros de avião aos
    solavancos, chegar a um lugar, ver uma pequena fortaleza, dois barquinhos a percorrer a cidade como se fossem duas
    imagens de santos, os jovens numa correria para os acompanharem, alguns mais tisnados, junto ao mar a cantar melodias
    portuguesas tão distantes do original nas palavras como nas melodias, as casas marcadas por uma cruz, o bairro conhecido
    tanto como português, como cristão, faz, a quem chega, ainda que não seja pela primeira vez, estremecer de emoção por
    o povo a que pertence ser o mesmo que ali vive naquele bairro simples de pescadores. Não sabem o nome do presidente
    da República nem do Cardeal-Patriarca de Lisboa, mas sentem-se transportados a uma origem que sendo, para um
    recém-chegado igual ao resto do povo de Malaca, traz um registo indefinido de fé e portugalidade próximos e naturais sem
    a mais pequena discussão sobre o laicismo, separação de poderes, profano e sagrado, passado e presente. Sabe-se que,
    mesmo sem se entender a língua, ou falando um português do tempo de Afonso de Albuquerque, há um povo que aí
    encontra a sua identidade, a venera, reza e ama com um enternecimento comovedor. Expliquei que a imagem de Nossa
    Senhora de Fátima é a mais conhecida do mundo. Mas a que os portugueses agora lhes ofereceram é de Nossa Senhora
    da Conceição, foi coroada por um rei português e é a nossa padroeira. Foi um grupo de quinze jovens portugueses do
    ensino superior que levou o bandolim, a guitarra, o traje, a voz, um sorriso doce com um imenso respeito e dignidade,
    que acordou no coração dos presentes não apenas uma casa portuguesa, mas um povo lá dentro, com uma identidade
    para além do fado. “Aqui sou mais do que eu”, diria Pessoa. E nada disto foi de organização burocrática. Aconteceu pela
    sensibilidade de quem cá passou e se apercebeu que por vezes, quanto mais longe se está mais se ama Portugal. E a fé
    que o integrou e integra, mudados os tempos e as vontades.

    António Rego

    e veja também:
    http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?&id=87938

    Sobre clube11raizes

    Clube de Divulgação e Defesa do Património

  • OLIVENÇA

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    CARLOS LUNA JÁ ESTEVE NOS COLÓQUIOS D ALUSOFONIA

    Como é possível o caso de Olivença ser tão ignorado em Portugal? Como é possível que os sucessivos governos do País, desde o princípio do século XIX, nunca tenham reivindicado de forma categórica um território que à luz do Direito Internacional, lhe pertence?


    Carlos Luna: – Muitos portugueses nem conhecem a sua História, mas o mais grave é que Portugal se acha tão mau, tão mau, que nem reivindica o que é seu de direito. Em 20 de Maio de 1801, Olivença foi ocupada por Espanha. Curiosamente, foi em 20 de Maio de 2002, que Timor dia da independência de Timor….

    O empenhamento que se pôs na causa de Timor, devia ter sido posto na causa de Olivença?

    Acho que sim.

    Como começou esta sua luta?

    Por volta de 1986 lembrei-me de ir à terra de que muito se falava, gostei do que vi mas detestei a profunda desinformação que reina em Olivença entre a população que não tem culpa nenhuma. As autoridades espanholas mascararam e esconderam a verdadeira realidade histórica ao povo de Olivença, fazendo-os acreditar em mitos absurdos, ofensivos e chauvinistas em relação a Portugal e à sua História.

    Mesmo depois de 1975, da democratização?

    É verdade. Acho inacreditável que uma Espanha democrática continue a ensinar a um povo um passado que não é o seu. Embora parte da culpa de não haver uma definição no caso de Olivença também resida no povo português.

    No povo e sobretudo nos sucessivos governos…

    Sou essencialmente um lutador pela positiva e há alguns argumentos que eu detesto, os portugueses têm um desprezo tal por si próprios que é quase impossível de explicar. A luta pelo caso de Olivença tem muitas semelhanças com a contenda sobre Gibraltar. Neste caso, os espanhóis insistem ser uma questão de justiça e tratam-no de maneira muito diferente do que acontece com a localidade próxima de Portugal. Aproveitam todas as oportunidades para resolver, ou pelo menos debater, a questão de Gibraltar. Em contrapartida, o Estado Português não fala em Olivença, é quase uma posição clandestina
  • OLIVENÇA 1801

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    O Jornal espanhol  publicou, em 21.11.11, a matéria OLIVENZA CELEBRA DERROTAS
    de J. R. ALONSO DE LA TORRE
    No artigo o articulista critica o fato de Olivença estar a comemorar a Guerra das Laranjas de 1801com uma grande representação do acontecimento, celebrando uma guerra que os derrotou e uma conquista que acabou com  tantos de seus antepasados…..
     
    Lembrando esta data cito um livro:
     

    OLIVENÇA, 1801.
    Portugal em Guerra do Guadiana ao Paraguai

    de Manuel Amaral
    Lisboa, Tribuna («Batalhas de Portugal»), 2004.
    112 págs.
    Preço: 25€ 
    Comprar
     
     
    OlivençaA guerra de 1801 entre Portugal e a Espanha aliada à França, é conhecida sobretudo por ser o momento em que se perdeu o território de Olivença. Mas este conflito, conhecido por “Guerra das Laranjas”, esteve longe de ter como preocupação fundamental aquela antiga vila Alentejana. Na realidade, as operações desenrolaram-se tanto ao longo das fronteiras de Portugal, como das do Brasil e no Oceano Atlântico.

    Esta obra apresenta uma visão nova do desenrolar das hostilidades no território europeu, não só abordando os teatros de operações em que o exército português se confrontou com o espanhol, em Trás-os-Montes, no Algarve e no Alto Alentejo, mas também abordando a estratégia desenvolvida á época face ao que já se via como uma possivel primeira invasão francesa do território nacional. Aborda-se o desenrolar da Guerra na América do Sul, onde Portugal conquistou um imenso território, tanto no estado do Rio Grande do Sul como no de Mato Grosso, delimitando quase definitivamente as actuais fronteiras do Brasil.
    Se Portugal perdeu Olivença logo no início das hostilidades, conseguiu no entanto realizar os seus objectivos estratégicos neste conflito. Foi esta a última guerra travada por Portugal com a vizinha Espanha.

    http://www.arqnet.pt/portal/agenda/col_batalhas.html
    — On Wed, 11/23/11, AMarques wrote:

    From: AMarques
    Subject: OLIVENZA CELEBRA DERROTAS? (ver la foto adjunta)
    To: margaridadsc@yahoo.com
    Date: Wednesday, November 23, 2011, 1:36 AM

    NO!

    “HOY”, 21-Novembro-2011
    OLIVENZA CELEBRA DERROTAS
    21.11.11 –
    J. R. ALONSO DE LA TORRE
    Olivenza van a celebrar la Guerra de las Naranjas con una gran representación del acontecimiento. Supongo que habrá soldados españoles que ataquen la fortaleza, ciudadanos oliventinos que la defiendan, sean soldados, sean civiles, y al final habrá conquista española, quizás algún saqueo si se quiere ser fieles a las guerras de antaño y después se celebrará algún evento gastronómico para festejar la fecha. La celebración se las trae. Los oliventinos celebran que fueron conquistados y derrotados, algo impensable en otras ciudades, que suelen celebrar sus victorias y triunfos, nunca sus derrotas. Esta ‘Macrorrepresentación de la Guerra de las Naranjas’ está levantando muchas ampollas en Portugal, aunque lo más destacable es la esquizofrenia que supone celebrar que a tus antepasados se los cargó un ejército enemigo, aunque tú ahora formes parte del país que te conquistó y estés encantado de ello. Solo conozco un caso parecido en Extremadura, se trata de la llamada Torre de Bujaco de Cáceres, nombrada así en honor del caudillo árabe Abu Jacob, que se cargó en esa torre a los últimos caballeros cacereños en una de las varias reconquistas de la ciudad. Aunque en ese caso pudiera haber truco y llamarse de Bujaco en honor a un ‘muñeco’ que en ella había. Sería más lógico pues a nadie se le ocurre ponerle a una torre el nombre del caudillo que mató a los tuyos. A nadie salvo a los oliventinos, que han tenido la idea de festejar la guerra que los derrotó y celebrar la conquista que acabó con tantos de sus antepasados.
    (J.R. Alonso de la Torre)

  • MARCAS DA GALIZA NOS AÇORES

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    Algumas marcas de Galiza nos Açores e Brasil
    Desde 1475 o arquipélago dos Açores recebeu povoadores vindos inicialmente de Portugal
    Continental que trouxeram consigo alguns escravos de África e depois, em menor quantidade,
    de Flandres, Galiza, Inglaterra, França e Estados Unidos.
    Naquela época em Castela ocorria uma disputa para a sucessão do trono entre D. Joana (a
    Beltraneja) e Isabel, irmã do rei Henrique IV de Castela. D. Joana, filha de Joana de Portugal
    e talvez do rei, era considerada ilegítima pelos nobres espanhóis, uma vez que Henrique IV
    era considerado impotente. Mas Portugal e Galiza apoiavam-na. Os partidários de Joana,
    perseguidos, abrigaram-se em Portugal. Quando a paz foi restabelecida esses refugiados
    tornaram-se incômodos ao reino português, que não sabendo o que fazer deles, resolveu
    encaminhá-los para as ilhas atlânticas recentemente descobertas e que precisavam ser
    povoadas.
    Nas ilhas açorianas do Faial e Pico instalaram-se as famílias galegas ABARCA, ANDRADE,
    GARCIA, ORTIZ, PORRAS, LEDESMA, TROJILLO. Quando apareceram as dificuldades de
    sobrevivência, trazidas pelos desastres naturais que acometiam o arquipélago de tempos em
    tempos, a emigração para o Brasil surgiu como a solução. E assim muitos dessas famílias se
    transferiram para o Brasil à procura de uma nova vida. Dizem que João Garcia Pereira deu
    origem aos “Garcia” faialenses e João Luís Garcia aos picoenses.
    A partir do século XVIII, consideráveis e repetidas levas de açorianos chegaram ao sul e
    sudeste do Brasil. Alguns se deslocaram para as regiões auríferas e de criação de gado, onde
    havia mais oportunidades de ganhar terras e riquezas. Destes oriundos dos Açores, de raízes
    galegas, a história relata um tal de Antônio Garcia Rosa, que emigrou para o Brasil em 1741 e
    que juntou forte cabedal em Minas Gerais, como vigário (Paróquia de Nossa Senhora da
    Glória). Voltou para os Açores rico. É conhecido também um imigrante João Garcia que
    chegou ao Rio de Janeiro em 1773, parece que se tornou fazendeiro. Outro faialense de
    nascimento foi Diogo Garcia. Este casou em terras brasileiras com uma das três irmãs, que de
    lá também vieram em 1723 e que eram conhecidas como as três ilhoas (Antónia da Graça,
    Júlia Maria da Caridade, Helena Maria de Jesus). Eram as três filhas de Manuel Gonçalves
    Correa e de Maria Nunes.
    Antônia da Graça veio já casada com Manuel Gonçalves da Fonseca e com duas filhas
    Catarina e Maria Tereza.
    Júlia Maria da Caridade casou-se em São João del Rei com o conterrâneo Diogo Garcia.
    Helena Maria de Jesus casou com o também açoriano, natural de Santa Maria, João Rezende
    da Costa.
    Essas três irmãs tiveram muitos filhos e deixaram larga descendência que se espalhou por
    Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Paraná e Mato Grosso, dando origem a grande parte das
    famílias tradicionais desses estados brasileiros.
    Ref. Bibliográfica
    FAMILIAS FAIALENSES (Marcelino Lima)
    As três Ilhoas ( pesquisa dos genealogistas Marta Amato e José Guimarães)
    Maria Eduarda Fagundes
    Uberaba, 10/11/07

  • AICL REPUDIA EXCLUSÃO DA AGLP NA CPLP

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    CONCLUSÕES DO XVI COLÓQUIO DA LUSOFONIA OUTUBRO 2011 SANTA MARIA

    …4. Foi emitido um comunicado sobre a vergonhosa exclusão da AGLP após a CPLP ter aprovado em comunicado a sua inclusão com o estatuto de observadora. (anexo).
    AICL REPUDIA EXCLUSÃO DA AGLP NA CPLP
    1. BREVE HISTORIAL
    EXTRATO DAS CONCLUSÕES – XIII COLÓQUIO ANUAL DA LUSOFONIA “AÇORIANÓPOLIS” EM FLORIANÓPOLIS, SANTA CATARINA, BRASIL 26 março a 11 de abril 2010
    Os Colóquios da Lusofonia lançaram o repto à Academia Brasileira de Letras, à Academia das Ciências de Lisboa e a todas as entidades que apoiem a imediata inclusão da AGLP – ACADEMIA GALEGA DA LÍNGUA PORTUGUESA – com o estatuto de observador na CPLP, e comprometeram-se a envidar todos os esforços para a consecução de tal desiderato.
    Concha Rousia comprometeu-se a enviar à CPLP os objetivos da Academia Galega para fundamentar o seu pedido de adesão com o apoio da sociedade civil aqui representada pelos Colóquios da Lusofonia, salientando que Goa e Galiza fazem falta à CPLP e que seria profícuo vir a criar um canal de televisão lusófono abrangendo todos os países, mas que seria necessária muita vontade política para tal se concretizar.
    ESTE PONTO FOI REITERADO NAS CONCLUSÕES DO XIV COLÓQUIO ANUAL DA LUSOFONIA DE Bragança EM OUTUBRO 2010.
    Pareciam bem encaminhadas as negociações resultantes do repto que os Colóquios da Lusofonia lançaram à Academia Brasileira de Letras e a todas as outras entidades para apoiarem a imediata inclusão da ACADEMIA GALEGA DA LÍNGUA PORTUGUESA com o estatuto de observador na CPLP até dia 22 de julho quando a CPLP anunciou a admissão da AGLP sob proposta do país anfitrião (Angola). A mesma admissão surpreendentemente foi retirada da página oficial da CPLP umas horas depois sem qualquer explicação, pelo que as celebrações de júbilo na Galiza e no resto do mundo duraram apenas oito horas. Veio, posteriormente a saber-se que fora Portugal que sempre apoiara esta proposta da AGLP integrar a CPLP com o estatuto de observador fora vetada no último momento por Portugal. A AICL em concertação com o MIL Movimento Internacional Lusófono de que faz parte tomou algumas medidas sendo a mais visível a da Petição ao Ministro dos Estrangeiros de Portugal Dr Paulo Portas:
    Preâmbulo:
    Temos apreciado a importância que tem dado às relações com os restantes países lusófonos, numa aparente reorientação estratégica de Portugal que o MIL sempre defendeu, dado o seu Horizonte ser, precisamente, o reforço dos laços entre os países e regiões do espaço da lusofonia – no plano cultural, mas também social, económico e político.
    Esta carta prende-se, tão-só, com a posição de Portugal relativamente à Galiza, a nosso ver uma dessas regiões integrantes do espaço lusófono – daí a nossa reiterada defesa da sua especificidade linguística e cultural. Com efeito, no Conselho de Ministros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, na sua XVI reunião, realizada em Luanda no passado dia 22 de Julho, soubemos que Portugal foi o único país a não apoiar a concessão da categoria de Observador Consultivo à Fundação Academia Galega da Língua Portuguesa, entidade que, como sabe, tem já um histórico muito apreciável, tendo sido por isso reconhecida para nossa Academia das Ciências, sendo ainda membro do Conselho das Academias de Língua Portuguesa.
    Petição:
    Ainda mais recentemente, também soubemos que o novo Governo Português tem expressado as suas dúvidas sobre a presença de observadores da Galiza no Instituto Internacional de Língua Portuguesa, assim como pela inclusão do seu Léxico no Vocabulário Ortográfico Comum que está a ser preparado por essa instituição, quando é sabido que uma Delegação de Observadores da Galiza participou nesse processo desde o princípio.
    Face a isto, perguntamos apenas até que ponto houve uma inflexão da posição do Estado Português relativamente à Galiza, já que, desde que foi apresentada a candidatura da Fundação Academia Galega da Língua Portuguesa, Portugal sempre deu o seu apoio expresso a essa candidatura nos diversos órgãos da CPLP. Muito cordialmente
    MIL: Movimento Internacional Lusófono www.movimentolusofono.org
    ****
    3. AICL REPUDIA EXCLUSÃO DA AGLP
    Na ilha de Santa Maria, em Vila do Porto entre 30 de setembro e 5 de outubro, o XVI Colóquio da Lusofonia aprovou uma declaração de repúdio pela atitude de PORTUGAL OLVIDANDO SÉCULOS DE HISTÓRIA COMUM DA LÍNGUA, AO EXCLUIR A GALIZA – REPRESENTADA PELA AGLP – DO SEIO DAS COMUNIDADES DE FALA LUSÓFONA.
    A GALIZA ESTEVE SEMPRE REPRESENTADA DESDE 1986 EM TODAS AS REUNIÕES RELATIVAS AO NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO E O SEU LÉXICO ESTÁ JÁ INTEGRADO EM VÁRIOS DICIONÁRIOS E CORRETORES ORTOGRÁFICOS.
    A SUA EXCLUSÃO À ÚLTIMA HORA DO SEIO DA CPLP REPRESENTA UM GRAVE ERRO HISTÓRICO, POLÍTICO E LINGUÍSTICO QUE URGE CORRIGIR URGENTEMENTE.
    A AICL entende que não faz sentido aceitar como observadores países sem afinidades diretas ou indiretas à Lusofonia, a Portugal e sua língua e deixar de fora a região onde nasceu a língua portuguesa há mais de dez séculos.
    É um crime de lesa língua de todos nós.
    A Língua que se fala na Galiza é uma variante do Português como a do Brasil, Angola, Moçambique e tantas outras, com a peculiaridade de ter sido o berço da mesma língua comum, e jamais houve exclusão por parte da CPLP das regiões lusofalantes do mundo.
    Trata-se de uma medida obviamente ditada por preconceitos políticos e contra a qual a AICL se manifesta veementemente não só apoiando a subscrição da Petição como encorajando todos os seus associados e participantes nas suas iniciativas a protestarem publicamente contra esta injustiça feita à língua portuguesa e à AGLP.
    Iremos manifestar o nosso desacordo de todas as formas possíveis e ao nosso alcance até ver reposta a equidade da proposta de admissão da Galiza através da AGLP no seio da CPLP.
    ass. Chrys Chrystello, Presidente da Direção da AICL
    VILA DO PORTO, 5 DE OUTUBRO 2011
    J. CHRYS CHRYSTELLO, Presidente da Direção,
    COLÓQUIOS DA LUSOFONIA (AICL, Associação [Internacional] Colóquios da Lusofonia) – NIPC 509663133