Views: 2
Blog
ONÉSIMO, PROGRESSO E RELIGIÃO POR DANIEL DE SÁ
Views: 0
Minha gente
A propósito do livro do Onésimo “Utopias em Dói Menor”, eu tinha-lhe prometido dar o meu ponto de vista a respeito de uma ideia feita de que a Europa protestante se desenvolveu mais do que a católica. Mas, como talvez interesse a mais alguém, envio-o por este meio. O Onésimo, tal como eu, não defende aquela visão viciada pela simples constatação de que, nos países de maioria protestante, o progresso foi maior do que nos de maioria católica, o que se deveria à repressão católica, sobretudo por intermédio da Inquisição, contra as ideias novas que iam surgindo. Ora esta repressão acontece no campo do pensamento religioso – principalmente teológico e moral – raramente interferindo com o pensamento científico. O caso de Galileu é uma questão excepcional, e motivado principalmente pela inveja dos seus rivais ou invejosos colegas cientistas. Sem eles, seus delatores, Galileu dificilmente teria chegado ao tribunal da Inquisição.
Ora, sendo a repressão do Santo Ofício uma tentativa de vasculhar as ideias teológicas e morais, e de condená-las quando lhe parecessem merecedoras de tal, é muito difícil provar que isso tenha tido implicações no avanço científico. Alguns dos nomes que o Onésimo cita entre os cientistas de maior vulto em Portugal na época da expansão marítima, estão por exemplo Pedro Nunes, Garcia de Orta e D. João de Castro, que fizeram as suas investigações em plena época da Inquisição, se bem que os primeiros tenham sido perseguidos depois de mortos! E foram descendentes seus que sofreram os rigores estúpidos da Inquisição. A perseguição religiosa, sobretudo à conta de reis que não queriam ver em perigo a unidade nacional (como os “santos” Reis Católicos” de Espanha ou os “beatos” D. Manuel e D. João III), foi prejudicial nesse caso. O Onésimo fala de havermos perdido Espinosa, e eu acrescento agora, em Espanha, o caso de Miguel Servet. Este é mesmo um exemplo perfeito de que, a havê-lo, não teria sido só catolicismo o responsável por um hipotético menor desenvolvimento nos países onde era dominante. E isto porque, tendo de fugir de Espanha, Servet desenvolveu no estrangeiro o seu pensamento teológico e estudou a circulação do sangue nos pulmões. E como acabou ele? Condenado à morte na Suíça por insistência de Calvino! Porque, se a Igreja Católica, por intermédio da Inquisição de raízes mais políticas (ou pelo menos tanto quanto) que religiosas, condenava “hereges”, os protestantes não o fizeram menos nem com menor crueza, sendo que normalmente até fingiam menos o julgamento do que a Inquisição.
Além disso, a Igreja Católica não conseguia impor-se tanto quanto se imagina em questões morais. Lembre-se que os católicos não eram grandes cumpridores das orientações religiosas, tendo em reis, cardeais, bispos e padres exemplos de deboche moral e de ilimitadas ambições materiais. Aliás, a confissão foi sempre mal entendida pela maioria esmagadora dos católicos, que viam naquele sacramento uma maneira de serem perdoados os seus pecado quando quisessem, e, em último caso, na hora da morte, desconhecedores de que assim caíam nos chamados pecados contra o Espírito Santo, pelo que o sentido religioso do pecado por ambição material era pouco tido em conta. Já os protestantes, mormente os luteranos, que negavam o valor a confissão, viam no julgamento divino uma apreciação da totalidade da vida humana, pelo que, para eles, o pecado teria uma implicação que de certo modo se projectava mais na eternidade do que segundo a noção (errada, repito) dos católicos.
PRÉMIO PESSOA 2012 RICHARD ZENITH
Views: 1
IN DIÁLOGOS LUSÓFONOS
os retornados
Views: 0
in diálogos lusófonos
Apontamentos sobre os “Retornados”, os portugueses que saíram de África quando da descolonização e vieram para Portugal em 1075
Ainda hoje não se sabe ao certo qual o número dos portugueses que, desfeito o império colonial na sequência de 25 de Abril de 1974, saíram de África. Algumas estatísticas referem oitocentos mil, outras um milhão. Vieram – o eco do seu êxodo condoeu então o mundo – de Angola, Moçambique, Guiné, S. Tomé e Príncipe, Cabo Verde, golfados em caudais intermináveis de espanto e desolação.
Disse o humanista Agostinho da Silva em 1975 sobre os Retornados que vieram para Portugal, embora muitos tenham ido para outras latitudes, como o Brasil, Canadá.
A emigração, a guerra e o exílio despovoaram Portugal. Aldeias inteiras apenas albergavam velhos e crianças, povoações havia que não tinham sequer um habitante. Era um país de deserções e decrepitudes a viver das remessas dos emigrantes e dos militares – e da passagem dos turistas.
Os chamado “Retornados” repetiram aqui o que há decénios faziam lá. ”Portugal foi reconstruído pela energia dos retornados”, exclamará Agostinho da Silva. “Eles lançaram mão a tudo, usaram com as pessoas de cá os mesmos métodos que usaram com as de lá. Não trouxeram divisas, como os emigrantes, mas construíram coisas”
(in Artigo de Fernando DacostaIn o “PÚBLICO” de 26, Abril,1995
http://www.espoliadosultramar.com/n4.html)


http://www.slideshare.net/tedesign2011/os-retornados-esto-a-mudar-portugal
http://books.google.pt/books/about/Os_retornados_est%C3%A3o_a_mudar_Portugal.html?id=jBBFAQAAIAAJ&redir_esc=y
Fernando Dacosta – em entrevista a Página da Educação
http://www.apagina.pt/?aba=7&cat=108&doc=8602&mid=2
Fernando Dacosta nasceu a 12 de Dezembro de 1945, em Luanda. Passou a infância e a adolescência no Alto Douro, frequentando o Liceu de Lamego. Fixado em Lisboa (depois de uma breve passagem por Coimbra), estuda Filologia Românica, inicia-se no jornalismo, em 1967, e (depois do 25 de Abril) na literatura. Passou por diversos órgãos de informação, como Europa-Press, Flama, Comércio do Funchal, Vida Mundial, DL, DN, A Luta, JL, o Jornal, o Público . Actualmente pertence aos quadros da Visão. Foi director dos Cadernos de Reportagem e co-editor da Relógio d’Água. Na RTP1 teve uma rubrica sobre livros entre 1991-92.
Foi galardoado com 10 prémios: G.P. de Teatro RTP, da Associação Portuguesa de Críticos, da Casa da Imprensa (por Um jeep em segunda mão, 1978), G.P. de Reportagem (À Descoberta de Portugal, 1982), Jornalista do Ano Nova Gente (1982), G.P. de Reportagem do Clube Português de Imprensa (Os Retornados estão a mudar Portugal, 1984), G.P. de Litertura Círculo de Leitores (O Viúvo, 1986), P. Fernando Pessoa do jornalismo e P. Gazeta do Clube dos Jornalistas (Moçambique, Todo o Sofrimento do Mundo, 1991), P. Gazeta do Clube dos Jornalistas (O Despertar dos Idosos, 1994).
Tem mais de vinte livros publicados em diferentes géneros – reportagem, teatro, romance, narrativa e conto. O seu último, Nascido no Estado Novo, acaba de ser lançado.
Paixão de Marrocos é uma edição trilingue, uma das quais em árabe. É, no entanto, um livro que fala muito de Portugal…
Marrocos explica Portugal. Quando se dá o 25 de Abril percebi que estávamos a assistir ao fecho do ciclo imperial que nos marcou durante cinco séculos, para o bem e para o mal, ao nível do imaginário individual e colectivo. Ora tudo começou por Marrocos, conquistas, esclavagismos, colonialismos, retornos…
O seu interesse por África é muito forte nas suas obras. Os Retornados, Moçambique, Todo o Sofrimento do Mundo….
Pois é. A narrativa que escrevi sobre Moçambique fi-la quando o novo país comemorou 15 anos de independência. Nessa altura não se sabia nada do que estava a passar-se lá. O Maputo era uma espécie de ilha porque ninguém saía da cidade para o resto doterritório. Eu fui com o repórter fotográfico Luis de Vasconcelos. Andámos pelo interior, pelas zonas onde estavam os desalojados, os fugitivos da guerra, e descobrimos um universo de horror. As Nações Unidas tinham, aliás, declarado Moçambique como a zona de maior sofrimento humano do mundo. Chegaram a essa conclusão fazendo o somatório dos sofrimentos humanos, como a fome, as violações, as doenças, a guerra. Isso, que era completamente desconhecido, mesmo em Maputo, teve um grande impacto. Foi antes de se ter assinado o tratado de paz que, para surpresa da maior parte das pessoas, deu resultado, permitindo que o país começasse a organizar-se. O contrário verificava-se, entretanto, em Angola que sofria uma das guerras mais devastadoras de toda a sua história, em 1992. Hoje, Luanda é uma cidade em ruínas.
Em 1974 ela estava no auge, era uma capital em vários aspectos muito mais desenvolvida do que Lisboa, ombreando com várias cidades europeias. Os chefes da guerrilha, que tinham fugido muito cedo para o mato – como o Agostinho Neto ou o Samora Machel – quando voltaram a Luanda e a Lourenço Marques ficaram estupefactos com o seu desenvolvimento. Não eram mais as urbes um pouco toscas e primitivas que conheceram 20 anos antes. Em relação à política que Portugal seguia, então, em África há a destacar a interenção de um homem que teve um papel fundamental: o Marechal Costa Gomes. Revelou-se um dirigente sumamente inteligente e maleável que se foi adaptando às circunstâncias, estando quase sempre na mó de cima. Era um militar, um político, um diplomata muito competente, muito lúcido que tentou inflectir, por dentro do regime, as coisas. A história de que os salazaristas não passavam todos de saloios e arrogantes é um disparate. O próprio Salazar era um homem cultíssimo, tinha era uma cultura clássica, e de uma grande intuição. O cardeal Cerejeira, por exemplo, gostava de Herberto Herder e de Camus.
A figura de Salazar tem sido para si uma atracção especial…
O meu interesse por Salazar resulta do interesse que sinto pelas figuras que exprimem a natureza humana em situação limite, o poder limite no caso dele. O chamado Estado Novo foi uma época com características muito próprias que devem ser conhecidas. Como já passaram 30 anos sobre o seu desaparecimento, já não há o perigo de Salazar ressuscitar nem do seu regime voltar ao poder. Por isso achei que devia fixá-los. Até porque, e como dizia a Natália Correia, “ser-se revolucionário hoje é preservar a memória”. É o que tento fazer dentro do meu estilo e das minhas características. Vivi a circunstância de conhecer a ditadura, de conhecer Salazar, de conhecer o 25 de Abril, de conhecer a democracia, de ter essas experiências todas o que me foi muito enriquecedor . Por outro lado, comecei a notar que a maior parte dos historiadores portugueses, com raras excepções, cometiam um erro crasso: faziam a história do Estado Novo baseados nos jornais. Ora os jornais do Estado Novo traduziam um país amputado, limitado, muito redutor. A história do Estado Novo tem que ser feita sobretudo, com testemunhos dos que o protagonizaram, enquanto estão vivos.Tornava-se-me, assim, urgente ouvir essas pessoas. Foi o que fiz, pessoalmente, isoladamente durante trinta anos. E que devia ter sido feito por algumas dessas inúmeras fundações que há para aí e que só servem para lavar dinheiro e fugir aos impostos. Que, apesar de se dizerem culturais, não fazem nada culturalmente. Nunca ninguém teve a ideia de ouvir pessoas como o barbeiro do Salazar, que é um homem fabuloso, ou a sua governanta, que só morreu em 1986, e que me contou coisas extraordinárias. Ela foi a “primeira-dama” que mais poder teve neste país, pois Salazar foi o português que mais poder deteve, durante mais tempo em Portugal.
O Fernando Dacosta faz uma síntese bastante eficaz no cruzamento do jornalismo com a literatura. Eu acho que isso explica as dez edições de Máscaras de Salazar…
Para mim o jornalismo é apenas uma disciplina da literatura, como é o romance, como é a história. Durante séculos os jornais foram, aliás, povoados por grandes escritores. O Fialho, que hoje é um nome cimeiro da literatura portuguesa, não publicou um livro em vida, apenas publicou crónicas em jornais que depois foram reunidas em livros e o tornaram num autor notável. O Raúl Brandão, que para mim é também um dos grandes escritores do século XX, publicava tudo primeiro em jornais. Essa divisão de que há uma escrita de segunda para os jornais e uma escrita de primeira para os livros é artificial, inculcada para tentar controlar o jornalista. Para mim é completamente indiferente saber se as crónicas de Fernão Lopes, por exemplo, ou se as crónicas da história trágico-marítima são literatura ou jornalismo. Não é fácil, porém, vencer as mentalidades que separam as coisas… no campo da literatura o José Cardoso Pires fazia a experiência ao contrário, escrevia romances que eram reportagens, como. A Balada da Praia dos Cães. O jornalismo é importante porque permite contactar o ser humano em situações extremas, boas e más, as que dão notícia e matéria de reflexão.
O Baptista-Bastos fala de si dizendo “Grande jornalista, porventura o maior repórter da sua geração; trouxe, para a letra de imprensa, a sensibilidade, o colorido, o lado humano, secreto, porventura quase insondável dos factos quotidianos.”
É a generosidade dele… quando estou a escrever não estou a pensar se estou a escrever para páginas de jornal ou para páginas de livro. O que me determina é o tema que abordo
Você é uma das poucas pessoas que tem analisado muito bem o que é isto de ser português, “povo pobre mas não miserável, velho mas não decadente, apaixonado mas não violento, a sua vocação de cigarra vai fazê-lo apetecido ao mundo” Acredita neste relançamento de Portugal?
O último encontro que tive com Jorge de Sena foi muito interessante: ele vinha do Norte da Europa, com escala em Lisboa. Eu e mais alguns amigos fomos ao aeroporto para o saudar. Ele abraçou-nos e disse: “felizmente que entro na civilização!”. Espantado, respondi-lhe: “Então você entra nesta piolheira, vindo do Norte da Europa, e diz que isto é que é a civilização… ?” Rápido, respondeu-me: “Ora, lá só sabem trabalhar, ver televisão e beber cerveja. Desconfie sempre dos povos que não gostam de vinho.” A primeira coisa com que nos deveríamos preocupar era conhecer o povo em que estamos e a que pertencemos, para não importar fórmulas estranhas. A maior parte dos políticos e dos intelectuais portugueses não o conhecem, são uns deslumbrados, uns pacóvios com o estrangeiro. Ora nós temos uma cultura, uma identidade, uma afectuosidade muito próprias. A Agustina Bessa-Luís diz que temos a cultura da afectuosidade como outros povos têm a cultura das ciências, das matemáticas, das filosofias. Isso, que agora não vale nada, talvez no futuro possa merecer importância.
A questão de Portugal poder ter um papel importante, ou não, depende da posição que cada um tiver em relação a ele. Dois homens extremamente catastrofistas, um de direita, outro de esquerda, o Franco Nogueira e o Miguel Torga, morreram convencidos que Portugal não iria sobreviver. O primeiro dizia que Portugal não iria sobreviver sem as ex-colónias, o segundo que Portugal não iria sobreviver ante o embate económico e cultural da Europa. Jamais esquecerei, aliás, a última vez que estive com o Miguel Torga: fui visitá-lo com a Natália Correia, a sua casa, foi na fase final da sua vida, estava deitado qual Camões depois de Alcácer Quibir. Há essas duas visões catastrofistas, mas eu não compartilho delas
Conviveu com os grandes nomes da nossa cultura
Tive a sorte de me ter dado com os grandes vultos deste país. Havia nessa altura uma coisa extraordinária em Lisboa, que eram as tertúlias que eles frequentavam, animavam. Tratava-se de gente de uma simplicidade extraordinária, sobretudo com os jovens… eu entrava na Brasileira e eles falavam-me como se fosse um igual a eles, com toda a paciência… conhecia já o Aquilino Ribeiro que tinha sido amigo do meu avô, andaram os dois fugidos à polícia.O Jorge de Sena, que era um homem muito irónico, dizia com muita graça que as únicas universidades interessantes do país eram os cafés. Era neles que se aprendia, porque nas outras, nas verdadeiras, só se perdia tempo. E citava o exemplo do Fernando Pessoa que, matriculado em Letras, só lá esteve uma semana. O contacto que tive com essa gente é um tema do meu novo livro que se chama precisamenteNascido no Estado Novo.
Entrevista conduzida por Luís Souta com Andreia Lobo
==================
Disse Agostinho da Silva:
A emigração, a guerra e o exílio tinham despovoado Portugal. Aldeias inteiras apenas albergavam velhos e crianças, povoações havia que não tinham sequer um habitante. Era um país de deserções e decrepitudes a viver das remessas dos emigrantes e dos militares – e da passagem dos turistas.
Então repetiram aqui o que há decénios faziam lá”Portugal foi reconstruído pela energia dos retornados”, exclamará Agostinho da Silva. “Eles lançaram mão a tudo, usaram com as pessoas de cá os mesmos métodos que usaram com as de lá. Não trouxeram divisas, como os emigrantes, mas construíram coisas”.
(http://www.espoliadosultramar.com/n4.html)
O espaço Diálogo_Lusófonos tem por objetivo promover o intercâmbio de opiniões
"Se as coisas são inatingíveis... ora!/Não é motivo para não querê-las.../
Que tristes os caminhos se não fora/A mágica presença das estrelas!" Mário Quintana
______________________________
Tradução de mensagens :translate.google.pt/
A CORTINA DOS DIAS DE ALFREDO CUNHA
Views: 0
A CORTINA DOS DIAS – LIVRO DE ALFREDO CUNHA, fotógrafoA Cortina dos Dias / Obscured by Shadows Edição/reimpressão: 2012 Páginas: 280 Editor: Porto Editora ISBN: 978-972-0-06257-4 Idioma: Português O fotógrafo Alfredo Cunha lança um livro antológico que cobre 4 décadas de intensa actividade, “A cortina dos dias”, um resumo, nas palavras do autor, de “uma vida fantástica, com acontecimento sucessivos”. Em “A Cortina dos dias” está o 25 de Abril, a descolonização, a miséria social, as convulsões políticas, as revoltas a Leste, a guerra no Iraque, os órfãos na Roménia, a devoção católica, a Índia, a explosão da China e muito Portugal, do interior mais remoto ao bairro social carregado degraffiti. Um livro de reportagens “Isto é um livro de reportagens, é um livro de fotojornalismo, mas não tem é a estética normal do fotojornalismo, aqui existe uma cumplicidade com as pessoas, uma integração do fotógrafo no meio e não há uma utilização das pessoas quase como adereço que é a grande crítica que eu faço hoje ao fotojornalismo”, afirma. Ao folhear-se “A cortina dos dias” sobressaem as imagens fortes dos rostos populares, mas quando interrogado sobre se pode ser considerado, em Portugal, o “melhor fotógrafo do povo”, Alfredo Cunha diz que não e fala de Eduardo Gageiro, de Gérard Castello Lopes, de outros fotógrafos. Através da sua objetiva, intencional e plástica, revelam-se as luzes e sombras de um mundo e de um país em mudança, que nos levam a redescobrir quem somos e a trilhar novos caminhos ![]() Fonte: Porto24 http://coisasdecomunicacao.blogspot.pt/2012/12/a-cortina-dos-dias-livro-de-alfredo.html |
ser escritor no Faial
Views: 0
JUDEUS NOS AÇORES
Views: 2
Há exatos 511 anos, a 22 de Maio de 1501, os primeiros judeus expulsos de Portugal Continental aportaram aos Açores, pela Ilha Terceira, oferecidos como escravos a Vasco Anes Corte-Real, primogénito de João Vaz Corte-Real, que soube aproveitar as capacidades judaicas e integrá-los na sociedade.
Em 1492, os judeus foram expulsos de Espanha pelos Reis Católicos, pois não quiserem converter-se ao catolicismo, a grande bandeira destes reis, que tinham conseguido conquistar Granada neste ano, e expulsar os muçulmanos do seu último reduto na Península Ibérica. Cerca de 60 000 judeus emigraram para Portugal, onde D. João II, O Príncipe Perfeito, abriu-lhes as portas, obrigando-os a pagar 8 cruzados por pessoa e concedendo-lhes, em troca, licença de trânsito por oito meses. Aqueles que não tinham este dinheiro viram os seus bens confiscados para a Coroa e foram-lhes também retirados os filhos menores. Estes foram posteriormente batizados e entregues à guarda de Álvaro de Caminha, que partiu com eles para o povoamento da ilha de São Tomé, onde a maioria não resistiu às condições do clima. D. João II queria, assim, forçar a fixação de operários especializados em Portugal.
Com a morte de D. João II, sucedeu-lhe no trono o seu primo e cunhado D. Manuel I, que, embora fosse bastante tolerante com os Judeus, publicou, em 5 de Dezembro de 1496, um édito, em Muge, próximo de Lisboa, para a expulsão da comunidade judaica de Portugal, porque pretendia casar-se com a Infanta D. Isabel de Espanha, filha dos Reis Católicos e estes impuseram esta condição para haver boda. D. Manuel I apercebeu-se que a saída dos judeus do País levaria, também, à fuga de capitais do Reino, pois a comunidade judaica era formada por um escol de mercadores, banqueiros, médicos, economistas, ourives, entre outras atividades. Era portanto gente endinheirada. D. Manuel ofereceu barcos para quem quisesse sair do Reino, o que foi feito por poucas famílias abastadas, mas o Rei rapidamente mudou de estratégia.
Para D. Manuel I, a saída de tanta riqueza não podia acontecer, sobretudo num momento em que a aposta nos Descobrimentos era cada vez maior, e o capital judaico era muito necessário. Assim sendo, D. Manuel I decretou a conversão forçada de judeus, e até de muçulmanos, ao Cristianismo no prazo de dez meses. Nasceu, assim, o conceito de cristão-novo (vs os cristãos anteriores, chamados a partir de então de cristãos-velhos).
Em 1499, os cristãos-novos foram proibidos de sair de Portugal, mas tinham acesso a cargos políticos, administrativos e eclesiásticos. Além disso, D. Manuel I deixou-os praticar a sua religião de forma secreta, tendo uma política de grande benevolência para com os antigos judeus. Contudo, a diferenciação entre cristãos-novos e velhos era muito grande e estes últimos, impuseram várias perseguições e até massacres, obrigando muitos dos cristãos-novos a sair do país. Estes sentiam-se portugueses de segunda.
Em 22 de Maio de 1501, aportaram à Terceira, vários náufragos cristãos-novos que fugiam à perseguição no Continente. Estes se encontravam numa caravela que se dirigia para África, levando um grande número de judeus. O mar bravio destruiu-lhes o barco e obrigou-os a pedir ajuda na Terceira, provavelmente através do atual Porto Judeu. Vasco Anes Corte-Real, o Capitão Donatário de Angra, avisou D. Manuel I do sucedido e o Rei ofereceu-lhe os judeus como escravos. Assim nasceu a primeira colónica judaica na Terceira e nos Açores.
Vasco Anes Corte-Real rapidamente compreendeu as capacidades judaicas e o benefício que a Ilha podia receber com tal presença, assim os judeus foram bem acolhidos e tratados como iguais, longe do fanatismo que singrava a capital do Reino. A população cedo começou a entrar em contato com os rituais judaicos, que lhes eram permitidos praticar. Em 1558, a comunidade cristã-nova nos Açores já era grande e estes pagaram 150 000 cruzeiros à regente D. Catarina, avó de D. Sebastião, para prover as armadas da Índia. Em troca, D. Catarina prorrogou o adiamento da pena de confisco de bens aos cristãos-novos por dez anos, deixando-os envolver-se na vida do arquipélago.
Em 1501, num momento de terror para os Judeus no Continente português, foram bem recebidos na Terceira, onde puderam implantar-se e formar as suas comunidades. Com o passar dos anos, as suas crenças misturaram-se com os costumes locais, fazendo da Terceira um bom exemplo da mistura de religiões, com características muito próprias.
Num momento de crise, é bom olharmos para estes exemplos e percebermos a importância da tolerância e do apoio às minorias. É necessário respeitar os outros e não utilizar as desculpas dos problemas e da crise para desrespeitar a Liberdade e a individualidade de cada ser. Não devemos ser falsos hipócritas, fingindo ser o que não somos, devemos assumir a nossa personalidade com defeitos e virtudes e respeitar as diferenças.
A Liberdade de cada um termina quando interfere na do outro…seja ele quem for.
Francisco Miguel Nogueira
-- Chrys Chrystello, An Aussie in the Azores (Um Australiano nos Açores)
sobrenomes/apelidos galegos
Views: 4
sobrenomes galego-portugueses
IN http://falaresdanossalingua.blogspot.pt/2011/11/sobrenomes-galego-portugueses.html
Abelheira – também grafado Abelleira.
Abelho – também grafado Abello
Abrantes
Agra
Agrelo
Alfaiate
Alves
Amarante
Areal
Bacelar – também grafado Vacelar
Baía – também grafado Bahia
Balsa
Baltar
Barbeito
Barbeitos
Bastos
Batalha – também grafado Batalla
Belo – tem as variantes Bello e Velo
Bértolo
Bispo
Bogas
Braga
Cabanelas
Cabeça – também grafado Cabeza
Cabral
Camões – também grafado Camoens
Campelos
Cancela
Câncio – também grafado Cancio
Capelo
Caramelo
Cardoso – também grafado Cardozo
Caridade – também grafado Caridad
Carnoto
Carvalheda – também grafado Carballeda
Carvalhinho – também grafado Carballiño
Casais
Casal
Casaleiro
Caseiro
Castanheira – também grafado Castañeira
Castanho – também grafado Castaño
Castelão – também grafado Castelao
Castelo
Cavaleiro
Cerejo – também grafado Cereijo
Chaves – também grafado Chávez
Cid
Cota – também grafado Cotta
Cotrim – também grafado Cutrín
Coutinho – também grafado Coutiño
Couto
Cunha, da – também grafado Cuña e Dacuña
Curto
Devesa
Direito
Dourado
Durão – também grafado Durán
Eanes – também grafado Ianes
Enes – também grafado Ennes
Feijó – tem as variantes gráficas Feijóo, Feixó e Feixóo
Félix
Ferreira
Ferreiro
Feteira
Figueiras
Folha – também grafado Folla
Fonseca
Fonte, da
Fontela – tem a variante Fontenla
Fontes
Frade
Fragata
França – também grafado Franza
Freiria
Freitas
Freixo
Fresco
Gaio – também grafado Gayo
Gândara – também grafado Gándara
Gandarela
Gato
Geada
Grande
Granha (Gz. e Br.)
Guilherme – também grafado Guillerme
Guimarães – também grafado Guimaraens. tem as variantes Guimaráns e Guimarás
Igrejas – também grafado Igrexas
Justo
Lagoa
Lains
Laranjeira – também grafado Laranxeira
Laranjeiro – também grafado Laranxeiro
Leitão – também grafado Leitao
Leite – também grafado Leyte
Lourenço – também grafado Lourenzo
Louro
Lousada
Machado
Maciel
Madeira
Madureira
Maio
Maneiro (Gz. e Br.)
Mano – também grafado Manno
Martelo
Mato
Matos – também grafado Mattos
Matoso – também grafado Mattoso
Meleiro
Miragaia – também grafado Miragaya
Morais- também grafado Moraes
Mota, da
Mouzinho
Namorado
Nandim – também grafado Nandín
Neto
Nogueiro
Oleiro
Ortigueira
Pato – também grafado Patto
Peixoto
Poças – também grafado Pozas
Pombo
Pontes
Portas
Pratas
Preto
Queirós – também grafado Queiroz
Quinta, da – também grafado Daquinta
Quintela
Rabelo
Rainho – também grafado Raiño
Ramalheira – também grafado Ramalleira
Ramalho – também grafado Ramallo
Redondo
Regadas
Rego
Represas
Ribas
Roçadas – também grafado Rozadas
Rocha, da – também grafado Darrocha e Darocha
Roma
Romariz
Sabugueiro
Salvado
Sampaio – também grafado Sampayo
Santana
Sapateiro – também grafado Zapateiro
Sarmento – tem a variante Sarmiento
Seoane
Sinde
Sobreira
Sumavielle
Tábuas – também grafado Táboas
Telmo
Testas
Tomé
Torrado
Trigo
Vaz – também grafado Baz
Viçoso – também grafado Vizoso
Vilas
Vilaverde – também grafado Villaverde
Vinagre
Sultão administra família com 152 filhos (E NINGUÉM LHE PAGA ABONO DE FAMÍLIA???)
Views: 0
Edição do dia 16/09/2012 – Atualizado em 16/09/2012 21h51
Sultão administra família com 152 filhos e 43 mulheres em Angola
Uma das maiores famílias do mundo vive na margem do Rio Seco, na província do Namibe, em Angola.
publicidade


Estamos de volta para mostrar uma das maiores famílias do mundo. São mais de 40 mulheres, que dividem um único marido. E, por incrível que pareça, todos vivem felizes. Prova disso são os 152 filhos. Haja nome para batizar esse mundaréu de crianças.
Na margem do Rio Seco, na província do Namibe, em Angola, chegamos ao povoado onde vive uma grande família. São filhos, netos, bisnetos e esposas deste homem. Encontramos no deserto, um autêntico sultão africano.
Ele tem 152 filhos e vive com mais de 40 mulheres.
Fantástico: Atualmente tem quantas vivendo com o senhor?
Tchicuteno: Atualmente, 43…
Fantástico: Então já foi mais de 43?
Tchicuteno : Sim, foi mais. Antes eram 54.
Onze delas deixaram a aldeia e vinte e cinco filhos morreram.
Para não perder a conta dos filhos, o sultão africano criou o livro de registro. Aqui tem a numeração, os nomes e as datas de nascimento.
Tudo começou com a primeira mulher, Eva, há 37 anos. Ela está agora com 61 anos de idade.
Fantástico: A senhora tem quantos filhos com ele?
Eva: Eu sou mãe de dez filhos.
Fantástico: E o fato dele pular a cerca toda noite, ir para a casa das outras, a senhora também não liga não?
Eva: Não ligo de nada.
Nesta seita do sultão Tchicuteno, não há briga entre as mulheres. Todas procuram viver em harmonia.
Fantástico: Cada noite você fica com uma mulher, ou muda de casa?
Sultão- E isso mesmo… Tem a sua procedência.
Fantástico- E você vai de casa em casa?
Sultão- Eu tenho uma casa própria.
Fantástico- Você fica na sua casa e elas vêm lhe visitar?
Sultão- Sim!
Na realidade, o sultão tem uma casa onde vive com a sua primeira mulher. E outra casa onde marca os encontros conjugais.
Fantástico: Você tem uma alimentação especial? Usa alguma erva estimulante?
Tchicuteno: Sim. Os cereais que uso são lavra… Milho, mandioca…
Mas ele não aceita que os filhos tenham mais de uma mulher. Só ele pode!
“Não! É só uma mulher”, diz o sultão.
Quando nós chegamos ao povoado, no alto do penhasco sobre o Rio Bero, os dois filhos mais novos ainda estavam reclusos. Os meninos ficam num quarto escuro antes de serem registrados e as meninas ficam isoladas dois meses.
“Como ainda não saiu fora, não se pode contar. Só depois é que passa a registrar. Vai dar um nome, porque ainda não tem nome”, diz o sultão.
Eles acreditam que isso evita contaminação de doenças. Abrimos a cortina para ver um dos recém-nascidos.
êm mais dois, esse aqui, que acabou de nascer, 149 e o 150, que está vindo aí.
Eva, a primeira mulher do sultão, recebe nos braços o bebê cento e cinquenta. Ela é tão solidária com as outras mulheres do harém do deserto, que até ajuda nos partos das suas rivais. Todos os filhos nasceram de parto normal na aldeia.
E ainda tem seis grávidas, esperando filhos de Tchicuteno.
Uma nos surpreendeu! Pelo tamanho da barriga, resolvemos esperar pelo parto.
Voltamos no dia seguinte ao povoado e haviam nascido gêmeas. Cento e cinquenta e um e cento e cinquenta e dois. Aqui, não se faz exames pré-natal.
A mãe, que ainda está deitada no chão, nem sabia que eram gêmeas.
Assim vai aumentando a família de Tchicuteno, de 64 anos, sultão da etnia Mucubal.
No Guinness Book, o recorde de maior família registrado é de um indiano, com trinta e nove mulheres e noventa e quatro filhos. Quatro mulheres e cinquenta e oito filhos a menos do que o super pai da família africano.
Para manter todos aqui, os filhos mais velhos trabalham na agricultura e na pecuária.
Chegou a hora da despedida. Mas prometemos voltar, talvez no dia em que a família de Tchicuteno chegar aos 200 filhos.