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Os primeiros habitantes de Moçambique eram caçadores e colectores, ancestrais de povos Khoisani. Entre o primeiro e quarto século DC, povos falantes da lingua Bantu migraram do norte através do vale do Rio Zambeze passando gradualmente para os planaltos e as áreas costeiras. Os Bantu eram agricultores e ferreiros.
Os Portugueses chegaram à costa oriental de Africa no início do século 16, desalojando governantes Arabes de muitas das vilas. Eles estabeleceram feitorias ao longo da faixa costeira. Após tentativas falhadas para penetrar no interior (particularmente para controlar as minas de ouro e prata no que é hoje o Zimbabwe), eles fizeram um esforço concertado para conquistar o interior nos finais do século 19. Em 1914 os Portugueses conseguiram a “ocupação efectiva” requerida pelas autoridades Europeias em 1885 na Conferência de Berlim para justificar os direitos de império.
Em contraste com as políticas das outras autoridades coloniais em Africa depois de 1945, a ditadura de Salazar em Portugal (1932-1968) estava determinada a continuar nas colónias do País. A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) formada em 1962, dirigiu a luta pela independência. Seguido ao golpe militar em Portugal em 1974, foi estabelecido um Governo de Transição Portugueses/Frelimo, e em 1975 o País tornou-se independente tendo a Frelimo assumido o poder, e seu lider, Samora Machel, tornou-se o primeiro presidente.
Inicialmente, a Frelimo seguia as políticas Marxista-Leninista, e foi violentamente combatida pela Resistência Nacional de Moçambique (Renamo), movimento formado em 1976/7 sob a direcção Rodesiana. Quando o regime minoritário da Rodésia foi retirado do poder, a Renamo passou a ser apoiada pela África do Sul, como parte da estratégia para aniquilar as políticas e economias de governos negros “estados da linha da frente” nas suas fronteiras.
O cansaço da Guerra e mudanças políticas na Africa do Sul e Moçambique – incluindo a mudança da Frelimo da doutrina Marxista-Leninista – ajudou a trazer o acordo de paz, assinado em Roma entre a Frelimo e a Renamo em 1992. O fim da Guerra civil, facilitada pelos Moçambicanos e pela comunidade internacional, é considerada como um dos maiores exemplos de sucesso de resolução de conflito em África.”
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Pela importância do tema, aqui vai o texto da entrevista do Diário Insular:
E o que é isso de açorianidade? Como é que este pensamento foi sendo construído?
Apalavra açorianidade começou com uma aceção diferente da que tem hoje, num sentido muito mais restrito e individual. A açorianidade é um termo inventado por Vitorino Nemésio, mas é um termo que diz respeito à experiência afetiva que ele teve afastado da sua terra. É um conceito experiencial de vida, um conceito poético e lírico, e não propriamente tudo o que diz respeito aos Açores, ao comportamento dos açorianos e à sociedade açoriana. Foi minha preocupação, neste livro, explicar a origem do termo e provar que começou como um sentimento pessoal, que só depois se começou a utilizar para outros fins. Não há nada como ler o que está escrito no livro: “Um dia, se me puder fechas nas minhas quatro paredes da Terceira, sem obrigações para com o mundo e com a vida civil já cumprida, tentarei um ensaio sobre a minha açorianidade subjacente, que o desterro afina e exacerba”. A primeira vez que ele utiliza a palavra é, portanto, referindo-se a um ensaio sobre a sua açorianidade, a sua experiência de alma açoriana e as suas saudades da terra, que o desterro – o viver no continente – afina e exacerba. Aos 31 anos, saudoso da sua terra e a viver em Coimbra, Vitorino Nemésio escreveu um artigo para o que se achava ser o centenário da descoberta dos Açores – as ilhas foram descobertas em 1427, mas durante muito tempo pensou-se que tinha sido em 1432. Em 1932 pediram ao Nemésio, então, um texto comemorativo e ele escreveu o célebre texto onde diz que a geografia vale tanto como a história e onde usa, pela primeira vez, a palavra açorianidade, referindo-se à sua relação com a ilha. Apalavra teve uma grande fortuna; é um termo feliz que Vitorino Nemésio inventou a partir da “Hispanidade” de Unamuno. Dá para os Açores, mas para a Madeira, por exemplo, não dá, e isso funciona a nosso favor. Apalavra foi ficando conhecida, foi-se alargando ao domínio etnográfico, ao domínio antropológico e ao domínio político. Tão vaga se tornou que, hoje em dia, escrever sobre qualquer coisa que diga respeito aos Açores é tratado como açorianidade. A verdade é que não é bem a mesma coisa, porque a açorianidade é a experiência de ser-se açoriano e de se sentir ligado, impregnado com as saudades dos Açores. Penso que se deveria ter feito, e foi isso que tentei fazer com este livro, a história do termo, para salvaguardar de usos excessivos e vagos, porque esvaziam o conteúdo da palavra e banalizam-na.
Se se usar muito o termo açorianidade, a propósito de tudo e de nada, o termo perde impacto. Deve ter um sentido vais reservado, resguardado, para ter mais força.
Já se verifica, então, essa perda de importância do termo?
Penso que sim. Usa-se tanto a palavra açorianidade, para tudo e para nada, que perde o carisma que tinha na linguagem de Nemésio. Quando se fala em “defesa da açorianidade”, confundindo a açorianidade com autonomia, empobrece-se o conceito. O conceito foi pensado, como dizia, relacionado com a “Hispanidade” de Unamuno – que diz respeito à alma espanhola, às características da identidade peninsular -, e, por isso, a açorianidade é a condição de ser insular e aquilo que isso faz no nosso mundo interior. É mais mundo interior do que a descrição das coisas exteriores, embora também seja possível. Se se falar na defesa da açorianidade enquanto defesa da condição do ser insular, defesa do nosso património e experiência enquanto povos isolados. A autonomia é uma consequência da identidade, ou seja, a identidade serve de sustentáculo da autonomia.
A geografia e a história influenciam, em todos os povos, o ser, isto é, a alma de quem habita os lugares. Consideraria, ainda assim, que o caso dos Açores é um caso específico?
O caso dos Açores é um caso relativamente específico. Em toda a parte a geografia interessa, de facto: se um individuo vive no nordeste do Brasil é influenciado pela “nordestidade” – se é que se pode inventar o termo; se vive na Escandinávia é influenciado pela sua condição. Mas o caso dos Açores é mais do que, por exemplo, a condição do ser alentejano, sendo certo que a alma alentejana também é muito característica. O transmontano e o alentejano reivindicam muito uma alma própria, porque também são geografias muito típicas. No entanto, ilhas, mar, isolamento e meio do Atlântico são condicionantes geográficas mais poderosas. Nos Açores esse sentimento é especificamente mais forte. Lembro-me, a propósito, daquela frase de Nemésio de que gosto muito: “As ilhas são o efémero e o contingente. Só o mar é eterno e necessário”. É o mar que define a insularidade e não as ilhas. O ver a partir do mar é muito mais importante, porque a geografia das ilhas não decorre tanto da orografia, dos vulcões, mas da situação que elas têm no mar. Este mar não é igual a qualquer outro; é um mar do Atlântico, está a um terço de distância da Europa, a dois terços das Américas. É um mar especial. E já que se fala disso, nos Açores, a geografia tem tanta ou mais importância do que a história – diria, sem querer emendar o Nemésio -, porque a geografia condicionou a distância das viagens, a geografia condicionou o clima. Os Açores são o ponto mais ocidental da Europa e os europeus não se lembram disso. Não são só os centralistas ou os continentais; a Europa está esquecida e ingrata à situação e ao valor patrimonial histórico dos Açores. O ponto mais Ocidental da Europa é um ilhéu nas Flores, e não o Cabo da Roca, em Lisboa. Pelo facto de serem ilhas, os Açores não deixam de ser Europa.
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« Vi que em Lisboa se alcançaram/povo baixo e vilãos/contra os novos christãos/mais de quatro mil mataram/dos que ouvera nas mãos/ os deles queimaram/ mininos espedaçaram/ fizeram grandes cruezas/ grandes roubos e vilezas/ em todos quantos acharam. »
Garcia de Resende ( Crónica de D. João II e Miscelânea)
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José Manuel Matias/José Mário Costa
Ciberdúvidas vai regressar às suas a(c)tualizações diárias a partir do dia próximo dia 19, assegurados que foram, finalmente, os apoios indispensáveis à continuação deste serviço público de esclarecimento, debate e promoção da Língua Portuguesa.
A Fundação Vodafone e os CTT, Correios de Portugal constituíram-se patrocinadores oficiais do Ciberdúvidas, suportando a meias parte dos custos de manutenção do serviço público que presta na Internet em prol da Língua Portuguesa, como não há outro, nos seus moldes e natureza, em todo o espaço da lusofonia.
O Ciberdúvidas vai estabelecer, entretanto, uma parceria de colaboração com a Porto Editora, que, em devido tempo, será pormenorizada.
Estas três entidades responderam na semana ora finda à petição promovida pelo tradutor australiano Chrys Chrystello, num movimento de enorme repercussão, sem o qual, não temos dúvidas em afirmá-lo, não estaríamos aqui a dar esta boa nova a quantos amam e querem saber sempre mais sobre esta nossa «língua de oito pátrias», como lhe chamou o saudoso João Carreira Bom, co-fundador e principal responsável deste proje(c)to.
A todos os que viabilizaram a continuação do Ciberdúvidas deixamos o nosso mais sentido agradecimento, nomeadamente à Fundação Vodafone, na pessoa da sua presidente executiva, dr.ª Luísa Pestana, ao Conselho de Administração dos CTT, presidido pelo dr. Luís Nazaré, e à Porto Editora, na pessoa do dr. Rui Pacheco, dire(c)tor da Divisão Multimédia.
Permita-se-nos, ainda, uma nota de gratidão à Universidade Lusófona, que tem acolhido nas suas instalações, em Lisboa, o Ciberdúvidas, muito devido ao empenho pessoal do resp(c)tivo reitor, Prof. Doutor Fernando Santos Neves, assim como ao portal SAPO e, em particular, ao seu dire(c)tor, dr. José Carlos Baldino.
Neste seu relançamento, em condições nunca antes reunidas, Ciberdúvidas contou ainda com a intervenção da ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues para o destacamento, em exclusividade de funções, do Prof. Carlos Rocha.
A todos, e por mor da Língua Portuguesa, o nosso bem-haja! 10/09/2005
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Mens Sana
O canto marinho
Do cagarro?
É Santa Maria…
A onda verde
Do prado?
É Santa Maria…
O penhasco abrupto
Da beira-Ilha?
É Santa Maria…
A praia Formosa
Da costa?
É Santa Maria…
– Santa Maria
É o lugar
Não-lugar
É a Mãe a chamar,
É o impulso a clamar!
Vulcão e sedimento,
Fóssil, eu afugento
Todo o pensamento
Que me afasta da paz…
-Santa Maria,
Quero ficar
Os golfinhos sorriem
Em pleno nadar
Peço-lhes que fiquem,
Mandam-me ficar…
Santa Maria,
Império do Sossego
Mátria do Acolhimento
Durante uma semana
Com mente sana
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Com as mãos
construo
a saudade do teu corpo
onde havia
uma porta,
um jardim suspenso,
um rio,
um cavalo espantado à desfilada.
Com as mãos
descrevo o limiar,
os aromas subtis,
os largos estuários,
as crinas ardentes
fustigando-me o rosto,
a vertigem do apelo nocturno,
o susto.
Com as mãos procuro
(ainda) colher o tempo
de cada movimento
do teu corpo em seu voo.
E por fim destruo
todos os vestígios (com as mãos):
Brusca-
mente.
in «Os Sílos do Silêncio»,
Imprensa Nacional – Casa da Moeda, Lisboa 2004
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Dão-nos um lírio e um canivete
E uma alma para ir à escola
E um letreiro que promete
Raízes, hastes e corola.
Dão-nos um mapa imaginário
Que tem a forma duma cidade
Mais um relógio e um calendário
Onde não vem a nossa idade.
Dão-nos a honra de manequim
Para dar corda à nossa ausência.
Dão-nos o prémio de ser assim
Sem pecado e sem inocência.
Dão-nos um barco e um chapéu
Para tirarmos o retrato.
Dão-nos bilhetes para o céu
Levado à cena num teatro.
Penteiam-nos os crânios ermos
Com as cabeleiras dos avós
Para jamais nos parecermos
Connosco quando estamos sós.
Dão-nos um bolo que é a história
Da nossa história sem enredo
E não nos soa na memória
Outra palavra para o medo.
Temos fantasmas tão educados
Que adormecemos no seu ombro
Sonos vazios, despovoados
De personagens do assombro.
Dão-nos a capa do evangelho
E um pacote de tabaco.
Dão-nos um pente e um espelho
Para pentearmos um macaco.
Dão-nos um cravo preso à cabeça
E uma cabeça presa à cintura
Para que o corpo não pareça
A forma da alma que o procura.
Dão-nos um esquife feito de ferro
Com embutidos de diamante
Para organizar já o enterro
Do nosso corpo mais adiante.
Dão-nos um nome e um jornal,
Um avião e um violino.
Mas não nos dão o animal
Que espeta os cornos no destino.
Dão-nos marujos de papelão
Com carimbo no passaporte.
Por isso a nossa dimensão
Não é a vida. Nem é a morte.
NATÁLIA CORREIA