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Livro Grande fechado
Tanto havia para ler… e tão inesperadamente se fechou este Livro, em manhã magoada de oitava da Trindade que jamais esquecerei. O telefone, a voz serena e dorida de Américo Viveiros, director deste Atlântico e do Correio dos Açores: Morreu Daniel de Sá! E fez…-se um silêncio de livro fechado. Toda e qualquer palavra estaria a mais! Morreu Daniel de Sá!
Claro que estas “Leituras do Atlântico” teriam de ser sobre este Livro Grande fechado, uma vida única na simplicidade e diferente na multiplicidade de conhecimentos, sempre transmitidos com a fidelidade de pensamento de quem nunca se vergou a modas nem a correntes literárias, porque ele mesmo, o Daniel de Sá, traçou a sua linha de vida, pautada por um grande Amor, a Maria Alice, os filhos e os netos, Marta, Tiago e Isabel e a quem mais possa vir acrescentar a família em beleza e amor (in O Deus dos Últimos, Ver Açor 2011) e por um grande sonho: universalizar a Literatura açoriana sem lhe retirar o encanto da autenticidade insular.
A grande amizade que me une a Daniel de Sá, desde 1973, tolhe-me o pensamento e limita-me a expressão, porque tudo quanto eu quero dizer é como um mar de saudade que bate na dor da ausência e se transforma em espuma de pensamentos que se evola no leve sopro de quem sente que a outra dimensão da vida afinal está mais perto do que aquilo que podemos imaginar.
Dizia Agostinho de Hipona que muitas das honras prestadas a quem morre mais são consolo para os vivos do que refúgio para quem partiu. Por isso, quero falar de Daniel de Sá como se ele aqui continuasse, respeitando os seus gostos, a sua humildade e a sua discrição. Daniel de Sá detestava o elogio fácil e a homenagem de circunstância. Fugia de palcos e passadeiras, com a mesma naturalidade com que se dispunha a ajudar toda e qualquer pessoa que a ele recorresse, para um conselho, uma palavra, uma correcção, um texto ou um pensamento. Era fiel aos seus Amigos e sofria com traições e ingratidões. Nunca competiu e por isso mesmo não pode nem deve ser objecto de competição na sua memória. E porque esta tentação pode existir, de alguém querer servir-se do nome de Daniel de Sá para autopromoção ou outros interesses, deixo aqui o repto a quem de direito para que o nome de Daniel de Sá não seja usado para satisfazer desejos de brilho momentâneo mas seja honrado e perpetuado da única forma que ele quereria: a divulgação dos seus livros e dos seus ensinamentos. Ler Daniel de Sá, levá-lo às escolas, incluí-lo nos manuais e na história, divulgar os Açores e cada uma das ilhas através de textos por ele escritos, eis a melhor maneira de o homenagear, porque o legado cultural que nos deixa é tão vasto que levará anos a ser entendido em toda a sua dimensão. Não cedam as entidades políticas, regionais ou autárquicas à tentação fácil de emoldurar a memória de Daniel de Sá, aceitando propostas mais ou menos oportunistas, porque ele iria detestar e com a sua proverbial calma e frontalidade, declinar.
E há tanto para divulgar a quem pouco conhece de Daniel de Sá, um dos mais marcantes escritores açorianos de todos os tempos. Urge ler, por exemplo, a simplicidade e ternura de A Longa Espera, contos imortais, de 1987, ou a força de Um Deus à Beira da Loucura. Daniel de Sá era um intimista com sede de Infinito e preocupava-o o mal da sociedade que o levou a escrever um grande livro: E Deus Teve Medo de Ser Homem, no mesmo ano em que publicava o magnífico romance As Duas Cruzes do Império.
A Terra, a gente e modo ser açoriano, tudo isto se imortaliza em A Ilha Grande Fechada. Mas a obra de Daniel de Sá passa ainda por A Terra Permitida e O Pastor das Casas Mortas, tudo com o mesmo carinho com que é capaz de narrar as Ilhas, desde Santa Maria – Ilha Mãe até à Terceira, Terra de Bravos, não esquecendo São Miguel, e muito mais, impossível de resumir nesta coluna.
Daniel de Sá escreveu um dia que ao ler um livro, em vez de nos fixarmos no que está dentro dele, devemos concentrar-nos em QUEM está nas sua páginas. O Livro Grande que agora se fechou abre ainda mais esta ilha e estes Açores para a universalidade da palavra e dos afectos, como só Daniel de Sá sabia cultivar!
Até sempre, Amigo!
Santos Narciso
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508 maia [ao daniel de sá] (pico 9 agosto 2011)
das penedias da tua maia
avistas o mar
teme-lo
afugenta-lo
com tuas palavras
narras histórias antigas de encantar
contas lendas de tempos que não vivi
habito lendas que ainda não leste
escrevo o que vivo e sinto
da janela do meu castelo
voltado ao grande oceano
à ilha mágica da autonomia
em nevoeiro de s. joão
s. miguel vive em terra
costas voltadas ao mar
por vezes tenho de o largar
da minha lomba
o mar não temo
nem repelo
nem suas águas em descabelo
nem suas terras de tremores
convulsões
medos, pavores, temores
audacioso ou petulante
abro-me ao seu encanto
enleiam-me adamastores e sereias
e me embalam
deixo-me seduzir
sem atropelo
vogo nas ondas
as correntes me levam
velas enfunadas
ao sabor da maré
nem sei quantos
dias, meses ou anos
andei marejando
sem destino
sem vocação
arribo noutra ilha
mística
mágica
abrigo-me na sombra
de seus cumes
vulcões endormidos
no magnético pico
crio este sortilégio
sem bruxas
nem feiticeiras
curandeiras
mezinheiras
macumbeiras
noutros tempos era astrologia
contavas tu daniel
seus segredos sem papel
hoje é apenas
e já
poesia.
saravá poeta amigo
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589. 28 maio 2013
a dama de gaze veio na bruma
sorrateira, silente, sem avisos
com passos de veludo
e mensagem nas mãos
trazia apenas um título
escritor, maia
assim, sem mais delongas
sem discutir nem tergiversar
levou o autor
ficamos todos mais pobres e sós
teremos de o reler
e de novo cavaquear
terçar argumentos
e quando a bruma voltar
lembraremos o daniel de sá
que a dama de gaze levou.
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http://www.lusofonias.net/doc_download/836-lagoa-2009-rtp-1-hora.html
MESA QUADRADA COM DANIEL DE SÁ, CRISTÓVÃO DE AGUIAR, MALACA CASTELEIRO E CHRYS CHRYSTELLO NA RTP AÇORES 2009
videos.sapo.pt
faleceu Daniel de Sá
em memória do escritor Daniel de Sá
as nossas homenagens estão em
http://www.lusofonias.net/doc_download/759-caderno-02-daniel-de-sa.html
http://www.lusofonias.net/doc_download/959-suplemento-2-daniel-desa.html
http://www.lusofonias.net/doc_download/1532-daniel-de-sa.html
http://www.lusofonias.net/doc_download/488-declaracao-amor-daniel-de-sa.html entre muitos outros textos…
videos.sapo.pt
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dl.dropboxusercontent.com
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Em “DA” (“Diário dos Açores”, Ponta Delgada, 29.05.2013)
e em “Os Sinais da Escrita”:
http://
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Visualização e Download do “DA”:
http://we.tl/hZFVdsLsnH
http://we.tl/CLHoZxZ3AS
Chrys Chrystello,
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www.publico.pt
“O escritor moçambicano Mia Couto acaba de ganhar o Prêmio Camões, o mais importante da literatura de língua portuguesa!
http://www.publico.pt/cultura/
Conheça a obra do autor: http://
www.rm.co.mz