Views: 0
vídeos do Pico já no nosso portal em
https://www.lusofonias.net/a%C3%A7ores/pico.html
https://www.lusofonias.net/a%C3%A7ores/pico.html
Views: 0
vídeos do Pico já no nosso portal em
https://www.lusofonias.net/a%C3%A7ores/pico.html
https://www.lusofonias.net/a%C3%A7ores/pico.html
Views: 0
IN DIÁLOGOS LUSÓFONOS
Arquitecto de profissão, o delegado da Fundação Oriente em Goa encontrou aqui um espólio cultural “fantástico”. Depois de 15 anos no Japão, onde a eficiência era a palavra de ordem, Eduardo Kol de Carvalho fala agora de “uma Ásia completamente diferente”. Da preservação do património à promoção da língua portuguesa, a delegação não tem mãos a medir.
Inês Santinhos Gonçalves, em Goa
– Qual é o maior desafio da Fundação Oriente em Goa?
Eduardo Kol de Carvalho – Estamos de porta aberta desde 1995. Ao longo dos anos a situação mudou, tanto a da Fundação como a da própria Índia. Temos tido diferentes tipos de preocupações, embora algumas permaneçam desde a primeira hora, como é o caso da promoção da língua portuguesa. No início fizemos muita recuperação de património, até porque a Índia não tinha meios e equipas técnicas. Não é o caso hoje em dia, porque eles já têm as suas equipas e presentemente damos mais apoio técnico e tentamos fomentar. Quais são as principais preocupações? É manter este intercâmbio entre Portugal e a Índia, fomentar as relações culturais, trazer artistas portugueses à Índia, apoiar muito as populações locais na área cultural e promover a língua portuguesa.
– Quais são as maiores dificuldades?
E.K.C. – Para já, dificuldades orçamentais. A Índia deu um grande salto e o custo de vida já não é como era no passado, em que o investimento aqui era fácil, qualquer verba se traduzia em resultados palpáveis. Hoje já não é tanto assim. E a Fundação Oriente tem outros projectos, como o Museu do Oriente, e tem de prestar atenção à manutenção e promoção desse instrumento, tendo menos verbas disponíveis para a Índia. Depois, temos de ver que a Índia, e Goa, se move noutro ritmo e eventualmente é isso que nos perturba mais.
– É a Fundação Oriente quem lidera as acções de promoção da língua portuguesa?
E.K.C. – Não. A língua portuguesa está contemplada no programa escolar goês, é uma língua de opção a partir do 8º ano de escolaridade, é a terceira língua de opção, com o francês e o hindi. Depois, no superior, também há português. A Fundação Oriente não tem o monopólio do português no secundário, que tem os seus próprios professores, mas apoiamos muitas das outras escolas que não têm condições para manter um professor de português. Hoje em dia estamos a apoiar 848 estudantes, do 8º ao 12º ano. Temos um trabalho de cooperação muito profícuo com o Instituto Camões. Desde 2010 existe uma associação goesa de professores de português, de que também somos sócios e a quem damos apoio.
– A Fundação Oriente organiza um concurso muito popular em Goa, o “Vem Cantar”.
E.K.C. – Vamos para a 16ª edição, mas não foi uma iniciativa nossa, foi de um college [instituto superior] nos arredores de Margão. Era um bocadinho insipiente mas um dos meus antecessores trouxe-a para o seio da Fundação, sempre em colaboração com este college. Começámos a participar a partir da quarta edição e hoje é uma manifestação cultural em Goa, em torno da língua portuguesa. Porque realmente move a juventude e não só. Tem duas eliminatórias, uma em Pangim, outra em Margão e uma final. Inicialmente havia apenas uma prova, o que quer dizer que o número de participantes aumentou imenso. É um concurso de canção em português, com divisão entre grupos etários, dos mais miúdos até aos adultos, e também entre grupos e solos. No início ainda estavam muito presos às canções que tínhamos deixado aqui em 1961, os temas até se repetiam muito, como ‘Encosta a tua cabecinha no meu ombro e chora’. Entretanto, começámos a organizar workshops de preparação, para apresentar a canção contemporânea em português. Hoje em dia cantam Mariza, por exemplo. O fado está presente mas nem é o prato principal, há músicas de todos os tipos. No ano passado tivemos 52 solos e 33 grupos, o que é um número já fantástico. Na final conseguimos ter uma sala com mais de mil lugares cheia, durante quase cinco horas. É super popular.
– Os participantes dominam todos os português?
E.K.C. – Não, nem todos falam português e alguns dominam mal. Já estive em quatro concursos e já notei uma presença em palco muito diferente, estão muito mais sofisticados e estão a tomar muita atenção à forma como se apresentam.
– É, então, um bom instrumento de promoção da língua?
E.K.C. – Fantástico. Confesso que quando estava a preparar-me para vir para Goa, estava a ler os dossiers da delegação e vi aquilo, “Concurso da canção portuguesa ‘Vem Cantar’”, e pensei “É a primeira coisa com que vou acabar”. Parecia uma coisa muito tosca. Mas realmente é uma acção fantástica, que move imensa gente – são os participantes, os familiares, os amigos, as escolas. Não precisamos de fazer muita promoção.
– Há cooperação entre a delegação da Fundação Oriente em Goa e a delegação em Macau?
E.K.C. – Há diálogo mas não há muita cooperação, o ambiente de trabalho é muito diferente. Temos uma iniciativa, que vai ser agora a 7, 8 e 9 de Fevereiro, que é o Festival de Música do Monte. Tentei trazer grupos de Macau ao festival, a minha colega [Ana Paula Cleto] tentou mover mundos junto das instituições culturais em Macau, mas não se conseguiu.
– Em que consiste o festival?
E.K.C. – Como disse, uma das preocupações da Fundação foi a recuperação de património. O ex-libris desse trabalho foi a recuperação da Capela do Monte, que tem uma posição fantástica, uma vista linda sobre Velha Goa. É um edifício muito interessante histórica e arquitectonicamente, localizado num sítio maravilhoso. Após a conclusão da reparação, um dos meus antecessores teve a excelente ideia de instituir um festival de música. É a uma sexta, sábado e domingo à noite, com música do Oriente e do Ocidente. Trazemos sempre alguém da Europa – acabou de chegar a soprano portuguesa, de um coro italiano, que vem participar. Há vários palcos: a igreja não permite que se cante outra música que não seja música sacra, mas no exterior montamos outros palcos. Montamos o palco das seis da tarde, para se assistir ao pôr-do-sol. Portanto, temos em frente de nós o artista – normalmente é música ou dança indiana –, a paisagem de velha Goa com as suas igrejas a despontar na floresta de coqueiros e o pôr-do-sol. É realmente um espectáculo lindíssimo, que chama imenso público. Às vezes temos também um terceiro palco, o da noite. E terminamos sempre na capela, com música sacra e coros.
– Faria sentido uma maior aproximação entre Macau e Goa?
E.K.C. – Claro, sem dúvida.
– Nalgum projecto em particular?
E.K.C. – Acho que na área da música, sobretudo. Já houve artistas de Goa que foram cantar a Macau. Até em termos das relações entre a Índia e a China, seria muito recomendável. Mas infelizmente, quer o Governo de Macau, quero o Governo de Goa, se calhar não se aperceberam disso. As relações são um bocadinho frias e ter-nos a nós como interlocutores seria muito útil.
– Como avalia o estado do património em Goa?
E.K.C. – O património arquitectónico e artístico goês é riquíssimo. Ao longo dos 451 anos que estivemos aqui, construímos muito. Tem um património de arquitectura militar, civil, religiosa, tem um património ao nível de altares e púlpitos, de mobiliário de igreja, fantástico. As peças ligadas à arquitectura civil também são fantásticas. Todo o património indo-português é realmente fabuloso. Depois tem uma monção anual devastadora. Não é por acaso que Goa é muito verde e tem água por todos os lados. Durante quatro meses chove 48 horas por dia, como costumo dizer, e com uma intensidade absolutamente inacreditável. Para o património é muito mau, a arquitectura não gosta. Tem de haver um trabalho contínuo de conservação. [E há algum] desleixo em relação ao património arquitectónico, em Portugal isso [também] aconteceu durante algumas décadas.
– Falamos apenas do património cristão?
E.K.C. – Sobretudo. Diz-se que os portugueses destruíram muitos templos e é natural que sim, mas presumo que também não houvesse templos de grande envergadura em Goa.
– Mas quando se fala em trabalhos de preservação, são para todo o património?
E.K.C. – Para todo. Na região de Ponda há uns templos hindus de grande interesse arquitectónico e artístico, existem algumas mesquitas e edifícios históricos classificados e aí não há distinção. Mas, realmente, ressalta o valor da arquitectura militar, religiosa e civil indo-portuguesa. E aí não temos mãos a medir, os recursos são escassos para o valor do património. As populações, com a globalização, perderam um pouco esse instinto de conservação, como aconteceu em Portugal na década de 1960 e 1970. Em Macau, a arquitectura civil não teve a mesma expressão [que em Goa], embora tivesse coisas muito interessantes, quer da arquitectura chinesa, quer da ocidental.
– Esteve 15 anos no Japão como professor e conselheiro cultural da Embaixada de Portugal. Porquê esse interesse pela Ásia?
E.K.C. – Já tenho quase 21 anos de Ásia. Estive um ano no Golfo, um ano na Tailândia, 12 em Tóquio, três em Quioto e três e meio em Goa. Calhou. Sou arquitecto, neste momento não estou a executar arquitectura, mas na arquitectura uma área que sempre me foi cara foi a do património e foi isso que me trouxe à Ásia. Do património à cultura foi um pulo. A experiência no Japão foi muito rica, um bocadinho contrária à da Índia. As coisas funcionam a uma velocidade fantástica, idealiza-se um projecto e amanhã já está concretizado. Há recursos humanos, há recursos materiais. Tive a felicidade de conseguir realizar projectos interessantes e importantes, com a colaboração da área empresarial japonesa e dos municípios. Aqui é uma Ásia completamente diferente, são outros desafios.
“Importante para Goa, para a lusofonia e para a língua portuguesa”
– Como olha para os Jogos da Lusofonia?
E.K.C. – A Fundação não colaborou, estou a ver como espectador. Acho que é desafio grande para Goa. Nunca aconteceu nada desta dimensão e estão obviamente orgulhosos disso. Devia ter acontecido em Novembro, as coisas atrasaram-se muito e foi pena, porque teríamos tido mais participações de outros países. Mas acho que é importante para Goa, para a lusofonia e para a promoção da língua portuguesa. Estes acontecimentos são sempre importantes para os países organizadores e vai ser importante para a lusofonia, não pode deixar de o ser. Tenho esperança de que, para já, elimine alguns preconceitos da Administração em relação a Portugal e à língua portuguesa, e depois é a adesão popular.
– Como comenta a posição do chefe de missão de Portugal, que se recusou a falar inglês com os jornalistas indianos?
E.K.C. – Respeito. Eu talvez não o tivesse feito porque haverá jornalistas que não serão sequer de Goa. Percebo que a organização não tenha capacidade para ter intérpretes disponíveis.
– Seria realista esperar que os Jogos tivessem o português como língua de trabalho?
E.K.C. – Deviam ter, mas são só os terceiros Jogos, num país que não é lusófono.
Views: 1
Views: 0
Vale a pena ver ….sonhar e visitar…. neste fim de semana invernal em Portugal
atualização do ficheiro a magia do Pico)
--
Views: 0
TRAGO-TE AMIZADE
Sinto-me solidária
E gela-me o teu frio
mas se está bem
vejo abrirem-se
uma a uma as flores
deste jardim
sabes?
é desta cércea
que se fazem os amigos.
Joana Félix
Views: 66
Quando era miúda, adorava ouvir lendas e fábulas, conheci muitas e esqueci outras tantas…partilho esta pensando especialmente na minha filhinha:
A Lenda de Rai Kotu
Era uma vez, vivia um casal nos arredores de Tasi Tolu que tinha uma filha única muito bonita que se chamava Bi Tasi. Ela tinha muitos pretendentes mas não se interessava por nenhum deles.
Um belo dia, quando foi a fonte buscar água cruzou-se com um belo rapaz jovem que ela nunca tinha visto antes. Ele ao vê-la apresentou-se e disse que se chamava Mau Tasi, filho do Liurai Tasi. (Liurai = Rei)
Apaixonaram-se e ele pediu-a em casamento.
Bi Tasi correu para casa, levando o Mau Tasi com ela, para contar aos pais.
Eles conversaram e os pais dela, de acordo com a tradição, pediram muitos búfalos e cavalos como dote. Os pais do Mau Tasi reuniram todos os búfalos e cavalos do reino que eram precisos para enviar aos pais da Bi Tasi.
Havia uma montanha que separava os dois reinos, mas esses animais eram tantos que ao passarem pela montanha foram aplanando e construindo uma passagem que dividiu a montanha ao meio.
Essa passagem ainda existe até aos dias de hoje, é a passagem de Rai Kotu que fica entre Tasi Tolu e Komoro.
Views: 0
http://io9.com/this-intricately-crafted-harpoon-tip-is-35-000-years-ol-1506528937
https://io9.gizmodo.com/this-intricately-crafted-harpoon-tip-is-35-000-years-ol-1506528937
A harpoon tip dating to 35,000 years ago has been discovered on Timor, an island 250 miles northeast of Darwin, Australia. The ancient artifact, which was hewn from bone, is notable for its design, the complexity of which suggests humans in the region manufactured sophisticated weaponry earlier than previously believed.
Above: The location of Timor, an island at the southern end of Maritime Southeast Asia.
In the January 15th issue of the Journal of Human Evolution, researchers led by Australian National University archaeologist Sue O’Connor propose that the ancient inhabitants of Timor used harpoons to hunt large fish from boats. The notion that our ancestors were equipped to make meals of ocean animals 35,000 years ago is not, in itself, surprising; in 2011, another team led by O’Connor reported the discovery of a shelter in East Timor harboring the remains of pelagic and other fish species dating to 42,000 years ago – compelling evidence that early modern humans in the region successfully practiced deep-sea fishing.
Above: The world’s oldest fish hook, Credit: S. O’Connor.
Presented alongside the pelagic-fish-find was the world’s earliest definitive evidence for fishhook manufacture – an unmistakably J-shaped crook of carved seashell, dated to between 23,000 and 16,000 years ago. “Capturing pelagic fish such as tuna requires high levels of planning and complex maritime technology,” concluded the researchers at the time.
What makes the harpoon head noteworthy, then, is not necessarily its age or its implied use, but its design. At the base of the tip, which measures about one inch in length and half an inch across, are a series of worn notches and residue from a sticky substance. Together, these features suggest the point was secured to a wooden handle with rope and glue in an advanced weapon-making technique known as “hafting.”
Artist Angela Frost reconstructs what the harpoon tip might have looked like bound to the side of a shaft, or the center of a hollow length of bamboo.
O’Connor’s team describes the significance of the finding:
The artefact provides the earliest direct evidence for the use of this combination of hafting technologies in the wider region of Southeast Asia, Wallacea, Melanesia and Australasia, and is morphologically unparallelled [sic] in deposits of any age. By contrast, it bears a close morphological resemblance to certain bone artefacts from the Middle Stone Age of Africa and South Asia. Examination of ethnographic projectile technology from the region of Melanesia and Australasia shows that all of the technological elements observed in the Matja Kuru 2 artefact were in use historically in the region, including the unusual feature of bilateral notching to stabilize a hafted point. This artefact challenges the notion that complex bone-working and hafting technologies were a relatively late innovation in this part of the world.
Read the full details of the discovery in the Journal of Human Evolution.
Top photo via O’Connor et al.
Views: 0
Views: 0
--
Views: 1
Recebi e divulgo um artigo do deputado regional José Andrade opondo-se à minha proposta de mudança do Hino dos Açores…e pelo pragmatismo da oposição à mudança de um hino carregado de memórias de autonomias falhadas, mantemos o hino formal que cumpre as normas todas acompanhado de um poema (talvez menor) de Natália Correia. A minha proposta visava unir todos os açorianos em torno de uma balada universal, simples, popular e que tão bem retrata o que os açorianos sentem e as brumas que sempre os envolveram. O hino oficial dos Açores que ninguém canta, que ninguém conhece e cuja letra foi imposta à força numa composição antiga continua a preencher os requisitos formais de um Hino sem unir os habitantes das 9 ilhas…A minha proposta obviamente também não captou a adesão popular tendo muito poucas adesões (80) pelo que o melhor é abandonar uma proposta que obviamente falhou e disso dou também conta pública aqui no nosso blogue AICL…
Chrys Chrystello, AICL
Mudar o hino oficial da Região Autónoma dos Açores?
NÃO CONCORDO!
Está a dar que falar, primeiro nas redes sociais e agora também na comunicação social, uma petição pública que visa adotar a canção “Ilhas de Bruma” como hino oficial da Região Autónoma dos Açores em substituição do atual. A iniciativa partiu da “Associação Internacional dos Colóquios da Lusofonia” na sequência do recente falecimento do respetivo compositor Manuel Medeiros Ferreira.
Prezo muito a associação e gosto muito da canção mas não concordo com a petição, por razões que a nossa história justifica, que este artigo procura esclarecer e que o futuro certamente demonstrará.
A petição “Mudar o hino oficial dos Açores”, impulsionada pela Associação Internacional dos Colóquios da Lusofonia e dirigida à Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores e ao Governo Regional, parte do seguinte pressuposto:
“Quantos açorianos conhecem o Hino dos Açores e quantos conhecem a Letra que Natália Correia tentou adaptar à melodia? Julgamos que poucos, mas muitos não só conhecem como gostam e trauteiam as “Ilhas de Bruma” de Manuel Medeiros Ferreira, falecido a 3 de janeiro de 2014. Quer a melodia quer a letra retratam com fidelidade as nove ilhas do arquipélago e, no momento do padecimento do autor das Ilhas de Bruma, a melhor homenagem que lhe podemos prestar é propor que a sua criação musical e literária seja assumida como Hino dos Açores”.
Considerando que esta canção “não é uma marcha militar como aquele que ficou como hino oficial com um poema forçado da Natália Correia”, a petição conclui sugerindo “a quem de direito a coragem de assumir o verdadeiro hino dos Açores em substituição do hino oficial que nada nem ninguém representa”.
No Voto de Pesar pelo falecimento do compositor das “Ilhas de Bruma” que apresentei esta semana (e foi aprovado por unanimidade) no Parlamento dos Açores, expressei a minha admiração pessoal pela canção “que marcou a vida pessoal de Manuel Medeiros Ferreira e que sintetiza a vida coletiva do Povo Açoriano”:
“Composta ‘num dia de bruma’ de 1983, a obra depressa se instalou no cancioneiro regional açoriano, entre a “Lira” e os “Olhos Negros”, e é hoje parte integrante do repertório obrigatório de quase todos os coros dos Açores e da Diáspora. E, mais ainda, é cantada – ou, pelo menos, reconhecida – por cada um de nós”.
Recordando que “Manuel Medeiros Ferreira, quando recentemente homenageado na Casa dos Açores da Nova Inglaterra, disse que a melhor homenagem que lhe podiam prestar era continuar a cantar a sua música”, concluí que “com essa homenagem bem pode contar, porque todos somos das Ilhas de Bruma ‘onde as gaivotas vão beijar a terra’…”.
A música oficial do Hino dos Açores não tem três décadas. Tem 120 anos. Foi composta pelo regente de filarmónica Joaquim Lima e primeiro executada pela Filarmónica Progresso do Norte, da freguesia micaelense de Rabo de Peixe, a 3 de fevereiro de 1894. Intitulava-se então “Hino Popular da Autonomia dos Açores”.
Logo a 14 de abril de 1894, dia das eleições gerais em que foram eleitos os deputados autonomistas Gil Mont’Alverne de Sequeira, Pereira Ataíde e Duarte de Andrade Albuquerque, realizou-se um cortejo pelas ruas de Ponta Delgada integrando filarmónicas que tocavam este Hino da Autonomia.
No ano seguinte, o mesmo hino foi também festivamente executado, por filarmónicas micaelenses concentradas na Praça do Município de Ponta Delgada, para comemorar a promulgação do decreto autonomista de 2 de março de 1895.
Este hino terá tido diferentes letras ao longo dos tempos em função da conjuntura política. Com o nacionalismo do Estado Novo, foi votado ao ostracismo. Com a Autonomia Constitucional, foi oficialmente adotado pelos órgãos de governo próprio como Hino Oficial da Região Autónoma dos Açores.
A sua música, com arranjo do maestro Teófilo Frazão sobre o original do compositor Joaquim Lima, foi aprovada em 1979 (Decreto Regulamentar Regional nº13/79/A, de 18 de Maio).
A sua letra, face à inexistência de versão anterior com aceitação generalizada, foi encomendada pelo governo regional a Natália Correia, por muitos considerada a maior poetisa açoriana de todos os tempos. Aprovada oficialmente em 1980 (Decreto Regulamentar Regional nº49/80/A, de 21 de Outubro), foi pela primeira vez cantada em público há 30 anos, a 27 de junho de 1984, pelos alunos do Colégio de São Francisco Xavier, em Ponta Delgada.
Por muito que considere a Associação Internacional dos Colóquios da Lusofonia e estime o seu presidente Chrys Chrystello, por muito que admire a canção “Ilhas de Bruma” e preze o seu compositor Manuel Medeiros Ferreira, não concordo com a substituição do Hino Oficial da Região Autónoma dos Açores.
Desde logo, porque o nosso Hino Oficial, com a música histórica do Hino da Autonomia e com a letra apologética de Natália Correia, é símbolo heráldico da Região Autónoma dos Açores – ao mesmo nível superior da bandeira azul e branca – e, como tal, merece o máximo respeito do Povo Açoriano.
Mas também porque a canção “Ilhas de Bruma”, até pela sua estrutura formal, merece continuar a ser o que é: uma das melodias mais bonitas e uma das letras mais inspiradas do cancioneiro regional açoriano.
…E não consta que alguém algum dia se tenha lembrado de substituir, por exemplo, o Hino Nacional por “Uma Casa Portuguesa” de Amália Rodrigues, o Hino de França por “La Vie en Rose” de Edith Piaf ou o Hino de Inglaterra pelo “Imagine” dos Beatles.
Tudo tem um lugar próprio.
JOSÉ ANDRADE
Deputado do PSD no Parlamento dos Açores
janeiro 2014