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  • galiza a roda do povo

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    [Bruno Carvalho] Declaram ao mundo que se submetem à lei única dos que ousam sobreviver entre as agruras das serranias e dos penedos.

     

    Para nove meses de Inverno e três de inferno, as gentes barrosãs inventaram uma forma muito própria de viver. De hábitos e tradições ancestrais, com aroma a fumeiro, a urze e a carqueija, repetem que para lá do Marão, mandam os que estão.

    «Aqui, em Pitões, jamais alguém será encontrado sem vida mais do que dois dias. Aquilo que se vê nas cidades seria impossível». Enquanto arrasta duas sacas de batatas, Ana Moura traça a fronteira entre dois mundos. «Como alguém não dê sinais de vida, botamos a porta abaixo sem pedir autorização e que venha a guarda prender o povo inteiro». Enquanto conversamos, a lareira mergulha as chouriças e as alheiras no fumo e o calor queima-lhe o rosto. Admite que o apelo da cidade é forte mas que nunca abandonaria a sua terra. «Aqui, o dinheiro que temos é pouco. Não podemos ter o que têm lá. Mas nunca faltará trabalho e, a não ser quando é um mau ano de colheita, não passaremos fome.»

    Às onze da noite, a temperatura queda-se pelos zero em Pitões das Junias, aldeia encravada no Gerês, a 1200 metros, no concelho de Montalegre. No primeiro dia do ano, recuperados da festa que teve a fogueira popular como protagonista, a população junta-se no mesmo largo para cantar as Janeiras. De tochas e versos nas mãos, caminham de porta em porta e reúnem as ofertas de quem lhes abre as casas. Chouriças, alheiras, vinho e queijo que vão encher a mesa do almoço comunitário que realizarão dias depois.

    Entre as ruas de granito, misturam-se alguns turistas e filhos da terra que emigraram noutros tempos de miséria. Mas também migrantes destes novos tempos. Ana Paiva, proveniente de Gaia, não resistiu ao apelo de Pitões das Júnias e, de visita, rumou à aldeia com amigos durante anos sucessivos. Até que decidiu ficar e com o companheiro passou a gerir uma das tabernas mais agradáveis daquelas paragens. A Terra Celta conseguiu, num só ano, atrair galegos apaixonados pelo seu país e músicos que cultivam o gosto pela gaita-de-foles.

    A Andorra galaico-portuguesa

    A meia hora de carro, depois de Montalegre, entre o escarlate das árvores ainda vestidas, ergue-se a cabeça do Larouco. A montanha que recebeu o nome do milenar deus pagão alberga nas suas faldas meia dúzia de aldeias portuguesas e galegas. As suas populações foram protagonistas, durante séculos, de uma realidade tão própria que nem a definição de fronteiras pôde separar. Ainda que a sinalética rodoviária insista em indicar os caminhos para Espanha, em mais de metade das placas aparece a spray azul a palavra Galiza.

    Contra a teimosia dos que julgam espanhóis quem vive na parte norte do Larouco, as semelhanças linguísticas entre os vizinhos de ambos lados da raia desmentem a tese espanholista de que a Galiza é e sempre foi Espanha. Ainda antes de Portugal conquistar a sua independência, fundava-se uma das experiências mais duradouras de comunhão entre os povos do Larouco. Até ao século XIX, existiu uma zona independente de qualquer Estado e que englobava três aldeias: Ruivães, Meãos e Santiago.

    Com organização própria, o Couto Misto conferia aos seus habitantes o direito de optar por uma ou outra nacionalidade, ou mesmo por nenhuma. Ficavam isentos de qualquer imposto português ou espanhol, não eram obrigados a cumprir serviço militar e não precisavam de licença para porte de arma. Para além disso, tinha o privilégio de poder dar asilo aos foragidos da justiça de ambos Estados.

    Larouco, o deus dos contrabandistas

    Avessos às imposições estatais, esta parte da fronteira foi das mais violadas do país. As mulheres e homens que desafiaram as autoridades de ambos os lados da fronteira fizeram-no para alimentar as suas famílias. Mas os barrosões e galegos também rasgaram as convenções que pretendia barrar a convivência milenar. Fizeram do contrabando uma arte e nem a sintonia entre o regime de Salazar e os fascistas espanhóis, que se levantaram em 1936, comandados por Franco, conseguiram esmagar a solidariedade galaico-portuguesa.

    Milhares de refugiados e resistentes anti-franquistas, pertencentes à parte democrata da guerra civil, procuraram abrigo na região do Barroso. Foram muitas as famílias transmontanas que deram abrigo às vítimas da barbárie fascista. Já depois de consolidada a vitória de Franco, as montanhas da zona foram visitadas por grupos guerrilheiros que se haviam recusado abandonar a luta armada.

    Se houver um deus no mundo que seja rezado por foragidos, devia chamar-se Larouco. A divindade pagã que é também o mais alto dos montes da região não foi só refúgio dos que guiavam os seus rebanhos pelas encostas. Deu também esconderijo a guerrilheiros, protegeu a identidade de emigrantes e refugiados políticos. Mas, principalmente, serviu de caminho a contrabandistas.

    Democracia avançada em tempos de crise

    Imagine-se uma terra em que é uma roda a que mais ordena. Uma roda feita de casas e casas feitas de gente. Imagine-se que, desde tempos de que não fala a memória, é neste relógio de ruas lamacentas e habitações de granito que o sentido dos ponteiros decide, a cada semana, quem faz o pão. Imagine-se mulheres e homens que planificam as actividades económicas do seu dia-a-dia sob regras que aliviam o peso do indíviduo e fortalecem a comunidade.

    Até há bem pouco tempo, era assim em boa parte das aldeias de Montalegre. Em algumas, ainda restam hábitos desse trabalho levantado pela força dos braços unidos. A quem tem dez cabeças de gado cabe-lhe o dobro de dias, vinte, nas encostas do Larouco a pastar todos os animais dos vizinhos. A regra é igual para todos e abre espaço para que cada um tenha tempo para cuidar de outras tarefas individuais ou comunitárias. Embora as terras estejam divididas e cada um tenha a sua colheita, em geral, a segada era feita em conjunto. Todos comiam. Independentemente da propriedade, o que definia o respeito por cada habitante era o trabalho. A quem não possuía animais ou terras cabia-lhe arranjar os caminhos e o património comum da aldeia como o Forno do Povo.

    Para este mundo agreste, os transmontanos descobriram, à sua escala e com as devidas diferenças, o que a tanta gente custa entender. Se todas as praças e avenidas deste país fossem Rodas do Povo jamais governariam os que nos abrem feridas. Quem nos afundou as pescas, quem nos enterrou os campos, quem nos desmantelou as fábricas, quem nos encheu as aldeias de silêncios de cemitério fê-lo porque um rico faz-se sobre as sombras divididas de muitos pobres. Talvez devamos aprender mais com os que sujam as mãos de terra e menos com os que enchem os bolsos de dinheiro. A união dos que trabalham é o que ilumina um dos maiores valores universais da humanidade: a justiça social.

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  • this is The Azores

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    This is Azores!

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    Produced with CyberLink PowerDirector 9 Video of Azores Thanks to: Governo Regional dos Açores Eurosport SATA Rallye Açores Red Bull Cliff Diving Billabong A…
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    Chrys Chrystello, An Aussie in the Azores /Um Australiano nos Açores, http://oz2.com.sapo.pt
  • escultor mariense – homenagem a Couto Viana

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    a AICL divulga escultor mariense:

    ‎:)

    Escultor mariense radicado em Lisboa inaugura mais uma obra

    O escultor mariense Carlos Matos inaugurou, recentemente, no norte do país, mais uma obra da sua autoria.
    Desta feita, um busto de António Manuel Couto Viana, a homenagear este dramaturgo, poeta e ensaísta desaparecido em 8 de Junho de 2010. A sua inauguração teve lugar na cidade de Viana do Castelo, na terra natal do escritor.
    Carlos Matos nasceu no dia 24 de dezembro de 1955 na ilha de Santa Maria. Em 1962 vai para Lisboa, onde tem lugar todo o seu processo escolar, até concluir a licenciatura em Artes Plásticas – ESCULTURA – pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa ( E.S.B.A.L. ) e durante o qual lhe é atribuído um prémio na cadeira de Modelo Vivo – 1978 . (
    Ao longo da sua interessante e reconhecida carreira, Carlos Matos colaborou com diversos teatros, onde se salientam o teatro de S. Luiz em Lisboa, o Teatro São Carlos, participa no espectáculo “As Bacantes” – Fundação Calouste Gulbenkian – Encenação de Fernanda Lapa – Adereços, participa no espectáculo “O Leão no Inverno” – encenação de Carlos Avilez – Teatro Experimental de Cascais – Adereços, em 2002 Participa no espectáculo “a Viagem de Pedro o Afortunado” – Esculturas de Cena – Encenação de Fernanda Lapa – Teatro Nacional D. Maria II bem como diversos Teatros de Revista.
    Carlos Matos honra deste modo a memória do seu pai, o Sr. Fernando Matos, personalidade sobejamente conhecida em Santa Maria, onde foi funcionário do aeroporto (ANA) desde os últimos anos da década de 40 e onde permaneceu até à década de 60. O Sr. Fernando Matos foi o autor dos cenários e dos figurinos da revista “Estás-te Consolando”, dos retratos a carvão que até há pouco tempo estiveram expostos na parede do “lounge” do cinema do aeroporto “Atlântida Cine”, da decoração do bar do Clube Asas do Atlântico (em estilo “americano” – tecto, sofás, mesas, candeeiros, painel de parede preto com parras douradas – e que se manteve desde os anos 60 até há poucos anos atrás), dos puxadores com o logotipo do CAA que ainda hoje existem na porta principal do Clube Asas do Atlântico (cujas matrizes ainda se encontram guardadas pelo seu filho Carlos Matos), e pelos elementos marinhos feitos em arame zincado pintado de preto e branco que faziam a decoração da parede da sala interior da antiga Pousada da Praia Formosa. Estes são alguns dos trabalhos que se destacaram em Santa Maria. Em Lisboa também desenvolveu a sua arte onde teve um atelier em conjunto com o artista Sam.
    Uma vez mais podemos constatar que “filho de peixe, sabe nadar” e que Santa Maria tem tesouros que ela própria desconhece.

    Outros trabalhos e prémios do escultor mariense Carlos Matos:
    Em 1978 foi-lhe atribuída uma Menção Honrosa, no concurso de Medalha da CASA DA MOEDA. Ao longo sa sua carreira conquistou diversos prémios e a partir daí não têm parado os sucessos. Destes, destacam-se inúmeras participações em exposições (1ª. Bienal de Vila Nova de Cerveira, “Novos Escultores”- Sociedade Nacional de Belas Artes, “Artes Plásticas” Teatro Ibérico – Lisboa, Homenagem ao Prof. Reynaldo dos Santos – Vila Franca de Xira, Homenagem dos Artistas Portugueses a Almada Negreiros – Lisboa, Colectiva de Pintura e Escultura – Mercado Ferreira Borges – Porto, Exposição de Artes Plásticas de Sesimbra, V Bienal de Artes Plásticas – Festa do Avante,
    “Mulher é o Tema” Museu Municipal de Loures, Escultura Portuguesa Contemporânea – Vila Franca de Xira, Exposição de Medalhas do 25 de Abril – Loures, Exposição “Jovens Escultores” – Fátima (recebe Menção Honrosa por este trabalho), ”Colectiva de Pintura – Escultura 13+6” – Galeria da Cervejaria Trindade, ”Colectiva de Escultura – Pintura” – Galeria Santa Justa, ”VII Bienal de Artes Plásticas – Festa do Avante”, ”Colectiva de Escultura e Desenho” – Convento do Beato – Lisboa, ”1ª Exposição de Medalhística da Amadora” – Amadora, ”Pintura Escultura e Fotografia de Artistas Açorianos residentes no Continente” – Câmara Municipal da Amadora, ”Exposição Colectiva “Arte contra o Racismo” – Casa da Imprensa, .”Colectiva de Escultura e Desenho” – Convento do Beato – Lisboa, ”1ª Exposição de Medalhística da Amadora” – Amadora, ”Pintura Escultura e Fotografia de Artistas Açorianos residentes no Continente” – Câmara Municipal da Amadora, ”Exposição Colectiva “Arte contra o Racismo” – Casa da Imprensa).
    Destaca-se, em 1996 , quando prepara Exposição Individual “Escultura e Desenho de Carlos Matos” – Casa dos Açores – Lisboa.
    Seguem-se outras exposições tais como a exposição de Artes Plásticas “Grupo Oriente” – Olivais Sul – Lisboa, II Exposição “Grupo Oriente” – Olivais Sul – Lisboa, I Bienal de Medalha do Concelho do Seixal, .Exposição Colectiva “Pintura Escultura e Cerâmica” – Galeria Quadrante – Odivelas, Exposição Colectiva “Pintura Escultura 2000” – Escola Vasco da Gama, ”6ª Exposição Internacional de Artes Plásticas de Vendas Novas”, participa na Exposição “O Figura – Homenagem a Cruzeiro Seixas – Câmara Municipal da Amadora, participa na Exposição “Laranjeira Santos – Vida e obra em Exposição” Câmara Municipal da Amadora.
    No seu trabalho diversificado entre o Teatro, o Teatro de Revista (adereços e cenografia e elementos escultóricos), a medalhística e outras áreas da escultura, é convidado e participa como membro do júri em eventos como as Marchas Populares de Setúbal (cenografia).
    De Carlos Matos é também a autoria das seguintes obras:
    .A convite do Artista Plástico Juan Soutullo, foram-lhe encomendadas várias esculturas e a medalha comemorativa da inauguração do 1º Museu de Cera em Portugal – Fátima.
    .Executa logotipo para “Estalagem D. Gonçalo” – Fátima.
    .Executa peça escultórica para exposição “Depois do Modernismo”- Sociedade Nacional de Belas Artes de Lisboa.
    . Em 1987 eecebe encomenda de “Relevo” para o Museu de Cera de Fátima.
    . Executa peças de Escultura para a Igreja de S. José – Olivais Sul –( Imagens de S. José e Cristo
    . Em 1989 é convidado a executar a Medalha Comemorativa do 15º Aniversário do 25 de Abril.
    . Em 1998 executa “Monumento à Solidariedade” – Fundação C.E.B.I. – Alverca do Ribatejo.
    . Executa Esculturas ( Cristo e Nª Sra. da Misericórdia ) – Santuário de Nª Sra. da Misericórdia – Coimbra
    . Em 2010 são-lhe solicitados os Retratos (escultura) de António Manuel Couto Viana e Maria Manuela Couto Viana – Homenagem a Couto Viana – Viana do Castelo
    Em 1991 é convidado a dar um Curso de Modelação na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (E.S.B.A.L.)
    Carlos Matos conta com diversos prémios para além dos já mencionados, tais como:
    1985 – Foi-lhe atribuído o 1º prémio de Medalha na “Homenagem dos Artistas Portugueses a Almada Negreiros”
    1986 – Recebe Menção Honrosa no concurso de Medalha “TOTOBOLA”
    1991 – Recebe o 2º prémio no Concurso de Medalha do “Totoloto”
    1992 – Participa e recebe Menção Honrosa na Exposição “Jovens Escultores” – Fátima

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  • BAILADO DA GARÇA ZECA MEDEIROS

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    AÇORES 🙂

    https://www.youtube.com/watch?v=39s7gm9FP8w
    Bailado da Garça

    www.youtube.com

    Bailado da Garça do programa “Deixem Passar a Música” – Toadas do Vento Ilhéu Realização: José Medeiros Ano: 1986 Direção Musical: Luís Gil Bettencourt Grav…
  • ONÉSIMO, PROGRESSO E RELIGIÃO POR DANIEL DE SÁ

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    Minha gente

    A propósito do livro do Onésimo “Utopias em Dói Menor”, eu tinha-lhe prometido dar o meu ponto de vista a respeito de uma ideia feita de que a Europa protestante se desenvolveu mais do que a católica. Mas, como talvez interesse a mais alguém, envio-o por este meio. O Onésimo, tal como eu, não defende aquela visão viciada pela simples constatação de que, nos países de maioria protestante, o progresso foi maior do que nos de maioria católica, o que se deveria à repressão católica, sobretudo por intermédio da Inquisição, contra as ideias novas que iam surgindo. Ora esta repressão acontece no campo do pensamento religioso – principalmente teológico e moral – raramente interferindo com o pensamento científico. O caso de Galileu é uma questão excepcional, e motivado principalmente pela inveja dos seus rivais ou invejosos colegas cientistas. Sem eles, seus delatores, Galileu dificilmente teria chegado ao tribunal da Inquisição.
    Ora, sendo a repressão do Santo Ofício uma tentativa de vasculhar as ideias teológicas e morais, e de condená-las quando lhe parecessem merecedoras de tal, é muito difícil provar que isso tenha tido implicações no avanço científico. Alguns dos nomes que o Onésimo cita entre os cientistas de maior vulto em Portugal na época da expansão marítima, estão por exemplo Pedro Nunes, Garcia de Orta e D. João de Castro, que fizeram as suas investigações em plena época da Inquisição, se bem que os primeiros tenham sido perseguidos depois de mortos! E foram descendentes seus que sofreram os rigores estúpidos da Inquisição. A perseguição religiosa, sobretudo à conta de reis que não queriam ver em perigo a unidade nacional (como os “santos” Reis Católicos” de Espanha ou os “beatos” D. Manuel e D. João III), foi prejudicial nesse caso. O Onésimo fala de havermos perdido Espinosa, e eu acrescento agora, em Espanha, o caso de Miguel Servet. Este é mesmo um exemplo perfeito de que, a havê-lo, não teria sido só catolicismo o responsável por um hipotético menor desenvolvimento nos países onde era dominante. E isto porque, tendo de fugir de Espanha, Servet desenvolveu no estrangeiro o seu pensamento teológico e estudou a circulação do sangue nos pulmões. E como acabou ele? Condenado à morte na Suíça por insistência de Calvino! Porque, se a Igreja Católica, por intermédio da Inquisição de raízes mais políticas (ou pelo menos tanto quanto) que religiosas, condenava “hereges”, os protestantes não o fizeram menos nem com menor crueza, sendo que normalmente até fingiam menos o julgamento do que a Inquisição.
    Além disso, a Igreja Católica não conseguia impor-se tanto quanto se imagina em questões morais. Lembre-se que os católicos não eram grandes cumpridores das orientações religiosas, tendo em reis, cardeais, bispos e padres exemplos de deboche moral e de ilimitadas ambições materiais. Aliás, a confissão foi sempre mal entendida pela maioria esmagadora dos católicos, que viam naquele sacramento uma maneira de serem perdoados os seus pecado quando quisessem, e, em último caso, na hora da morte, desconhecedores de que assim caíam nos chamados pecados contra o Espírito Santo, pelo que o sentido religioso do pecado por ambição material era pouco tido em conta. Já os protestantes, mormente os luteranos, que negavam o valor a confissão, viam no julgamento divino uma apreciação da totalidade da vida humana, pelo que, para eles, o pecado teria uma implicação que de certo modo se projectava mais na eternidade do que segundo a noção (errada, repito) dos católicos.

  • ONÉSIMO VISTO POR V RUI DORES

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    sexta, 14

  • PRÉMIO PESSOA 2012 RICHARD ZENITH

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    IN DIÁLOGOS LUSÓFONOS

    Biblioteca Nacional Portugal

    Prémio Pessoa 2012: Richard Zenith

    MOSTRA | 14 janeiro – 28 fevereiro | Sala de Referência | Entrada livre

    zenithRichard Zenith, Prémio Pessoa 2012, nasceu em Washington DC, em 1956.
    Na ata da reunião do júri que lhe atribuiu o prémio, salienta-se o facto do autor – leitor BNP n.º 14475 – ter “posto o conhecimento acumulado ao longo de décadas ao serviço disciplinado e metódico de uma paixão”. “Com lucidez, Richard Zenith é, não apenas um editor da obra pessoana, um explicador da heteronímia, mas também o grande tradutor da sua poética para a língua inglesa”.
    É editor literário de diversas obras pessoanas, de que destacamos:Livro do Desassossego (Lisboa: Assírio & Alvim, 1998; São Paulo: Companhia das Letras, 1999); A Educação do Estóico: O único manuscrito do Barão de Teive (Lisboa: Assírio & Alvim, 1999; São Paulo: A Girafa Ed., 2006); Heróstrato e a busca da imortalidade(Lisboa: Assírio & Alvim, 2000); Poesia de Alberto Caeiro (Lisboa: Assírio & Alvim, 2001; São Paulo: Companhia das Letras, 2001), organizada juntamente com Fernando Cabral Martins; Escritos autobiográficos, automáticos e de reflexão pessoal (Lisboa: Assírio & Alvim, 2003; São Paulo: A Girafa Ed., 2006); Aforismos e afins (Lisboa: Assírio & Alvim, 2003; São Paulo: zenith_pessoaCompanhia das Letras, 2006), Obra essencial(Lisboa: Círculo de Leitores: Assírio & Alvim, 2006-2007, em sete volumes; e Teoria da heteronímia (Lisboa: Assírio & Alvim, 2012), organizada juntamente com Fernando Cabral Martins.
    Tem uma vasta obra como tradutor, tendo dado a conhecer aos leitores de língua inglesa muitos autores de língua portuguesa. Mencionemos: The Feeling of Immortality, ensaios de Antero de Quental (Dublin: Mermaid Turbulence, 1998); An Explanation of the Birds, de António Lobo Antunes (New York: Grove Press, 1991, 1995; London: Secker & Warburg, 1992); Act of the Damned, de António Lobo Antunes (London: Secker & Warburg, 1993; New York: Grove Press, 1995); The Natural Order of Things, de António Lobo Antunes (New York: Grove, 2000); The Inquisitors’ Manual, de António Lobo Antunes (New York: Grove, 2003); The Loves of João Vêncio, de Luandino Vieira (New York: Harcourt Brace, 1991; 113 Galician-Portuguese Troubadour Poems, edição bilingue, com notas e introdução (Manchester: Carcanet, 1995; Meditation on Ruins, poesia de Nuno Júdice, com introdução (Praha: London: Archangel Books, zenith_melo_neto1997); Log Book: Selected Poems, de Sophia de Mello Breyner (Manchester: Carcanet, 1997); The Book of Disquiet, de Fernando Pessoa (UK: Peguin, 2001; USA: Penguin 2003); The Selected Prose of Fernando Pessoa, com notas e introdução (New York: Grove Press, 2001);Fernando Pessoa & Co.: Selected Poems, com introdução (New York: Grove Press, 1998; The Education of the Stoic, de Fernando Pessoa (Barão de Teive), com posfácio (Boston: Exact Change Press, 2005);Education by Stone: Selected Poems of João Cabral de Melo Neto, com posfácio (New York: Archipelago Books, 2005); A Little Larger Than Entire Univers: Selected Poems of Fernando Pessoa, com introdução. USA; UK: Penguin, 2006); Blank Gaze, de José Luís Peixoto (London: Bloomsbury 2007); Message, de Fernando Pessoa, com prefácio (Lisboa: Oficina do Livro, 2008); Sonnets and Other Poems, de Luís de Camões, com prefácio (Univ. of Mass. Press, 2007); e The feeling of a Westerner, de Cesário Verde (University of Massachusetts at Dartmouth, 2012).
    É ainda autor de diversas obras e artigos sobre literatura portuguesa e brasileira, desde as cantigas galego-portuguesas até Pessoa ou João Cabral de Melo Neto. Refira-se a Fotobiografia de Fernando Pessoa (Lisboa: Círculo de Leitores, 2007; São Paulo: Companhia das Letras, 2011), em coautoria com zenith_pessoa2Joaquim Vieira; a organização de Fernando Pessoa: o editor, o escritor e os seus leitores (Lisboa: Fundação Gulbenkian, 2012); e o seu livro de contos Terceiras Pessoas (Famalicão: Quasi, 2003).
    Foi curador de duas exposições: Casa-Poema, na Casa Fernando Pessoa (Lisboa, set.-dez. 2009) e Fernando Pessoa: Plural como o Universo (Museu da Língua Portuguesa, São Paulo, ago. 2010-jan. 2011; Centro Cultural dos Correios, Rio de Janeiro, mar.-jun. 2011; Fundação Gulbenkian, Lisboa, fev.-abr. 2012). Esta exposição contou com milhares de visitantes.
    Richard Zenith tinha já sido distinguido com os seguintes prémios: PEN Award for Poetry in Translation (1999) por Fernando Pessoa & C: Selected Poems, Calouste Gulbenkian Translation Prize (2002) porThe Book of Disquiet e Harold Morton Translation Prize da Academy of American Poets (2006) por Education by Stone: Selected Poems of João Cabral de Melo.

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  • os retornados

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    in diálogos lusófonos

    Apontamentos sobre os “Retornados”, os portugueses que saíram de África quando da descolonização e vieram para Portugal em 1075

     Ainda hoje não se sabe ao certo qual o número dos portugueses que, desfeito o império colonial na sequência de 25 de Abril de 1974, saíram de África. Algumas estatísticas referem oitocentos mil, outras um milhão. Vieram – o eco do seu êxodo condoeu então o mundo – de Angola, Moçambique, Guiné, S. Tomé e Príncipe, Cabo Verde, golfados em caudais intermináveis de espanto e desolação.

    Disse o humanista Agostinho da Silva em 1975 sobre os Retornados que vieram para Portugal, embora muitos tenham ido para outras latitudes, como o Brasil, Canadá.
    A emigração, a guerra e o exílio despovoaram Portugal. Aldeias inteiras apenas albergavam velhos e crianças, povoações havia que não tinham sequer um habitante. Era um país de deserções e decrepitudes a viver das remessas dos emigrantes e dos militares – e da passagem dos turistas.

           Os chamado “Retornados” repetiram aqui o que há decénios faziam lá. ”Portugal foi reconstruído pela energia dos retornados”, exclamará Agostinho da Silva. “Eles lançaram mão a tudo, usaram com as pessoas de cá os mesmos métodos que usaram com as de lá. Não trouxeram divisas, como os emigrantes, mas construíram coisas”
    (in Artigo de Fernando DacostaIn o “PÚBLICO” de 26, Abril,1995
    http://www.espoliadosultramar.com/n4.html)

    http://www.slideshare.net/tedesign2011/os-retornados-esto-a-mudar-portugal

    http://books.google.pt/books/about/Os_retornados_est%C3%A3o_a_mudar_Portugal.html?id=jBBFAQAAIAAJ&redir_esc=y

    Fernando Dacosta – em entrevista a Página da Educação
    http://www.apagina.pt/?aba=7&cat=108&doc=8602&mid=2


    Fernando Dacosta nasceu a 12 de Dezembro de 1945, em Luanda. Passou a infância e a adolescência no Alto Douro, frequentando o Liceu de Lamego. Fixado em Lisboa (depois de uma breve passagem por Coimbra), estuda Filologia Românica, inicia-se no jornalismo, em 1967, e (depois do 25 de Abril) na literatura. Passou por diversos órgãos de informação, como Europa-Press, Flama, Comércio do Funchal, Vida Mundial, DL, DN, A Luta, JL, o Jornal, o Público . Actualmente pertence aos quadros da Visão. Foi director dos Cadernos de Reportagem e co-editor da Relógio d’Água. Na RTP1 teve uma rubrica sobre livros entre 1991-92.

    Foi galardoado com 10 prémios: G.P. de Teatro RTP, da Associação Portuguesa de Críticos, da Casa da Imprensa (por Um jeep em segunda mão, 1978), G.P. de Reportagem (À Descoberta de Portugal, 1982), Jornalista do Ano Nova Gente (1982), G.P. de Reportagem do Clube Português de Imprensa (Os Retornados estão a mudar Portugal, 1984), G.P. de Litertura Círculo de Leitores (O Viúvo, 1986), P. Fernando Pessoa do jornalismo e P. Gazeta do Clube dos Jornalistas (Moçambique, Todo o Sofrimento do Mundo, 1991), P. Gazeta do Clube dos Jornalistas (O Despertar dos Idosos, 1994).

    Tem mais de vinte livros publicados em diferentes géneros – reportagem, teatro, romance, narrativa e conto. O seu último, Nascido no Estado Novo, acaba de ser lançado.

    Paixão de Marrocos é uma edição trilingue, uma das quais em árabe. É, no entanto, um livro que fala muito de Portugal…
    Marrocos explica Portugal. Quando se dá o 25 de Abril percebi que estávamos a assistir ao fecho do ciclo imperial que nos marcou durante cinco séculos, para o bem e para o mal, ao nível do imaginário individual e colectivo. Ora tudo começou por Marrocos, conquistas, esclavagismos, colonialismos, retornos…

    O seu interesse por África é muito forte nas suas obras. Os Retornados, Moçambique, Todo o Sofrimento do Mundo….
    Pois é. A narrativa que escrevi sobre Moçambique fi-la quando o novo país comemorou 15 anos de independência. Nessa altura não se sabia nada do que estava a passar-se lá. O Maputo era uma espécie de ilha porque ninguém saía da cidade para o resto doterritório. Eu fui com o repórter fotográfico Luis de Vasconcelos. Andámos pelo interior, pelas zonas onde estavam os desalojados, os fugitivos da guerra, e descobrimos um universo de horror. As Nações Unidas tinham, aliás, declarado Moçambique como a zona de maior sofrimento humano do mundo. Chegaram a essa conclusão fazendo o somatório dos sofrimentos humanos, como a fome, as violações, as doenças, a guerra. Isso, que era completamente desconhecido, mesmo em Maputo, teve um grande impacto. Foi antes de se ter assinado o tratado de paz que, para surpresa da maior parte das pessoas, deu resultado, permitindo que o país começasse a organizar-se. O contrário verificava-se, entretanto, em Angola que sofria uma das guerras mais devastadoras de toda a sua história, em 1992. Hoje, Luanda é uma cidade em ruínas.
    Em 1974 ela estava no auge, era uma capital em vários aspectos muito mais desenvolvida do que Lisboa, ombreando com várias cidades europeias. Os chefes da guerrilha, que tinham fugido muito cedo para o mato – como o Agostinho Neto ou o Samora Machel – quando voltaram a Luanda e a Lourenço Marques ficaram estupefactos com o seu desenvolvimento. Não eram mais as urbes um pouco toscas e primitivas que conheceram 20 anos antes. Em relação à política que Portugal seguia, então, em África há a destacar a interenção de um homem que teve um papel fundamental: o Marechal Costa Gomes. Revelou-se um dirigente sumamente inteligente e maleável que se foi adaptando às circunstâncias, estando quase sempre na mó de cima. Era um militar, um político, um diplomata muito competente, muito lúcido que tentou inflectir, por dentro do regime, as coisas. A história de que os salazaristas não passavam todos de saloios e arrogantes é um disparate. O próprio Salazar era um homem cultíssimo, tinha era uma cultura clássica, e de uma grande intuição. O cardeal Cerejeira, por exemplo, gostava de Herberto Herder e de Camus.

    A figura de Salazar tem sido para si uma atracção especial…
    O meu interesse por Salazar resulta do interesse que sinto pelas figuras que exprimem a natureza humana em situação limite, o poder limite no caso dele. O chamado Estado Novo foi uma época com características muito próprias que devem ser conhecidas. Como já passaram 30 anos sobre o seu desaparecimento, já não há o perigo de Salazar ressuscitar nem do seu regime voltar ao poder. Por isso achei que devia fixá-los. Até porque, e como dizia a Natália Correia, “ser-se revolucionário hoje é preservar a memória”. É o que tento fazer dentro do meu estilo e das minhas características. Vivi a circunstância de conhecer a ditadura, de conhecer Salazar, de conhecer o 25 de Abril, de conhecer a democracia, de ter essas experiências todas o que me foi muito enriquecedor . Por outro lado, comecei a notar que a maior parte dos historiadores portugueses, com raras excepções, cometiam um erro crasso: faziam a história do Estado Novo baseados nos jornais. Ora os jornais do Estado Novo traduziam um país amputado, limitado, muito redutor. A história do Estado Novo tem que ser feita sobretudo, com testemunhos dos que o protagonizaram, enquanto estão vivos.Tornava-se-me, assim, urgente ouvir essas pessoas. Foi o que fiz, pessoalmente, isoladamente durante trinta anos. E que devia ter sido feito por algumas dessas inúmeras fundações que há para aí e que só servem para lavar dinheiro e fugir aos impostos. Que, apesar de se dizerem culturais, não fazem nada culturalmente. Nunca ninguém teve a ideia de ouvir pessoas como o barbeiro do Salazar, que é um homem fabuloso, ou a sua governanta, que só morreu em 1986, e que me contou coisas extraordinárias. Ela foi a “primeira-dama” que mais poder teve neste país, pois Salazar foi o português que mais poder deteve, durante mais tempo em Portugal.

    O Fernando Dacosta faz uma síntese bastante eficaz no cruzamento do jornalismo com a literatura. Eu acho que isso explica as dez edições de Máscaras de Salazar
    Para mim o jornalismo é apenas uma disciplina da literatura, como é o romance, como é a história. Durante séculos os jornais foram, aliás, povoados por grandes escritores. O Fialho, que hoje é um nome cimeiro da literatura portuguesa, não publicou um livro em vida, apenas publicou crónicas em jornais que depois foram reunidas em livros e o tornaram num autor notável. O Raúl Brandão, que para mim é também um dos grandes escritores do século XX, publicava tudo primeiro em jornais. Essa divisão de que há uma escrita de segunda para os jornais e uma escrita de primeira para os livros é artificial, inculcada para tentar controlar o jornalista. Para mim é completamente indiferente saber se as crónicas de Fernão Lopes, por exemplo, ou se as crónicas da história trágico-marítima são literatura ou jornalismo. Não é fácil, porém, vencer as mentalidades que separam as coisas… no campo da literatura o José Cardoso Pires fazia a experiência ao contrário, escrevia romances que eram reportagens, como. A Balada da Praia dos Cães. O jornalismo é importante porque permite contactar o ser humano em situações extremas, boas e más, as que dão notícia e matéria de reflexão.

    O Baptista-Bastos fala de si dizendo “Grande jornalista, porventura o maior repórter da sua geração; trouxe, para a letra de imprensa, a sensibilidade, o colorido, o lado humano, secreto, porventura quase insondável dos factos quotidianos.”
    É a generosidade dele… quando estou a escrever não estou a pensar se estou a escrever para páginas de jornal ou para páginas de livro. O que me determina é o tema que abordo

    Você é uma das poucas pessoas que tem analisado muito bem o que é isto de ser português, “povo pobre mas não miserável, velho mas não decadente, apaixonado mas não violento, a sua vocação de cigarra vai fazê-lo apetecido ao mundo” Acredita neste relançamento de Portugal?
    O último encontro que tive com Jorge de Sena foi muito interessante: ele vinha do Norte da Europa, com escala em Lisboa. Eu e mais alguns amigos fomos ao aeroporto para o saudar. Ele abraçou-nos e disse: “felizmente que entro na civilização!”. Espantado, respondi-lhe: “Então você entra nesta piolheira, vindo do Norte da Europa, e diz que isto é que é a civilização… ?” Rápido, respondeu-me: “Ora, lá só sabem trabalhar, ver televisão e beber cerveja. Desconfie sempre dos povos que não gostam de vinho.” A primeira coisa com que nos deveríamos preocupar era conhecer o povo em que estamos e a que pertencemos, para não importar fórmulas estranhas. A maior parte dos políticos e dos intelectuais portugueses não o conhecem, são uns deslumbrados, uns pacóvios com o estrangeiro. Ora nós temos uma cultura, uma identidade, uma afectuosidade muito próprias. A Agustina Bessa-Luís diz que temos a cultura da afectuosidade como outros povos têm a cultura das ciências, das matemáticas, das filosofias. Isso, que agora não vale nada, talvez no futuro possa merecer importância.
    A questão de Portugal poder ter um papel importante, ou não, depende da posição que cada um tiver em relação a ele. Dois homens extremamente catastrofistas, um de direita, outro de esquerda, o Franco Nogueira e o Miguel Torga, morreram convencidos que Portugal não iria sobreviver. O primeiro dizia que Portugal não iria sobreviver sem as ex-colónias, o segundo que Portugal não iria sobreviver ante o embate económico e cultural da Europa. Jamais esquecerei, aliás, a última vez que estive com o Miguel Torga: fui visitá-lo com a Natália Correia, a sua casa, foi na fase final da sua vida, estava deitado qual Camões depois de Alcácer Quibir. Há essas duas visões catastrofistas, mas eu não compartilho delas

    Conviveu com os grandes nomes da nossa cultura
    Tive a sorte de me ter dado com os grandes vultos deste país. Havia nessa altura uma coisa extraordinária em Lisboa, que eram as tertúlias que eles frequentavam, animavam. Tratava-se de gente de uma simplicidade extraordinária, sobretudo com os jovens… eu entrava na Brasileira e eles falavam-me como se fosse um igual a eles, com toda a paciência… conhecia já o Aquilino Ribeiro que tinha sido amigo do meu avô, andaram os dois fugidos à polícia.O Jorge de Sena, que era um homem muito irónico, dizia com muita graça que as únicas universidades interessantes do país eram os cafés. Era neles que se aprendia, porque nas outras, nas verdadeiras, só se perdia tempo. E citava o exemplo do Fernando Pessoa que, matriculado em Letras, só lá esteve uma semana. O contacto que tive com essa gente é um tema do meu novo livro que se chama precisamenteNascido no Estado Novo.

    Entrevista conduzida por Luís Souta com Andreia Lobo

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    Disse Agostinho da Silva:
    A emigração, a guerra e o exílio tinham despovoado Portugal. Aldeias inteiras apenas albergavam velhos e crianças, povoações havia que não tinham sequer um habitante. Era um país de deserções e decrepitudes a viver das remessas dos emigrantes e dos militares – e da passagem dos turistas.

           Então repetiram aqui o que há decénios faziam lá”Portugal foi reconstruído pela energia dos retornados”, exclamará Agostinho da Silva. “Eles lançaram mão a tudo, usaram com as pessoas de cá os mesmos métodos que usaram com as de lá. Não trouxeram divisas, como os emigrantes, mas construíram coisas”.
    (http://www.espoliadosultramar.com/n4.html)

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    "Se as coisas são inatingíveis... ora!/Não é motivo para não querê-las.../
    Que tristes os caminhos se não fora/A mágica presença das estrelas!" Mário Quintana
    ______________________________
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  • A CORTINA DOS DIAS DE ALFREDO CUNHA

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    A CORTINA DOS DIAS – LIVRO DE ALFREDO CUNHA, fotógrafo

    "A Cortina dos Dias"
    A Cortina dos Dias / Obscured by Shadows
    Edição/reimpressão: 2012
    Páginas: 280
    Editor: Porto Editora
    ISBN: 978-972-0-06257-4
    Idioma: Português
    O fotógrafo Alfredo Cunha lança um livro antológico que cobre 4 décadas de intensa actividade, “A cortina dos dias”, um resumo, nas palavras do autor, de “uma vida fantástica, com acontecimento sucessivos”.
    Em “A Cortina dos dias” está o 25 de Abril, a descolonização, a miséria social, as convulsões políticas, as revoltas a Leste, a guerra no Iraque, os órfãos na Roménia, a devoção católica, a Índia, a explosão da China e muito Portugal, do interior mais remoto ao bairro social carregado degraffiti.
    Um livro de reportagens
    “Isto é um livro de reportagens, é um livro de fotojornalismo, mas não tem é a estética normal do fotojornalismo, aqui existe uma cumplicidade com as pessoas, uma integração do fotógrafo no meio e não há uma utilização das pessoas quase como adereço que é a grande crítica que eu faço hoje ao fotojornalismo”, afirma.
    Ao folhear-se “A cortina dos dias” sobressaem as imagens fortes dos rostos populares, mas quando interrogado sobre se pode ser considerado, em Portugal, o “melhor fotógrafo do povo”, Alfredo Cunha diz que não e fala de Eduardo Gageiro, de Gérard Castello Lopes, de outros fotógrafos.
    Através da sua objetiva, intencional e plástica, revelam-se as luzes e sombras de um mundo e de um país em mudança, que nos levam a redescobrir quem somos e a trilhar novos caminhos
    Fonte: Porto24
    http://coisasdecomunicacao.blogspot.pt/2012/12/a-cortina-dos-dias-livro-de-alfredo.html
  • ser escritor no Faial

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