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  • Portugal-Brasil: separados por uma língua comum ou unidos por uma relação especial?

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    Portugal-Brasil: separados por uma língua comum ou unidos por uma relação especial?

    Carlos Fino
    17/10/2012 11:00
    Mais do que preconceito ou estranheza, chega mesmo, por vezes, a haver autêntico desdém pelas coisas portuguesas. Portugal também é responsável por isso. Não é só o Brasil que nos esquece, somos nós que não nos fazemos lembrar.
    A realização do Ano de Portugal no Brasil e do Ano do Brasil em Portugal, a decorrer entre 7 de Setembro deste ano e 10 de Junho de 2013, torna oportuna uma reflexão sobre as relações entre os dois países, ainda marcadas, apesar dos enormes progressos dos últimos anos, pelo sentimento de alguma estranheza e distanciamento, que a retórica oficial da fraternidade com base no sangue, na língua e na história comuns, disfarça mal e pouco ou nada contribui para ultrapassar.
    Entre a crítica e o esquecimento
    Quando, pela primeira vez, entrei para abastecer num posto de gasolina em Brasília, a jovem empregada, notando que havia algo de diferente na minha pronúncia, perguntou, intrigada: “Você fala muito bem português… De onde é que você é?”. Falando pausadamente, abrindo e destacando as sílabas para ter a certeza de ser bem compreendido, respondi-lhe com outra questão: “Sendo eu da Europa e falando esta língua, de onde você acha que eu sou?”… Ela revirou os olhos, franziu a testa, reflectiu, e arriscou: “Da França?” Percebendo que errara, ainda tentou uma alternativa: “Argentina?” E mais não ousou. Portugal nem sequer lhe passou pela cabeça, tendo que ser eu a dar-lhe a solução, que para ela não era óbvia.
    Dias antes, ao desembarcar do avião ao cabo de dez horas de voo, experimentara aquela sensação, misto de orgulho e conforto (que os ingleses devem sentir um pouco por todo o mundo) de quem vê a sua língua falada noutro continente. Caramba! – Ali estava a minha pátria projectada do outro lado do Atlântico!
    Agora, e como que em contraponto, apercebia-me com espanto de uma outra realidade: por norma, Portugal não está no radar do Brasil e o comum dos brasileiros, o chamado Povão, nem sequer relaciona a língua que fala com o país que somos.
    Essa foi a primeira de uma série de lições que iria receber sobre as relações luso-brasileiras. Outra foi constatar que os Portugueses não são apenas a grande vítima das anedotas (ainda que bastante menos do que no passado), mas também verdadeiro bombo da festa sempre que se trata de apontar responsáveis pelos males do Brasil. Da burocracia à corrupção e ao nepotismo, da destruição da mata atlântica ao dizimar dos índios, passando pela escravidão e o atraso económico e social, não há grande problema passado ou presente do Brasil que não tenha a sua raiz na colonização portuguesa.
    Cultivada nos meios académicos por uma sociologia de inspiração marxista e nacionalista que há muito desconstruiu e destronou a lusofilia de Gilberto Freyre, a ideologia que atribui os males do Brasil aos Portugueses está largamente disseminada entre as elites, cristalizou nos media e passou, por essa via, a integrar o senso comum da população.
    Dos inúmeros exemplos que poderia citar, recordo três, ocorridos ao logo do período que vivi no Brasil, que traduzem bem este tipo de atitude.
    Logo que comecei a trabalhar como conselheiro de imprensa na embaixada de Portugal, em 2004, deparei com uma entrevista de Dom Paulo Evaristo Arnes ao jornal O Globo, em que, a propósito do lançamento da sua autobiografia, o arcebispo emérito de São Paulo, referindo-se aos erros que o país não deveria voltar a cometer, concluía: “Esses erros foram cometidos a partir dos Portugueses que descobriram o Brasil e mandaram para cá a escória da sociedade, os menos preparados, os menos desejados em Portugal. (…) “Portanto, acho que Portugal tem tanta culpa como o Brasil.” (sic!).
    No Verão de 2010, em visita à Europa poucos meses antes de ter sido eleita, a actual Presidente Dilma Rousseff, quando os jornalistas brasileiros que a acompanhavam lhe disseram que haviam passado por ali uns portugueses que os confundiram com argentinos, comentou: “Só mesmo portugueses para confundir brasileiros com argentinos…”.
    Finalmente, pouco antes de regressar a Portugal, já no começo deste ano, ouvi na rádio CBN, da rede Globo, um dos seus principais colunistas, Arnaldo Jabor, afirmar, a propósito da crise na Europa, que “Os Portugueses são preguiçosos”… Apenas mais um dos seus costumados apartes pouco lisonjeiros para com o nosso país.
    Em suma: sempre que a ocasião se apresenta, intelectuais, académicos, jornalistas, responsáveis religiosos e políticos brasileiros de diferentes quadrantes raramente perdem a oportunidade de lançar mais uma acha para a fogueira de um certo “anti-lusitanismo” difuso, prontos a evocar a herança negativa da colonização portuguesa e só muito raramente lembrando o seu legado positivo – um país imenso e rico, unificado sob a mesma língua, que soube evitar a fragmentação da América hispânica.
    Mas a crítica jocosa ou ressentida – em que nos atribui grande importância, ainda que negativa – é apenas um dos pólos entre os quais o Brasil oscila em relação a Portugal. O outro é o permanente esquecimento, consciente ou inconsciente, da sua raiz portuguesa. Em Brasília, vi um dia uma exposição sobre o barroco brasileiro, patrocinada pelo Ministério das Relações Exteriores, em que não havia uma única referência a Portugal! Como se não tivesse ido daqui o barroco do Brasil e o seu principal expoente se não chamasse António Maria Lisboa!
    Em situações semelhantes, para que não se diga que se está a omitir a verdade, o subterfúgio muitas vezes utilizado pelas entidades brasileiras responsáveis dos diferentes eventos é substituir a palavra “Portugal” pela palavra “Europa”. Onde deveria estar “influência portuguesa” passa a figurar “influência europeia”… Operação que aos olhos dos brasileiros tem uma dupla vantagem – oculta a raiz portuguesa e dá mais brilho à sua herança.
    Para se avaliar até que ponto vai esse rasurar da memória portuguesa, basta lembrar, como assinalou Eduardo Lourenço em Imagem e Miragem da Lusofonia, que “o Brasil não celebra, nem nunca celebrou, a data da sua descoberta, como os Americanos festejam Colombo, que nem os “descobriu”. O Brasil – nota – “parece assim cometer um parricídio, mesmo inconsciente, vivendo-se, como realmente se vive, nos seus textos, nos seus sonhos, nas suas ambições planetárias, como uma nação sem pai.”
    “Tupi or not tupi, that is the question”
    Tentando explicar esta atitude, a psicanalista brasileira Maria Rita Khel afirmou que, no fundo, o Brasil gostaria de ter tido um pai rico – França, Holanda, Inglaterra, por exemplo – países europeus centrais e desenvolvidos, ao contrário do que aconteceu com Portugal, pai falido, que entrou em decadência menos de um século depois de Pedro Álvares Cabral ter chegado a terras de Vera Cruz…
    Ditado pela natural necessidade de construir a sua própria identidade nacional, tanto mais precisa quanto a identificação com Portugal sempre foi muito forte, tendo-se mesmo prolongado muito para além da independência formal, em 1822, esse distanciamento em relação ao nosso país começou a afirmar-se no século XVII e atingiu o seu ponto culminante em 1922, na Semana de Arte Moderna de São Paulo, que marca a aberta e declarada construção de uma nova auto-imagem do Brasil.
    Inspirado na história real do bispo Sardinha, de Salvador, devorado pelos índios caetés no século XVI, Oswald de Andrade, um dos epígonos do modernismo, lança, em 1928, o Manifesto Antropofágico, em que a indianidade é erigida em matriz da nacionalidade – os nativos vão devorar os que vieram de fora, os colonizados devorar os colonizadores, assim se tornando melhores e mais fortes: Brasileiros! Para que não restem dúvidas, Oswald enfatiza: “Só a antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. (…) Tupi or not Tupi, that is the question”. E ainda: “Nunca fomos catequizados. Fizemos foi Carnaval”.
    A partir daí, no processo de elaboração da identidade brasileira, passam a ser valorizadas todas as outras raízes que não a portuguesa: a índia, a negra, a europeia de diferentes proveniências (italiana, espanhola, alemã, polaca…), a árabe (sírio-libanesa) e até a japonesa. Quanto ao Português, pior do que ter isso comido e reassimilado, passou a ser sistematicamente desvalorizado, chegando por vezes a ser colocado, como fazem os Estados Unidos com os imigrantes hispânicos, europeus e asiáticos, no mesmo plano de qualquer outro “grupo étnico”! Isto num país em que a maioria da população tem sangue português, fala, ainda que de outro modo, a língua portuguesa, cujo território foi desbravado, alargado e defendido por portugueses e cujo património histórico e cultural de maior valor é, ainda hoje, na sua esmagadora maioria, de origem portuguesa. Como também assinalou Eduardo Lourenço, chegámos assim à situação paradoxal de Portugal, no Brasil, estar ao mesmo tempo em todo o lado e em lado nenhum.
    Mais do que do que preconceito ou estranheza, chega mesmo, por vezes, a haver autêntico desdém pelas coisas portuguesas, como reconheceu um dos articulistas do jornal Folha de São Paulo, quando, em 1999, assinalou a publicação de Mitologia da Saudade, primeiro livro de Eduardo Lourenço publicado no Brasil. Antes de assinalar a inteligência e a subtileza sóbria “desse grande ensaísta”, o crítico brasileiro sentiu necessidade, para se legitimar perante os seus pares e o público intelectual para quem escrevia, de dizer o seguinte: “Um livro sobre a saudade, escrito por um intelectual português, tem tudo para provocar reacções alérgicas no público brasileiro. Não há coisa a que sejamos mais refractários do que à cultura portuguesa. Para nós, é quase uma contradição nos próprios termos. Fernando Pessoa e José Saramago só passaram por nossa alfândega porque recalcámos a lusitanidade deles” (Marcelo Coelho, in Folha de São Paulo, caderno Mais, 5 de Setembro de1999).
    Media lusa ausente, Portugal invisível
    Este quadro, que só surpreenderá quem nunca tenha saído das águas plácidas do tautológico discurso oficial de uma nota só – que glosa até à saciedade a ideia de que Portugal e Brasil são “países irmãos unidos por uma amizade histórica” – não se fica entretanto a dever apenas aos brasileiros. Portugal também é responsável por isso. Não é só o Brasil que nos esquece, somos nós que não nos fazemos lembrar.
    Antes de mais, porque conhecemos mal e nunca verdadeiramente valorizámos a nossa própria história no Brasil, talvez pelo facto de a epopeia portuguesa na América não estar nos Lusíadas. Camões morreu em 1580, assinalou que Portugal chegou à quarta parte nova “onde os campos ara” e que, “se mais mundo houvera, lá chegara”. Mas, praticamente toda a saga portuguesa do outro lado do Atlântico – da fundação das grandes cidades ao desbravamento e povoamento do território, da corrida ao ouro (que precede de dois séculos a sua similar do farwest), à defesa do país contra os invasores estrangeiros e, mais tarde, o abnegado trabalho de sucessivas gerações de emigrantes- tudo isso estava ainda por acontecer quando o poeta faleceu. Toda essa história está estudada nos seus diferentes e mais marcantes episódios, mas nunca foi compilada num só volume pela pena de um artista da dimensão de Camões que a fixasse para sempre na memória do país. Não estando nos Lusíadas, não está no imaginário nacional.
    Depois, porque tem faltado, em particular na última década, uma estratégia devidamente articulada para nos tornarmos visíveis no Brasil, o que se traduz num comportamento casuístico e muitas vezes errático, em particular no plano mediático e cultural.
    Desde finais da década de 90 para cá, o capital português começou a afluir ao Brasil, e Portugal chegou mesmo a ser, durante alguns anos, o terceiro maior investidor internacional no país, onde começaram a actuar algumas das maiores empresas nacionais, a maior parte delas com assinalável êxito. Hoje, para cima de 600 companhias com capital de origem portuguesa estão presentes no mercado brasileiro e o stock de capital português no Brasil ultrapassa os 15 mil milhões de dólares, assegurando para cima de 100 mil postos de trabalho directos.
    Mas os media portugueses não acompanharam este movimento. Cabe, com efeito, perguntar: onde estão os media portugueses no Brasil? Onde estão os acordos de jornais com jornais, rádios com rádios, televisões com televisões, agências de notícias de um e outro país? Onde está o esforço da agência portuguesa de notícias para se afirmar no mercado brasileiro?
    E as questões poderiam continuar: Porque é que a RTP tem, há anos, estruturas e investimentos importantes em todos os países de língua portuguesa, excepto no Brasil, onde se limita a ter um correspondente no Rio de Janeiro? Porque é que há uma RTP-África e não há uma RTP-Brasil? Porque é que a agência Lusa, que chegou a ter uma forte delegação em Brasília e já teve até uma Lusa-Brasil, sediada em São Paulo, agora tem apenas correspondentes locais que se limitam a mandar informação do Brasil, mas não fazem qualquer esforço para penetrar no Brasil? Porque é que o sítio da agência portuguesa de notícias é um dos mais fechados de todas as agências similares que estão presentes no Brasil? Porque é que a BBC tem uma parceria com uma grande rádio brasileira, a CBN, da rede Globo, a Radio France Internacional um acordo com a empresa pública brasileira de comunicação EBC e outro com a rede de rádios Radioweb e Portugal não tem nada disso?
    A Aicep e o Turismo de Portugal promovem visitas regulares de jornalistas brasileiros das áreas do turismo e dos vinhos ao nosso país. Mas não existe, até agora, nenhuma acção semelhante dirigida aos colunistas e líderes de opinião brasileiros, nem qualquer programa de intercâmbio regular entre redacções dos dois países.
    O apagão mediático português no Brasil que assim se prolonga e amplia tem já consequências estratégicas: as notícias de Portugal no maior país de língua portuguesa do mundo são dadas, cada vez mais, pela agência espanhola EFE!
    Estratégia precisa-se
    Apesar do inestimável serviço da TAP, hoje com 70 voos semanais unindo Lisboa e Porto com 10 das maiores capitais brasileiras, a verdade é que Portugal e Brasil ainda se ignoram muito: o Brasil não conhece ou conhece mal o Portugal mais moderno e Portugal desconhece o Brasil emergente e conhece mal, ou tem bastante esquecida e subvalorizada, a sua própria história no Brasil.
    Dada a nossa proverbial escassez de meios, agora agravada pela crise, e na ausência de qualquer organismo encarregado da projecção externa do Estado, que a democracia portuguesa nunca criou, equacionar uma estratégia de continuada projecção de Portugal no Brasil é certamente uma missão difícil. Mas alguma coisa se poderia, mesmo assim, fazer, tendo em conta as imensas possibilidades abertas pelas novas tecnologias e o facto de Portugal poder contar no Brasil com uma grande comunidade de origem lusa, a par de uma vasta estrutura de representação diplomática, consular e comercial. E isso é tanto mais urgente quanto é certo que aos poucos vai saindo de cena todo um conjunto de personalidades tradicionais amigas de Portugal com cuja boa vontade o nosso país pôde contar para promover iniciativas que melhor ou pior iam mantendo viva uma certa presença cultural portuguesa no Brasil.
    Talvez se pudesse começar por promover um Encontro Media/Negócios que colocasse frente a frente os principais responsáveis e órgãos de comunicação dos dois países, com o objectivo de se estabelecerem acordos cruzados capazes de potenciar as enormes possibilidades de cooperação que estão por explorar. O Ano de Portugal no Brasil e o Ano do Brasil em Portugal, que agora se iniciam, fornecem um bom contexto para promover uma iniciativa conjunta do género.
    Com efeito, mais do que celebrações pontuais, que cíclica e ritualmente nos aproximam , mas são no fundo ilhas no mar de um afastamento cultural que permanece profundo e tende a alargar-se, valeria a pena tentar lançar as bases de uma aproximação mútua estruturante, capaz de permanecer de forma continuada e desenvolver, na base de intenso diálogo, o enorme potencial das nossas relações bilaterais. Mas isso terá de ser feito partindo do reconhecimento da distância e do “estranhamento” que entretanto se instalaram e que não vale a pena disfarçar com o discurso onírico da retórica oficial. Como também já assinalou Eduardo Lourenço, a narrativa do “país irmão” visa, no fundo, esconder a relação de origem país colonial/país colonizado que os brasileiros não querem evocar, como se fossem filhos de si mesmos, recalcando sempre o acto fundador português. Insistir nesse discurso equivale a um diálogo de surdos institucional assente na invisibilidade mútua, uma desfocagem de visão: por excesso (de Portugal em relação ao Brasil) ou por escassez (do Brasil em relação a Portugal).
    Se nada for feito, arriscamo-nos a que se possa dizer de Portugal e do Brasil o que certa vez Bernard Shaw afirmou sobre os EUA e a Inglaterra – serem dois países separados pela mesma língua. Daí para cá, América e Grã-Bretanha souberam construir uma special relationship. O crescente imbricar de interesses de empresas portuguesas com brasileiras – PT com Oi, Camargo Correa e Votorantim com Cimpor, Galp com Petrobras… – talvez forneça o terreno para que entre Portugal e Brasil venha também um dia a existir uma idêntica relação especial. Tanto mais que o Brasil, à medida que se desenvolve e perde o “complexo de viralata” de que falava Nelson Rodrigues, tenderá a ser mais generoso para com a sua própria história, e portanto, também para com Portugal.
    Mas não podemos esperar que isso aconteça por geração espontânea. Temos que agir nesse sentido, encarando as coisas como elas são, assumindo um relacionamento descomplexado e realista e sobretudo garantindo uma muito maior projecção da nossa cultura no Brasil. Dada a desproporção existente entre os dois países, haverá sempre uma diferença de impacto assinalável. Para já não falar das telenovelas, é garantido que qualquer acção cultural do Brasil em Portugal, ainda que pouco relevante, terá sempre assegurada ampla repercussão, enquanto a inversa não é verdadeira. Qualquer acção nossa, mesmo de mérito internacional reconhecido, se não for acompanhada por intensa acção mediática, passará despercebida do grande público brasileiro, como aliás aconteceu o ano passado, por exemplo, com a exposição de Paula Rego na pinacoteca de São Paulo.
    Em 2000, ao fazer o balanço das comemorações dos 500 anos da Descoberta do Brasil, Eduardo Prado Coelho escreveu que se o nosso país quisesse assegurar uma presença relevante além Atlântico teria de “actuar em termos muito intensos de indústria cultural e ocupação mediática”. De então para cá, alguma coisa se fez. Para além do culto a Pessoa e a reverência para com Saramago, que continuam muito presentes, um punhado de autores portugueses contemporâneos – Miguel Sousa Tavares, Inês Pedrosa, Gonçalo M. Tavares, José Luís Peixoto, valter hugo mãe… – são hoje conhecidos no Brasil e a presença da Babel e da Leya introduz uma nota de prestígio no mercado editorial brasileiro. Os acordos de cooperação no cinema e no teatro, lançados pelo Tratado de Amizade e Cooperação de 2000, produzem também os seus frutos. No fado, Mariza é nome consagrado e, mais recentemente, Kátia Guerreiro, António Zambujo e Carminho, entre outros, também abrem caminho. Largas centenas de estudantes brasileiros fazem os seus cursos em universidades portuguesas e mantém-se intenso o diálogo académico a diferentes níveis.
    Continua, entretanto, a faltar a tudo isso expressão mediática. Em 2004, a Globo retirou a RTP da sua rede de distribuição por cabo e a estação pública portuguesa perdeu, de um dia para o outro, 2/3 da sua audiência no Brasil. As emissões da SIC, que a substituíram, baseadas que são na programação interna portuguesa, não dialogam verdadeiramente com os diversos públicos do Brasil e a generalidade da imprensa brasileira continua a ignorar Portugal, excepto pelas más razões.
    O alerta lançado há doze anos por Prado Coelho continua, portanto, actual. E a construção de uma relação especial entre os dois países permanece um desígnio por cumprir. O desafio é imenso e os meios são escassos, o que nos leva logo a pensar em Chico Buarque: “Tanto mar, tanto mar…”. Mas, como lembrou Mia Couto, “O mar foi ontem o que o idioma pode ser hoje – basta vencer alguns adamastores”.
    * Carlos Fino é jornalista e foi conselheiro de imprensa na Embaixada de Portugal no Brasil (2004/2012).

     

    _retirado de diálogos lusófonos
  • primeiro filme de timor foi premiado

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    Filme timorense A Guerra de Beatriz ganha categoria de melhor filme no Festival de Cinema da Índia.

    Díli, 01 dez (Lusa) – A primeira longa-metragem timorense “A Guerra de Beatriz” ganhou o Pavão de Ouro na categoria de melhor filme no 44 Festival de Cinema da Índia, que decorreu entre dia 20 e sábado em Goa, anunciou hoje a imprensa indiana.

    A primeira longa-metragem timorense “A Guerra da Beatriz” é um projeto desenvolvido no país e falado em tétum com legendas em inglês.

    O filme foi realizado pela timorense Bety Reis e pelo italiano Luigi Acquisto, um dos poucos estrangeiros a estrar envolvido no filme e que se deslocaram a Goa onde receberam sábado o Pavão de Ouro e mais um prémio monetário de cerca de 58 mil euros.

    “A Guerra da Beatriz” começou a ser produzido há quatro anos pela Díli Film Works e pela Fair Trade Films Austrália e é um filme de timorenses sobre Timor-Leste.

    Escrito por Irim Tolentino, que também representa o papel de Beatriz, o filme foi inspirado numa história de amor de um casal francês do século XVI e adaptado à realidade timorense.

    O filme conta a história de Timor-Leste entre 1975 e 2002 através do amor de uma mulher pelo seu marido e foi filmado quase todo na aldeia de Kraras.

    Foi na aldeia de Kraras, perto de Viqueque, onde a 17 de setembro de 1983, há 30 anos, ocorreu um massacre perpetrado por soldados indonésios.

    O Festival Internacional de Cinema da Índia foi criado em 1952, mas só começou a ser realizado anualmente a partir de 1975.

    MSE // PJA

    Lusa/Fim

    011506 POR DEZ 13

    “A Guerra de Beatriz” ganha categoria de melhor filme no Festival de Cinema da Índia.

    A primeira longa-metragem timorense “A Guerra de Beatriz” ganhou o Pavão de Ouro na categoria de melhor filme no 44º Festival de Cinema da Índia, que decorreu entre dia 20 e sábado em Goa.http://observatorio-lp.sapo.pt/pt/noticias/-a-guerra-de-beatriz-ganha-categoria-de-melhor-filme-no-festival-de-cinema-da-india

    "A Guerra de Beatriz" ganha categoria de melhor filme no Festival de Cinema da Índia. A primeira longa-metragem timorense "A Guerra de Beatriz" ganhou o Pavão de Ouro na categoria de melhor filme no 44º Festival de Cinema da Índia, que decorreu entre dia 20 e sábado em Goa. http://observatorio-lp.sapo.pt/pt/noticias/-a-guerra-de-beatriz-ganha-categoria-de-melhor-filme-no-festival-de-cinema-da-india

     

    Filme timorense A Guerra de Beatriz ganha categoria de melhor filme no Festival de Cinema da Índia.Díli, 01 dez (Lusa) - A primeira longa-metragem timorense "A Guerra de Beatriz" ganhou o Pavão de Ouro na categoria de melhor filme no 44 Festival de Cinema da Índia, que decorreu entre dia 20 e sábado em Goa, anunciou hoje a imprensa indiana.A primeira longa-metragem timorense "A Guerra da Beatriz" é um projeto desenvolvido no país e falado em tétum com legendas em inglês.O filme foi realizado pela timorense Bety Reis e pelo italiano Luigi Acquisto, um dos poucos estrangeiros a estrar envolvido no filme e que se deslocaram a Goa onde receberam sábado o Pavão de Ouro e mais um prémio monetário de cerca de 58 mil euros."A Guerra da Beatriz" começou a ser produzido há quatro anos pela Díli Film Works e pela Fair Trade Films Austrália e é um filme de timorenses sobre Timor-Leste.Escrito por Irim Tolentino, que também representa o papel de Beatriz, o filme foi inspirado numa história de amor de um casal francês do século XVI e adaptado à realidade timorense.O filme conta a história de Timor-Leste entre 1975 e 2002 através do amor de uma mulher pelo seu marido e foi filmado quase todo na aldeia de Kraras.Foi na aldeia de Kraras, perto de Viqueque, onde a 17 de setembro de 1983, há 30 anos, ocorreu um massacre perpetrado por soldados indonésios.O Festival Internacional de Cinema da Índia foi criado em 1952, mas só começou a ser realizado anualmente a partir de 1975.MSE // PJALusa/Fim011506 POR DEZ 13
  • lembrando Daniel de Sá

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    existem alguns textos sobre o Daniel de Sá que foram apresentados nos colóquios da lusofonia e que merecem ser conhecidos os quais estão há anos compilados no Suplemento 2 dos Cadernos Açorianos em

    https://www.lusofonias.net/acorianidade/cadernos-acorianos-suplementos.html#

    https://www.lusofonias.net/acorianidade/cadernos-acorianos-suplementos.html#

  • isabel rei em a viagem dos argonautas

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    Para quem não conheça, recomendo ler os artigos de Isabel Rei Samartim no blogue «A viagem dos argonautas»:
    http://aviagemdosargonautas.net/tag/isabel-rei/

    aviagemdosargonautas.net

    Posts about isabel rei written by Pedro Godinho
  • ZECA AFONSO – GALIZA

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    O gigante José Afonso cantando uma cantiga popular galega. Bem vale a pena escuitar e se deliciar:

    http://youtu.be/1cHEYB-I-Cg

    José Afonso – Achégate a Mim Maruxa

    www.youtube.com

    Letra Popular Galega com música de José Afonso. Álbum Fura Fura
  • morreu o dono do chá da Gorreana

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    Faleceu subitamente, esta madrugada, o conhecido empresário Hermano Athayde Mota, proprietário das famosas plantações e fábrica de chá Gorreana.
    Consternado com tão triste notícia, apresento as minhas mais sinceras condolências a toda a Família.
    Faleceu subitamente, esta madrugada, o empresário Hermano Athayde Mota, proprietário das famosas plantações e fábrica de chá Gorreana.
Consternado com tão triste notícia, apresento as minha mais sinceras condolências a toda a Família.
  • Pierre Sousa Lima Segundo acaba de noticiar o Jornal Açoriano Oriental, o corpo do falecido vai estar no Solar da Mafoma, na Ribeira Seca, concelho de Ribeira Grande, para as últimas homenagens; e às 8h30 de amanhã, realiza-se missa na Igreja Paroquial da Ribeira Seca.
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  • Dicionários de Mineirês, Paulistês e Goianês e galinglês….

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    Dicionário de Mineirês

     

    Antisdonte:   Em algumas regiões de Minas pronuncia-se ÃNSDIONTI .- o mesmo que “antes de ontem” . “Antisdonte eu vi a Lindauva. Tava uma belezura, a minina”.

    Arreda:     v.i. 1. Verbo na forma imperativa (dânnu órdi), paricido cum “sair”:    Arreda prá lá, sô!

    Belzont:    s.p. 1. Capitar das Minas Gerais. 

    Beraba e Berlândia:  s.p. 1. Cidades famosas do Triângulo Mineiro. Diz qui tem uma ôtra famosa que cumeça cum “B” e acaba com “raguari”, lá prá ‘quelas banda! O pessoar da capitár nunca sabe se a turma de lá é minerin ou não. Daí fica dizendo que é terra dos triangulinos.E óia que o povo di lá inté acha bão… 

    Cadiquê:   Na forma erudita:         CAUSDIQUÊ – mineirin tentânu intendê o pruquê d’arguma coisa… ‘Por causa de quê?’,

    Confórfô eu vô:        p.q.p. 1. Conforme for, eu vou.

    Dendapia:     dentro da pia. Ex:    “ Muié, o galo tá dendapia”.

    Deu:         o messs qui “di mim”. Ex :     ” – Larga deu, sô !”

    Deusdi:o messs qui “desde”. Ex:   ” – Eu sou magrilim deusdi rapazín !”

    Deusdiqui:    prep. 1. Desde que: Eu sou magrilin deusdiqui eu era muleque!

    Dó:           o messs qui “pena”, “compaixão” :    “Ai qui dó, gentch…!!!”

    Dôdestombago – o mesmo que DODESTONGO. (dor de estômago) “Essa danada da minha úrsera dá uma baita dôdestombago.”

    Embadapia:   Debaixo da pia. Ex.: Muié, ele agora tá embadapia.

    Émezzz:    adj. 1. Minerin dimirado do que contaro pr’ele. Podi tá querêno tamém cunfirmá arguma coisa.

    Espia:       s.p. 1. Nome da popular revista VEJA quando chega na distante e pequena cidade do minerin.

    Estaçã:     s.m. 1. Onde desembarcam os minerin com suas malas cheias de queijo.

    I:             conj. 1. E:         Minino, ispecial, eu i ela, vistido.

    In:            v.t.i. 1. Forma diminutiva:      Piquininin, lugarzin, bolin, vistidin, sapatin etc….

    Intorná:    g.g. 1. Quando não cabe na vasilha. 2. Derramar.

    Jizdifora:       p.d.s. 1. – Cidade minera pertín do RidiJanero, lá prás banda da Vinida Brasil nº 500.000. O pessoar da capitár nunca sabe se a turma de lá é minerin ou carioca. Daí fica dizendo que é terra dos carioca du brejo.

    Kidicarne: medida empregada na comercialização de carne – quilo de carne – quinze kidicarne = uma arroba

    Kinem:           k.b.lo 1. Advérbio de comparação – igual:      Ela saiu bunita kinem a mãe.

    Lidileite:   Litro de leite.

    Magrilin:   p.d.v. 1. Indivíduo muito magro.

    Mastumate:   Massa de tomate

    Minerin:    (pop.) ou MINEIRIN (forma clássica) – Nativo duistádimínass. Típico habitante das Minas Gerais.

    Montes Claros:         p.d.s. 3. – Cidade minera pertín da Bahia, lá prás banda do Norte das Minas Gerais. O pessoar da capitár nunca sabe se a turma de lá é minerin ou baianin. Daí fica dizendo que é terra dos baianos cansado, sabe… Aqueles qui num deram conta de chegá em SumPaulo, daí pararo no mei do caminn. 

    Negocin:   p.ludo 1. Qualquer coisa que o minerin acha pequeno.

    Némêss:   – Minerin quereno qui ocê concordi c’ás idéia dêle…

    Nimim:     o messs qui “em mim”. Exempro:     “- Nóoo, cê vive garrádu nimim, trem !…Larga deu, sô !!…

    NNN:        p.o.p. 1. Gerúndio do minerês:          Brincannno, corrennno, innno, vinnno.

    Nóoo:       num tem nada a ver cum laço pertado, não ! É o mess qui “nossa!!” …Vem di:          Nóoossinhora !…

    Némermo:    z.bra. 1. Minerin procurando concordância com suas idéias. Os cariocas aproveitaram a expressão para criar o famoso “Né mermo, irmão?” com variação para o “Né mermo, brother?”.

    Num:        NÃO ã.h. 1. Advérbios de negação usados na mesma frase:         Num vô não. Num quero não. Num gosto não.

    Óiaí:         x.x. 1. Olha aí, ó, toma…

    Óiaqui:     a.b.c. 1. Minerin tentando chamar a atenção para alguma coisa.

    Oncotô:     – .h.j. Expressão de dúvida. Empregada constantemente quando o mineirim vai pra capitar, ou intão pra SumPaulo. (Onde que eu estou?)

    Onquié:    br. Int. .É quan nois num sabe pronde é qui nóis vai. (Onde que e?)

    Óprocevê: (!) – j.t..Mineirin dimirado cum arguma coisa! (olha pra você ver!)

    Ostrudia:  n.x. variação:     ASTRUDIA . É quan um mineirim num qué fazê arguma coisa hoje (outro dia). “Ostrodia nóis vai, cumpadre!”

    Pão di queijo:          k.h.1. – Ísscêis sabe ! Cumida fundamentar na mezz minêra e que disputa c’o tutú a nosss preferênça

    Pelejânu:  O mess qui tentânu:     ” – Tô pelejânu qü’ esse diacho né di hoje! 

    Pincumel:  pinga com mel “Si ocês tá cumeçano a constipá, toma logo uma pincumel que é prá mode sarar” 

    Pópôpó:    – h.xá 1. Pode por o pó? – Mineirinha perguntando quanto colocar de pó para fazer café.

    Pópôpoquin:  o.d.d. 1. Resposta afirmativa.

    Prestenção:   é quan’um mineirin tá falano mais cê num tá ouvino.

    Proncovô:  – É quan nóis inda num discubriu pronde é qui nóis vai e tá quainahora. (para onde que eu vou?) 

    Quainahora:  t.p. Expressão que indica que o mineirm está ficando atrasado:         Si nois num apertá a marcha nóis vai chegá dispois do casório.(quase na hora) 

    Qui Belezura: p.d.t. 1. Expressão que exprime aprovação; quando gostou de alguma coisa.

    Quiném:   advérbio de comparação. Ex:  “É bunita qui dói. Quiném a mãe !”

    Sapassado:   m.p.b 2 – Sábado Passado. 

    Secetembro:  Dia em que se comemora a independência do Brasil. 

    Sô:           fim de quarqué frase. Qué exêmpro tamém ? :       Cuidadaí, sô !!…

    Tirisdaí:    É quan um trem tá travessado bem in frente di nóis:        Ex Tirisdaí minino! Tá travancando o caminho. (tira isso dai) 

    Tradaporta:   atrás da porta – Receita mineira:  “Si a visita si isqueceu de tomá rumo de casa, cês põem a vassora tradaporta qui num instantim ela vaimbora”.

    Trem:       s.b.p. 1. Palavra que não tem nada a ver com transporte, e que quer dizer qualquer coisa que o minerin quiser: Já lavô us trem? Eu comi uns trem. Vamo lá tomar uns trem? Qui trem é esse atrás d’ocê?

    Triango minero:       m.p.b. 1. Triângulo Mineiro.

    Trosso:     s.b.p. 1 É quiném trem

    Tutu:        t.u.m. 1. – Mistura de farínn di mandioca cum feijão massadím e uns temperin lá da horta. Bão dimais da conta !…

    Tii:           v.i.g.i. 1. O irmão do pai ou da mãe:  Mulher do tii é a txiiiiaa.

    Uai:          u.a.i. 1. – Corresponde a “UÉ”, dos paulistas. Melhor Definição:    “Uai é uai,…uai !”

    Varge:      e.l.a. 1. – Aquele legume verde rico em fibras. Serve tamém pra dizê daquelis lugar nos pé de morro ondi fica chei d’água no chão e que o pessoar usa pra prantá arroz:  (Várzea)

    Varginha:  p.d.s. 2. – Né Varge piquinininha não, viu gente? É uma cidade minera pertín de Sum Paulo. O pessoar da capitár nunca sabe se a turma de lá é minerin ou paulista. Daí fica dizeno que é terra dos parlista frustrado. 

    Vidiperfum:   . s.b.p.3. É donde se guarda aquelas água de chero. (vidro de perfume)

     

    Dicionário de Paulistês

    Ataque de bicha:        Expressão que representa um momento de nervosismo. (Exemplo: Ele me deixou tão atarantada que me deu um ataque de bicha!)

    Azesquerda ou Asdereita:    Termos utilizados normalmente para definir direções a serem tomadas em algum caminho. (Exemplo:            Você então vira Azesquerda e depois Asdereita e segue em frente.)

    Bicão:Aquele que não foi convidado (Exemplo:       Quem é aquele cara de camisa laranja e rosa, boné verde e vermelho? Acho que veio de bicão na festa)

    Bico:          Olhar, avaliar. (Exemplo:           Dá um bico se essa peça tá ok. )

    Bico:          Cara meio atrapalhado, pessoa que faz besteiras freqüentemente. (Exemplo:  Aí o Bico foi lá e tomou o maior fora da garota!)

    Bissurdo:   Absurdo, inaceitável, incrível. (Exemplo:          Essa coisa de seqüestro é um bissurdo!)

    Bocó:         Pessoa lerda, bobo. (Ex:  Cê é um bocó, todo mundo se aproveita do cê).

    Capetoso:  Aquele ser hilário, que adora tirar sarro de todo mundo. (Ex:   Aquele num presta, é capetoso mesmo!)

    Capote:      Cair, escorregar, tombo, queda. (Exemplo:        O Cara fez a curva e tomou o maior capote!)

    Carçá:        Palavra que indica comer alguma coisa para matar a fome. (Exemplo:            Vô carçá o estomago, antes de sair prá balada!!)

    Castelá:     Dar em cima de uma garota. (Exemplo: Vô castelá aquela loirinha ali!! )

    Catando Coquinho:    Termo utilizado em uma situação em que a pessoa quase cai e consegue se levantar. (Exemplo:            Aquele carinha, tomou em tranco do Tonhão e saiu catando coquinho.)

    Cê vá í?:    Pergunta você vai a tal lugar…?

    Ceroto:      Sujeira do nariz. (Exemplo:        Menino! pare de tirar ceroto do nariz!)

    Chovendinho: Dia ou noite com chuva fraca, quase uma garoa.(Exemplo: O cara tomou o capote porque tava chovendinho!)

    Cornetear: Falar alguma coisa de outra pessoa, algo parecido com “fofoca”. (Exemplo:  O Marcio estava corneteando o Fábio ontem )

    Dar uns Péga: O mesmo que ficar ou tirar um sarro com alguem. (Exemplo:        Hoje vou dar uns pega na Maria depois da missa!)

    Deusolivre:     Termo utilizado largamente um todo tipo de conversa, expressa afirmação negativa categórica. (Exemplo:  Deusolivre que eu vou no cemitério a noite!)

    Disgracêra:     Quando tudo/algo dá errado. (Ex:      Aconteceu uma disgracêra comigo ontem, atropelei a fia dum traficante).

    Dormiu no ponto:       Bobear, o mesmo que “marcar bobeira” ( Ex:           O Zé dormiu no ponto e “robaro” o carro dele)

    Drento:      indicativo de local/lugar.(Exemplo:       O material está “drento” da caixa. )

    Erguida:     Levar uma bronca. (Exemplo:    Quebrei o prato e tomei a maior erguida da mãe!)

    Escuita:     Escutar algo. (Exemplo:  Tonico escuita muita moda de viola…).

    Espeloteada:  Pessoa elétrica que tem temperamento forte, birrenta. (Exemplo:   Essa menina é muito espeloteada!)

    Estorvo:     Tudo que atrapalha, inclusive pessoas que atrapalham. (Exemplo:      Aquele bico é um estorvo!)

    Euem:        Não vai fazer, participar ou falar algo. (Exemplo:         Você foi no velório ontem! – Euem tá loco!)

    Farfanho:   entrou meio na lateral (Exemplo:           Estacionei de farfanho na rua)

    Fazer uma fita:          Aparecer, chamar a atenção. (Dei uma passada lá, só prá fazer uma fita).

    Fervo:        Local agitado, festança legal.(Exemplo:            E aí, vamos no fervo hoje na casa do Manezinho?)

    Fianco:       Palavra utilizada para identificar uma ação que não ficou aprumada em linha reta. (Exemplo:    Ela foi estacionar o carro e ficou de fianco.)

    Fiótão:       Pessoa menos preparada, sem experiência, meio bobo. (Exemplo:       Olha lá a besteira que ele fez! Só podia ser fiótão mesmo. )

    Forfé:         Bagunça, agitação. (Exemplo:    Fui no baile e tava o maior forfé!)

    Frio prá Urso: Quando tá frio prá cacete. (Exemplo:            Vou ficar debaixo do cubertô porque tá frio prá urso).

    Frutinha:    Rapaz delicado que não demonstra sua masculinidade (Exemplo:       Olha só! Andando desse jeito só pode ser frutinha!)

    Fumo:         Conjugação do verbo “ir” (Exemplo:      Nóis fumo lá ontem)

    Furar o Zóio:  Enganar, tirar vantagem (Exemplo:   O Túlio vai me vender um módulo por 300 reais, será que está furando meu zóio?)

    Furdunço:  Confusão, normalmente relacionada a festas (Exemplo:           Tava lá na festa e de repente começou uma briga…foi o maior furdunço!)

    Gorfá:        Vomitar. (Exemplo:        Acho que bebi demais, vou gorfá!)

    Isgueio:      A mesma coisa que fianco.

    Lagartear: Não fazer nada, ficar paradão como um lagarto no sol. (Exemplo:       Hoje não tô afim de fazer nada, vou lagartear o dia todo.)

    Manguaça Véia:         Expressão utilizada normalmente quando um indivíduo sofre uma queda ou um tropeção por qualquer motivo. (Exemplo:            Eh! Caiu de novo manguaça véia!)

    Melá os pé:     Tomar todas, beber até cair. (Exemplo:        O marido da Mariquinha méla os pé todo dia no bar!)

    Migué:       Às vezes substitui a palavra “xaveco”. (Exemplo:         Aquela tava difícil, tive que jogar o maior migué nela pra conseguir o que queria.)

    :            Expressão designativa de grandeza/intensidade. Muito. (Exemplo:     O clube que nóis fumo ontem é “mó” legal!!)

    Mocorongo:    A mesma coisa que bocó.

    Morgá:       O mesmo que lagartear.

    Moquiado: Ficar escondido no canto, na espreita.(Exemplo:           O João fico moquiado a noite toda prá pegá a mulher dele no flagrante!)

    Muquifo:    Casa, barraco. (Exemplo:            Hoje a noite eu passo lá no seu muquifo).

    Namorandinho:          Estar com alguém, namorar firme. (Exemplo:          O Fábio está namorandinho a Joana!)

    Nervo:       Termo utilizado quando a pessoa está irritada ou nervosa com algo ou alguem.(Exemplo:           Aquele oreia sêca que trabalha comigo só faz besteira e eu tenho que consertar, isso me dá um nervo!)

    Óia:            Olhar algo, veja, preste atenção. (Exemplo:       Óia só que coisa!)

    Oreia Seca:    Utilizado para designar uma pessoa ignorante, simplório. (Exemplo:     Esse é um oreia seca mesmo, não tem jeito!)

    Orná:         Que combina, fica bom com algo mais. (Exemplo:       Vou comprá essas roda aro 17?!! Vai orná na pick-up )

    Páia:          O mesmo que mentira. (Exemplo:          Esse cara só conta páia, não acredite nele!!)

    Páiero:       É o mentiroso

    Paraô!:      Pare com isso!

    Paroqueada:   Conversa mole, papo-furado, conversa sem interesse.(Exemplo:    Ah!! o Mané fica no bar a tarde toda só na paroqueada com os outros.)

    Pial:           O mesmo que Erguida, uma bronca, chamar a atenção de alguém. (Exemplo: O Zé chegou as 3:00 hs de pé melado e tomou o maior pial da patroa.)

    Pior que é.:     É isso mesmo, concordar plenamente.(Exemplo:     Eu acho que o João é frutinha. Pior que é!)

    Piririca:     Aquela sujeira escura que fica nas dobras da pele dos seus filhos, depois de brincarem o dia todo na rua. O mais famoso é o cordão do pescoço. (Exemplo:     Vá tirar a piririca!)

    Póde erguê:    Não vou fazer, nem pensar de jeito nenhum. (Exemplo:      Preciso que você vá a pé até a cidade. – Póde erguê que eu vô!)

    Ponhá:       Termo muito usado usado para expressar “colocar” alguma coisa alí ou aquí. (Exemplo:            Vou ponhá aquí.)

    Pórva:        Pessoa ou coisa que não presta, que não tem qualidade. (Exemplo:     Comprei uma calça jeans marca pórva mesmo.)

    Posá:          Dormir em algum lugar.(Exemplo:        Posso posá hoje aqui ??)

    Putaquelamerda:       Expressão de espanto. Susto.(Exemplo:        Putaquelamerda, que susto! )

    Quaiá o Bico: Dar muita risada. (Exemplo:  O peão tomou um capote e eu quaiei o bico!)

    Reganhera:    Estado letárgico que geralmente ocorre logo após o almoço, moleza, soneira.(Exemplo:           Comi tres pratos de feijoada e me deu uma reganhera daquelas!)

    Revertério:     Define mal estar, estar passando mal. (Exemplo:     Comi aquela maionese e me deu o maior revertério!)

    Sair vazado:   Atitude de todo bundão que apronta alguma e depois dá cagada. (Exemplo:     O dono do carro tá vindo aí, sai vazado!)

    Samiá:        O mesmo que semear, espalhar algo. (Exemplo:           O Zé foi no quintal samiá o milho.)

    Sartei de banda:         Deixar de fazer algo (Exemplo:         Você foi ajudar a encher a laje na casa do João ? – Euem sartei de banda!!)

    Subir lá em cima / Descer lá em baixo:        Reforço de afirmação. Pra garantir que a pessoa realmente suba pra cima e não para baixo, ou desça pra baixo e não para cima. (Exemplo:  Eu subi lá em cima prá pegar as caixas e depois eu tive de descer tudo lá em baixo!)

    Treta:        Expressão usada quando o indivíduo arruma confusão.(Exemplo:       Passei uma conversa naquela menina e namorado dela ficou sabendo, deu a maior treta.)

    Trincá os côco:           O mesmo que melá os pé. (Exemplo:            Hoje eu vou no bar e só saio quando trincá os côco!)

    Tropinha:   O mesmo que gangue, bando, galera.(Exemplo:            Vamos reuniar a tropinha prá pegar ele depois da aula!)

    Trupicar:   É o mesmo que tropeçar. (Exemplo:      Carlos trupicou e caiu de cara no chão!…)

    Úia:            Olhar coisa ou pessoa interessante, chamar atenção para algo especial. (Exemplo:            Úia que belezura!)

    Vai rendê:  Vai dar certo, algo que vai funcionar. (Exemplo:          Hoje eu vou no baile, vai rendê!!)

    Vaidalá:     Termo utilizado para informar que um caminho te levará onde você quer ir.(Exemplo:        E se eu pegar a Rua Getúlio Vargas, vaidalá? – Ahh vaidalá tambem!)

    Véia carçuda: Mãe ( Como vai a sua véia carçuda? )

    Viela:         Expressão comum usada em afirmações. (Exemplo:     Eu viela hoje.)

    Virô um rebosteio:     Termo utilizado quando tudo dá errado. (Exemplo: Eu tava na rua e a agua do rio começou a subir eu tentei sair e não deu, virô um rebosteio só!)

    Vô chegando: Ao contrario do que parece é utilizado quando você vai embora, esta saindo (Exemplo:            Bom pessoal a festa tá boa, mas eu vô chegando!! )

    Xééé:          Nem pensar, de jeito nenhum, de forma alguma. (Exemplo:     Você vai trabalhar Domingo? – Xééé!)

    Zé Ruela:   Pessoa que só faz besteira. (Exemplo:    Esse cara é um Zé ruela mesmo.)

     

    Dicionário de Goianês

     

    Anêim – Algo que parece ter vindo de “Ah, não!”, que virou “Ah, nem!” Mas, às vezes, é simplesmente usado na frase com um sentido de desagrado. Quando vejo escrito por aí, vejo o povo escrevendo “anein”, “aneim”, “anêim” e outras variantes. Ex.:   se eu ia viajar com a turma e de repente não posso mais, alguém exclama: “Anêeeim! Que pena!”

    Arvre  – Árvore (isso me lembra “As arvres somos nozes“)

    Arvrinha – Árvore pequena.

    Arvrona – Árvore grande.

    Bão mesmo? – É comum usar o “mesmo?” depois de coisas como “e aí, tá bom/bão”, como se pedisse uma confirmação de que a pessoa tá bem e não apenas fingindo que está bem.

    Bão? – Goianês para “Tudo bem?” Também é usada a forma bããããão?

    Calçada  – Pode significar:         1. Lugar para estacionar carros; 2. Local onde se colocam as mesas dos botecos e restaurantes. Note que não existe, em Goiás, calçada no sentido de lugar para pedestre, pois não sobra espaço para pedestres entre os carros e as mesas.

    Chega doeu – Chegou a doer, ou seja, o passado de chega dói.

    Chega dói – Chega a doer. Ex.:     Deixa eu te falar, essa luz é tão forte que chega dói a vista. Na verdade essa forma pode ser usada com quaisquer outros verbos combinados com o verbo “chegar”. Ex.:       chega arranha, chega machuca, chega engasga.

    Corgo – Lê-se córrr-go. Córrego.

    Corguim – Lê-se córrr-guim. Diminutivo de corgo.

    Coró – mesmo que mandruvá.

    Dar rata – Algo como cometer uma gafe. Ou seja, dar rata é o goianês para “fazer merd@”

    De doce – Se “de sal” é salgado, então “de açúcar” é doce, certo? Errado! Em Goiás as coisas não são doces, elas são de doce.

    De sal – Salgado. Ex.:        Pamonha de Sal. (Eu jurava que era de milho… dãã)

    Deixa eu te falar  – Com a variação Ow, deixa eu te falar. Introdução goiana para um assunto sério. Nunca, mas nunca mesmo, chegue para um goiano falando diretamente o que você tem que falar. Primeiro você tem que dizer “ow, deixa eu te falar”, para prepará-lo para o assunto. Em Goiás você precisa seguir o ritual de uma conversação. Ex.:             “E aí, bão? E o Goiás, hein? Perdeu! Tem base? É por isso que eu torço pro Vila. Oww, deixa eu te falar, lembra aquele negócio que eu te pedi…” A forma abreviada é te falar.

    Deixa eu te perguntar – A mesma coisa que deixa eu te falar, mas usado, obviamente, quando você vai perguntar algo.

    Encabulado – Impressionado. Ex.:          Estou encabulado que você nunca tenha ouvido alguém falar “chega dói” antes.

    Madurar – Amadurecer.

    Mais – substituto goiano da conjunção “E”. Ex.:  Eu mais fulano estamos no Goiás.

    Mandruvá – Mandorová.

    Na Goiânia – Em Goiânia.

    No Goiás – Em Goiás.

    Nota:        Dá impressão que o uai é parecido com o ué usado em outras regiões. Mas o ué muitas vezes é usado no caso de a pessoa achar a pergunta estranha. Quem não conhece pode ficar revoltado com o uso do “uai” já que parece que as pessoas estão insinuando que você pode estar perguntando alguma idiotice. Só que as pessoas falam uai por falar.

    Num dô conta – Pode ser traduzido como Não consigo, não sei, não quero, não gosto, etc. No resto do País, não dar conta é usado mais no sentido de “não aguentar”. Por exemplo:         Não dei conta do recado, ou Não dou conta de comer isso tudo sozinho. Já aqui em Goiás é usado para quase tudo. Ex.:        Num dô conta de falar inglês (“não sei falar inglês”); Num dô conta de continuar em Goiânia nas férias (“Não quero/não aguento continuar em Goiânia nas férias); Num dô conta de imprimir usando esse programa (“não sei imprimir usando esse programa”).

    Piqui – Pequi, fruto típico de Goiás, bastante usado na culinária goiana.

    Pit Dog  – Uma espécie de filho bastardo de uma lanchonete com uma barraquinha de cachorro-quente. Apesar desse nome estranho, os sanduíches são muito bons!

    Quando é fé – Algo como de repente, ou até que. Ex.: “Estava no consultório do dentista, ouvindo aquele barulhinho de broca, e quando é fé sai um menininho chorando de lá.”

    Queijim – Rotatória.

    Tá boa?  – Goianês para “Tudo bem?” usado para mulheres. Em outras regiões do Brasil seria interpretado de outra forma…

    Tem base? – Expressão tão goiana que existe até em slogan impresso em bandeiras e camisetas exaltando o Estado:        “Sou goiano. Tem base?”. Pode ser traduzido como “Pode uma coisa dessas?”, só que usado com muito mais frequência.

    Uai – Palavra que normalmente não tem sentido, mais ou menos como o tchê do gaúcho. Usado normalmente em respostas. Ex.:     Pergunta:      Goiano, você vai à festa hoje?; Resposta:       Uai, vou!

     

     

     

    e para o galego falado à inglesa vá a

    novo dicionário de galego falado à moda inglesa

     

  • arcaísmos galegos na extremadura

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    la voz de galicia

     

    Henrique Costas: «Teñen arcaísmos desaparecidos en Galicia hai séculos»

    O vigués Henrique Costas publica un libro sobre a fala estremeña derivada do galego

    http://www.lavozdegalicia.es/noticia/ocioycultura/2013/11/21/henrique-costas-tenen-arcaismos-desaparecidos-galicia-hai-seculos/0003_201311H21P469945.htm

    Vigo / La Voz  21 de noviembre de 2013  07:29
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    Henrique Costas González ven de publicar, en Edicións Xerais,O valego. As falas de orixe galego do Val do Ellas (Cáceres-Estremadura), no que conxuga investigación e ensaio para achegarse ao xeito de falar nos concellos estremeños de Valverde do Fresno, As Ellas e San Martín de Trebello.

     

    -¿Están aceptadas as orixes galegas destas falas?

    -Para a Junta de Extremadura, non. A palabra galego non aparece por ningures para eles. Din que non pode ser galego porque aquilo foi o Reino de León, cando todos saben que aqueles reis asinaban como Reis de Galicia, León e Asturias e que repoboaron aquelas terras con colonos galegos.

     

    -¿As fala moita xente?

    -Máis do 90 % nos tres concellos, incluso os rótulos están nesa variedade do galego. É a comunidade europea de lingua minoritaria que ten o índice máis alto.

     

    -¿En que se parece máis ao galego?

    -No léxico é unha maqueta do galego. Por exemplo, se media Galicia di cerdeira e a outra cereixeira, eles tamén o din. Curiosamente, conservaron as dúas formas. E o que máis sorprende é a gran cantidade de arcaísmos que hai, moitísimos deles que desapareceron en Galicia nos séculos XIII e XIV, e alí son formas únicas. Morfoloxicamente hai variacións como en Galicia, e na fonética non se parece moito porque non teñen vogais abertas, aínda que non ditongan, pero si teñen unha fonética máis parecida ao castelán.

     

    -¿Que pensan eles da súa singularidade?

    -Cando van a Salamanca, din que van a Castela; cando van a Coria, din que van a Estremadura; e cando van a Penamacor, din que van a Portugal. Eles din que son dos tres lugares. Teñen unha conciencia identitaria moi forte por iso se ten conservado o idioma.

     

    -¿Están protexidas?

    -Non, e iso que hai unha lexislación lingüística europea e española. O propio Goberno de Estremadura nin sabe que existen disposicións europeas que as protexen. En Estremadura teñen medo a que lles movamos os marcos cando imos os galegos a investigar