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Recebi e divulgo um artigo do deputado regional José Andrade opondo-se à minha proposta de mudança do Hino dos Açores…e pelo pragmatismo da oposição à mudança de um hino carregado de memórias de autonomias falhadas, mantemos o hino formal que cumpre as normas todas acompanhado de um poema (talvez menor) de Natália Correia. A minha proposta visava unir todos os açorianos em torno de uma balada universal, simples, popular e que tão bem retrata o que os açorianos sentem e as brumas que sempre os envolveram. O hino oficial dos Açores que ninguém canta, que ninguém conhece e cuja letra foi imposta à força numa composição antiga continua a preencher os requisitos formais de um Hino sem unir os habitantes das 9 ilhas…A minha proposta obviamente também não captou a adesão popular tendo muito poucas adesões (80) pelo que o melhor é abandonar uma proposta que obviamente falhou e disso dou também conta pública aqui no nosso blogue AICL…
Chrys Chrystello, AICL
Mudar o hino oficial da Região Autónoma dos Açores?
NÃO CONCORDO!
Está a dar que falar, primeiro nas redes sociais e agora também na comunicação social, uma petição pública que visa adotar a canção “Ilhas de Bruma” como hino oficial da Região Autónoma dos Açores em substituição do atual. A iniciativa partiu da “Associação Internacional dos Colóquios da Lusofonia” na sequência do recente falecimento do respetivo compositor Manuel Medeiros Ferreira.
Prezo muito a associação e gosto muito da canção mas não concordo com a petição, por razões que a nossa história justifica, que este artigo procura esclarecer e que o futuro certamente demonstrará.
A petição “Mudar o hino oficial dos Açores”, impulsionada pela Associação Internacional dos Colóquios da Lusofonia e dirigida à Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores e ao Governo Regional, parte do seguinte pressuposto:
“Quantos açorianos conhecem o Hino dos Açores e quantos conhecem a Letra que Natália Correia tentou adaptar à melodia? Julgamos que poucos, mas muitos não só conhecem como gostam e trauteiam as “Ilhas de Bruma” de Manuel Medeiros Ferreira, falecido a 3 de janeiro de 2014. Quer a melodia quer a letra retratam com fidelidade as nove ilhas do arquipélago e, no momento do padecimento do autor das Ilhas de Bruma, a melhor homenagem que lhe podemos prestar é propor que a sua criação musical e literária seja assumida como Hino dos Açores”.
Considerando que esta canção “não é uma marcha militar como aquele que ficou como hino oficial com um poema forçado da Natália Correia”, a petição conclui sugerindo “a quem de direito a coragem de assumir o verdadeiro hino dos Açores em substituição do hino oficial que nada nem ninguém representa”.
No Voto de Pesar pelo falecimento do compositor das “Ilhas de Bruma” que apresentei esta semana (e foi aprovado por unanimidade) no Parlamento dos Açores, expressei a minha admiração pessoal pela canção “que marcou a vida pessoal de Manuel Medeiros Ferreira e que sintetiza a vida coletiva do Povo Açoriano”:
“Composta ‘num dia de bruma’ de 1983, a obra depressa se instalou no cancioneiro regional açoriano, entre a “Lira” e os “Olhos Negros”, e é hoje parte integrante do repertório obrigatório de quase todos os coros dos Açores e da Diáspora. E, mais ainda, é cantada – ou, pelo menos, reconhecida – por cada um de nós”.
Recordando que “Manuel Medeiros Ferreira, quando recentemente homenageado na Casa dos Açores da Nova Inglaterra, disse que a melhor homenagem que lhe podiam prestar era continuar a cantar a sua música”, concluí que “com essa homenagem bem pode contar, porque todos somos das Ilhas de Bruma ‘onde as gaivotas vão beijar a terra’…”.
A música oficial do Hino dos Açores não tem três décadas. Tem 120 anos. Foi composta pelo regente de filarmónica Joaquim Lima e primeiro executada pela Filarmónica Progresso do Norte, da freguesia micaelense de Rabo de Peixe, a 3 de fevereiro de 1894. Intitulava-se então “Hino Popular da Autonomia dos Açores”.
Logo a 14 de abril de 1894, dia das eleições gerais em que foram eleitos os deputados autonomistas Gil Mont’Alverne de Sequeira, Pereira Ataíde e Duarte de Andrade Albuquerque, realizou-se um cortejo pelas ruas de Ponta Delgada integrando filarmónicas que tocavam este Hino da Autonomia.
No ano seguinte, o mesmo hino foi também festivamente executado, por filarmónicas micaelenses concentradas na Praça do Município de Ponta Delgada, para comemorar a promulgação do decreto autonomista de 2 de março de 1895.
Este hino terá tido diferentes letras ao longo dos tempos em função da conjuntura política. Com o nacionalismo do Estado Novo, foi votado ao ostracismo. Com a Autonomia Constitucional, foi oficialmente adotado pelos órgãos de governo próprio como Hino Oficial da Região Autónoma dos Açores.
A sua música, com arranjo do maestro Teófilo Frazão sobre o original do compositor Joaquim Lima, foi aprovada em 1979 (Decreto Regulamentar Regional nº13/79/A, de 18 de Maio).
A sua letra, face à inexistência de versão anterior com aceitação generalizada, foi encomendada pelo governo regional a Natália Correia, por muitos considerada a maior poetisa açoriana de todos os tempos. Aprovada oficialmente em 1980 (Decreto Regulamentar Regional nº49/80/A, de 21 de Outubro), foi pela primeira vez cantada em público há 30 anos, a 27 de junho de 1984, pelos alunos do Colégio de São Francisco Xavier, em Ponta Delgada.
Por muito que considere a Associação Internacional dos Colóquios da Lusofonia e estime o seu presidente Chrys Chrystello, por muito que admire a canção “Ilhas de Bruma” e preze o seu compositor Manuel Medeiros Ferreira, não concordo com a substituição do Hino Oficial da Região Autónoma dos Açores.
Desde logo, porque o nosso Hino Oficial, com a música histórica do Hino da Autonomia e com a letra apologética de Natália Correia, é símbolo heráldico da Região Autónoma dos Açores – ao mesmo nível superior da bandeira azul e branca – e, como tal, merece o máximo respeito do Povo Açoriano.
Mas também porque a canção “Ilhas de Bruma”, até pela sua estrutura formal, merece continuar a ser o que é: uma das melodias mais bonitas e uma das letras mais inspiradas do cancioneiro regional açoriano.
…E não consta que alguém algum dia se tenha lembrado de substituir, por exemplo, o Hino Nacional por “Uma Casa Portuguesa” de Amália Rodrigues, o Hino de França por “La Vie en Rose” de Edith Piaf ou o Hino de Inglaterra pelo “Imagine” dos Beatles.
Tudo tem um lugar próprio.
JOSÉ ANDRADE
Deputado do PSD no Parlamento dos Açores
janeiro 2014
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Professor Isaac Alonso Estraviz (Vila Seca, 1935) (*)
Licenciado em Filosofia pola Universidade de Comilhas (1973), em Filosofia e Letras pola Complutense de Madrid (1974) e na mesma universidade em Filologia Românica (1977). Diplomado em Cultura e Língua Portuguesas pola Universidade de Lisboa, ano 1976. Doutor em Filologia Galega pola Universidade de Santiago de Compostela (1999) com a tese O Falar dos Concelhos de Trasmiras e Qualedro.
Entre 1975 e 1977 foi professor de Língua e Literatura Galegas no Ateneu de Madrid e desde então até 1984 desempenhou o mesmo labor na Irmandade Galega-Lôstrego da capital do Estado. Como Professor de Bacharelato percorreu várias vilas e cidades galegas (A Rua, Ferrol, Ponte Vedra, Pontedeume, Santiago, Vigo, Corunha, Ordes) até obter destino definitivo no Instituto Otero Pedraio de Ourense em 1987. Em 1986, assistiu como observador ao Encontro sobre Unificação Ortográfica da Língua Portuguesa, 6-12 Maio de 1986 no Rio de Janeiro. De 1990 a 1992, Professor Associado da Universidade de Vigo. Desde 1992-94 é Professor Titular de Didáctica da Língua e Literatura Galegas na Universidade de Vigo, em Ourense e Ponte Vedra. De 1994 a hoje, só no de Ourense. É membro da Comissom Linguistica da Associaçom Galega da Língua, Vice-Presidente da Academia Galega da Língua Portuguesa e do Boletim da AGLP.
Correio-e: estraviz[arroba]agal-gz.org.
Livros publicados
Colaboração em livros coletivos
Traduções
Colaborações em algumas revistas
Alguns artigos:
(*) Fotografia: www.aelg.org | Autoria: Santos-Díez (Ollo de Vidro-ACAB) (2009).
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in diálogos lusófonos
O linguista moçambicano Gregório Firmino, diretor da Faculdade de Ciências Sociais e Letras da Universidade Eduardo Mondlane, a principal universidade pública de Moçambique, não sabe se sua primeira língua foi o português. A dificuldade é comum no país do sudeste da África, que tem a língua portuguesa como oficial, embora só 39% da população seja lusófona, e a maioria viva o plurilinguismo.
De colonização tão antiga quanto a do Brasil, o país só se livrou da invasão portuguesa em 1975, quando a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), movimento que venceu a luta armada, chegou ao poder. “Moçambique independente produziu mais falantes do português do que Moçambique colonial”, diz Gregório, que se especializou na relação entre o português e os idiomas locais. À Língua falou sobre a complexidade linguística do país e o projeto de nação que a Frelimo concebeu, fazendo o país adotar o idioma tanto para promover integração social quanto para atuar no cenário internacional. Mas o conflito interno perdura. No fim de 2013, a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) decidiu boicotar as eleições municipais para sabotar a lei eleitoral, que favoreceria a Frelimo, partido do presidente Armando Guebuza e no poder na maioria das cidades.
Qual a primeira língua que aprendeu?
Na verdade não sei. É muito difícil para alguns moçambicanos dizer qual a sua primeira língua, pois estamos expostos a muitas. A de casa, que, se calhar, foi a primeira que ouvi (mas não tenho certeza!), é uma bantu, gitonga, uma das muitas do país. Meus pais vivem numa região onde também se fala outra língua bantu, então, quando estava com meus amigos, tinha de falar uma língua diferente. E ao longo da vida fui aprendendo outras.
Quantas línguas há em Moçambique hoje?
Esta pergunta, para mim, como sociolinguista, não é respondível. As fronteiras linguísticas não se estabelecem dessa maneira. Claro que depende sempre de quem as estabelece. Mas, numa sistematização feita do recenseamento de 1980, foram identificadas 24 categorias. Repare, não digo línguas, digo categorias linguísticas. São 24, incluindo o português. Mas o número pode chegar a 100 ou a 5, dependendo de como se classifica.
Como caminha o processo de descrição das línguas?
Quase todas estão descritas. O problema da descrição é que ela não tem fim, até porque as línguas se modificam. Está crescendo o conhecimento das práticas linguísticas. O fato de eu saber que “essa língua é assim e assim” não é nada, mas sim “como essa língua é usada?”, “qual é sua influência na sociedade?”; isso é muito importante.
Quais os problemas de a maioria da população não ter o português como 1a língua?
Não gosto de dizer que há problemas. Há uma situação linguística que é preciso encarar, como há em outros países. A interação social é feita pela língua, mas ela não serve só para se comunicar. Pressupomos que nós temos de ser iguais, mas não. O que se passa é que os problemas que nós precisamos discutir têm a ver com o fato de olharmos para eles com a visão do funcionamento do Estado. Moçambique é plurilíngue, as pessoas falam várias línguas; há várias bolsas de línguas, e mesmo quando dizemos “plurilíngue” estamos a simplificar. Há pessoas que falam duas línguas bantu, outras falam três, quatro.
Outras falam uma bantu e o português, mas essa bantu não é a mesma que a dos outros que falam português. Posso falar a língua A mais o português, outro falar a língua C mais o português. É uma situação muito complexa. Do ponto de vista do Estado é importante encontrar o fator comum, sobretudo para ativar nas pessoas a consciência de que estão num mesmo Estado. É verdade que há muitas instâncias contra, o português não é a solução de todos os problemas. É uma opção estratégica, da qual as pessoas têm consciência.
Como foi a adesão ao português? Ele era a língua do inimigo, não?
Foi um processo político, de alguma forma normal – considerando a configuração do movimento nacionalista.
Sim, pois foi a língua adotada pela Frelimo, certo?
Era a língua do movimento, a que poderia unir. O nome já diz, era uma “frente”, a união de todos, desde que tivessem uma posição anticolonial. A Frelimo congregava diferentes tendências, então elegemos um catalisador comum, e a língua portuguesa serviu. Mas isso confunde as pessoas: não quer dizer que todos falassem português.
Não?
Pelo contrário: nomes influentes no movimento falavam inglês. Eduardo Mondlane – que deu nome à universidade – foi o primeiro líder do movimento nacionalista, e foi escolarizado num mundo em inglês. Na África do Sul, nos EUA; viveu muito fora de Moçambique. A vida dele, nos momentos cruciais, ele a fez em inglês. Muitos que aderiram ao movimento não falavam português. Pois uma coisa é as pessoas falarem a língua; outra é assumi-la como símbolo do que se está a fazer. Sem o português, o país não seria o que é. Não digo que não haveria Moçambique – mas não com a configuração social, econômica e política que conhecemos.
No Brasil, houve a imposição do idioma. Há essa percepção em Moçambique?
Essa ideia de que a escolha do português foi neocolonial perpassa alguns círculos intelectuais, mas não há como associar a Frelimo ao movimento neocolonial. Ela é um movimento nacionalista, anticolonial, dos mais consequentes que houve em África.
Aqui se questiona o “abaixo os tribalismos”, para unir todos em uma nação forjada e, com isso, apagar as diferenças.
Como você vai apagar? A questão em causa era executar um projeto nacional. E mesmo agora em Moçambique, muitos não falam português.
Mas toda gente o assume como um símbolo. Tanto que o português, além de servir como instrumento de comunicação, é como se fosse uma bandeira, um hino. Posso não gostar do hino; posso até não conhecer a letra e não o cantar, mas representa todos nós. Os estudos que há em Moçambique enfatizam muito a mudança linguística no lado da estrutura da língua. No tempo colonial, a língua não era falada da mesma forma que em Portugal nem pelos próprios portugueses que estavam em Moçambique. Mas o que fez a língua ser moçambicana foi o fato de ela ter sido assumida pelos moçambicanos como símbolo da unidade nacional – a mudança simbólica precede, tem mais relevância que a estrutural. Porque esta é normal; uma língua está sempre em mudança! O português está a sofrer um processo de nativização; que se associa a novos valores sóciossimbólicos e traços linguísticos. Esta “nativização” tem mais a ver com o novo uso social do que com a diferenciação da língua em si. Ao português em Moçambique é conferido um caráter singular pela ideologia que motiva os seus usos e não só por suas inovações linguísticas.
Como avalia as contribuições do português moçambicano?
Há várias contribuições estruturais. A coisa mais óbvia é lexical. Há formas sintáticas, fonológicas, fonético-fonológicas, morfológicas, que foram mostrando outras possibilidades de a língua existir.
Alguma delas chegou a Portugal ou ao Brasil?
Algumas. A mudança linguística, para os linguistas, segue um processo natural. Alguns fenômenos da mudança linguística têm a ver com a forma como a língua funciona, ou como nosso cérebro funciona. Eu, você, alguém que está em Portugal, temos o mesmo cérebro, portanto partilhamos aquilo que chamamos de “universais linguísticos”, algumas tendências naturais da língua. Portanto alguns fenômenos que nós vemos em Moçambique poderiam ocorrer em outros locais. Agora, pode ser que estes fenômenos sejam acelerados pelo contexto específico de Moçambique. Por exemplo, o fato de muitos moçambicanos terem uma língua bantu como 1a língua, com um conjunto de estruturas diversas, facilita o surgimento de certos fenômenos – mas alguns deles que ocorrem aqui no Brasil podem ocorrer em Portugal. A língua bantu tem certas estruturas que podem ser projetadas ao português, e ficam mais salientes em Moçambique do que no Brasil ou em Portugal.
Por exemplo?
O aspecto marcante é a gente dizer “essa língua é nossa, não devemos nada a você”. Os portugueses querem cobrar o uso do português, como se fosse um favor que nos fizeram. Não, eles nos deveriam muito mais! Mas a língua portuguesa deve a quem? Eles devem ao italiano? Daqui a mil anos, vamos chamar de português aquilo que se fala no Brasil? Aquilo que se fala em Moçambique? Não sei. Mas a língua é nossa. E não só é nossa, mas é tão nossa quanto os outros dizem que é deles. Não devemos favor a ninguém, não venham nos dar lições, fazemos o que queremos. E amanhã, se nós dissermos “já não queremos” – como Estado – e adotarmos, como política linguística, alguma outra opção estratégica, qual o problema?
Quais os maiores desafios da linguística em Moçambique?
O desafio, que se estende para fora da África, é o de trabalhar sem preconceitos. Assumir uma visão linguístico-científica para conhecer as coisas de uma forma científica – porque muitas vezes os cientistas querem descobrir aquilo em que já pensaram, que acham que já descobriram, e não é bem assim. Penso que muito do que se faz na África tem esse defeito de já ter um pensamento preconcebido. Da mesma forma como falamos em “África”. É errado. Devemos falar de “Áfricas”… As pessoas querem soluções gerais, “a mesma fórmula que se aplica a tantos contextos”. Mas a questão é olhar cada caso sem preconceito, e assumir que África é um continente; os países africanos sempre tiveram dinâmicas, não são produtos acabados. Nesse dinamismo, a interação com elementos crioulos, que surgem do contato entre línguas e povos, sempre esteve presente – de forma positiva ou negativa. Antes de chegarem os colonos europeus, já havia colonização em África – dos árabes. Havia colonização intra-africana também – grupos que invadiram outros grupos, e ocuparam outros, mataram etc. Sempre houve isso e isso sempre teve consequências sociais. As pessoas olham para África como se ela tivesse só uma colonização, como se a história de Moçambique começasse quando os portugueses chegaram. Aquilo foi uma etapa – houve e vai haver outras.
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Carissimo Irmao Amigo Chrystelo…
Fico imensamente satisfeito em poder compartilhar consigo, seus Conhecidos, Parentes, Irmaos e Amigos, a minha usual Estoria de Natal, a qual serve como Postal de Natal para com todos os que estimo e respeito…
Saudacoes Finais de Epoca Natalina e Desejos de um Bom Ano Novo / Manuel de Sousa – Luanda – Angola
“Zangão Amarelo-Preto E A Rainha Verde-Vermelho Prateada”
Voava de flor em flor…
Mas, só para me divertir e vigiar as Abelhas, que em seu dia-a-dia, saiam do Cortiço para a quotidiana recolha de pólen.
Eu gostava de acompanhá-las em seus voos à procura de novas flores, no meio dos bosques e dos campos.
Delirava com o rico perfume certas espécies florais e vibrava com a tamanha variedade de cores que se viam em todo o redor.
Como um dos Zangões da mais alta hierarquia entre os Zangões da minha Colmeia e das restantes que compunham a nossa Comunidade de Colmeias, eu era considerado o Chefe da Guarda da Rainha principal, a mãe das Rainhas das restantes Colmeias.
Uma das minhas missões era a de guardar a Colmeia da Rainha Mãe e comandar a Guarda das restantes Colmeias, contra ataques de outros insectos, sobretudo, de outras Abelhas invasoras, Vespas, Formigas e outros.
Outro dos meus trabalhos era o de fertilizar a Abelha-Mestra principal ou Rainha Mãe.
Um belo dia, em um dia em que meus serviços não eram assim tão necessários na organização da Guarda, lá andava eu em um de meus habituais voos exploratórios pelos campos, quando, quase bati de frente numa Abelha que, distraída, quase me abalroara.
Quase parei em pleno voo e gritei em sua direcção, – “Amiga, quase me atropelavas em teu voo distraído!”
Parecendo não me ter ouvido, ela seguiu seu destino…
Nisso, virei-me e voei em sua perseguição, tentando aproximar-me dela.
À medida que me ia achegando, fui-me apercebendo que ela não tinha a habitual cor amarelado-doirado e as faixas pretas intercaladas, usuais nas Abelhas normais.
Era de uma mistura de cores metalizadas e vivazes. A parte de trás do seu corpo apresentava-se num verde prata intenso e na parte da frente, num vermelho fogo metálico.
Contudo, o seu volume e aspecto físicos eram muito semelhantes aos das Abelhas da minha espécie, não faltando as listas pretas.
Quando finalmente me consegui colocar ao seu lado e olhei em seus olhos, quase perdi o equilíbrio de meu voo e quase me despenhei contra a flora à frente.
Lá me recompus e voltei a colocar-me ao seu lado, voando a par dela. Voltei a dirigir a palavra a ela novamente, – “De que Colmeia és tu?”
Ela continuou imperturbável, ignorando-me por completo. Seu voo era firme e determinado e via-se que estava disposta em não ser interrompida por nada.
Dando mais energia às minhas asas, num impulso mais forte, comecei a voar para me colocar a sua frente.
Tentei impedi-la de prosseguir, tendo-lhe dado uma nova ordem, – “Ou páras já e te identificas, ou serei obrigado a deter a tua marcha”
Subitamente e quase que impedida pelo meu bloqueio de continuar em frente, ela desacelerou e falou, – “Eu sou uma futura Rainha de Colmeia”
Foi a minha vez de replicar, – “Mas, que fazes tu aqui no meio de nosso território e de onde vieste?”
– “Sabia pelos odores que, este território, tem um Enxame determinado como dono do mesmo, contudo, não pude evitar atravessa-lo para tentar chegar ao meu objectivo no mais curto de espaço de tempo possível”, respondeu ela.
Continuando, ela disse, – “Se não passar por aqui, encurtando a distancia até ao meu destino, minha futura Colmeia poderá nunca vir a formar-se. Recebi a mensagem de uma de minhas súbditas que, há um Enxame de Vespas, que anda perto do local que escolhemos e no qual estamos a preparar para fazer nosso Cortiço. E se não chego lá a tempo, meu Enxame não terá meu comando e não oferecerá qualquer defesa ou resistência contra as tais Vespas”
Uns tempos passados mais tarde, estava eu à porta de uma das Colmeias de nosso Enxame, que ora já ia ocupando um largo território, quando vi vários Zangões exploradores chegarem em voos apressados e sem pararem ao pé de mim, irem directo para o interior da Colmeia para junto da Rainha Mãe. No inicio não liguei muito ao assunto, porque já era de certa forma habitual, que viessem outros Zangões e voassem directamente até à presença da Rainha, para a fertilizarem também. Quando acabavam de praticar o ritual da fertilização, voltavam a sair para os seus postos de guarda, fosse lá onde fosse.
Mas, esse encontro estava revelando-se algo muito diferente. Em função do que eles tinham comunicado a Rainha, ela começou a emitir um zunido vibratório muito intenso, que era usualmente utilizado para reunir os Zangões à sua volta. Algo de grave estava a acontecer!
Quando me acheguei à Rainha, já uma parte dos Zangões tinha estado em sua presença e de imediato partiam para o exterior da Colmeia. A eles, outros Zangões das Colmeias vizinhas se juntavam num autentico exercito aéreo.
Mal entrei em contacto com a Abelha Mestra Mãe, ela foi-me transmitindo a razão do que levava a tal alerta mobilizativo. Havia uma enorme força de Vespas vindas na direcção de nossas Colmeias e havia que as tentar travar muito antes que elas conseguissem atravessar o nosso território e lhes fosse permitido entrar nas Colmeias, o que seria o provavel fim para de algumas delas, senão para todas.
As Vespas costumavam vir em formações cerradas e atacavam tudo à sua passagem sem dó e nem piedade. Uma Vespa, de tamanho muitas vezes maior, conseguia lutar contra dez ou mais Abelhas de uma só vez e despedaçá-las. Milhares de Abelhas morriam em tais arrasadores ataques. Muitas vezes, eram tão avassaladoras que, conseguiam penetrar nas Colmeias e dominar e destruir as Rainhas. Com isso, dominavam e destruíam por completo as Colmeias. As Abelhas que sobravam, acabavam sucumbindo mais tarde, votadas à sua sorte, ao abandono e à fome certa.
Ouviram-se os primeiros zumbidos aterradores ao longe. Os Zangões, acompanhados de Abelhas trabalhadoras comuns, que reforçavam a defesa, moviam-se na direcção da nuvem ameaçadora, que agora, já se visualizava claramente. O roncar do voo colectivo das Vespas era de tal ordem, que muitas das Abelhas e alguns dos Zangões, pura e simplesmente, assustadas, fugiram em direcção às nossas Colmeias.
As primeiras Vespas estavam perto de mais, e já não havia outro remédio que não lutar até à morte. Organizei pequenos esquadrões mistos de dez Zangões e dez Abelhas para atacar cada Vespa.
Assim que as primeiras chegaram, voamos em formação compacta na direcção das que vinham à frente, tentando barrar as primeiras. Um Zângão ía a uma das patas, outro a outra pata, outro a uma das asas e outro ainda, a uma antena e assim por diante. As Abelhas iam espetando seus ferrões nas partes mais moles dos corpos das Vespas, entre as suas cascas duras. Uma a uma, as Vespas da frente iam caindo. Junto com elas caiam alguns Zangões e Abelhas, também despedaçados pela força muito maior das Vespas. A batalha começava a ficar desequilibrada, com as Vespas em grande numero e força, a conseguirem perfurar as nossas linhas defensivas.
Ao longe, via-se a agitação crescente nas entradas das Colmeias. Muitas das Vespas já lá estavam a desbaratar as Abelhas que tentavam defender as entradas de acesso ao interior das Colmeias.
Depois de muita luta e alguns ferimentos, decidi fazer recuar a força dos Zangões para as entradas, sobretudo das Colmeias que pareciam estar ainda intactas e de ter alguma hipótese de defesa.
Muitas Abelhas voavam tontas e confusas para fora das Colmeias, não sabendo mais o que fazer e nem como reagir. À medida que as Vespas iam tomando as Colmeias, iam deixando uma onda de caos e destruição nos seus interiores. Elas vinham para invadir as Colmeias, destruir as Rainhas de cada Colmeia e para comer as larvas e o mel dos favos.
Algumas já haviam chegado à entrada da Colmeia onde estava a Rainha principal, a que eu defendia, desde que era o Chefe da Guarda. Quando aconteciam tais ataques, Abelhões e Abelhas concentravam-se em desviar a atenção dos atacantes para as outras Colmeias, onde havia Rainhas mais novas, procurando defender em ultimo lugar, reduto da Rainha das Rainhas, como estava agora acontecendo.
Apesar de nossa defesa ser impressionantemente compacta e firme na luta, algumas Vespas haviam conseguido mesmo meio feridas, penetrar nas Colmeias. Algumas de tão fortes, pareciam não sentir os mais de 20 ou mais Zangões e Abelhas agarrados a seus corpos. Mais pareciam tanques em marcha imparável rumo ao objectivo, que era o centro da Colmeia e a Abelha Mãe.
Já quase dados por vencidos e débeis pelas feridas da batalha atroz, ouvimos um zumbido fraco primeiro, para depois, mais parecendo um autêntico trovão, vermos no horizonte próximo, um enorme Enxame multicolorido prateado, reluzindo contra os raios de Sol. Parecia mais um foguete ou um raio sem forma definida, vindo em nossa direcção. Ainda cheguei a pensar o que mais seria aquilo, depois de estarmos quase destruídos e derrotados, que nos estaria prestes a cair em cima! Não demorou muito para que a respostas chegasse.
Como balas passando por nós, dividindo-se várias direcções, rumo também a outras Colmeias, aquilo que pareciam ser Abelhas de tom verde e vermelho prateado, reluzentes, mergulhava no que restava da batalha e atirava-se com um vigor desmesurado contra as Vespas. Nunca antes havia visto tanta coragem e determinação numa batalha. As Vespas, uma a uma, iam caindo desfeitas no chão. Outras, meio moribundas pejavam o solo, arrastando-se para o mais longe possível, algumas sem patas ou asas.
A meio da destruição e do caos da intensidade da batalha, alguma ordem foi começando a surgir. Ali, olhei para uma determinada Abelha, que me parecia estar no comando destas tais Abelhas verdes e vermelhas prateadas, e à medida que ela se foi aproximando de mim, vi logo que se tratava da Abelha com quem me cruzara uns bons tempos antes…
Depois de inspeccionados os danos e de termos levado Abelhas e Vespas mortas para um lugar afastado, concluímos tristemente que, todas as Abelhas Rainhas das restantes Colmeias da nossa Comunidade haviam sido mortas, à excepção da Rainha das Rainhas. Contudo, aquela estava agora moribunda, devido aos ataques sofridos por algumas das Vespas que furaram as nossas defesas. Ficamos meios desesperados e sem saber o que fazer. Quase que decidimos a meio de tanta desolação e destruição, abandonar as nossas Colmeias e ir à procura de outras Comunidades de Abelhas algures, onde nos pudessemos integrar. Muito provavelmente, só os Zangões, devido a seus papéis reprodutores, seriam aceites. As Abelhas trabalhadoras não seriam tão facilmente aceites e acabariam por sucumbir algures dispersas e perdidas pelos campos. Seria o fim da nossa Comunidade como tal.
Não perdendo a cabeça, decidimos acompanhar a Rainha verde e vermelha prateada de volta à sua Colmeia, em tom de agradecimento, e isto também, porque ela aceitou gentilmente ceder-nos uma nova Rainha, que estava sendo formada em sua Colmeia e que, teria a função de desmultiplicar-se por outra futura Colónia, mas que, neste caso, viria connosco para nos ajudar a repopular as nossas Colmeias. Quando nos despedíamos, a Rainha verde vermelha prateada, em tom totalmente nobre, olhando para mim em meus olhos, virou-se para as suas Abelhas, dizendo, – “Queridas Filhas e Filhos da minha Colmeia, hoje será o dia em que vós sereis autónomos e em que terão uma nova e jovem Abelha Mestra a comandar-vos. Ela já esta formada e será ela, a partir de hoje, a vossa nova Rainha. Eu, por opção minha, vou ajudar estes nossos amigos e aqui o meu amigo Zângão amarelo e preto, a formar as Colmeias e a dar continuidade às Comunidades de suas abelhas. Houve uma festa naquele momento, com mel e geleia real posta a disposição de todas as Abelhas, anfitriãs e visitas, que comeram até se fartarem. Após isso, partimos com a nova Rainha Mãe de volta à nossa Colónia Colmeias…
A meio do caminho, a Rainha verde e vermelho prateado virou-se para nós, – “Só há um senão, e que vós estais ainda a tempo de corrigir e decidir ser será ou não certo que o que irá acontecer daqui para a frente!”
Fiquei meio atónito e perguntei, – “E o que será que nos levará tomar outra decisão diferente?”
Amigo Zângão amarelo e preto, – “Na verdade, nunca me saíste da cabeça e desde aquela vez, que me apaixonei por ti. Contudo, por seres diferente e pertenceres a uma Comunidade distinta de Abelhas, pensei que nunca seria possível nós um dia virmos a ficar juntos e a formarmos uma nova Comunidade! Mas, parece que isso estarás prestes a acontecer agora. Como disse, há um senão! Que, é o de sermos diferentes e de que, a partir daqui, todas as Abelhas e Zangões que eu conceber, mesmo sendo fertilizados por ti e pelos restantes Zangões, terão particularidades minhas e vossas misturadas. Seremos portanto, ora em diante, uma nova espécie de Abelhas verde-vermelho e amarelo-preto com tom prateado ou doirado. Portanto, se ainda me quiserem aceitar, tudo muito bem! Mas, se acharem que isso não está bem, pegarei em alguns de meus Zangões, e partirei com eles para fundar novas Colónias de minha espécie?”
Eu, olhando para as Abelhas e Zangões da minha Colónia de Colmeias, virei-me solenemente para a Rainha verde e vermelho prateado, – “Continuemos nosso voo, pois, também eu na ocasião me havia apaixonado por Sua Majestade…e agora que a temos connosco e precisamos de si, não vamos desistir de nossas sobrevivências, seja com a criação de uma nova espécie de Abelhas ou não. Pelo contrário, será para nós uma honra, que sejamos a partir de agora uma espécie misturada com aquelas que nos
salvaram da morte e da extinção certa. Viva a Rainha….”…
Nascia assim uma nova espécie de Abelhas. E a partir dali, passava tambem a existir, os melhores mel e geleia real que jamais haviam sido produzidos por qualquer espécie de Abelhas até ali existentes…
Pequena Estoria alusiva ao Natal, escrita em Luanda, Angola, a 23 de Dezembro de 2013, por Manuel JFD de Sousa, em Homenagem a todas as Crianças de Angola e do Planeta Terra e a Paz e a Liberdade dos Povos…
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5.1.2014 Vontade de independência de Cabinda está generalizada, diz padre Raul Tati
Raul Tati mantém a combatividade que no passado o levou várias vezes para a prisão por defender a independência de Cabinda e foi para manter viva a memória dessa luta que lançou há dias um livro sobre o papel da Igreja Católica naquele conflito.
Ao longo de 400 páginas, em «Cabinda – Percurso histórico de uma igreja entre Deus e César – de 1975 a 2012», o padre Raul Tati apresenta pontos de vista, documentos e testemunhos do envolvimento de religiosos e leigos na luta pela autonomia do enclave.
Diário Digital / Lusa
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RELATÓRIO DAS CORTES ESPANHOLAS, 1836
(texto integral)
(Páginas 73, 74, 75)
(…) En el año pasado de 1835 á pesar de las garantías que establecen las capitulaciones de 1801 de que he hablado, para que las famílias de Olivenza fuesen protejidos como los demás españoles, se ha cometido el atentado escandaloso de destruir las propiedades inmedatas ála población, propiedades magníficas de mucho valor, arruinando á sus dueños. Esto se ha hecho creyendose el gobernador autorizado por el reglamento formado por el gobierno en la época calamitosa del despotismo; de manera, que propiedades que habian sido respetadas en tiempo de los franceses cuando sitiaron aquella plaza, y cuando la ocuparan, no(?) lo han sido cuando no ha habido níngun género de peligro. Para esto sirve la plaza de Olivenza que no se puede defender de níngun género de enimigos.
Pero no es esta sola la contribuicion que tiene Olivenza. Otra es la de “real de agua” que consiste en un impuesto de 20 mrs. sobre cada arroba de carne; de 29 mrs. sobre cada arroba de vino y de otra cantidad de mrs sobre el pescado, que son los artículos de mayor consumo. Esta contribuición está afectada también á la fortificacion de Olivenza; por manera que si por las cortes creyeron justo que no aplicasen la tercera parte de propios, con mas razon les hubieran relevado de este tributo que pesa sobre todos los habitantes; y ainque entonces no hubo resolucion sobre dicho tributo, ahora lo solicita el ayuntamiento pidiendo que se le releve de él igualando aquella villa con los demás pueblos.
Hay otro arbitrio que es el tercero que se llama del “puente”, el cual está aplicado a uno que hay construido sobre el Guadiana en el camino de Olivenza a Helvas en Portugal. Nada hablaré sobre este porque redunda en beneficio comun; y yo respeto mocho todo lo que es conveniente á la prosperidad de las poblaciones. De este modo doy una prueba á la comision de mi imparciabilidad.
Hay otro tributo, señores, que se llama “el á dos médicos”; tributo del cual podian y debieran quedar relevados todos los habitantes de aquella villa, si los própios no estuvieran afectos á pagar otras obligaciones que ascienden a cantidades exorbitantes. Esta contribuición sin embargo, señores, no por eso deja de ser injustísima, porque ningun pueblo debe contribuir con un tributo especial para este pago cuando tiene bienes comunes sobre que debe pesar.
El 5.º tributo, y sobre este llamo muy particularmente la atención de las cortes y de la misma comision; el 5.º tributo, señores, que como los cuatro anteriores procede de la época en que Olivenza pertenecía a Portugal, está destinado a la construccion y reedificacion de la iglesia de la Magdalena.
En un pueblo que ha sido muy poblado, que ha sido rico, en donde sobran iglesias, y ha habido conventos, es lo más estraño que se pague una contribuicion semejante, y que esa á pesar de su origen y destino especial se quede hoy entre las manos de los indivíduos que lo administran y manejan. Pero sin embargo este es un tributo que se recauda y que consiste en diez mrs. sobre arrobas de carne, ocho sobre arroba de vino y otros sobre los pescados.
Señores, ¿no seria una mengua que habendo recurrido el ayuntamiento de esta plaza á las cortes, se permitiera que a pretesto de reedificar una iglesia, se continuase pagando este tributo después de tantos otros como gravitan sobre aquellos infelices habitantes, que desde el estado opulento en que se vieron han venido á caer en la más espantosa miséria? Si las cortes conociesen la situacion particular de aquella poblacion; si tuvieran idea de lo que fué cuando se entregó á España por efecto de capitulación; si pudiesen comparar su decadente estado con el floreciente en que se encontraba entonces; no dudarian un momento en sacar la consecuencia de que una gran parte de su ruína proviene de estes gravámenes y contribuciones especiales.
Por otra parte, señores, las cortes deben tener entendido, aunque sea hasta escandaloso el enunciarlo, que como todos estos fundos estan aplicados a la fortificacion, no hay con que pagar un solo maestro de escuela ni medio alguno para fomentar la instruccion.
Ningun recurso les queda para eso, nada pueden hacer, y llega á tanto el estado de miséria en que se encuentra aquella población en cuanto a fondos, que no hay edificio destinado á casa consitorial ó de ayuntamiento.
Por estas razones pués, creyendo yo que és necesario fomentar la enseñanza primaria y todo lo que pertenezca á la instruccion de la juventud de aquella mal llamada plaza; que es indispensable pagar escuelas que no tiene, y que á esto se puede subvenir; entiendo que los bienes de propios, que hoy estan aplicados á la fortificacion, deberian invertirse en proporcionar á aquellos vecinos escuelas para la educacion de sus hijos; y deste modo sacaríamos á Olivenza del estado escepcional e injusto en que está con respecto á los demas pueblos de Estremadura y de la España entera. Yo suplico prtanto a la comision que tenga la bondad de retirar este dictamen, para que en su seno se instrua el espediente como corresponde, á fin de dar un informe tan luminoso y completo como exije el asunto. De lo contratrio, si insiste en su dictamen, yo me veré en la necesidad de contrariarle con mi voto, sin embargo de la deferencia y amistad que tengo hacia la mayor parte de sus individuos.
El señor “Lujan”(?): Sensible me es, señores, verme en la necesidad de decir á mi amigo el señor Gonzalez, que con la mejor buena fe, y con los mejores deseos, ha estraviado la cuestion hasta tal punto, que la ha sacado de su verdadero terreno, desconociendo el único punto de vista que debe tenerse presente, y del que han partido las comisiones de guerra y diputaciones provinciales para dar su dictamen. Estas han visto una solicitud dirigida al congreso pr el ayuntamiento de Olivenza, único documento que forma el espediente, y que ha motivado su dictamen. A esta solicitud tan solo se acompaña una relacion de los artículos que forman las contribuciones en cuestion, y una copia de la real orden citada por el señor Gonzalez.
En esta cuestion se deben considerar como partes litigantes, una el ayuntamiento que pide se le relieve de certas cargas, y otra la parte del gobierno, pues aunque el señor Gonzalez se ha desentendido hasta cierto punto de esta consideracion, diciebdo que no debe considerarse á Olivenza como plaza, cortando de un golpe este nudo gordiano; con todo nosotros no podemos prescindir de que es una de las que forman nuestra línea de defesa con el Portugal, y que por lo mismo es indispensable oir á la otra parte que es el gobierno. Este es el órgano por donde nosotros deberemos saber si estamos en el caso de desatender la fortificacion de Olivenza, por ser una plaza inútil y indefendible.
Ahora bien, señores, con solo una representacion de un ayuntamiento interesado, sin mas antecedentes, datos y pruebas, ¿deberia la comision haber propuesto otra cosa? ¿ Se hallaba este espediente sufucientemente instruido? De ninguna manera, y no quedaba a la comision otro partido que el de proponer, como lo hace, que pase este asunto a el gobierno, á fin de que oyendo a la diputacion provincial, y reuniendo cuantos antecedentes esten á su alcance, vuelva este espediente instruido cual corresponde álas comisiones, y estas puedan dar con el debido conocimiento su dictamen. ¿ Correspondia acaso á las comisiones el entenderse directamente ni con el ayuntamiento de Olivenza, ni con la diputacion de la provincia de Badajoz?
Véase pues cómo el señor Gonzalez ha estraviado, segun indiqué al principio, la cuestion; pues ni a las comisiones les es dado el instruir por sí el espediente, ni el adquirir noticias directamente. No teniendo pues la comision la instruccion suficiente, ¿qué habia de hacer en este caso? Lo que ha hecho, que es que se formalice este espediente por el gobierno: que este sea quien oiga á la diputacion provincial, y luego que conceptúe aquel completo lo remita, y entonces y solo entonces será cuando las comisiones puedan dar un dictamen definitivo.
He dicho el señor Gonzalez, que las comisiones dan uno para que este espediente venga á quedar sepultado en poder del gobierno: señor, á mí me parece que esto es llevar demasiado adelante la oposicion. El objecto de la comision no ha sido otro que el de que se instruya el espediente, y en este yo creo que el gobierno tenga tanto interés como el que mas y es hacerle á la verdad bien poco favor el anunciar que el devolverlo es lo mismo que el de que se sepulte en un eterno olvido.
Ademas ha dicho S.S. ¿por qué las comisiones no han declarado que la villa de Olivenza estaba exenta del pago de la 3.ª parte de sus propios para la fortificacion? Es preciso, señores, tener presente que la peticion del ayuntamiento de Olivenza no se limita á pedir esta exencion sola, sino la de todas las demas contribuiciones, del real de agua, del real de puente y de la asignacion para el médico y de la consignada a la reedificacion de la iglesia de la Magdalena.
Si la villa de Olivenza queria remediar todos estos males,¿por que no ha acudido por el conducto (?) de la diputacion provincial, autoridad tutelar instituida para remediar abusos perjudiciales á los pueblos?¿Será conveniente, razonable y propio de la madura circunspeccion de las cortes, que sin una certificacion, pruebas de ninguna especie, ni un documento justificativo, se pase por lo que se pide, y se proceda a la supresion? No conteso á S.S. sobre lo que ha dicho acerca de la aquisicion de las propiedades que estan fuera del radio de la plaza. Esta es una cuestion que puede interesar á los vecinos de ella, y de que deberá responder el gobernador de la misma; pero la comision nada tiene que ver en esto, ni en si se han guardado por el gobierno las formalidades y prevenciones de la última ley sancionada sobre espropiacion.
Ultimamente su señoria ha apoyado el dictamen de la comision, porque no podia menos de hacerlo en su ilustracion y justicia.
Por todo lo cual yo suplico á los señores diputados, que penetrados de la necesidad que hay de oir antes el gobierno, accedan á lo que propone la comision, acerca de que este espediente pase al gobierno, á fin de que oiga sobre el particular á la junta general de fortificaciones, y reunidos cuantos datos eren necesarios para el acierto, devuelva este espediente á las cortes para la definitiva resolucion.
El señor “Gonzalez (Don Antonio): Yo siento muchísimo que el señor Lujan haya calificado mi discurso con tanta acritud. Yo me guardaré bién calificar el de S.S .de la misma manera ; pero sin embargo diré á S.S. que el paso que ha manifestado que me he estraviado en la cuestion, ha venido á colocarse en el mismo terreno, porque uno de mis argumentos contra el dictámen de la comision ha sido el que esta no haya instruido el espediente, como debia hacerlo antes de informar á las cortes. La comision ha debido, en uso de la autorizacion general que tienen todas las del congreso, pedir al gobierno los antecedentes, y cuantos datos este pudiese presentar y fuesen suficientes para ilustrar á las cortes.
Tambien ha cometido S.S. la equivocacion de decir qupasaba al gobiernoe yo habia juzgado ligeramente ó avanzado demasiado, cuando habia dicho que si este espediente pasaba al gobierno, se sepultaria en él. Cuando he sentado esto lo he hecho con mucha madurez y con conocimiento de causa, y no porque mi idea sea culpar en lo mas mínimo al gobierno, sino porque conozcoue en las gravisimas ocupaciones que le rodean, no será difícil que deje a un lado, ú olvide un asunto, que no es de un interés general para la nacion.
El señor “Lujan”: El hecho que tengo que rectificar es muy sencillo. S.S. dice que la comision debia haber instruido el expediente. Cabalmente es eso lo que la comision propone, que se instruya el espediente, para que las cortes resuelvan despues de instruido.
El señor “Gonzalez Alonso”: Una verdad resulta del debate que hasta aqui ha girado sobre el dictamen de la comision, y es que está suspendiendo el dar su parecer en razon de las pretensiones del ayuntamiento: quiee perpetuar el único monumento militar que dejó cierto generalísimo [Godoy]; pues no sé cómo puede contestarse a las reflexiones que ha hecho mi digno paisano y compañero el señor don Antonio Gonzalez.
El señor Lujan se ha contestado á sí mismo, porque no hay comision que no tenga faculdad para paar un oficio á los señores secretarios de las córtes diciendo:necesito del gobierno tales y cuales documentos; pero pocas habrá que quieran desprenderse asi del espediente; y estas la verdadera impugnacion que ha hecho el señor Gonzalez.
Aun hay mas. Estamos empeñados en desperdiciar todas las ocasiones que se nos presentan para tocar ciertas llagas, y en decir: “quede para mañana: tiempo hay”; y yo quisiera que siempre que llegase una de estas ocasiones se aprovechara. Los señores de la comision no pueden menos de estar penetrados, como yo lo estoy, de que los propios de los pueblos son un ente de razon, y que al mismo tiempo gravitan sobre ellos muchas necesidades y urgencias, que debieran ser atendidos por otros fondos. ¿Cuando ha de llegar el caso de que deje de haber este ente de razon? ¿cuando se ha de aplicar perfecta justicia a los acreedores(?) de los propios, cuyos bienes solo han sido pasto de regidores perpétuos, del consejo de Castilla, de direcciones, de oficinas inmensas, que para nada sirve, sino para entorpecer? ¿Acaso los fondos de propios se han hecho para fortificar pueblos? En este estado se hallan los propios, ¿y ha de estar tan fria la comision que no conozca que es necesario poner la mano en esta herida? Pido pues que vuelva el dictamen a la comision para que le instruya valiendose de los Sres. secretarios de las cortes, y le presente á estas en estado de resolucion.
El señor “Calderon de la Barca [1]:No entraré á contestar á todas las especies que ha vertido el señor Gonzalez Alonso, aunque debiera hacerlo respecto á algunas, porque S.S. ha hecho una injuria va las comisiones, las cuales no tienen de conservar monumentos de victorias de generales que nunca fueron de su aprobacion.
S.S. ha estraviado la cuestion lo mismo que el señor D. Antonio Gonzalez, y se ha empeñado en que la comision debe instruir el espediente. ¿Me dirá S.S. si se habran de entender las comisiones con la diputacion provincial de Badajoz, con la direccion general de ingenieros, con el ayuntamiento de Olivenza y con todos los demas que tengan que ver en este asunto? Lo único que tenemos aqui es el memorial de un particular que solicita una cosa, y la comision no se ha creido con el talento necesario para resolver por esa simple peticion, sin oir á nadie.
Es preciso no olvidar que no se trata solo de quitar solo esa tercera parte de los fondos de propios destinada á la fortificacion, sino que el ayuntamiento pide que se supriman otros impuestos que gravitan sobre los mismos fondos; y es preciso oir a la diputacion provincial que está encargada de proponer los medios con que se han de cubrir las atenciones de los pueblos. ¿No es mas sencillo que entenderse con todas las autoridades, decir: «pase al gobierno para que instruya el espediente, é instruido que sea lo devuelva á las cortes para que determinen?» Me parece que esto es lo mas jusicioso; y solo un deseo de impugnar, separándose de la cuestion, puede haber movido a los señores preopinantes.
Por lo demas, repito que sin que me conste oficialmente, y por los medios que la ley determina, si las solicitudes de los ayuntamientos son ó no justas, jamas me atreveré a resolver sobre ellas. En esta inteligencia, espero que las cortes se serviran aprobar el dictamen de la comision, para que se instruya este espediente como es debido, sin que las comisiones tengan que entenderse directamente con nadie.
El señor “Gomez Becerra”: Señores, puntualmente el día que fueran a Olivenza los Srs. Reyes D. Carlos IV y su esposa, fui yo también á aquela plaza. La vi y me llené de placer. Creí que habíamos hecho una adquisición de mucha inportancia. Era sin disputa el pueblo más hermoso que había en toda la provincia de Extremadura. Todo en ella anunciaba la abundancia, la riqueza y la prosperidad. Volvi a los seis años, en el de 1807, y ya no conocí a Olivenza. Ya en aquel corto período de tiempo había perdido en nuestras manos toda la hermosura que tenía. Y por qué? Porque quando el Gobierno espanõl debía haberse esmerado en proteger aquella población,y procurado todos los medios imaginables para conquistar el ánimo de los portugueses, que era lo que necesitaba, parece que trató solo de que fuese considerado como un pueblo de conquista. Envió empleados ineptos que no pensaron más que en hacer negocio, como efectivamente lo hicieron, lo mismo que podrían haberle hecho en las Indias sin pasar agua.
Esta fue la causa de que los habitantes de Olivenza estuvieran siempre esperando como no sé si lo están ahora, su restituición al Gobierno de Portugal, la venida del Rey D. Sebastian. Además, he mandado en lo político en dos diferentes épocas a aquella provincia, y tengo conocimientos especiales de lo que há pasado en Olivenza.
He visto que sus habitantes nos tratan como “castellanos” que es el nombre que dan a los espanõles como una marca de odio y rivalidad; y además de que esto consiste en cosas que todos conocemos, se fundan también en que habiendo hecho la injusticia, á Olivenza de conservarle todas las cargas que tenían impuestas por el Gobierno portugués, se le han hecho sufrir todos los abusos que sufren los pueblos españoles; uno de estos es obligarlos al pago de contribuciones que no pagan los demás pueblos de la monarquía. Tenemos que el ayuntamiento de Olivenza reclama que se les releve de ciertas de ciertas contribuiciones perjudiciales á la prosperidad de aquella poblacion.que tiene el espediente Yo no puedo desconocer la falta de instruccion . No entro en la cuestion de sí la comosion tiene medios para suplir esta falta. La comision ciertamente, tenia el de pedir las noticias que creyese necesarias al gobierno, por medio de los señores secretarios de las cortes: es articulo espreso de reglamento. Pero aqui hay un punto que resalta sobre manera, que no necesita de instruccion alguna; ¿ por qué pues no ha de resolverse en el momento? En los otros gravámenes particulares como el del médico exigirse alguna averiguacion por la que constase cual es su objecto ; si pudieran resultar daños en su supresion, y del modo de suplirse; pero nada de esto es (?) aplicable a la contribuicion de la tercera parte líquida de los fondos de propios que podria el ayuntamiento de Olivenza.
Este se halla sin escuela de primeras letras, porque sus fondos de propios no son suficientes para sustenerla despues de sacada la tercera parte líquida de ellos. En Olivenza se han destruido varios edificios y otras obras públicas que no se han podido reedificar; careciendo al presente de casa de municipalidad por falta de fondos. La inversion de esta tercera parte de los propios de Olivenza se exige con destino a la fortificacion. Este es un hecho, ue la comision no pone en duda; hecho que ya se examinó en la anterior época constitucional, y se dijo que no debia existir. Y seguramente ¿cómo ha de existir una contribuicion tan desigual y que tantos perjuicios lleva consigo? Yo no he visto los presupuestos que ha presentado el gobierno; pero sí vi los que presentó en las anteriores épocas, y sé que en ellos hay un artículo espreso para obras de fortificacion de plazas. Sé también que esto corresponde á un artículo del presupuesto general. Yo no sé que haya alguna plaza en (?) la nacion, en la que se imponga á sus habitantes la obligacion de mantener a su costa las fortificaciones. ¿Qué falta pues para decidir sobre esto?¿qué falta para que la comision pudiera proponer que cesase desde el momento esta contribuicion especial que no hay en ninguna parte?
Seha dicho por la comision que es necesario instruir el espediente, oir á los inspectores, ´á las juntas de fortificacion general y de la plaza. Hé aqui la razon por ue me opongo á su dictámen; hé aqui el modo de que no se verifique jamas que Olivenza se vea libre de esta carga indebida; porque se dará tal giro al espediente que jamas llegará á verse instruido. Aqui no nos importa saber si la plaza de Olivenza debe permanecer fortificada ó no; sino si debe serlo á conta de la nacion como las demas plazas fuertes de ella. Por onsiguiente la comision deberia desde luego haber propuesto que se relevase de esta contribuicion á Olivenza. Y aunque por lo que acabo de decir no pertenezca directamente á la cuestion, no debo dejar de espresar un hecho, supuesto que ha debido influir en el ánimo de las cortes. Cuando eso proyecto del generalisimo [Godoy?] á que ha aludido el señor Gonzalez Alonso, se formaran tres columnas, una contra Yelves, otra contra Montemayor[talvez Campo Maior] y la tercera contra >Olivenza. Las dos primeras no pudieron resistir los defensores de ellaplazas hicieran resistencia, no asi Olivenza, que abrió sus puertas a nuestras tropas, porque no pudieron resistir los defensores de ella, y entregaron todos sus fuertes en pie y corrientes como han estado algunos años después; pero que ya se hallan en tal estado, que el nombre de plaza que se la da no sirve mas que para mantener empleado un gobernador y plana mayor, para sufrir las incomodidades que llevan consigo las poblaciones fortificadas y sacarla esta contribucion especial que no gravita sobre las demas.
Pero vamos á otro hecho público. La Extremadura en la guerra de la independencia sufrió muchas invasiones por los ejércitos franceses. En ella se defendió la plaza de Badajoz.¿Y la de Olivenza se defendió alguna vez? ¿Se disparó en ella un tiro siquiera para defenderla de los franceses?¿Fué necesario formar paralelas para tomarla? Nada, en cuanto se presentaron los francesesm Olivenza se tomó . Desde el año 1801, que se agregá a España, jamas ha servido como una plaza fuerte, porque no es plaza ni puede serrlo. Está situada en una llanura, rodeada toda de colinas mas elevadas que ella; de modo que la hacen incapaz de resistir al que se acerque con intención de tomarla. ¿ Y las cortes han de permitir que los propios de esta poiblacion paguen la tercera parte de sus fondos para mantener una fortificacione, que el mismo gobierno no ha confesado cuando se trataba de restablecerla, que era imposible que se verificase? Esto se ouede resolver en el momento; sobre lo que la comision ha debido proponer su dictamen, sin perjuício de hacerlo respecto a lo demas solicitado por el ayuntamiento cuando el espediente esté completamente instruido. Mi opinion es que vuelva a la comision, y que por las razones que se han espuesto proponga por ahora que cese ese abuso como lo exige la justicia y la equidad.
El señor “Infante”: Estraño ver como se ha complicado esta cuestión, siendo de suyo tan sencilla. El ayuntamiento de Olivenza se dirige á las cortes con un simple memorial, pediendo que se exima á aquella población de pagar tales y tales contribuciones, algunas de ellas afectas a conservar la fortificacionde la plaza. Hay que comprendidas contribuciones de muchas especies, y el gobierno para resolver este espediente habrá de verle en consejo de ministros, por que tendrán que entender en él el de la gobernacion, el de guerra y el de hacienda.
La comision, sin entrar en la justicia ó injusticia de los impuestos, dice: vaya al gobierno, para que instruyendolo debidamente, vuelva á las cortes, y visto por las comisiones correspondientes, se pueda resolver con acierto.
Como el señor Gonzalez, como el señor Gonzalez Alonso, como el señor Gomez Becerra, estoy convencido de la necesidad de fomentar y favorecer aquella poblacion; sé como sus señorias el estado de ruina á que ha venido, y la prosperidad en que estaba en otro tiempo, aunque no debe olvidarse que en tiempo de la dominacion portuguesa su prosperidad consistia en que era el foco del contrabando que se introducia en Estremadura, y habiendo ese desaparecido, ha desaparecido con él una de las causas de su prosperidad; sin embargo que tambien ha contribuido á ello el que ha sufrido muchos vejámenes; pero todo esto no es de la cuestion.
Si se me perguntase a mí, en mi opinion particular, si debia abandonarse aquella plaza, diria que si. Pero las comisiones no podían opinar desde luego que dejara de pagarse una parte de los propios destinada al entretenimiento de esa misma fortificacion, porque seria lo mismo que abandonar la plaza; y ya ven las cortes cuan delicado seria esto, sobre todo tratandose de una plaza fronteriza.
Ha padecido una equivocacion el señor Gomez Becerra, cuando ha dicho que ningun punto murado paga para el entretenimiento de su fortificacion; todos pagan, no para fortificar, que eso ya está hecho, sino para entretener esa fortificacion; que es á lo que estan destinados esos fondos de Olivenza. Tambien se equivoca S.S. en decir que no ha hecho ninguna defensa, porque la hizo en la guerra de la independencia, y aun está abierta la brecha que fué la que obligó á la plaza a entregarse, y hubo una capitulacion, firmada sobre la misma brecha.
Pero no siendo de nada de esto la cuestión, no esquivandose las comisiones para tratarlo en su dia, y siendo mi opinion particular que un punto que no está artilado, que no es posible ponerle en estado de ser plaza ni aun de segundo orden, y que está tan próximo á Badajoz debe abandonarse; creo que las cortes conocerán que no podemos decidir sin oir al gobierno porque aun esta sea mi opinion particular podrá muy bien ser equivocada.
Resulta pues que reducido el dictámen á que pase el espediente al gobierno para que lo instruya, no puede haber inconveniente en aprobarle; que acaso cuando vuelva instruido a la comision, estaremos de acuerdo los que ahora impugnan el dictamen y yo que lo defiendo.
El señor “Gonzalez” (don Antonio): El señor CAlderon de la Barca ha dicho que las comisiones reunidas no estaban en el caso de instruir este espediente. Para contestar á S.S. y hacer ver que es obligacion precisa de las comisiones instruirle, asi como los demas que ocurran, pido que se lea el artículo 84 del reglamento (“se leyó”). He aqui que la comision podria pedir por medio de los secretrios de las cortes á los del despacho, todo lo que tenga por oportuno para la instruccion del espediente.
El señor “Gomez Becerra”: El señor Infante no ha convenido en mi proposicion de que la villa de Olivenza no hizo defensa en la guerra de la independencia; sin embargo la proposicion es cierta. Allí no se disparó un tiro: allí no se hizo defensa ninguna; pero el gobernador militar debia cubrir su honor, y un lienzo de muralla, que creo que en términos facultativos se llama cortina, se hallaba en tierra y no se habia vuelto á levantar, y se figuró que esta cortina arruinada era una brecha sobre la cual se habia hecho la capitulacion: pero no hubo defensa.
El señor “Calderon de la Barca”[1]: A pesar de lo que dice el reglamento, el señor Gonzalez ha olvidado mi duda reducida +a lo que acaba de manifestar el señor Infante. Este es un espediente de otro caracter; requiere una resolucion general, y no basta pedir noticias al gobierno. Ha dicho el señor Infante, y con razon, que este asunto deberá resolverse en consejo de ministros, porque se trata de los propios, y pertenece por este concepto al mimisterio de la gobernacion, al de guerra por la fortificacion, y al de hacienda porque se trata de contribuciones. Há aqui la razon por que se ha dado ese dictamen.
Declarado discutido el punto, y que habia lugar á votar, quedó aprobado el dictámen. (…)
______________________________
[1]Hay una calle con este nombre en Olivenza..
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É que nas veias corre-me basalto negro
No coração a ardência das caldeiras
O mar imenso me enche a alma
E tenho verde, tanto verde a indicar-me a esperança.
O texto do Hino dos Açores, da autoria de Natália Correia, oficialmente adoptado pelo Decreto Regulamentar Regional n.º 49/80/A, de 21 de Outubro, é o seguinte:
https://youtu.be/6MtL3_AEC_E
“ | Deram frutos a fé e a firmeza no esplendor de um cântico novo:os Açores são a nossa certeza de traçar a glória de um povo. Para a frente! Em comunhão, pela nossa autonomia. Liberdade, justiça e razão estão acesas no alto clarão da bandeira que nos guia. Para a frente! Lutar, batalhar pelo passado imortal. No futuro a luz semear, de um povo triunfal. De um destino com brio alcançado colheremos mais frutos e flores; porque é esse o sentido sagrado das estrelas que coroam os Açores. Para a frente, Açorianos! Pela paz à terra unida. Largos voos, com ardor, firmamos, para que mais floresçam os ramos da vitória merecida. Para a frente! Lutar, batalhar pelo passado imortal. No futuro a luz semear, de um povo triunfal. | ” |
É que nas veias corre-me basalto negro
No coração a ardência das caldeiras
O mar imenso me enche a alma
E tenho verde, tanto verde a indicar-me a esperança.
O texto do Hino dos Açores, da autoria de Natália Correia, oficialmente adoptado pelo Decreto Regulamentar Regional n.º 49/80/A, de 21 de Outubro, é o seguinte:
“ | Deram frutos a fé e a firmezano esplendor de um cântico novo:os Açores são a nossa certeza de traçar a glória de um povo. Para a frente! Em comunhão, pela nossa autonomia. Liberdade, justiça e razão estão acesas no alto clarão da bandeira que nos guia. Para a frente! Lutar, batalhar pelo passado imortal. No futuro a luz semear, de um povo triunfal. De um destino com brio alcançado colheremos mais frutos e flores; porque é esse o sentido sagrado das estrelas que coroam os Açores. Para a frente, Açorianos! Pela paz à terra unida. Largos voos, com ardor, firmamos, para que mais floresçam os ramos da vitória merecida. Para a frente! Lutar, batalhar pelo passado imortal. No futuro a luz semear, de um povo triunfal. |
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Morreu Manuel Medeiros Ferreira, autor de “Ilhas de bruma”, um “hino não institucional”, escrito há 30 anos num dia em que “não se via nada e as gaivotas vinham mesmo beijar a terra.” Goste-se ou não de falar das brumas destas ilhas, certo é que com esta canção, “corremos mundo”. Sinto muito. ouvi-o tocar para nós, ao vivo no Moinho terrace Café de Porto Formoso quando ali celebrámos os 35 anos de abril…