jornal Público “arrasa” Colóquios da Lusofonia

 

acabo de receber esta extraordinária peça, mas não sei se lhe chame jornalismo… FALANDO DA SUA CÁTEDRA SEM JAMAIS SE TER DESLOCADO A NENHUM COLÓQUIO, O ARTICULISTA DO JORNAL PÚBLICO (ferozmente anti-AO) “arrasa” os nossos colóquios e todos os escritores, investigadores e demais pessoas (centenas várias) que ao longo de 19 edições vieram aos colóquios e certamente, ao contrário do que o articulista insinua, não foi para fazer turismo…Fico pessoalmente grato pela publicidade gratuita naquele que já foi o mais prestigiado jornal português e do qual fui cofundador ….

COLOQUIALMENTE FALANDO

“Quando lhe perguntavam se era a favor ou contra o Acordo Ortográfico (AO), ele, para ser franco, respondia sempre que lhe parecia um desperdício, um embuste, uma fraude, que a ortografia já evoluíra de diferentes formas e que o importante era entendê-las a todas e pronto. Em geral ficava-se por aí. Até que um dia, como sucede aos incréus perante as bem-sucedidas tentações de uma qualquer religião, indicaram-lhe um endereço e ele viu a luz. Sim, deixou-se literalmente encandear pela súbita revelação da novidade. Estava ali, aos seus olhos, tudo o que não vira quando se juntara aos protestos anti-AO, quando andara em colóquios, distribuíra panfletos, abaixo-assinados, cartas de protesto e indignação. Afinal era aquilo. Podiam-lhe ter dito que ele talvez ponderasse, reflectisse e agisse em conformidade. Chegou-se ao computador e digitou http://lusofonia.com.sapo.pt/. Viu muitas caras de escritores e achou natural: a língua escrita, património comum, etc. Mas do lado direito viu um botão intitulado “Colóquios da Lusofonia”. Seguiu por ali, como lhe tinha sugerido uma alma bem-pensante. E, no meio de imagens aos pulinhos, siglas, um arco-íris escondido por detrás de uma árvore, eis que se lhe desvendou um mundo novo aberto à língua portuguesa: o da recreação. Lá estava (e lá está, ainda, para quem queira consultar) a lista das viagens, as condições hoteleiras, a ementa, as reservas de quartos, tudo. E, claro, o programa do mais recente colóquio, o sarau musical, tudo como deve ser.
Parecia, e parece, uma coisa feita por principiantes no manejo de computadores, mas deve desculpar-se tal insignificância diante do alcance da coisa. Que, aliás, está contada a preceito num documento intitulado “Historial dos Colóquios da Lusofonia”. É só clicar noutro botãozinho, do lado esquerdo do ecrã (AICL historial), e surge um PDF de 13 páginas assaz elucidativo. Escrito na primeira pessoa, embora sem assinatura, explica ao recém-chegado que são “uma associação cultural e cientifica [assim mesmo, sem acento, mas não se pode exigir tudo] sem fins lucrativos”, “um exemplo da sociedade civil atuante em torno de um projeto de Lusofonia sem distinção de credos, nacionalidades ou identidades culturais”. Ora o “exemplo” faz colóquios. Que “juntam os congressistas no primeiro dia de trabalhos, compartilhando hotéis, refeições, comunicações, passeios e, no último dia, despedem-se como se de amigos/as se tratasse”.
Não está bem escrito, longe disso, mas não se pode exigir que quem pugna pela unidade da língua se preocupe ao mesmo tempo em escrevê-la bem. É uma sobrecarga terrível, nem calculam. Mas adiante. À nona linha já o autor está a citar Martin Luther King para explicar que em dez anos já fizeram 18 colóquios. Não se percebe a analogia com o sonho de King e menos ainda que a citação seja errada: “I had a dream” em lugar do muito conhecido e difundido “I have a dream…”. É só um pormenor, que para o efeito (o das viagens e alojamento) não importa absolutamente nada. O que importa, na verdade, é que aos 18 colóquios já realizados o grupo quer juntar muitos mais e, “depois do Brasil, Macau e Galiza quer voltar ao Brasil, ir aos EUA e Canadá, Cabo Verde, Roménia e outros países”. E que países?, quis ele saber, lendo avidamente o documento. “Roménia, Polónia, Bulgária, Rússia, Eslovénia, Itália, França.” Tudo pela divulgação da “açorianidade literária”, pretexto mais imediato (hoje mesmo o grupo está de visita aos Açores, já agora) e, claro, pela “unificação da ortografia” consagrada no AO. O que se percebe, porque os turistas, perdão, os padroeiros da bendita causa, são precisamente os “pais” do AO, Malaca Casteleiro e Evanildo Bechara, com uma pequena mas robusta corte de acompanhantes.
Ah, pensou ele, relendo o documento, como é alegre a “expansão da língua”! Que rotas, que paisagens, que oportunidades de conhecer novos mundos! E tudo a sair do bolso dos inscritos, claro, não venham já caluniar… Mas com “apoios protocolados para cada evento” e tentando, “ao nível logístico”, “beneficiar do apoio de autarquias com visão para apoiar a realização destes eventos”.
E foi assim que ele, vendo finalmente a luz da letra viajante, resolveu aderir ao grupo dos excursionistas da língua. Parece que até em Bora Bora há gente interessada no AO, sabiam?”
Nuno Pacheco, in jornal Público, de 17 de Março de 2013

joel neto nas correntes d’escrita

 

publicado por JN em 24/2/13

Julgo que se pode dizer que a literatura sempre teve, para mim, algum tipo de serventia em particular. Tomei contacto com ela aos quatro/cinco anos, soletrando de dedo esticado as palavras da Bíblia Sagrada, e logo ela assumiu a sua primeira utilidade prática. Nós éramos protestantes, manuseávamos “O Livro” – e era através d’“O Livro” que começávamos por manifestarmo-nos gente.

Mal se insinuava no horizonte a entrada para a escola, recebíamos do nosso avô um relógio e dos nossos pais um exemplar das Escrituras, tradução de João Ferreira de Almeida, Velho e Novo Testamento num volume só – e era com esse volume debaixo do braço, transportado numa pastinha de napa, sublinhado a marcadores fluorescentes e decorado nos seus versículos essenciais (João 3:16, todo o Salmo 23, o “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho”, do Evangelho Segundo Marcos) – era com esse volume debaixo do braço que nos tornávamos, por assim dizer, gregários.

Depois, aos catorze/quinze anos (talvez dezasseis, embora eu goste de acreditar que foi mais cedo), eu percebi, enfim, que a literatura existia [não foi só a literatura, mas tudo o resto que se descobre aos catorze anos é inconfessável]. Dei numa montra com um exemplar de “Um Deus à Beira da Loucura”, de Daniel de Sá [há aqui vários amigos e admiradores de Daniel de Sá], e, da primeira vez que alguém me pôs dinheiro no bolso, peguei em quinhentos escudos e fui comprá-lo.

Eu alinhava razoavelmente as frases na disciplina de Português, mas não fazia sequer ideia de para que servia um livro que não a Bíblia. Na verdade, era aquele qualificativo, “À Beira da Loucura”, atribuído ao Criador de todas as coisas, que me interessava. Eu julgava ter descoberto que o Deus que me cativara a infância era, afinal, invejoso e castigador, repleto de proibições e de cólera – e ter aquele livro sobre a mesa de cabeceira assumia duas serventias em simultâneo: não apenas me fazia sentir profundamente subversivo, como também menos só na posse desse segredo de que Deus, na verdade, era mau.

Depois, sim, depois li essa pequena novela de Daniel de Sá. E depois um romance. E outro, e outro – uma série deles, açorianos e do mundo. E ler livros tornou-se uma bandeira: aquilo que me distinguia no meio do marasmo de uma ilha triste e enfadonha. E depois a ideia de que escrevia bem tornou-se outra bandeira ainda: o meu melhor recurso para aplacar a menoridade social.

Nada disto, até aqui, é distinto daquilo que aconteceu convosco. E estamos de acordo: esta é, muito provavelmente, a serventia mais frívola que os livros e a literatura podem ter nos nossos percursos de vida: primeiro colocam-nos numa posição um nadinha mais a salvo das crueldades da adolescência (do tipo: “Deixa lá estar esse, que lê livros e deve ser meio maluco”) e depois até nos arranjam namoradas, nos tempos da faculdade, onde qualquer vago aforismo parece capaz de mobilizar a raiva, ou pelo menos de enternecer um coração.

Quem nunca precisou dos livros para prevalecer sobre a inaceitação, qualquer que ela seja, provavelmente nunca precisou dos livros como os livros devem ser precisados.

E depois, finalmente, veio a utilidade da idade adulta. Lidos ou mesmo escritos por mim, os livros passaram a servir-me para regressar a casa. Eu vivia em Lisboa há cinco, há dez, há quinze anos – e só os livros conseguiam devolver-me à ilha, inclusive à ilha que já nem sequer existia, e que aliás agora já não me parecia tão triste e enfadonha, mas alegre e exuberante e autêntica e minha. Também nisto coincidiremos, muito provavelmente: escrever, como ler, continua a ser sobretudo um modo de voltar. De voltar à infância. De voltar a casa. De voltar, até, a onde nunca sequer se esteve, se me permitem o paradoxo fácil. Um modo de fazer as pazes. E um modo de continuar.

Julgo que, se não tivessem sido os livros, eu nunca teria conseguido viver vinte anos em Lisboa, penando com a ausência da terra-mãe. E tenho a certeza de que, se não tivessem sido eles, não teria conseguido regressar em definitivo a ela, como fiz recentemente, instalando os meus modos e os meus gestos e os meus cheiros e as minhas rotinas e os meus objectos lisboetas na freguesia rural da Terra Chã, ilha Terceira, na casa onde os meus avós viveram os últimos cinquenta anos das respectivas vidas, e assim dizendo o meu próprio: “Para sempre. Aqui estou.”

Mas: para que me vão servir os livros agora? Eis a dúvida por que me deixei assaltar aqui há umas semanas, quando peguei nas cento e poucas páginas já escritas do romance em curso, as reli pela duocentésima vez e cheguei à conclusão de que estavam, afinal, “uma merda” – de que, em suma, eu não tinha a mínima ideia do que estava a fazer.

Para que vou eu precisar dos livros agora? Tenho as pazes feitas com Deus, de cuja música e de cuja arquitectura gosto tanto. Os vizinhos colhem batatas ou matam um porco ou fazem uma pipa de aguardente de néveda e vêm dependurar-me na porta um bocado, para eu provar. De namoradas, já tive mais do que merecia: duas – e, aliás, ou muito me engano, ou já casei vezes suficientes [casei com as duas].

E, entretanto, regressei de facto a casa. Regressei a casa e sento-me a ler o jornal da terra naquela mesma cozinha onde o meu avô, José Guilherme, se sentava a ler o jornal da terra – e às vezes vem o meu pai e senta-se comigo, e às vezes vem o Zé Maria e senta-se connosco, embora só eu o possa ver porque é um fantasma – e a certa altura já estamos à mesa todos, eu e aqueles a quem dediquei livros, sobre quem escrevi, cujo amor quis conservar, e pergunto-me: “Escrever o quê, agora?” E o que estou a perguntar é: “Escrever para quê? Terão alguma serventia, a partir daqui, os meus textos?”

Afinal, sem serventia, neste tempo, é que já não dá mesmo. John Banville está a reescrever Philip Marlowe e William Boyd a reescrever James Bond – talvez com a serventia de enriquecerem, talvez com a serventia de submeterem a literatura às regras do cinema comercial. Cada vez mais de nós estão a escrever segundo uma estranha corruptela desta língua, “exceção” sem P, “hei de” sem hífen, “para!” sem acento – talvez com a serventia de ajudarem a tornar a língua num mercado, talvez com a serventia apenas de agradarem a nem sabem bem quem.

E eu, não sendo capaz de reescrever Elias Santana, nem sequer João Garcia, e menos ainda Calisto Elói, escreverei agora para quê? “Apenas” para tentar reinventar ligações entre as palavras, na presunção de que poderei ser eu a iluminar-lhes novas utilidades e, por conseguinte, a abrir-nos a todos novos modos de pensar?

Logo eu, que vivo subjugado pelos computadores, dependente da Internet, submetido à ditadura dos iPhones e dos iPads – poderei ser eu a oferecer à literatura uma nova superação da sua subalternidade, a permitir-lhe vingar-se, mais uma vez, da urgência de uma serventia, a encontrar-lhe nova e superior serventia? E logo neste tempo em que se deixou, em definitivo, de ouvir as palavras “Este livro mudou a minha vida”? Logo agora, que até se convencionou que as elites se podem dispensar de uma cultura literária e serem simplesmente cretinas – e dizerem, inclusive, que se um sem-abrigo aguenta, temos todos nós mas é de aguentar também?

Resta-me, pois, juntar-me a Daniel de Sá e escrever para aquela montra de Angra do Heroísmo onde talvez passe um jovem de dezasseis anos e queira distinguir-se entrando. Resta-me, provavelmente, juntar-me a Daniel de Sá e a Álamo Oliveira e a Dias de Melo e a Madalena Férin e a Urbano Bettencourt e a Emanuel Jorge Botelho e a Vamberto Freitas e a Onésimo Teotónio de Almeida e a João de Melo – a João de Melo também, sim –, e aliás a tantos outros, e tentar oferecer aos meus livros a serventia de tocarem um rapaz de dezasseis anos e, quem sabe, deixá-lo para sempre obcecado com a ideia de voltar a casa.

Interessa-me pouco o debate académico em torno da existência ou não de uma literatura açoriana, em que tantos dos escritores da geração anterior à minha se desgastaram. Mas interessa-me que a literatura tenha sido, ao longo destes quase quarenta anos de autonomia política e administrativa dos Açores, uma das mais importantes ferramentas para a consolidação de uma identidade comum àqueles nove (e tão distintos) pedaços de terra dispersos pelo mar.

Por isso, se me dão licença, eu vou ficar ainda um pouco mais chato com os Açores. Os meus livros vão tornar-se mais açorianos ainda e as minhas conversas mais açorianas ainda e eu mais insistente ainda nas tentativas de despertar os lisboetas e os portugueses para a opressão silenciosa – para a opressão sorridente – de que a minha gente e as suas possibilidades estão a ser alvo.

Será essa, a partir de agora, e em definitivo, a minha serventia. “A serventia dos meus textos”, como diz o poeta. Também eu quero, enfim, tornar-me naquilo que sempre fui: um escritor de fronteira, atento à fúria dos elementos e atento à fúria dos homens.

E, pelo meio, talvez os meus livros venham a ser capazes de sugerir que, no fundo, nunca se regressa verdadeiramente a casa. Que, na verdade, a infância é irrepetível – e que, muito provavelmente, a maior tragédia de todas é mesmo essa.

Talvez eles possam, enfim, continuar a ser literatura. Ou mesmo serem-no finalmente.

 

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“Estamos demasiado portugueses. Temos de tornar-nos novamente um pouco mais açorianos e um pouco menos portugueses.” Digo-o a meio de um raciocínio mais ou menos tortuoso sobre literatura açoriana, feito em resposta a uma pergunta da audiência. Não me soa tão mal quanto isso, e o incómodo com que alguns dos presentes reagem agrada-me. A dirimir.

 

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Muito me agradaria se me convidassem todos os anos, para este ou para outro festival. Um festival literário a cada doze meses seria uma boa maneira de, face às fronteiras da ilha, me reposicionar perante a coisa literária, o seu universo, a sua magia. O vereador que preside à cerimónia de encerramento elogia-me a intervenção e convida-me a voltar em 2014. Talvez tenham sido palavras de circunstância. Mas fico satisfeito.

 

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É, para além de um milagre e um exemplo de organização, o certame. Esta tarde vinha caminhando na rua com o Marmelo e logo apareceu um carro oficial, com um diligente motorista oferecendo-nos transporte para alguma parte. Inspirador.

 

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Na última noite de copos, volta a cantar-se o “Grândola”, meio a brincar e meio a sério. Alguns dos mais zangados olham para mim, a conferir se tenho coragem. Já algum tempo que sou o conservador de serviço, e não se pode dizer que a ideia me desagrade. Mas canto com eles, naturalmente. Sou um democrata e não apenas respeito, como admiro (mais do que admirar: venero) o 25 de Abril. Exactamente como eles. E que possam questionar-se sobre isso é outro sinal da esquizofrenia em que neste momento vivemos.

 

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De resto, até para isso este festival serviu: para confirmar a hipótese de os intelectuais não estarem a desempenhar devidamente o seu papel nesta crise. Identifica-se o problema, mas não se propõe alternativa – e, pelo meio, tudo se resume a um maniqueísmo ritualista muito mais próximo (de novo) do comportamento de uma claque de futebol, ou do dos adolescentes carregados de hormonas em dia de aula de Educação Física, do que do pensamento. É normal um intelectual comportar-se como um soldado, num certo instante ou durante um determinado período de tempo. Mas, se todos os intelectuais se comportam como soldados ao longo de um mesmo período de tempo, a quem poderemos recorrer como intelectuais?

 

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Mas não, este não é um tempo especialmente auspicioso para um moderado. De facto, não é.

a autonomia muda Manuel Leal

A autonomia muda

Manuel Leal

Para publicação no Expresso das Nove

 

A autonomia está sob um ataque matreiro, subtil e silencioso. É o prosseguimento da política de contenção iniciada ainda em 1975 pelo general Altino de Magalhães, um militar ardiloso como uma raposa. Desde então, todas as chamadas conquistas autonómicas não passaram de concessões táticas da República. O governo central beneficia ainda da conspiração de interesses internacionais que o dominam.

Seria de esperar, todavia, que os órgãos do Governo Regional reagissem a esta nova investida. Não há uma estratégia credível das chamadas hostes autonómicas para resistir como em termos históricos antes ocorreu. Porque é preciso colocar o Governo da República perante um nó górdio. Ou respeitaria a autonomia, ou teria de acabar com ela, forçosamente. Mas seria preciso coragem, e lealdade aos Açores, para se colocar a justiça desta posição, sistematicamente e de modo insistente, à avaliação do povo açoriano. Por isso a TV regional, independente e isenta de cordelinhos prosélitos, é mais necessária do que os «melhoramentos» de fachada com propostos publicitários.

A oposição a este assédio cada vez mais apertado tem de fazer-se através da voz popular. De maneira que o governo central se veja forçado a intervir diretamente ou a respeitar a vontade açoriana. A primeira seria recebida no mundo, e sobretudo onde a diáspora açoriana possui uma presença numerosa, com um vozeirão de protesto. A segunda, porém, não enfraqueceria a integridade da nação. Não está em disputa o gestalt nacional, mas o processo neocolonialista no exercício do poder central.

Independentemente dos erros que o governo de Carlos César cometeu ao longo dos anos, em alguns dos momentos mais graves ele identificou-se, pelo menos de modo simbólico, com a defesa da autonomia. Mas o governo do seu sucessor, Vasco Cordeiro, parece manifestar uma timidez incómoda, evocativa dos últimos anos, anémicos, da governação de Mota Amaral.

Nenhum dos partidos no Governo Regional soube ainda lutar pela autonomia numa aliança inequívoca com o povo, após o período inicial do entendimento entre o PPD/ PSD e a FLA. Por isso caiu a administração social-democrata de Mota Amaral, que abandonou o governo apadrinhado pelo seu partido nacional. O atual elenco socialista, tanto no Executivo como na Assembleia, de que muito se esperava, prefere funcionar no silêncio no relacionamento com a metrópole . Fora da observação popular, francamente, ninguém sabe o que faz.

Os partidos com assento nos órgãos do governo do Arquipélago são extensões dos partidos nacionais, como as vacas à corda. Só assim se explicam as verbas eleitorais e outros privilégios que os reizetes regionais recebem dos sobas nacionais. Naturalmente, presume-se que têm de obedecer à estratégia eleitoralista, e não só, das estruturas centrais sedeadas em Lisboa.

Por outro lado, os açorianistas ainda não souberam trazer para as eleições líderes relevantes e geralmente respeitados como tal, e populares, a fim de conquistarem a confiança dos eleitores. Nem possuem os meios financeiros e a organização para competirem com as associações nacionais. A legislação portuguesa, como todos os sistemas centralizados e neocoloniais depois da doutrina de Woodrow Wilson, criou uma organização enganosa e legalista que favorece os chefes partidários e os grupos de interesses apostados na minimização do poder regional.

A autonomia perdeu credibilidade. Não alimenta a esperança, nem oferece uma alternativa, de que as instituições açorianas se possam opor ao centralismo da metrópole. O Governo Açoriano, e o partido que o mantém, caminha para um fiasco sem uma postura claramente autonómica.

as mulheres de Gugunhana

Moçambique

AS MULHERES DE GUNGUNHANA, POR MARIA DA CONCEIÇÃO VILHENA

1. No último quartel do século XIX, nas terras do sul de Moçambique, entre os rios Incomáti e Zambeze, Gungunhana impunha-se como o maior potentado africano. Era o senhor do reino de Gaza, tinha mais de uma centena de vassalos e possuía uma enorme riqueza, constituída por ouro, marfim e rebanhos de gado. O seu prestígio político e social vinha-lhe ainda do facto de possuir entre 200 a 300 esposas: 40 viviam junto da corte e as restantes habitavam nas aldeias circunvizinhas. A aquisição de novas esposas fazia-se a um ritmo quase bimestral; e cada casamento era sempre causa de maior engrandecimento, por permitir novas alianças e atrair grande número de presentes. Era uma grande honra ter o régulo de Gaza como genro e protetor. Seria demasiado longo falarmos da vida que levavam estas mulheres em geral; por isso nos limitaremos às sete que acompanharam o marido no exílio.

2. No dia 28 de Dezembro de 1895, após algumas tentativas de negociações e a derrota de Coolela, seguida do incêndio do Manjacaze, a capital de Gaza, Gungunhana foi feito prisioneiro em Chaimite, por Mousinho de Albuquerque. O oficial português deu então ordem ao régulo para que escolhesse sete de entre as suas mulheres, que o acompanhariam no seu incerto destino. Foram [seis] delas: Namatuco, Patihina, Muzamussi, Machacha, Xesipe e Dabondi. Feitas as suas poucas bagagens, lá seguiram os prisioneiros a pé durante algumas horas, até chegarem a Zimacaze, na foz do Chengane. Aí embarcaram na canhoneira Capelo, que os estava esperando e os transporta até Chai-Chai. A propósito deste embarque, queremos lembrar que, na cultura angune, havia um tabu proibitivo de entrar na água e comer peixe. Os prisioneiros devem, pois, ter sido invadidos pelo horror de viajar de barco, o que irá repetir-se, por várias vezes, até ao fim da deportação. Com os onze prisioneiros do Manjacaze (Gungunhana, o filho Godide, o tio Molungo, o cozinheiro Gó e as sete mulheres), embarcam também o régulo da Zixaxa e três mulheres deste, cuja sorte iria ser igual à dos outros. Em Chai-Chai, na foz do Limpopo, passam então para o navio Neves Ferreira, que os transporta até Lourenço Marques, onde chegam no dia 4 de Janeiro [de 1896]. Aí desembarcam e são mantidos na cadeia homens e mulheres, até serem levados para bordo do “África”, após o seu reconhecimento oficial, feito em público. Neste navio África fariam uma viagem de 60 dias, até Lisboa. As condições a bordo deviam ser péssimas, pois Gungunhana e seus companheiros, num total de 15 pessoas, ocupavam apenas dois compartimentos pequenos, escuros e mal arejados. Por razões de segurança, aí ficavam fechados à chave, sempre que o barco fazia escala em qualquer porto. E foi o enjoo, a asfixia, a imobilidade, a juntar à angústia da dúvida sobre o futuro que os esperava. Os jornalistas falam mesmo da tentativa de suicídio por parte de uma das mulheres…

3. Na manhã do dia 13 de Março de 1896, desembarcam em Lisboa e são conduzidos em caleches descobertas, do Arsenal até ao forte de Monsanto. Lisboa em festa, a abarrotar de multidões ruidosas. O público, apinhado pelas ruas, empoleirado em postes, debruçado das janelas, aos magotes, como enxames, ri, grita, vaia eufórico. Dentro das carruagens, os prisioneiros olham temerosos e embaraçados; eles com ar estupefacto, perplexo; elas apontando, curiosas e divertidas. Nunca tinham visto casas tão altas, com varandas, ruas calcetadas, praças com fontes e estátuas. E tanta gente alegre, a observa-las, durante todo o percurso. As mulheres africanas parecem bem dispostas. Do Terreiro do Paço seguiu o cortejo pela Rua do Ouro, Avenida da Liberdade, São Sebastião da Pedreira, Sete Rios, Benfica, rumo a Monsanto. Por todo o lado, em todo o percurso, era aquela mole imensa de gente, às gargalhadas e a insultar. Porém o desconhecimento da língua portuguesa dava às prisioneiras a vantagem de não compreenderem o ódio e a ironia da arraia miúda e assim, na sua inocência, poderem continuar a sorrir. Era o dia 13, uma sexta-feira de céu cinzento. Se os africanos tivessem as mesmas superstições que os brancos, tanto bastaria para que os maus presságios agudizassem ainda mais a angústia que os atormentava. A tarde aproxima-se do seu fim, quando chegam ao Forte de Monsanto. São seis horas e, em Março, o sol está a esconder-se. As instalações onde são recebidas nada têm de semelhante àquelas casas que, na Baixa, as haviam deslumbrado. Passada a ponte levadiça, entram numa masmorra, onde a escuridão era quase total. As mulheres estão agora assustadas e o terror estampa-se-lhes no rosto. O quarto que lhes haviam destinado, encontrava-se seis metros abaixo da superfície. Espaço escuro, bafiento, mal cheiroso, húmido e frio. Suspiravam amedrontadas e foi necessário tranquilizá-las; mas continuaram a tremer de frio e talvez de medo. Assim as encontrou o médico encarregado de examinar o seu estado de saúde. São-lhes mostradas as camas e explicam-lhes como são utilizadas. Até então haviam dormido no chão, sobre esteiras. Convencidas finalmente de que não lhes iria acontecer mal, ao entrarem nas camas riram ruidosamente. Nesta fortaleza de Monsanto iriam ficar encerradas durante quatro meses, aproximadamente. Gente habituada a viver ao ar livre, em contacto com a natureza e em constante movimento, vê-se agora privada da largueza dos seus espaços e da quentura do seu clima; imóveis e geladas entre quatro paredes do calabouço, num entorpecimento do corpo e do espírito. Detestam a comida portuguesa e queixam-se constantemente de frio. Entretanto, aprendem a utilizar talheres e passam a usar vestuário europeu.

4.Como passavam o tempo essas mulheres prisioneiras?
Grande parte do seu dia era ocupado a pentearem-se, pois usavam um penteado artístico, alto, entre o cónico e o cilíndrico, que constituía um dos distintivos das mulheres grandes do Gungunhana. As mulheres pequenas, ou seja, as rainhas de segunda classe, não tinham o direito de usar esse tipo de penteado. Quanto à favorita, tinha outra ocupação, pois cabia-lhe o dever de manter sempre brilhante a coroa de cera que o marido usava e que era tecida no próprio cabelo. Além disso, dedicavam-se ao artesanato, fazendo pulseiras e colares de missangas, artisticamente trabalhados. Ao princípio, a monotonia dos dias foi quebrada pelas muitas visitas que recebiam. As esposas de ministros, ou de outras altas individualidades, conseguiam a autorização do Ministério da Guerra e iam até Monsanto, entravam nos calabouços, sorriam, levavam presentes. Por curiosidade ou para cumprir o dever de visitar os presos. Não conheciam a língua, mas comunicavam por gestos de simpatia. Ofereciam fruta e doces, objetos variados, pequenos nadas que davam prazer. Um jornalista referiu uma vez a agilidade e delicadeza com que uma dessas mulheres prisioneiras calçou umas luvas que acabava de receber. Com tanta facilidade e perfeição como se a isso estivesse habituada de longo data; e um dia em que uma senhora lhes ofereceu flores, com elas adornaram alegremente os seus penteados. As prisioneiras mostravam aos visitantes os seus trabalhos em missangas, com cores variadas e caprichosos desenhos. Estes apreciavam, elogiavam-lhes a arte, sorriam. Mas um dia acabaram-se as visitas, por o ministério as ter proibido. E então foi a solidão total. Tensão, crises de mau humor, cólera, emoções descontroladas, transgredindo assim a contenção imposta pela disciplina militar. O recluso tem de obedecer, mas os nervos começam a dar sinais de fadiga. Há gritos e ameaças, intervenção das forças da ordem. As mulheres choram, os homens são punidos. Era muito difícil, para um rei déspota e violento como Gungunhana, a renúncia calma ao prestígio de que gozara e a aceitação submissa do vencedor português. Cada vez mais angustiado e atormentado pelo receio da condenação à morte, Gungunhana atinge o limiar das suas forças. Adoece gravemente e tem de ser hospitalizado. A sua partida para o hospital impressionou de tal modo as rainhas, que estas quase deixaram de comer. Algumas delas adoeceram mesmo e o médico chegou a propor o seu internamento. No dia em que o marido regressou recuperado, foi grande a alegria das esposas, traduzida em carícias, gargalhadas e gritos de prazer que entoaram pelas celas. De repente a imprensa deixa de se interessar pelos prisioneiros africanos. O encanto da novidade tinha-se extinguido; e agora nada mais saberemos a seu respeito, a não ser que passaram os meses de Abril, Maio e Junho, na mais horrível solidão. Dias a decorrer na penumbra, incertos de futuro, exíguos de espaço, longos de monotonia, húmidos e frios. Até que, no dia 23 de Junho [de 1896] os jornais anunciam a partida do Gungunhana e dos seus três companheiros, na véspera, para os Açores. E as mulheres? Não partem, por enquanto. Apesar das visitas simpáticas que haviam recebido, a sociedade lisboeta havia-as rejeitado, escandalizada com a poligamia. Para acabar com o pecado, as autoridades haviam decidido separá-las do marido. Segundo contam os jornalistas, foi muito dolorosa a separação, nesse dia 22 de Junho, pelas 7 horas da manhã. Eles a tremer, de lágrimas nos olhos, convencidos de que iam ser mortos. Elas sem quererem separar-se deles, chorando, gritando, lamentando-se. Esquecidas pela multidão que antes rodeava o forte, abandonadas aparentemente pelas autoridades, a solidão destas mulheres tornou-se insuportável. Tiraram-lhes os seus companheiros; e ali ficam sozinhas, de 22 de Junho a 6 de Julho. Duas longas semanas de dor, de dúvida, de solidão e de medo. Caídas numa apatia total, nem forças tinham para qualquer eventual acesso de fúria. Era a segunda desagregação familiar que sofriam. A voz do sangue silenciada por razões de ordem moral e política. Desprevenidas, indefesas, arrancadas a laços e raízes, elas esperam não sabem o quê. Finalmente vem do Ministério a decisão: despachá-las para a ilha de São Tomé. Pelas 5 horas da manhã do dia 6 de Julho recebem então ordem para se vestir e partir. O sofrimento que deixam transparecer é tão grande que os próprios jornalistas se sentem comovidos e revoltados: “pobres expatriadas”que pareciam nem ter forças para se vestir. Ninguém para se despedir delas. À chegada, estavam as ruas cheias de gente, havia movimento e alegria; agora, à partida, é o desconsolador abandono total.

5. Transportam-nas até ao Arsenal e embarcam-nas no paquete São Tomé. Já no beliche, impressionam por um silêncio desolador. Umas estendidas, de olhos fechados, como se dormissem, outras, acocoradas e lacrimosas, olhando os circunstantes com pavor; duas recusavam-se a mostrar o rosto. Debilitadas pelo entorpecimento de quatro meses, dilaceradas pelo martírio da dúvida, refugiavam-se num mutismo impregnado de horror, receio e solidão. A separação dos régulos africanos das suas esposas, e o envio destas para São Tomé, parece ter sido a resposta a uma campanha de moralização, levada a cabo por um grupo de senhoras de bem, revoltadas contra a poligamia dos negros. Era, pois, uma campanha autorizada, promovida e apoiada por pessoas de bons costumes, que consideravam a presença daquelas mulheres como um insulto à moral pública. Além disso, sendo os Açores uma terra de grande religiosidade e pureza (salvaguardada e assegurada pelas casas de prostituição…), o governo não poderia permitir uma tal promiscuidade. A separação foi, pois, uma operação de limpeza, imposta pela moral tradicional. Digamos a propósito termos a notícia de que, nos Açores, os prisioneiros africanos eram levados, regularmente, às casas de prostituição da cidade de Angra do Heroísmo. Referem alguns jornalistas que se tentou convencer Gugunhana à monogamia. Como a moral portuguesa só admitia, publicamente, uma mulher, o régulo teria de escolher uma entre as sete e repudiar seis; o que, para estas, seria uma humilhação insuportável. Gungunhana amava-as todas igualmente; e não sabia nem quis escolher uma, pois cometeria para com as outras uma afronta que ele nunca se permitiria. Por isso foi firme e enérgico, coerente com os seus princípios. Tendo-se recusado a escolher uma, a separação foi inevitável. Bem pediu o régulo, bem suplicou, mas de nada lhe serviu. Jornais houve que protestaram contra esta decisão, prevendo para Gungunhana uma lenta agonia, minado de uma saudade e tristeza que lhe encurtaria os dias; o que realmente se deu. Nada, porém, abalou as cúpulas; e as suas ordens foram integralmente cumpridas. E lá partem para São Tomé, sozinhas, vazias de sonho, sem ninguém que lhes acene com o lenço da amizade; lá seguem pela imensidão de um mar revolto, sem ninguém que lhes estenda a mão da solidariedade, sem ninguém que lhes dirija um gesto de compreensão. Um jornalista comenta: “Em São Tomé, que sorte desgraçadíssima vão ter? Não seria mais justo, e muitíssimo mais digno, enviá-las para a sua terra natal, de onde nunca deveriam ter saído?!” Era muito grave, aqui no continente, ser-se acusado de “propensões benévolas” para com o Gungunhana. Para se tomar o partido deste, era necessário não só muita coragem, como carecia de um preâmbulo filosófico, moral e religioso, com apelo à caridade. De contrário, corria-se o risco de ser acusado de traição à pátria. Ou de imoralidade. Ou de atentado aos princípios cristãos. Só depois de tomadas todas essas precauções, a Folha do Povo arrisca criticar e condenar ferozmente o comportamento do Ministério da Guerra, que acusa de iníquo e cruelmente bárbaro. Igualmente encontramos críticas violentas no Jornal do Comércio, onde um jornalista, sob o pseudónimo de Fernão Lopes, põe em realce a hipocrisia do governo, escudado no que chama “escrúpulos religiosos” tardios. Fernão Lopes termina o seu artigo relembrando a maneira correta e hospitaleira como os portugueses foram sempre recebidos por homens e mulheres da corte de Gungunhana.

6. Passados doze dias de náusea e imobilidade, as mulheres chegam a São Tomé e são entregues ao governador da ilha. Em que vão ocupá-las? Em São Tomé havia então um mundo confuso de imigrantes, vindos dos mais variados pontos de África, das mais diversas tribos, odiando-se por vezes. Basta olharmos as listas das levas que chegavam ou partiam, para nos darmos conta dessa variedade. Em comum, tinham apenas a cor da pele; e o trágico destino da falta de trabalho. Falavam dialetos diferentes e desconheciam-se entre si. Foi para o meio desta confusão que as rainhas destronadas foram levadas. Que destino lhes foi dado? A Folha do Povo, de 13 de Novembro desse ano de 1896, e respondendo a vários jornais de Lisboa, dá-nos algumas informações. Recordemos que, juntamente com as sete mulheres de Gungunhana, se encontravam mais três, as do régulo Zixaxa, suas companheiras de infortúnio desde o início do exílio. Eram, pois, dez ao todo. Segundo o citado jornal, oito destas mulheres estavam colocadas no hospital civil e militar; e as duas restantes no palácio do Governo. Constava pouco ou quase nada fazerem; e o articulista lamenta que, dado a falta de braços em São Tomé, as não tenham empregado “em qualquer trabalho útil, mediante remuneração condigna”. Vem a propósito lembrar que se tratava das mulheres grandes do régulo, isto é, as de mais elevada categoria social na hierarquia feminina, que tinham ao seu serviço as mulheres pequenas, espécie de ecónomas encarregadas de dirigir os bandos de escravos a trabalhar na corte. Eram, portanto, rainhas que nada costumavam fazer e sem hábitos de trabalho. J. F. Marques Pereira, na obra intitulada No Tempo de Gungunhana, publicada três anos mais tarde (1899), diz que as mulheres foram para São Tomé “servir de mancebas, em amiganços baratos, e para acarretar pedras”. E António Pedro de Vasconcelos no filme Aqui d’ El-Rei, faz dizer a uma das personagens que elas foram levadas para um “bordel do exército”. Não encontramos documentos oficiais que nos permitam negar ou confirmar tais informações. Tratava-se de mulheres que só interessaram enquanto rainhas de um reino cobiçado pelos europeus. Destronado e preso o soberano, perdidas as esposas no meio da massa anónima santomense, o governo, não vendo nelas qualquer perigo, deixava-as cair no esquecimento.

7. Em São Tomé, as rainhas africanas dos reinos de Gaza e da Zixaxa foram ultrapassadas e absorvidas pela história. Quinze anos de esquecimento; quinze anos de trabalho silencioso, de dor ignorada, de sofrimento mudo que levaria três delas à morte. Num silêncio de deserto, as rainhas tinham sido tornadas escravas submissas, feitas consentimento e conformismo. Enigmas de uma grandeza descaída. Mas em 1910 é implantada a república; e muita coisa vai mudar. Alguém se lembra dessas mulheres exiladas e decide que regressem ao país. Comédia eleitoralista ou desejo de reparação? Gungunhana já havia falecido em 1906. A ordem de repatriamento, em 1911, foi sem dúvida recebida com euforia; era a esperança do regresso a casa que renascia. Só que já não havia casa. Nem país. Gaza tornara-se num distrito da colónia de Moçambique. Os familiares tinham-se espalhado, cada um para seu lado, alguns presos, outros refugiados no estrangeiro. Era a desintegração progressiva dos pequenos estados indígenas e a substituição dos costumes africanos pelos europeus. Desconfiadas, assustadas, sem o elo de união que era o marido, só o medo as irmanava agora; e cada uma vai para seu lado.

8. Eram sete, regressavam quatro. As três mais vulneráveis haviam atingido o limite que desemboca na morte: Muzamussi, Dabondi e Fussi haviam ficado sepultadas em terra santomense. Patihina volta a casa, mas o medo lavra na família e ela decide fugir para o Transval, com o filho Tulimahanche. Foram juntar-se aos milhares de emigrados de Gaza, amigos e familiares de Gungunhana, que se haviam fixado em Spelonken. Tulimahanche seria, em 1932, o chefe de um dos dois grupos de exilados angunes que aí existiam então. Namatuco, Chlézipe e Machacha traziam filhos arranjados em São Tomé, nos quinze anos de exílio; filhos que, nada tendo com Gungunhana, não corriam o risco de vir a ser presos pelos portugueses. Por isso não recearam em fixar-se na região onde tinham vivido anteriormente: Chaimite, Chibuto e Chai-Chai, respetivamente. Tinham cumprido plenamente o destino ancestral da mulher: resignar-se e sofrer, numa passividade submissa. Já no seu país, continuarão a cumprir o mesmo destino, como “criadas de servir”.

9. E terminamos. Com este trabalho, tivemos a intenção de dar som às vozes silenciosas de mulheres que sofreram cruelmente no todo das suas vidas, o que de mais negativo pôde haver no encontro da cultura africana com a cultura europeia. Mulheres esquecidas, relegadas para a periferia da história, quando elas estavam, afinal, bem no centro dessa história. Elas eram as rainhas do império de Gaza, onde tinham exercido uma importante função política. Elas eram as esposas do então maior potentado da África austral, pelo que pagaram com quinze anos de exílio. Moralmente mutiladas, elas foram as vítimas inocentes de um evoluir da história africana, provocado por decisões e projetos da Europa, os quais levaram a alterações sócio-políticas que as afetaram no mais fundo das suas idiossincrasias. Desfeita a sua vida privada, desagregada a sua família, estas mulheres tornaram-se o símbolo de uma África desmoronada e dividida por ideologias levadas da Europa.

*Autora de Gungunhana no Seu Reino, Gungunhana, entre outros

 

extraido de diálogos lusófonos

JUDEUS NOS AÇORES nos primórdios da ocupação da ilha do Faial

Os judeus nos primórdios da ocupação da ilha do Faial

Terra periférica, o Arquipélago dos Açores nos tempos iniciais do povoamento também foi local escolhido por famílias cristãs-novas para fugir às perseguições de que eram vítimas. Segundo pesquisa de Isaías da Rosa Pereira, em seu trabalho “Alguns açorianos na Inquisição de Lisboa” ( O FAIAL e a periferia açoriana nos séculos XV a XIX- Núcleo Cultural da Horta), existe um relato documentado na Biblioteca da Ajuda ( Symicta Lusitana ) de uma pequena revolta de judeus, na Ilha do Faial, contra os demais habitantes da Ilha que os hostilizavam. Datado de 06 de janeiro de 1532, o episódio descreve a encenação que fizeram na Praça da então Vila da Horta. Armaram uma tribuna onde havia uma criança, um mascarado fingindo ser judeu e um boneco de palha . Acenderam uma fogueira e disseram à criança que mandasse queimar aquele judeu que havia cometido pecado contra a fé. Em seguida jogaram o boneco de palha na fogueira para ser queimado. Por falta de documentos, não se sabe mais acerca de outros acontecimentos.
O episódio demonstra que , claramente, havia judeus na ilha e uma repressão psicológica sobre eles. Acredita-se que a maioria tenha assumido a religião católica por toda essa situação conflituosa e pelos casamentos que sucederam entre os cristãos-novos e os velhos. Porém, percebe-se em certas família açorianas ( portuguesa), comportamentos e costumes que fazem suspeitar a influência judaica sobre elas. Como o habito de, antigamente, se eleger o sábado como o dia da higiene, do banho geral, de vestir roupa lavada, de colocar velas ardendo até o final do dia; o costume de sangrar o animal antes de prepará-lo para comê-lo, a preferência, na alimentação, pelos peixes de escamas ( os de couro não são aceitos pelas leis dos judeus), o atributo feminino na educação dos filhos, o dualismo na maneira de ser, isto é, dizer ou mostrar uma coisa na aparência e pensar ou ser outra por dentro, jurar pela alma de alguém ( rito judaico), pagar a siza ( Sizah do hebraico ), o emprego de palavras que fazem lembrar a história judaica, como judiar e massada ( fortaleza de Massada onde pereceram 800 judeus). Muitos são os hábitos e costumes que nos recordam que, em tempos passados, também tivemos a contribuição marcante da presença judaica na formação da nação portuguesa.
Maria Eduarda
Uberaba, 05/02/13

galiza a roda do povo

[Bruno Carvalho] Declaram ao mundo que se submetem à lei única dos que ousam sobreviver entre as agruras das serranias e dos penedos.

 

Para nove meses de Inverno e três de inferno, as gentes barrosãs inventaram uma forma muito própria de viver. De hábitos e tradições ancestrais, com aroma a fumeiro, a urze e a carqueija, repetem que para lá do Marão, mandam os que estão.

«Aqui, em Pitões, jamais alguém será encontrado sem vida mais do que dois dias. Aquilo que se vê nas cidades seria impossível». Enquanto arrasta duas sacas de batatas, Ana Moura traça a fronteira entre dois mundos. «Como alguém não dê sinais de vida, botamos a porta abaixo sem pedir autorização e que venha a guarda prender o povo inteiro». Enquanto conversamos, a lareira mergulha as chouriças e as alheiras no fumo e o calor queima-lhe o rosto. Admite que o apelo da cidade é forte mas que nunca abandonaria a sua terra. «Aqui, o dinheiro que temos é pouco. Não podemos ter o que têm lá. Mas nunca faltará trabalho e, a não ser quando é um mau ano de colheita, não passaremos fome.»

Às onze da noite, a temperatura queda-se pelos zero em Pitões das Junias, aldeia encravada no Gerês, a 1200 metros, no concelho de Montalegre. No primeiro dia do ano, recuperados da festa que teve a fogueira popular como protagonista, a população junta-se no mesmo largo para cantar as Janeiras. De tochas e versos nas mãos, caminham de porta em porta e reúnem as ofertas de quem lhes abre as casas. Chouriças, alheiras, vinho e queijo que vão encher a mesa do almoço comunitário que realizarão dias depois.

Entre as ruas de granito, misturam-se alguns turistas e filhos da terra que emigraram noutros tempos de miséria. Mas também migrantes destes novos tempos. Ana Paiva, proveniente de Gaia, não resistiu ao apelo de Pitões das Júnias e, de visita, rumou à aldeia com amigos durante anos sucessivos. Até que decidiu ficar e com o companheiro passou a gerir uma das tabernas mais agradáveis daquelas paragens. A Terra Celta conseguiu, num só ano, atrair galegos apaixonados pelo seu país e músicos que cultivam o gosto pela gaita-de-foles.

A Andorra galaico-portuguesa

A meia hora de carro, depois de Montalegre, entre o escarlate das árvores ainda vestidas, ergue-se a cabeça do Larouco. A montanha que recebeu o nome do milenar deus pagão alberga nas suas faldas meia dúzia de aldeias portuguesas e galegas. As suas populações foram protagonistas, durante séculos, de uma realidade tão própria que nem a definição de fronteiras pôde separar. Ainda que a sinalética rodoviária insista em indicar os caminhos para Espanha, em mais de metade das placas aparece a spray azul a palavra Galiza.

Contra a teimosia dos que julgam espanhóis quem vive na parte norte do Larouco, as semelhanças linguísticas entre os vizinhos de ambos lados da raia desmentem a tese espanholista de que a Galiza é e sempre foi Espanha. Ainda antes de Portugal conquistar a sua independência, fundava-se uma das experiências mais duradouras de comunhão entre os povos do Larouco. Até ao século XIX, existiu uma zona independente de qualquer Estado e que englobava três aldeias: Ruivães, Meãos e Santiago.

Com organização própria, o Couto Misto conferia aos seus habitantes o direito de optar por uma ou outra nacionalidade, ou mesmo por nenhuma. Ficavam isentos de qualquer imposto português ou espanhol, não eram obrigados a cumprir serviço militar e não precisavam de licença para porte de arma. Para além disso, tinha o privilégio de poder dar asilo aos foragidos da justiça de ambos Estados.

Larouco, o deus dos contrabandistas

Avessos às imposições estatais, esta parte da fronteira foi das mais violadas do país. As mulheres e homens que desafiaram as autoridades de ambos os lados da fronteira fizeram-no para alimentar as suas famílias. Mas os barrosões e galegos também rasgaram as convenções que pretendia barrar a convivência milenar. Fizeram do contrabando uma arte e nem a sintonia entre o regime de Salazar e os fascistas espanhóis, que se levantaram em 1936, comandados por Franco, conseguiram esmagar a solidariedade galaico-portuguesa.

Milhares de refugiados e resistentes anti-franquistas, pertencentes à parte democrata da guerra civil, procuraram abrigo na região do Barroso. Foram muitas as famílias transmontanas que deram abrigo às vítimas da barbárie fascista. Já depois de consolidada a vitória de Franco, as montanhas da zona foram visitadas por grupos guerrilheiros que se haviam recusado abandonar a luta armada.

Se houver um deus no mundo que seja rezado por foragidos, devia chamar-se Larouco. A divindade pagã que é também o mais alto dos montes da região não foi só refúgio dos que guiavam os seus rebanhos pelas encostas. Deu também esconderijo a guerrilheiros, protegeu a identidade de emigrantes e refugiados políticos. Mas, principalmente, serviu de caminho a contrabandistas.

Democracia avançada em tempos de crise

Imagine-se uma terra em que é uma roda a que mais ordena. Uma roda feita de casas e casas feitas de gente. Imagine-se que, desde tempos de que não fala a memória, é neste relógio de ruas lamacentas e habitações de granito que o sentido dos ponteiros decide, a cada semana, quem faz o pão. Imagine-se mulheres e homens que planificam as actividades económicas do seu dia-a-dia sob regras que aliviam o peso do indíviduo e fortalecem a comunidade.

Até há bem pouco tempo, era assim em boa parte das aldeias de Montalegre. Em algumas, ainda restam hábitos desse trabalho levantado pela força dos braços unidos. A quem tem dez cabeças de gado cabe-lhe o dobro de dias, vinte, nas encostas do Larouco a pastar todos os animais dos vizinhos. A regra é igual para todos e abre espaço para que cada um tenha tempo para cuidar de outras tarefas individuais ou comunitárias. Embora as terras estejam divididas e cada um tenha a sua colheita, em geral, a segada era feita em conjunto. Todos comiam. Independentemente da propriedade, o que definia o respeito por cada habitante era o trabalho. A quem não possuía animais ou terras cabia-lhe arranjar os caminhos e o património comum da aldeia como o Forno do Povo.

Para este mundo agreste, os transmontanos descobriram, à sua escala e com as devidas diferenças, o que a tanta gente custa entender. Se todas as praças e avenidas deste país fossem Rodas do Povo jamais governariam os que nos abrem feridas. Quem nos afundou as pescas, quem nos enterrou os campos, quem nos desmantelou as fábricas, quem nos encheu as aldeias de silêncios de cemitério fê-lo porque um rico faz-se sobre as sombras divididas de muitos pobres. Talvez devamos aprender mais com os que sujam as mãos de terra e menos com os que enchem os bolsos de dinheiro. A união dos que trabalham é o que ilumina um dos maiores valores universais da humanidade: a justiça social.

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escultor mariense – homenagem a Couto Viana

a AICL divulga escultor mariense:

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Escultor mariense radicado em Lisboa inaugura mais uma obra

O escultor mariense Carlos Matos inaugurou, recentemente, no norte do país, mais uma obra da sua autoria.
Desta feita, um busto de António Manuel Couto Viana, a homenagear este dramaturgo, poeta e ensaísta desaparecido em 8 de Junho de 2010. A sua inauguração teve lugar na cidade de Viana do Castelo, na terra natal do escritor.
Carlos Matos nasceu no dia 24 de dezembro de 1955 na ilha de Santa Maria. Em 1962 vai para Lisboa, onde tem lugar todo o seu processo escolar, até concluir a licenciatura em Artes Plásticas – ESCULTURA – pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa ( E.S.B.A.L. ) e durante o qual lhe é atribuído um prémio na cadeira de Modelo Vivo – 1978 . (
Ao longo da sua interessante e reconhecida carreira, Carlos Matos colaborou com diversos teatros, onde se salientam o teatro de S. Luiz em Lisboa, o Teatro São Carlos, participa no espectáculo “As Bacantes” – Fundação Calouste Gulbenkian – Encenação de Fernanda Lapa – Adereços, participa no espectáculo “O Leão no Inverno” – encenação de Carlos Avilez – Teatro Experimental de Cascais – Adereços, em 2002 Participa no espectáculo “a Viagem de Pedro o Afortunado” – Esculturas de Cena – Encenação de Fernanda Lapa – Teatro Nacional D. Maria II bem como diversos Teatros de Revista.
Carlos Matos honra deste modo a memória do seu pai, o Sr. Fernando Matos, personalidade sobejamente conhecida em Santa Maria, onde foi funcionário do aeroporto (ANA) desde os últimos anos da década de 40 e onde permaneceu até à década de 60. O Sr. Fernando Matos foi o autor dos cenários e dos figurinos da revista “Estás-te Consolando”, dos retratos a carvão que até há pouco tempo estiveram expostos na parede do “lounge” do cinema do aeroporto “Atlântida Cine”, da decoração do bar do Clube Asas do Atlântico (em estilo “americano” – tecto, sofás, mesas, candeeiros, painel de parede preto com parras douradas – e que se manteve desde os anos 60 até há poucos anos atrás), dos puxadores com o logotipo do CAA que ainda hoje existem na porta principal do Clube Asas do Atlântico (cujas matrizes ainda se encontram guardadas pelo seu filho Carlos Matos), e pelos elementos marinhos feitos em arame zincado pintado de preto e branco que faziam a decoração da parede da sala interior da antiga Pousada da Praia Formosa. Estes são alguns dos trabalhos que se destacaram em Santa Maria. Em Lisboa também desenvolveu a sua arte onde teve um atelier em conjunto com o artista Sam.
Uma vez mais podemos constatar que “filho de peixe, sabe nadar” e que Santa Maria tem tesouros que ela própria desconhece.

Outros trabalhos e prémios do escultor mariense Carlos Matos:
Em 1978 foi-lhe atribuída uma Menção Honrosa, no concurso de Medalha da CASA DA MOEDA. Ao longo sa sua carreira conquistou diversos prémios e a partir daí não têm parado os sucessos. Destes, destacam-se inúmeras participações em exposições (1ª. Bienal de Vila Nova de Cerveira, “Novos Escultores”- Sociedade Nacional de Belas Artes, “Artes Plásticas” Teatro Ibérico – Lisboa, Homenagem ao Prof. Reynaldo dos Santos – Vila Franca de Xira, Homenagem dos Artistas Portugueses a Almada Negreiros – Lisboa, Colectiva de Pintura e Escultura – Mercado Ferreira Borges – Porto, Exposição de Artes Plásticas de Sesimbra, V Bienal de Artes Plásticas – Festa do Avante,
“Mulher é o Tema” Museu Municipal de Loures, Escultura Portuguesa Contemporânea – Vila Franca de Xira, Exposição de Medalhas do 25 de Abril – Loures, Exposição “Jovens Escultores” – Fátima (recebe Menção Honrosa por este trabalho), ”Colectiva de Pintura – Escultura 13+6” – Galeria da Cervejaria Trindade, ”Colectiva de Escultura – Pintura” – Galeria Santa Justa, ”VII Bienal de Artes Plásticas – Festa do Avante”, ”Colectiva de Escultura e Desenho” – Convento do Beato – Lisboa, ”1ª Exposição de Medalhística da Amadora” – Amadora, ”Pintura Escultura e Fotografia de Artistas Açorianos residentes no Continente” – Câmara Municipal da Amadora, ”Exposição Colectiva “Arte contra o Racismo” – Casa da Imprensa, .”Colectiva de Escultura e Desenho” – Convento do Beato – Lisboa, ”1ª Exposição de Medalhística da Amadora” – Amadora, ”Pintura Escultura e Fotografia de Artistas Açorianos residentes no Continente” – Câmara Municipal da Amadora, ”Exposição Colectiva “Arte contra o Racismo” – Casa da Imprensa).
Destaca-se, em 1996 , quando prepara Exposição Individual “Escultura e Desenho de Carlos Matos” – Casa dos Açores – Lisboa.
Seguem-se outras exposições tais como a exposição de Artes Plásticas “Grupo Oriente” – Olivais Sul – Lisboa, II Exposição “Grupo Oriente” – Olivais Sul – Lisboa, I Bienal de Medalha do Concelho do Seixal, .Exposição Colectiva “Pintura Escultura e Cerâmica” – Galeria Quadrante – Odivelas, Exposição Colectiva “Pintura Escultura 2000” – Escola Vasco da Gama, ”6ª Exposição Internacional de Artes Plásticas de Vendas Novas”, participa na Exposição “O Figura – Homenagem a Cruzeiro Seixas – Câmara Municipal da Amadora, participa na Exposição “Laranjeira Santos – Vida e obra em Exposição” Câmara Municipal da Amadora.
No seu trabalho diversificado entre o Teatro, o Teatro de Revista (adereços e cenografia e elementos escultóricos), a medalhística e outras áreas da escultura, é convidado e participa como membro do júri em eventos como as Marchas Populares de Setúbal (cenografia).
De Carlos Matos é também a autoria das seguintes obras:
.A convite do Artista Plástico Juan Soutullo, foram-lhe encomendadas várias esculturas e a medalha comemorativa da inauguração do 1º Museu de Cera em Portugal – Fátima.
.Executa logotipo para “Estalagem D. Gonçalo” – Fátima.
.Executa peça escultórica para exposição “Depois do Modernismo”- Sociedade Nacional de Belas Artes de Lisboa.
. Em 1987 eecebe encomenda de “Relevo” para o Museu de Cera de Fátima.
. Executa peças de Escultura para a Igreja de S. José – Olivais Sul –( Imagens de S. José e Cristo
. Em 1989 é convidado a executar a Medalha Comemorativa do 15º Aniversário do 25 de Abril.
. Em 1998 executa “Monumento à Solidariedade” – Fundação C.E.B.I. – Alverca do Ribatejo.
. Executa Esculturas ( Cristo e Nª Sra. da Misericórdia ) – Santuário de Nª Sra. da Misericórdia – Coimbra
. Em 2010 são-lhe solicitados os Retratos (escultura) de António Manuel Couto Viana e Maria Manuela Couto Viana – Homenagem a Couto Viana – Viana do Castelo
Em 1991 é convidado a dar um Curso de Modelação na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (E.S.B.A.L.)
Carlos Matos conta com diversos prémios para além dos já mencionados, tais como:
1985 – Foi-lhe atribuído o 1º prémio de Medalha na “Homenagem dos Artistas Portugueses a Almada Negreiros”
1986 – Recebe Menção Honrosa no concurso de Medalha “TOTOBOLA”
1991 – Recebe o 2º prémio no Concurso de Medalha do “Totoloto”
1992 – Participa e recebe Menção Honrosa na Exposição “Jovens Escultores” – Fátima

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