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Património de Influência Portuguesa
Mercado de Baucau – Timor
Equipamentos e infraestruturas
De uma monumentalidade invulgar em Timor, cuja arquitetura colonial não prima nem pela riqueza nem pela originalidade, o Mercado de Baucau foi erigido por iniciativa do tenente Armando Eduardo Pinto Correia, administrador daquela circunscrição entre 1928 e 1934.
Inaugurado em outubro de 1932, o mercado, cujas dimensões mereceram a crítica de organismos governamentais, que consideraram a obra opulenta e excessiva, insere‐se num vasto plano de construção de edifícios públicos promovido por Pinto Correia, que contemplou a construção de duas residências para o administrador – uma em Baucau e uma outra em Venilale – as instalações da Secretaria da Circunscrição e Junta Local, bem como um conjunto de escolas, erigidas nas principais povoações da região.
De desenho afrancesado, ao modo como nas academias europeias se desenhavam os pavilhões para feiras e exposições agrícolas na transição entre os séculos XIX e XX, o Mercado de Baucau adquire uma escala inesperada no lugar, pelo carácter leve do edifício e pelo modo sábio como é implantado na transição entre colina e várzea, definindo um plano superior onde se desenvolve o mercado, com arcada em todo o perímetro e um plano inferior que constitui uma espécie de praça pública celebrativa, contemplativa do edifício e por ele dominada.
A diferença de cota entre os dois planos é assumida por embasamento cego e de massa, com escadaria monumental de dois braços, nascendo junto a cada torreão e terminando na linha de transição da colunata com o volume dos arcos centrais. Ao centro, entre as duas escadas e reforçando o eixo central da composição, aparece um portal encimado por frontão aberto ladeado por um par de colunas com capitel fitomórfico, sacralizando a depuração do embasamento com a introdução de um elemento arquitetónico requintado que confere ao lugar uma serenidade mais própria do templo.
Encima o embasamento a construção leve do mercado propriamente dito, composta pela galeria semicircular com colunata e arquitraves no intercolúnio, dois torreões nas extremidades e arco triunfal ao centro, com dois arcos menores laterais ao modo serliano, cuja unidade e leveza é acentuada pela caiação a branco. No coroamento da grande massa do embasamento, na cobertura da galeria da colunata e nos torreões, existe uma balaustrada também caiada a branco que acentua o ar leve e suspenso do edifício, delimitando‐o por uma espécie de delicado véu que desce até ao solo nas guardas das escadas, com balaústres e pilaretes nas transições dos planos inclinados e de nível.
Também nesta obra se sentiram os efeitos de uma campanha de obras transfigurante e descuidada, que eliminou a diferenciação de massa entre o embasamento e o corpo superior do mercado. Eliminou‐se o portal inferior com frontão e colunas, o que destruiu a finura da composição, substituindo‐a por um paredão caiado que banalizou a escadaria trocando monumentalidade por grandeza e, como se não bastasse, enfeitou‐se todo o sistema de arquitrave reta no intercolúnio da colunata superior com arcos lobados que transformam o edifício.
Edumundo Alves e Fernando Bagulho
(in HPIP – Património de Influência Portuguesa)

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Património de Influência Portuguesa
Escolas Pinto Correia
Circunscrição de Baucau – Timor
Equipamentos e infraestruturas.
Erigidas por iniciativa do tenente Armando Eduardo Pinto Correia, administrador da circunscrição de Baucau entre 1928 e 1934, com recurso a verbas da junta local e contribuições voluntárias da população local, as escolas de Teulale, Laga, Baguia, Quelicai, Vemasse, Laivai e Venilale obedeceram a um mesmo plano construtivo, de sua autoria.
Visando dotar a circunscrição de uma rede escolar, que ao tempo contava apenas com três escolas, e suprir as insuficiências da educação ministrada pelos missionários, que reputava de má qualidade, Pinto Correia seria ainda responsável por um plano curricular a ser aplicado nos novos estabelecimentos de ensino.
Os edifícios das escolas, que contemplam um átrio, um pátio interior descoberto, uma sala de aula e um refeitório, circundados em três frentes por uma varanda, estariam integrados, de acordo com o projeto do administrador, num complexo escolar que incluiria ginásios ao ar livre e cobertos, oficinas de carpintaria e serralharia, viveiros para o ensino da agricultura e uma residência para o professor. A estrutura deste complexo espelha o modelo educativo então defendido pelo governo para as populações indígenas, a quem se entendia adequada a administração de uma educação letrada básica, complementada por uma aprendizagem prática.
A Escola do Reino de Venilale, a mais monumental do conjunto, obedece a modelo tipológico caracterizado por dois pavilhões paralelos com cobertura de três águas – as tacaniças surgem apenas nos topos da fachada principal – revestida a chapa ondulada de aço zincado e de construção muito simples, separados/ unidos por pátio central, cujo espaço equivale aproximadamente a um terceiro pavilhão justaposto e subtraído. Este dispõe apenas de um pequeno espaço interior vestibular anexo ao acesso principal, que serve de mediação entre o exterior público (rua) e privado (pátio). Simbolicamente, o pátio é conotado com o claustro conventual, a que não falta o poço redondo, agora sob a forma de canteiro e caldeira de árvore, que serve para sombreamento deste espaço exterior.
Este conjunto de pavilhões e pátio central encaixa por três lados num sistema exterior de galerias em U, com simples alpendres nas partes laterais, que formam as pernas do U, e arcadas no corpo central da base, numa espécie de cenário plano da fachada principal. Tal faz subir o tom representativo e enobrece o carácter arquitetónico do conjunto, apenas na sua face de apresentação mais urbana, um pouco ao modo do palácio do renascimento italiano, onde se interpreta a fachada como um cenário urbano ao qual são justa‐ postos os diversos volumes funcionais.
Na base do U exterior em arcadas e no eixo de simetria, situa‐se a entrada principal da escola, bem marcada e identificada por frontão curvo encimando três arcos, dos quais se destaca o central, e a escadaria em forma de tronco piramidal com patamar de acesso definindo o nível da entrada. É patente no desenho a influência chinesa de Macau, por exemplo no frontão redondo apoiado em arcadas e duplas colunas com caneluras pintadas em tom forte, repetindo um mote cromático que acontece em capitéis, cornijas, sancas, molduras e elementos ornamentais de platibandas.
Exteriormente, o edifício da Escola do Reino de Venilale, à semelhança dos demais edifícios escolares, é inspirado na arquitetura clássica, com uma fachada falsa, ornada por uma colunata e frontão, tal como o monumental mercado de Baucau, erigido igualmente por iniciativa de Pinto Correia.
A Escola do Reino de Venilale, que beneficiou entre 2000 e 2002 de obras de recuperação segundo um projeto do Grupo de Estudos de Reconstrução – Timor Leste (GERTiL), da Faculdade de Arquitetura de Lisboa, é presentemente o imóvel do conjunto que se encontra em melhores condições.
Eduardo Alves e Fernando Bagulho.
(in HPIP – Património de Influência Portuguesa)

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Património de Influência Portuguesa
Liceu Dr.Francisco Machado
Cidade de Dili – Timor.
Equipamentos e infraestruturas.
General

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Património de Influência Portuguesa
Liceu Dr.Francisco Machado
Cidade de Dili – Timor.
Equipamentos e infraestruturas.
Embora criado por decreto governamental de 22 de janeiro de 1938 e instituído no ano seguinte pelo governador Álvaro da Fontoura (1937‐1940) visando habilitar os timorenses de um nível de escolaridade suficiente para poderem integrar os serviços menores da Administração Pública, o ensino liceal só seria estabelecido em Timor em 1952, consequência da perturbação causada no território pela invasão japonesa no decurso da Segunda Guerra Mundial.
O liceu, batizado com o nome do ministro das colónias responsável pela decisão da sua criação, foi instalado no antigo edifício da Escola Municipal de Díli, imóvel construído no primeiro quartel do século XX, um dos muitos que não escapou à destruição causada durante a Guerra. Entretanto reabilitado, abriria portas em inícios da década de 1950 para receber os primeiros alunos. Na sequência do aumento do número de alunos do ensino liceal, ocorrido sobretudo na década de 1960 – resultado quer do desenvolvimento económico que a província então conhece, quer da política de fomento da educação promovida pelo governo português nos territórios ultramarinos – o liceu de Díli, entretanto elevado à categoria de Liceu Nacional, seria ampliado com uma nova construção.
O edifício original da escola municipal apresenta traça clássica ao modo goês, com arcada para galeria protegida por balaustrada, pilares com capitel à nascença do arco de volta inteira, pilastras de secção semi‐circular na face da fachada exterior, com capitel ao modo coríntio batendo no friso da cornija sob a cimalha alta. Dispõe de escadaria larga em tronco piramidal, situada a eixo da entrada principal, assinalada por frontão de forma flamejante ao sabor oriental. O edifício é caiado a branco sem emoldurados de destaque em socos ou guarnecimento de vãos, exceto nos paramentos interiores da galeria, em que a caixilharia e o guarnecimento dos vãos em alvenaria apresentam destaque e unidade cromática, a caixilharia em tons de madeira escura, o guarnecimento imitando pedra castanha-avermelhada.
Da primeira campanha de obras, de que resta apenas registo fotográfico, o edifício manteve a estrutura arquitetónica, perdendo o branco da cal e a grande depuração no ornato, substituídos pelo cromatismo em socos, capitéis, guarnecimento de vãos, cimalha e pilastras, resultando uma obra mais canónica e conforme à regra compositiva emanada da metrópole, com frontão de rigor geométrico perdendo um certo ar goês, resultando a obra mais aportuguesada e com influência cromática de Macau. Após a invasão indonésia, em 1975, o liceu deixaria de ser utilizado como estabelecimento de ensino.
Destruído por ação das milícias integracionistas em 1999, o Liceu Dr. Francisco Machado seria reconstruído em 2001 pela Câmara Municipal de Lisboa. Mantendo as características arquitetónicas ao nível da fachada, o imóvel sofreu profundas remodelações interiores por forma a albergar a Faculdade de Ciências da Educação de Timor Leste, devolvendo‐o à função de espaço de ensino e conhecimento.
Nesta segunda campanha de obras, a cimalha foi substituída por beirado à portuguesa, a balaustrada por soco escuro com pilastras emolduradas e desapareceram os capitéis à nascença do arco da galeria, com capitéis paralelepipédicos ao friso, que perdeu a unidade no entablamento e passou a enfeite sob o beirado em telha.
Eduardo Alves e Fernando Bagulho.
(in HPIP – Património de Influência Portuguesa)

Embora criado por decreto governamental de 22 de janeiro de 1938 e instituído no ano seguinte pelo governador Álvaro da Fontoura (1937‐1940) visando habilitar os timorenses de um nível de escolaridade suficiente para poderem integrar os serviços menores da Administração Pública, o ensino liceal só seria estabelecido em Timor em 1952, consequência da perturbação causada no território pela invasão japonesa no decurso da Segunda Guerra Mundial.
O liceu, batizado com o nome do ministro das colónias responsável pela decisão da sua criação, foi instalado no antigo edifício da Escola Municipal de Díli, imóvel construído no primeiro quartel do século XX, um dos muitos que não escapou à destruição causada durante a Guerra. Entretanto reabilitado, abriria portas em inícios da década de 1950 para receber os primeiros alunos. Na sequência do aumento do número de alunos do ensino liceal, ocorrido sobretudo na década de 1960 – resultado quer do desenvolvimento económico que a província então conhece, quer da política de fomento da educação promovida pelo governo português nos territórios ultramarinos – o liceu de Díli, entretanto elevado à categoria de Liceu Nacional, seria ampliado com uma nova construção.
O edifício original da escola municipal apresenta traça clássica ao modo goês, com arcada para galeria protegida por balaustrada, pilares com capitel à nascença do arco de volta inteira, pilastras de secção semi‐circular na face da fachada exterior, com capitel ao modo coríntio batendo no friso da cornija sob a cimalha alta. Dispõe de escadaria larga em tronco piramidal, situada a eixo da entrada principal, assinalada por frontão de forma flamejante ao sabor oriental. O edifício é caiado a branco sem emoldurados de destaque em socos ou guarnecimento de vãos, exceto nos paramentos interiores da galeria, em que a caixilharia e o guarnecimento dos vãos em alvenaria apresentam destaque e unidade cromática, a caixilharia em tons de madeira escura, o guarnecimento imitando pedra castanha-avermelhada.
Da primeira campanha de obras, de que resta apenas registo fotográfico, o edifício manteve a estrutura arquitetónica, perdendo o branco da cal e a grande depuração no ornato, substituídos pelo cromatismo em socos, capitéis, guarnecimento de vãos, cimalha e pilastras, resultando uma obra mais canónica e conforme à regra compositiva emanada da metrópole, com frontão de rigor geométrico perdendo um certo ar goês, resultando a obra mais aportuguesada e com influência cromática de Macau. Após a invasão indonésia, em 1975, o liceu deixaria de ser utilizado como estabelecimento de ensino.
Destruído por ação das milícias integracionistas em 1999, o Liceu Dr. Francisco Machado seria reconstruído em 2001 pela Câmara Municipal de Lisboa. Mantendo as características arquitetónicas ao nível da fachada, o imóvel sofreu profundas remodelações interiores por forma a albergar a Faculdade de Ciências da Educação de Timor Leste, devolvendo‐o à função de espaço de ensino e conhecimento.
Nesta segunda campanha de obras, a cimalha foi substituída por beirado à portuguesa, a balaustrada por soco escuro com pilastras emolduradas e desapareceram os capitéis à nascença do arco da galeria, com capitéis paralelepipédicos ao friso, que perdeu a unidade no entablamento e passou a enfeite sob o beirado em telha.
Eduardo Alves e Fernando Bagulho.
(in HPIP – Património de Influência Portuguesa)

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https://youtu.be/0rHDmEedpPA
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Source: Um dos vídeos mais incríveis da Ilha das Flores, nos Açores – byAçores
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O que é saber ler?