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Ficarei em casa a maior parte do tempo. Proteger-me-ei e protegerei outros seres humanos. Este o único poder que tenho e a única coisa que posso fazer.
Mas que quem manda e tem o dever de zelar pela minha saúde e pela minha segurança cumpra igualmente a sua obrigação. Fechem os aeroportos e os portos. JÁ.
Quero ter a certeza de que, quando sair de casa daqui a quinze dias, só me vou cruzar na rua com outros que aqui estão há quinze dias e tiveram os mesmos cuidados que tive.
Não quero ver turistas, nem Erasmus, nem conferencistas. Não quero ver ninguém de fora. Não quero cruzar-me na rua com quem possa ter vindo na Ryanair, sentado em qualquer banco. Só assim me sentirei seguro.
E se, daqui a quinze dias, tendo ficado apenas nós, numa ilha, rodeando-nos de todos os cuidados, alguém ficar infectado, seremos um caso de estudo.
Mas se ficarmos infectados por continuar a chegar gente de fora, iremos estudar com muito cuidado quem tem o poder de o evitar. Se fez tudo o que podia para nos proteger.
Quando tudo isto passar, quem vem de fora será bem-vindo. Como sempre foi. Até lá, fiquem nas suas casas e façam como nós: protejam-se.
Se quem tem poder e é pago para zelar pela minha saúde não nos isolar já, teremos de partir do princípio de que nos quer em casa, sem dar abraços para o resto da vida.
António Bulcão