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Perante o perigo, há que atacar com imaginação e sem temor. Suspendem-se as garantias e vamos ao que interessa, custe o que custar e a quem custar. Quando a Constituição foi aprovada, concedendo esta autonomia, chamei-lhe castrada pelas limitações aos direitos de autogoverno aparentemente concedidos. Uma das castrações foi precisamente a falta de poder para impedir a livre circulação de pessoas e bens, quando fosse caso disso. Foi preciso passarem-se 46 anos e uma pandemia para ver-se que ninguém pode governar estas ilhas em caso de grande necessidade, só com aqueles poderes. Lisboa pode fechar fronteiras terrestres contra os espanhóis e quejandos. Nós não podemos fechar as fronteiras naturais contra um perigo mortal. Isto é: estamos fechados numa ratoeira geográfica e política. A História dos Açores do século XX, relata várias epidemias que deixaram um rasto de morte e dor: a tuberculose, a febre bubónica, a varíola, e a gripe espanhola. Os Açores, embora não sendo uma região administrativa, tinham um Guarda-mor de saúde que coordenava a luta contra esses flagelos, com autoridade que se estendia a todas as outras forças. Construíram-se postos de desinfeção e quarentena obrigatórios, a tropa isolava casas e lugares, destruíam-se sítios imundos e deles se retiravam â força os descuidados ocupantes. Hoje, os meios humanos são outros e melhores. O Presidente do Governo, o Presidente da Comarca dos Açores e um Professor Universitário de epidemiologia, nosso, poderiam constituir uma Troica poderosa para gerir esta crise que pode tornar-se gravíssima se não houver pulso de ferro que impeça o caos se ele quiser instalar-se. Em casos excecionais, medidas excecionais. Oxalá não sejam necessárias mas se o forem que se danem os direitos que a vida é mais importante que eles. Em vez de esperarmos para ver e imitar, avancemos com determinação. O Presidente Vasco Cordeiro, solicitou, mas, com o nosso apoio, ele tem é que mandar. O resto é connosco.