O Doutor Jácome Armas (meu grande amigo, mas não é isso que aqui conta) foi distinguido como Personalidade do Ano 2021 pelo «Diário Insular», de Angra do Heroísmo. Doutorado pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (foi o primeiro médico doutorado a trabalhar nos Açores), com obra científica publicada em revistas de referência ao nível mundial, Jácome Armas, além de excercer medicina na área da oncologia, foi o fundador e é o director do Serviço Especializado de Epidemiologia e Biologia Molecular (SEEBMO) do Hospital do Santo Espírito da Ilha Terceira, reconhecido a nível nacional e internacional; nessa qualidade, e com as suas competências científicas e pessoais, teve um papel determinante no início da presente pandemia (o SEEBMO foi o primeiro e, durante algum tempo, o único laboratório dos Açores a fazer testes COVID), o que permitiu salvar um número incalculável de vidas. No entanto, e como é tristemente habitual, nem o homem nem o seu trabalho e a sua equipa foram devidamente reconhecidos pelos órgãos competentes do governo regional, que nunca valorizaram nem a sua competência científica nem o seu trabalho pioneiro. Talvez, sei lá!, porque ele vive na Terceira, onde exerce medicina pública, faz investigação científica, obtém financiamentos não regionais, e planeia com rigor estratégias de actuação no terreno para os Açores no seu conjunto.
Esperemos que este reconhecimento seja alargado a toda a Região, que muito lhe deve. Muito mesmo. E que o governo regional perceba, de uma vez por todas, que é necessário investir a sério em personalidades, projectos e equipamentos que são, de facto, estruturantes para a Região, e que certamente representam uma enorme mais-valia para todos nós.
Não fora a sua teimosia, o seu voluntarismo (há quem lhe chame mau-feitio…), a sua consciência de que há muito a fazer em matéria de saúde nos Açores, e de que temos gente competente para o fazer, mesmo sem as devidas condições (como tem sido o caso…), e o Doutor Jácome Armas já estaria, há muitos anos, a brilhar em instituições nacionais ou estrangeiras. Só que resolveu ficar por cá, a lutar contra moinhos de vento emperrados.
Com este reconhecimento, o «Diário Insular» acaba de prestar um serviço inestimável à Região. Esperemos agora que os mentores e agentes do centralismo regional o entendam. O que, digamos, não será fácil…