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  • EÇA TRADUZIDO PELA NOSSA SÓCIA BARBARA JURSIC

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    Thank you Mrs. Tilka Jamnik and you are invited to read! 📚

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    May be an image of book and text that says "José Maria de Eça de Queirós Zločin očeta Amara prevedla Barbara prevediaBarbaraJuric Juršič klasična Beletrina"
    José Maria de Eça de Queirós (1845 – 1900) is considered the greatest Portuguese realistic writer, his novel The Crime of Father Amara (1875) became a hit when it was released, two films were also filmed after him. Even after almost a century and a half, it is about heavy literature (the novel is ranked in the collection Classical Beletrina! ), in the finished translation of Barbara Juršič is also an excellent, attractive read! Professional prepared word titled »Majhno mesto, big hell« Mojce Medvedšek is welcome.
    The novel event is set in 19. St. , in Leirio, a smaller town in Portugal. It presents social and political life, family and social characteristics, and above all Catholic clergy, understanding of the Church and religion, human laws, women, acceptance of philosophy and science … Then inside this author with selected situations, events, words, and emotions, pieces of the main story, which points out a series of crimes with individual elements and reaches the top with the final crime of father Amar. The novel is a convincing proof of the realization that distorted Catholic morals, a priest’s naked passion under the cover of false love and his fear of church and social extinction can ruin the life of a woman and her child. The author tells the story fluent and attractive, is funny and humorous, critical and messy; not even in long descriptions is boring.
    This is from Queirós. The crime of the father of amara. Translation: Barbara Jursic . (Beletrina, 2021 ) 496 p. (The Classic Balletrina).

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  • há dias em que me sinto assim

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    depois de mais de uma semana a tentar recuperar meio milhão de ficheiros que misteriosamente haviam desaparecido das suas pastas 1995-2022….consegui recuperar a maior parte mas fiquei a sentir-me assim

  • BREVE RESENHA BIOGRÁFICA DO “COMANDO” CHINO PORTUGUÊS: CORONEL CHUNG SU SING

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    BREVE RESENHA BIOGRÁFICA DO “COMANDO” CHINO PORTUGUÊS: CORONEL CHUNG SU SING
    Entre os vários mitos criados e propalados pelo Estado Novo, existe um, em concreto, que procurou, desde logo, demonstrar a singularidade da criação e justificação da existência de um império ultramarino: a ideia de que Portugal seria multirracial e pluricontinental. Não querendo alimentar controvérsias ideológicas, é inquestionável que na composição das Forças Armadas Portuguesas que operaram nos vários teatros de operações durante a Guerra Colonial (1961-1974), existiu uma forte componente multirracial na sua composição, na medida que foram enquadrados nas suas fileiras, milhares de homens nativos das várias possessões ultramarinas africanas, fenómeno esse, denominado como “africanização da guerra”.
    São sobejamente conhecidos e celebrizados os “Comandos Africanos”, apesar de ser menos conhecido os feitos e o papel desempenhado pelos africanos engajados em outras unidades, ditas de “não elite”, no “esforço de guerra”. São também conhecidos vários africanos que se destacaram pelos seus feitos em campanha, justificando as condecorações recebidas, bem como a ascensão na hierarquia militar portuguesa através de promoções. Contudo, neste breve texto, procuro resgatar a história de um militar chino português que se distingui na guerra em África e na fundação dos Grupo de Operações Especiais da PSP, comummente designado e conhecido pela sua abreviatura, GOE.
    O ponto de partida que “alimentou” este interesse, foi uma enigmática foto publicada em livro sobre a História dos Comandos, e que neste post reproduzo. Na descrição da mesma,, só constava o nome do militar, sem outro elemento informativo adicional relevante. A partir do nome, procurei, através de uma pesquisa nos fóruns de ex combatentes, ou naqueles que versavam sobre assuntos ligados à memorialística das campanhas africanas, revistas digitais das Associação de Comandos, Diários da República, bem como livro sobre a História dos serviços secretos militares portugueses, recolher e sistematizar, até onde foi possível apurar, os dados sobre a carreira deste ilustre militar, que, até então, me era desconhecida.
    _
    Assim, sabemos que Chung Su Sing nasceu em Timor-Leste, filho de pais macaenses. A primeira referência relativa à sua carreira militar, remonta ao posto de Alferes graduado em tenente, com antiguidade de 1 de novembro de 1959, em que desempenhou, em 1965, as funções de instrutor na EPI (Escola Prática de Infantaria – Mafra) .
    Como Tenente, com antiguidade de 1 de dezembro de 1961, comandou uma das mais famosas Companhias de Comandos (CCmds), a 6º Companhia de Comandos, estacionada na Fazenda Margarida, tendo entrado na Operação Nova Luz, nos Dembos, norte de Angola.
    De janeiro a março de 1968, foi instrutor da II fase do Curso de Oficiais Milicianos na CIC – Luanda (Centro de Instrução de Comandos)
    A sua excepcional coragem e capacidade de comando de homens em combate, valeu-lhe, já no posto de Capitão, com antiguidade de 1 de dezembro de 1961, a condecoração com a Cruz de Guerra de 2º Classe.
    O prestígio e respeito granjeado no seio da “família militar”, alimentaram várias histórias sobre o seu passado, enquanto combatente, em particular, aquela que dá conta de que quando estava “debaixo de fogo” durante uma emboscada inimiga, era capaz de descarregar um carregador de G3, enquanto saltava de um Mercedes-Benz Unimog até chegar ao chão.
    De 1975 a 1981, já colocado no Regimento de Comandos – Amadora, ainda no posto de Capitão, foi Comandante da 1º CI e, quando promovido a Major, com antiguidade de 1 de junho de 1972, foi chefe de segurança da unidade e comandante de Batalhão.
    Em 1981, foi assessor do Gabinete do Secretário-Adjunto para a Segurança e Gabinete do Governador em Macau.
    Em 1982 foi para os GOE/PSP, sendo um dos fundadores desta subunidade especializada na intervenção tática em situações de terrorismo e criminalidade, especialmente a violenta. Aliás, importa referir, que os primeiros elementos desta força, eram na sua quase generalidade, constituida por Comandos e Parás, porque eram, à época, os únicos homens com competência e experiência técnica especifica em guerra não convencional.
    Fernando Cavaleiro Ângelo, no seu livro intitulado: «DINFO: A queda do último serviço secreto militar», dá-nos conta que Chung Su Sing, já com o posto de Tenente Coronel, com antiguidade de 1 de janeiro de 1979, teve um encontro com a resistência timorense em Lisboa, indício claro da sua colaboração com os seus compatriotas na guerra de guerrilha contra o jugo indonésio.
    A última referência que se encontra sobre a sua carreira, enquanto militar no ativo, é o facto de ter sido promovido a Coronel, com a antiguidade de 31 de dezembro de 1984, ficando a 27 de julho de 1990 desligado da efetividade do serviço, passando à situação de reforma em 31 de dezembro de 1995.
    Mesmo fora do ativo, mantém a ligação aos Comandos, exercendo em 1994 o cargo de Vice-presidente da Direção Nacional da Associação de Comandos.
    Entre 2015 a 2017, foi Membro do Conselho Superior da Liga Multissecular Amizade de Portugal-China. Infelizmente, a partir de 2017, não foi possível apurar mais nenhuma informação sobre a sua atividade em termos profissionais ou cívicos.
    Eduardo Simões
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    • Eduardo Simões

      Fotografia mais recente do Coronel Chung Su Sing, capturada a partir da sua “pegada digital”
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    • Eduardo Simões

      Recorte de fotografia postada na página do Facebook “Regimento de Comandos da Amadora”
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  • morreu Victor Boga

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    Faleceu Victor Boga, o pintor que tão bem pintou o Pico.
    Nascido no Alentejo, viveu em Setúbal, no Pico (Açores) e em 2008 voltou ao Alentejo onde viveu até 2010 antes de emigrar para Londres.
    Victor Boga nunca fez um currículum ou uma biografia em todas as exposições que efectuou. Os seus dados biográficos resumiam-se praticamente ao seu nome.
    Victor Boga era um solidário e sempre disponível para colaborar em novos projectos sem daí tirar dividendos.
    A administração do Açores Global endereça a toda a família enlutada as mais sentidas condolências.
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    • Maria Vieira Soares

      Descanse em paz. Tal como diz, Vitor Boga foi um apaixonada da montanha, do Pico no seu todo. Já cumpriu a sua missão. Obrigada por ter partilhado a notícia.
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  • Chrys Chrystello e os Colóquios da Lusofonia: inesgotável contributo para a divulgação da literatura açoriana Vilca Marlene Merízio

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    1. Chrys Christello e os Colóquios da Lusofonia: inesgotável contributo para a divulgação da literatura açoriana e a vivificação da língua portuguesa una e dinâmica

     

    Vilca Marlene Merízio

    Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina

     

    VILCA MARLENE MERÍZIO, escritora catarinense, vive em Florianópolis há 55 anos. Professora Doutora em Literatura Portuguesa, pela Universidade dos Açores. Graduada em Letras e Mestre em Letras pela Universidade Federal de Santa Catarina. Aposentada. Mestre em Reiki. Conferencista. Consultora. Revisora. Prefaciadora. Organizadora de obras literárias. Artista Plástica. Membro da AICL, Portugal; do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, Instituto de Genealogia de Santa Catarina, da Academia São José de Letras e da Academia Desterrense de Literatura, em Florianópolis, SC. Brasil.

    Em 2018: (1) Organizou e prefaciou Flor(em)essência, para além da esquizofrenia. Poemas de José Alberto Vieira, escrito nos Açores, Tubarão: Copiart. (2) Organização, Apresentação, Introdução e Notas de … do mais profundo de (todos) nós. Poemas de Joaquim Alice, em oito volumes, para serem lidos com o coração (em editoração). (3) Consultoria e revisão de Da Depressão à Razão, à luz do espiritismo, de Pedro Artur Alves Pereira. Florianópolis: Habitus. (4) Pesquisa, organização e texto de Entre o agora e o amanhã: a história da união que tem feito diferença na educação pública catarinense / UNDIME-SC, texto revisto, atualizado e ampliado por: Bruna Carvalho Madeira. Tubarão: Copiart.

    Publicou (2013): Dá ROSAS, ROSAS, a quem sonha rosas. Sobre alguns poetas, escritores e artistas brasileiros e portugueses. Blumenau: Nova Letra. 2012: Memorial Undime-SC no seu Jubileu de Prata. Pesquisa, organização e texto. Florianópolis: Sagrada Família. Janelas da Alma, livro de afetos e desejos. 25 anos de poesia. Florianópolis: Papa-Livro. 2004: A História de Um Amor Feliz (Estudo Literário). Blumenau: Nova Letra. Açores… De memória (Contos). Florianópolis. 1996 – Quase… de Corpo Inteiro (Poesia). Poemas escritos nos Açores. Florianópolis.1979: Experiência de Ensino-Aprendizagem, Premiado no Concurso Nacional de Ensino de Redação, MEC, Brasília. Tem trabalhos publicados em várias antologias e coletâneas literárias.

     

     

     

    SINOPSE

     

    2018: ano de abundância? No meu país, é crença de que, quando de um lado sobra, é porque, do outro, falta na mesma proporção. Tento alinhar o meu pensamento para exprimir em palavras a minha grande admiração por uma personalidade do mundo lusófono e me deparo com tantos caminhos que me sinto embaralhada sobre que direção tomar no início desta jornada. Sobejam-me informações, notícias, comentários, mensagens, registros fotográficos e fonográficos, obras literárias de cunho pessoal e outras por ele organizadas, poesia, crônicas, escritos diversos, lembranças, partilhamento de leituras várias, participações em redes sociais…

     

    Tanta produção que me perco diante do monumental acervo produzido pelo amigo que quero homenagear: o poeta, escritor, jornalista, tradutor, pesquisador (e tantas outras coisas mais), Chrys Chrystello. Mas estou honrada, embora saiba da responsabilidade de “chover no molhado” (acredito que todos os que aqui estão comungam a minha ideia) diante deste profissional da área de Letras a quem devo reverência pelo muito que faz, principalmente ao presidir (e dar vida a-) os Colóquios da Lusofonia, dignificando a Língua Portuguesa, divulgando os Açores em todos os continentes e deixando, até onde chegam suas palavras, riquíssimo legado linguístico, cultural e histórico, de cuja herança se valerão para sempre os filhos da diáspora.

     

    E mais uma questão me instiga neste momento: como adequar a minha fala a um dos temas propostos pelos Colóquios, se o que tenho para dizer sobre o autor em foco abrange todos os temas do programa? Ao tema 1 – Homenagens aos Autores Locais – porque, mesmo não tendo nascido no Arquipélago dos Açores, aí reside e dele fez a sua pátria e a revela aos sete cantos do mundo; ao 2 e aos seus subtemas, porque é em defesa da Língua Portuguesa, do seu ensino e da sua prática, que ele se posiciona; ao Tema 3, em razão de serem os subítens matéria com que se ocupa em sua produção literária e nos âmbitos da arte e da comunicação. E, finalmente, no tema 4, da Tradutologia, porque estaria bem colocado como profissional que é.

     

    Portanto, eis-me aqui, em dúvida quanto ao caminho, mas plenamente centrada no que acho justo e meritório: prestar agradecimentos ao Dr. Chrys Chrystello, há muitos anos nosso anfitrião, dia e noite a postos para a todos os participantes dos Colóquios da Lusofonia bem atender.

     

     

     

    Nasci em Santa Catarina, no Brasil, mas todos os meus antepassados pela linha direta da minha mãe são portugueses, uns vindos dos Açores, os que emigraram no século XVIII, e outros, de Portugal continental, que vieram ao Brasil a serviço da Coroa Portuguesa. Pela linha paterna, descendo de italianos e alemães. Isso para dizer que, descendendo de imigrantes, naturalmente me associo, neste ano de 2018, às comemorações dos 270 anos da imigração açoriana e madeirense em Santa Catarina, Estado cuja cultura muito deve aos primeiros povoadores europeus.

     

    A título de informação, registro que na ilha de Santa Catarina, constituindo o município de Florianópolis, somos uma população de quase quinhentos mil habitantes, num Estado, o de Santa Catarina, com mais de 7 milhões de almas, fazendo parte da população total do Brasil, que é de 207.660.929 pessoas (IBGE, Diário Oficial da União, 2018). Dessa população, a maioria descende diretamente de portugueses ilhéus, o que nos leva a querer insistentemente manter relações com os Açores [e, estranhamente, muito pouco com o arquipélago da Madeira].

     

    O projeto Missão Açores 2018, junto ao Instituto Histórico e Geográfico do Estado de Santa Catarina (IHGSC), que ora represento, aliou-se às iniciativas de comemoração dos 270 anos da Imigração Açoriana e Madeirense em Santa Catarina, encaminhando o Projeto Ao Encontro das Raízes – proposta de viagem de estudos e trabalho aos Açores – à Direção Regional das Comunidades, que lhe concedeu uma passagem aérea, principalmente para participação neste Colóquio, e a doação de 200 títulos de obras da literatura açoriana, acervo que fará parte da Biblioteca Açoriana Prof. Doutor A.M.B. Machado Pires, instalada no IHGSC, cuja inauguração ainda ocorrerá neste ano [a maioria dos outros volumes que compõe o acervo já existente no são igualmente fruto de doações do Governo dos Açores, desde a década de noventa do século passado].

     

    Por essa razão, achou-se justo o descerramento, nas dependências do instituto, em Florianópolis, de uma placa de agradecimento ao Governo da Região Autônoma dos Açores pelo apoio recebido, o que vai garantir a continuidade do projeto Dinamização Intercultural, programa cultural e literário do qual fazem parte Adriana e José Geraldo Rodrigues de Menezes, também membros da AICL, aqui presentes [e que para cá vieram por esforço próprio].

     

    Assim, graças ao sempre renovado estímulo dos Colóquios da Lusofonia, o programa cultural e inter-institucional Missão Açores, que contempla atividades de informação, formação, integração e pesquisa sobre a literatura e a cultura açorianas, depois de um afastamento de dois anos, volta com força total, reagrupando sua equipe de trabalho, dando oportunidade a novos protagonistas de se integrarem à divulgação da literatura, da arte, da cultura e da educação de Santa Catarina e dos Açores. Infelizmente, por falta de apoio em ano eleitoral, suprimiu-se parte do projeto Encontro das Raízes que incluía a ida de seis profissionais açorianos para o Simpósio Memória e Diáspora, previsto para a realização em Florianópolis, em agosto passado. Lamento profundamente que outras atividades do mesmo projeto, nomeadamente as de intercâmbio de professores e escritores, previstas para o Simpósio Diáspora e Memória, não tenham tido o mesmo êxito.

     

    E qual relação tem esses eventos com Chrys Chrystello e os Colóquios da Lusofonia?

     

    A resposta se resume numa só palavra: legado, aquilo que dos Colóquios ficou na memória dos catarinenses, desde a nossa primeira participação nos encontros da lusofonia e açorianidade. Legado, como História ainda em construção, porque é, em razão da vontade de participar dos Colóquios da Lusofonia, que catarinenses se predispõem a ler e a estudar obras literárias de autores açorianos ou de outras nacionalidades que escrevem ou escreveram sobre os Açores. E, assim, o grupo que, na última década, em Santa Catarina, conheceu e estuda a literatura e a cultura açoriana tem aumentado consideravelmente, desde que participamos em 2007 do primeiro encontro realizado por Chrys Chrystello na Ribeira Grande, Ilha de São Miguel.

     

    Por intermédio da Professora Doutora Graça Castanho, em 2007, conheci Chrys Chrystello, quando recebi dele o primeiro convite para participar do 2º Encontro de Lusofonia e Açorianidade, na ilha de São Miguel. Criado o projeto Missão Açores 2007, cujas atividades paralelas se estenderam de São Miguel às ilhas do Pico, Faial e Graciosa, vim para os Açores, coordenando o trabalho de 23 profissionais: professores e estudantes universitários, escritores e artistas do Grupo Gira Teatro, representando a Academia São José de Letras, com apoio financeiro do FUNCULTURAL/SEITEC-SC – Sistema Estadual de Incentivo ao Turismo, Esporte e Cultura e o apoio logístico das câmaras municipais açorianas as quais visitamos oficialmente. Estabeleceu-se, a partir daí, a amizade que ainda perdura e se solidifica cada vez mais.

     

    A partir da experiência altamente positiva da Representação Catarinense nesse 2º Encontro de Lusofonia e Açorianidade e das atividades paralelas executadas a partir daquele primeiro momento nas outras ilhas, o projeto Missão Açores 2007 empenhou-se para a criação e a assinatura do Protocolo de Cooperação Mútua entre o Estado de Santa Catarina e a Região do Arquipélago dos Açores, documento assinado em Florianópolis, em dezembro de 2007, com a presença de representantes do Governo dos Açores e que deram abrigo e oportunidade de execução a novas atividades na área de intercâmbio cultural.

     

    No ano seguinte, em 2008, como consequência das atividades iniciadas no ano anterior, sempre tendo como marco inicial os Encontros da Lusofonia e Açorianidade, o projeto Missão Açores, novamente a convite de Chrys Chrystello, participou do 3º Encontro da Lusofonia e Açorianidade, ao lado de 88 representantes de várias partes do mundo onde a Língua Portuguesa é falada, levando aos Açores um grupo de oito professores e escritores representantes da Academia de Biguaçu, SC. Dos Açores, por intermédio do prof. Doutor Luciano Pereira, do Conselho Executivo dos Colóquios da Lusofonia, a Delegação Catarinense estendeu-se em visita à Escola Superior do Instituto Politécnico de Setúbal, ocasião em que foi planejado um projeto de volta dos catarinenses a Setúbal e um programa de intercâmbio na área da arte e educação entre Setúbal e SC. Alguns trabalhos artísticos e culturais originados na época continuam em vigência entre setores que se desligaram do projeto Missão Açores, mas que ainda são operantes entre grupos de teatro de SC e Setúbal.

     

    Foi oportunizada pela Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal, por iniciativa também do Prof. Doutor Luciano Pereira – a quem igualmente externamos nossa gratidão e homenagem – a Instituição dos Dias do Estado de Santa Catarina em Setúbal (4 e 5 de maio de 2008), quando integrantes do Missão Açores 2008 apresentaram a sessão Lítero cultural “Santa Catarina: suas terras, sua gente: suas ilhas”, organizando uma Mostra de Pintura a Óleo, de minha autoria, um stand com exposição sobre história, geografia e cultura catarinense, com exposição de livros de autores de Santa Catarina e peças de artesanato. Essas mesmas atividades foram reapresentadas na ilha Graciosa sob o total apoio do Dr. Jorge Cunha e do Presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz da Graciosa, a quem também prestamos nossos votos de reconhecimento.

     

    Ainda, no ano de 2008, a representação catarinense formada especialmente para participar dos eventos da Lusofonia, doou material bibliográfico de autoria catarinense às entidades públicas do arquipélago, realizou saraus literários em escolas e entidades culturais das ilhas, visitou autoridades, bibliotecas, museus e pontos turísticos, ao abrigo do Protocolo de Cooperação Mútua entre as duas regiões, sempre com o apoio financeiro para as passagens aéreas cedido pelo SEITEC-SC e o apoio logístico de transporte, hospedagem e alimentação concedido pelas câmaras municipais da Ribeira Grande, Lagoa, Graciosa, Vila Franca do Campo e de outras autarquias portuguesas. Ainda no mesmo ano, o projeto Missão Açores participou do Congresso Internacional “A voz dos avós: migração e património cultural”, na Universidade dos Açores, em Ponta Delgada, com duas comunicações, publicadas posteriormente pela Universidade de Toronto, Canadá.

     

    Ainda em dezembro de 2008, o tecladista e compositor açoriano Horácio de Medeiros, cuja apresentação triunfal do seu Hino ao Cosmos deu-se no 2º Encontro de Lusofonia, participou da programação do projeto “Magia da Música e Fascinação de Um Hino ao Cosmos” do Missão Açores, e, a convite do Sr. Governador do Estado de Santa Catarina, apresentou no Brasil cinco concertos musicais: na reabertura da Catedral Metropolitana de Florianópolis, com a presença do Governador Luiz Henrique da Silveira e autoridades em Missa oficiada pelo Arcebispo Primaz do Brasil, Dom Murilo Ramos Krieger; na Igreja de Biguaçu-SC; na Escola de Música de Biguaçu, no centenário Clube Caça e Tiro Araújo Brusque, em Brusque, SC. e no recém-inaugurado Teatro Pedro Ivo Campos, em Florianópolis, onde, em completa integração, o artista micaelense Horácio Medeiros abrilhantou o show “Ilhas: um musical onde navegar é preciso”, ao lado do Grupo Fielsons, de Florianópolis.

     

    Em 2010, os Colóquios foram a Santa Catarina, mas, na ocasião, eu estava fora do país. Nos anos que o Missão Açores deixou de comparecer aos colóquios, quase sempre pela falta de apoio financeiro, a movimentação em Santa Catarina era de igual intensidade já que mantínhamos os integrantes do projeto catarinense em constante contato com a cultura e a literatura açorianas, muitas vezes buscando inspiração nos próprios temas dos Colóquios, que sempre mantiveram aceso o estímulo ao estudo das obras pertencentes à literatura açoriana. Eu própria publiquei alguns livros, artigos e ensaios, e muito há ainda para se publicar.

     

    Nos anos seguintes, vieram outras representações catarinenses nos Colóquios da Lusofonia. Mais uma vez em 2012 e 2016, e, agora, em 2018, voltamos nós. Em 2012, na ilha de São Miguel, vim por conta própria. Em 2016, a convite da escritora açoriana Lúcia Simas, da Vila Franca do Campo (São Miguel), apresentei a obra O Homem de Corfu, no Centro de Cultura de Ponta Delgada, pela ocasião do lançamento do livro da poetisa filósofa de Vila Franca do Campo. Participei mais uma vez dos Colóquios da Lusofonia, também no mesmo o ano de 2016, agora na Lomba da Maia, com comunicação sobre a obra de Concha Rousia. Ainda no mesmo ano, a convite do escritor açoriano Joaquim Alice, passei a organizar para publicação sua obra poética, de… do mais profundo de (todos) nós. Poemas em oito volumes, para serem lidos com o coração (em editoração), cujos Prefácio, Introdução e Notas também escrevi.

     

    O que quero deixar registrado é que dos primeiros contatos com Chrys Chrystello surgiu plena adesão aos objetivos dos Colóquios da Lusofonia, embora, ainda no começo, os encontros não tivessem tal nomenclatura. Atualmente, o projeto Missão Açores cumpre suas metas, visando promover a integração científica e cultural entre os falantes da Língua Portuguesa que tenham em comum, principalmente, a tradição açoriana como origem. Através da participação ativa nos encontros anuais, quer seja por meio de trabalhos acadêmicos, palestras, divulgação da arte e cultura catarinense, exposição de pintura, apresentação de peças de teatro, espetáculos musicais, desdobra-se em programas, projetos e parcerias para, cada vez mais, trabalhar em benefício da unificação da Língua Portuguesa e da manutenção dos traços culturais que deram origem à tradição catarinense, fazendo-se respeitar em Santa Catarina e em Portugal como promotor de ações que fortaleçam os nossos ancestrais lações de amizade e parentesco. Embora seja reconhecido como germinador de ideias capazes de ampliar o alcance das atividades culturais pertinentes à nossa origem lusa, o Missão Açores necessita de apoios logísticos para a sua execução e de parceiros que não o deixem cair na repetição inócua da reprodução automática de efeitos paliativos. O que o projeto Missão Açores reivindica é a confiança dos seus parceiros e a possibilidade de expansão de conhecimentos entre estudiosos das duas regiões. E isso, a participação nos Colóquios nos garante, com os convites anuais, como ponto fundamental para a criação de novos estudos e pesquisas.

     

    Além do reconhecimento em relação aos convites que temos recebido, é impossível falar em Literatura Açoriana sem falar nos Colóquios da Lusofonia e, mais impossível ainda, abordar os Colóquios sem nos referir ao Chrys Chrystello, já que ambos, Colóquios e Chrys, se confundem numa mesma personalidade, embora permaneça incólume a individualidade marcante do presidente da Associação Internacional dos Colóquios da Lusofonia – AICL, face às múltiplas modalidades que domina em relação à comunicação social e aos âmbitos das letras e da educação formal, estratégias das quais se vale para alcançar o público das diferentes coletividades ligadas aos Colóquios, inclusive, e principalmente, a de Santa Catarina.

     

    Feita a justificativa do quão importante se reveste para Santa Catarina, em relação aos laços que a prendem aos Açores, a participação nos Colóquios da Lusofonia, passo à segunda a parte desta comunicação.

     

    Quase às vésperas da Viagem de Estudos e Trabalho do projeto Ao Encontro das Raízes, do programa Missão Açores 2018, levada pela responsabilidade de, em nome do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, honrar o monumento de que a obra de J. Chrys Chrystello se reveste no âmbito da lusofonia, era madrugada e ainda não conseguira dormir, sensibilizada pela releitura do poema Da Redondeza do Sentir, de José Martins Garcia – que Urbano Bettencourt fizera a gentileza de publicar na sua página do Facebook e que Chrys Chrystello divulgou no seu atualíssimo Blog.lusofonias.net, na sessão Recordar José Martins Garcia. A leitura provocara em mim um misto de dor pela ausência sentida do grande poeta picoense, falecido prematuramente em 2002, mas ao mesmo tempo, gerara uma saudade infinda dos amigos que, nos Açores, sempre me acolheram de forma amistosa e fraterna, Só, então, senti a alegria da certeza de que em breve estaria aqui novamente reunida com os amigos de sempre. E esse turbilhão de sentimentos realmente me tirava o sono. Quando passei por uma madorna (cochilo), logo, imagens de religiosos ardiam em chamas, enquanto pessoas discutiam se seria fogo posto ou não.

     

    De tanto estar com o pensamento nos Açores – e isso já é habitual – e talvez até pela atenção a que dedico às notícias sobre os incêndios nas florestas europeias – talvez de tanto ler o Chrys, suas notas, crítica e informações sobre o assunto – as pessoas que povoavam o meu sonho eram escritores, todos a falar ao mesmo tempo, gesticulando e movimentando-se rapidamente de um lugar ao outro. Concluindo: eram três horas da manhã e a febre, aquela que nos acometem o inverno rigoroso e a gripe indesejada, me provocara sério pesadelo.

     

    Levantei. E a impressão que me acudiu naquele despertar inesperado, é que eu não estava só; uma miríade de poetas e escritores açorianos e brasileiros, dentro de mim, me impeliam à escrita [eu tinha que começar a redigir o texto para esta comunicação], fazendo-me trocar o aconchego da cama quente pela sala até então vazia e fria do meu escritório. E, mesmo diante do computador, sentia forte a lembrança de José de Almeida Pavão, saído do sonho, dando voz a uma personagem, se não me engano, do romance Marianinha: “E uma saudade súbita fazia-lhe rolar uma lágrima que vinha perder-se, evaporando com o calor da face”. Era a saudade que, mais uma vez, batia forte. Saudade renovadamente aumentada a cada notícia assimilada em relação aos Açores lida no blogue do Chrys – e eram muitos, todos dias, mais de uma dezena –, a cada página escrita vencida da exposição a ser feita, a cada fato rememorado a partir da pesquisa intencionalmente dirigida à redação deste texto que ora vos dirijo. E, mais uma vez, a presença imaterial do escritor micaelense segredava: “Se ouvires cantar os pássaros… Arruma os teus versos ou a tua prosa e põe-te a escutar, simplesmente a escutar, com o teu sentimento de ouvir”. Eu não ouvia pássaros, mas sabia que havia de escutar a voz do Chrys, para ouvir-me a mim mesma, antes de continuar a escrever. Então, sim, acalmei.

     

    O eco do canto que ressoa desde os Açores aos meus ouvidos, muito especialmente nestes momentos pré-colóquio, em canção que me afina os sentidos e enriquece a alma, é a reverberação da produção poética e histórico jornalística [se assim a posso considerar], do nosso anfitrião neste 30º Colóquio da Lusofonia, José Chrys Chrystello, cuja presença constante nos meios lítero culturais cabe a mim louvar como protesto de reconhecida gratidão por permitir que Santa Catarina também se manifeste nesta profícua assembleia de homens e mulheres interessados e interessadas na dinamização da Língua Portuguesa e na divulgação das obras literárias que são reflexos da história, cultura e ideologia dos seus usuários, mesmo que, fisicamente, distantes da sua mátria.

     

    Daniel de Sá, o professor-escritor da Maia, num dos seus primeiros escritos da década de oitenta, escreveu ao justificar a escolha de um determinado tema para a redação de um texto literário: “Sou eu quem fala, minhas razões são minhas”. Assim valho-me dessa lembrança para justificar muito particularmente as razões porque escolhi para título desta comunicação “Chrys Chrystello e os Colóquios da Lusofonia: inesgotável contributo para a divulgação da literatura açoriana e a vivificação da língua portuguesa una e dinâmica”. [E agora vejo em que “mato sem cachorro me meti”[1], desculpem o dito popular, mas nem a febre, nem o pesadelo com os homens em chama, nem o paradoxo de, para falar de apenas uma pessoa, ter mil caminhos a minha frente para escolher o que me levará ao final desta comunicação, me levam a desanimar… Maximizando o meu sentir, posso dizer mesmo que estou diante do que representa a entrada de Petra[2] a um turista que mesmo informado, fica pasmo diante da grandiosidade do Parque Arqueológico daquela antiga civilização.[3] E assim fico eu, que tentei me imiscuir no que Chrys Chrystello anda a publicar e o que já deixou impresso desde a sua juventude. Mas, vamos a cumprir a tarefa, que o tempo urge.]

     

    E me pergunto, depois de meses estudando a obra de Chrys Chrystello, quem é o poeta, escritor, jornalista, professor, tradutor e intérprete, revisor, organizador de livros, editor, presidente da direção e da comissão executiva da Associação Internacional dos Colóquios da Lusofonia, este J. Chrys Chrystello, moço simpático e acolhedor que parece estar sempre à disposição dos associados da AICL para responder de imediato aos questionamentos a respeito dos Colóquios?

     

    Claro que, para apenas mencionar algumas referências vou “fazer chover no molhado”, porque ele próprio não se faz ocultar, divulgando seus biodados, notadamente seus trabalhos literários, jornalísticos e outros, no corpo dos documentos que edita, tanto nas páginas dos Colóquios quanto nas obras publicadas por meios físicos, digitais e eletrônicos. E, nós, que somos da AICL, disso temos conhecimento. E tudo está em nossas mãos, assim como todo o histórico dos Colóquios, não só os realizados nas ilhas, mas também mesmo os acontecidos em outras partes do mundo. Mesmo assim, recomendo a leitura da “Badana Direita”, ou como dissemos nós, brasileiros, da orelha direita de “ChrónicAçores: uma circum-navegação. volume 3” pág. 326 [4], que considero a tábua de referência mais completa sobre as atividades jornalísticas, culturais e literárias de J. Chrys Chrystello, incluindo e mencionando aí suas atividades profissionais desde 1972, quando publicou o seu primeiro livro de poesia Crónicas do Quotidiano Inútil, vol.1. até a editoração dos Cadernos (de Estudos) Açorianos da AICL, publicação que preside desde 2010 e que contém 41 exemplares, sendo o último dedicado a Pedro da Silveira, em cuja nota introdutória, o próprio Chrys, Editor dos Cadernos, explica: “Os suplementos dos Cadernos Açorianos servem para transcrever textos em homenagem a autores publicados pelos Colóquios da Lusofonia, pelos seus participantes ou até pelos próprios autores”. [5]

     

    Chrys Chrystello foi quem trouxe os Colóquios da Lusofonia para os Açores, portanto, os Colóquios não nasceram nos Açores e nem lhe são pertença exclusiva, nem Chrys Chrystello é açoriano. Então, temos de ir mais atrás, delinear o traçado que o trouxe até a Lomba da Maia, em 2005, para compreender, afinal, o quanto ele tem trabalhado pela conservação da cultura das sociedades a que se liga, da sua aptidão para a divulgação da arte literária, tanto através da sua letra como poeta e cronista quanto da tradução, edição e escrita de livros e promoção de encontros anuais entre profissionais lusófonos dispostos a discorrerem sobre os temas que, junto a uma Comissão Científica, apresenta.

     

    Também o Curso Açorianidades e Insularidades (2010) encontra-se detalhado no site dos Colóquios, assim como todo o histórico vivencial da AICL, sociedade civil atuante durante os 30 colóquios já realizados (2005 a 2018), mas que nasceu do compromisso do seu criador de levar adiante o projeto de Lusofalantes na Europa e no Mundo, idealizado pelo seu mentor, o Professor Doutor José Augusto Seabra, e do qual nasceram, em 2001, os Colóquios da Lusofonia, cujo objetivo maior centra-se na “união pela mesma língua”, quando todos os participantes desta egrégora partilham do conhecimento, sem distinções de nacionalidade, credo ou etnia e cujos princípios baseiam-se na cidadania da língua portuguesa, todos irmanados pela Língua comum, com respeito absoluto às variações pertinentes ao pluriculturalismo das sociedades que a usam.

     

    Especificamente como jornalista e escritor, Chrys Chrystello desempenha suas funções na rádio, televisão e imprensa e, hoje também, nas redes sociais onde se mantém presente em blogue, no Facebook, no Twitter e em outros. Suas crônicas, bastante voltadas para a memória histórica, política e social, mas também para a expressão pessoal, expõem fatos de interesse regional e global.

     

    Seus livros, abundantemente ilustrados e com temas variados, são veiculados na forma física e eletrônica. Na verdade. Tudo o que faz e publica é fruto de uma vida dedicada ao fazer literário, voltado para o público, sob o enfoque jornalístico, mas sempre com perfil didático, num afã, que soa sincero, de registrar, informar, criticar positivamente, transmitir, divulgar, partilhar, contribuir, elucidar, esclarecer, alertar, rememorar, reconhecer, formar opinião sobre e, até mesmo corrigir (algumas vezes), fatos e acontecimentos que vão tecendo a história deste nosso mundo, para uns, completamente globalizado, para outros, em árido e estreito compartimento avesso a conceitos e técnicas inovadoras. Falo da produção de J. Chrys Chrystello, este homem/feixe de luz comunicativa, cujo foco de atenção se volta habitualmente para acontecimentos polêmicos, sem deixar, contudo, de registrar para a posteridade, o que a memória coletiva, baseada apenas na oralidade, pode não ser capaz de perpetuar.

     

    Profissional extremamente ético, e altamente comprometido com o exercício da cidadania, o português de ancestrais transmontanos, cuja genealogia confirma a nobreza de berço, embora ele próprio disso não se enfatue, australiano por opção, residente nos Açores desde 2005, fez da Lomba da Maia, a catedral/castelo de onde se comunica, a toda a hora, porque sempre online, com os amigos que fez nascer e mantém ciosamente informados e ligados à teia dos fortes tentáculos da Lusofonia que tão bem sabe movimentar [oops, quase saiu manipular… no sentido de atualização, coesão e integração… quase peremptória. desde que se assinale que estamos no mesmo barco].

     

    Atuante nos principais meios de comunicação social, desde o espaço físico que percorreu em suas andanças por Timor, Bali (Indonésia) e Austrália (1974-1975), Portugal (1975), Macau (1976 a 1982), de volta a Austrália (Perth, 1979, Sidney, 1983-1996 e Melbourne, 1993) e novamente a Portugal continental (Porto, 1996 e Bragança, 2002) foi na ilha de São Miguel que, montada a sua fortificação, estabeleceu-se com a família, de onde continua a liderar o que considera “a concretização de utopias”, ou seja, a reunião de pessoas para tratar, duas vezes por ano, em solos portugueses – ilhéu (São Miguel, Santa Maria e Graciosa) ou continental (Porto, Bragança, Seia, Fundão, Montalegre e Belmonte) -, e em territórios do Brasil, Macau e Galiza, da divulgação e da plena conscientização da açorianidade literária. Em treze anos de atividade 30 colóquios, contando com o atual. Nesses encontros, com presença significativa de personalidades vindas dos grandes continentes onde vigoram as comunidades lusófonas, as falas objetivam aproximar estudos sobre temas criteriosamente apresentados pela Equipe Científica a qual preside.

     

    Assim, voltado permanentemente para os assuntos gerais que interessam à humanidade, até os mais caros à grande massa lusófona espalhada pelos quatro cantos do mundo, dos veículos impressos aos eletrônicos, do rádio à televisão, da cátedra universitária aos encontros e colóquios particulares, Chrys Chrystello, enaltecendo, sempre, a supremacia da Língua Portuguesa, com projetos realizados visando a preservação, o enriquecimento e a unidade da língua, fornece elementos variados da cultura local, regional e universal. Jornalista, em nível de excelência… Mais não será preciso dizer. Sua interação com o meio social, agora facilitado pelo processo digital, trá-lo presente onde haja um leitor, um ouvinte, um espectador, sempre norteado por princípios éticos e senso crítico elevado. Norteia a partir de seu “lastro conceitual, teórico e técnico”, mesclando adequadamente as notícias que se apoiam nos fatores socioculturais, econômicos e políticos. Ele faz porque sabe fazer.

     

    Enfim, sentia-me preparada para escutar, com o sentimento de ouvir, conforme ensinamento do prof. Pavão, a voz clara, vigorosa e incessante deste português de raízes transmontanas, mas açoriano de coração, voz autêntica que se propaga Açores afora, mediante a verdade inconteste de sua pena, que mais não faz do que deixar registrado a sua vivência literária de quase cinco décadas. E, em deixando reverberar em mim esta voz conhecida, mais fácil torna-se transpor para este texto formatado em poucas páginas todo o meu sentido reconhecimento ao J. Chrys Chrystello, este humanista de cunho universal, que parece estar dia e noite atento aos acontecimentos, pronto a ver e a ouvir para dizer. E é tanto o que diz que penso ouvir, não só a melodia de sua escrita poética, mas o clamor dos menos favorecidos, dos injustiçados, dos desprezados socialmente, dos que sofrem pela invisibilidade de suas profissões diante do encastelamento dos mais poderosos. E é com o meu sentido de atenção auditiva, como o nosso bom Almeida Pavão sugeriu, que me comprazo com toda a orquestração da sua palavra escrita a me ajudar a compreender o quanto é importante e significativo o trabalho profícuo das pessoas que se dedicam às letras codificadas pela nossa língua portuguesa.

     

    A este monumento cultural, fenômeno da natureza literária a que temos como amigo e a quem chamamos Chrys Chrystello, a ele, à sua família, à sua Helena, ao seu filho João e a toda a sua sociedade lusófona, agregada aos Colóquios, o meu mais profundo respeito por obra tão dignificante que faz com que também meu Estado, Santa Catarina, sinta-se honrado com os ecos da melodia que do Arquipélago o alcança via registros inegáveis de amor à língua portuguesa e, muito especialmente, a essas nove ilhas atlânticas capazes de despertar os melhores sentimentos principalmente naqueles aqui não nascidos, mas que por elas foram tocados. A respeito de todos esses anos de dedicação de Chrys Chrystello à língua e à literatura, e frente a todo esse seu trabalho de construtor cultural, sirvo-me do dizer de Antero de Quental: “Nem visão nem real: amor! Amor somente!”, para concluir com David Mourão-Ferreira: “É sem dúvida Amor todo esse jogo / É sem dúvida Amor Mas de repente / É sem dúvida Amor e não é nada.”

     

    Diante disso tudo, diante de Chrys Chrystello, e da família que ele formou, que construiu de encontro a encontro desde estes penhascos açorianos, diante desta família lusófona da qual todos fazemos parte, diante… dizia, da grandiosidade da obra de J. Chrys Chrystello, só me resta confessar, finalmente, me valendo mais uma vez das palavras do grande poeta português, trineto de avô açoriano, David Mourão-Ferreira: “Não sei mais nada: sei apenas AMOR!”.

     

    Florianópolis, SC, Brasil, em 30 de agosto de 2018.

     

     

     

    [1] Um momento de perdição pessoal total, uma situação onde não há a quem recorrer. Disponível em https://www.dicionarioinformal.com.br/mato+sem+cachorro/> Acesso em 18 ago. 2018.

    [2] Petra (Jordânia), uma das maiores maravilhas do mundo, cidade esculpida na rocha, fundada no século VI a.C. pelos árabes nabateus, que construíram um império comercial, transformando-a em importante rota comercial (seda, especiarias e outros), que ligavam a China, a Índia e a Arábia do Sul ao Egito, Síria, Grécia e Roma.

    [3] O Parque Arqueológico de Petra (264 metros quadrados) Património Mundial da UNESCO desde 1985. A área tem uma paisagem com montanhas de tez rosa cujo ponto principal é a fantástica cidade nabateia de Petra, que foi esculpida na rocha há mais de 2000 anos.

    [4] https://www.lusofonias.net/arquivos/429/OBRAS-DO-AUTOR/1048/CHRONICACORES-vol.3-parte-I–2005-2010.pdf

    [5] Observe-se que todas as edições estão disponíveis em www.lusofonias.net.

  • A GALIZA NA OBRA POÉTICA DE CHRYS CHRYSTELLO – CONCHA ROUSIA,

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    A GALIZA NA OBRA POÉTICA DE CHRYS CHRYSTELLO – CONCHA ROUSIA, ACADEMIA GALEGA DA LÍNGUA PORTUGUESA in atas do 19º colóquio da lusofonia março 2013: CONCHA ROUSIA, AGLP, GALIZA

    CONCHA Rodríguez PÉREZ,

     

    Partindo da análise da obra ‘Crónica do Quotidiano Inútil’ tratarei de entender a dimensão que a Galiza, tanto como ser vivo, terra que sofre, quanto como conceito lírico, tem na obra do poeta Chrys Chrystello. A primeira parte estará baseada na análise dos poemas incluídos na obra mencionada, que conformam o capítulo IV (Planeta Galiza) e que são os seguintes:

    – Partir (à Concha Rousia e a uma Galiza Lusófona)

    – Lendas da minha Galiza

    – Concha é nome de guerra

    – Elegia à AGLP

    – Geneviève, e

    – Galiza como Hiroshima mon amour.

    Para complementar a minha análise considerarei também informações obtidas diretamente de conversas mantidas com o poeta Chrys Chrystello.

     

    INTRODUÇÃO

    Três são os eixos essências que confluem nesta análise, como se fosse uma trindade, três dimensões, a poética, representada pela poesia de Chrys Chrystello, a humana, representada pelo poeta Chrys Chrystello, e a social, representada pela Galiza. Começarei descrevendo, mais do que definindo estes três conceitos. Mas como se define a poesia? Como o poeta? E como a Galiza? Tentarei aproximar com as minhas palavras, como se fossem fotografias conceituais, como se as palavras pintassem, uma ideia sobre quem é o poeta Chrys Chrystello, o que é a poesia e ainda o que é a Galiza.

     

    O POETA

    Basear-me-ei nas informações que tenho sobre Chrys Chrystello, juntamente com o conhecimento pessoal que tenho do poeta. Antes de mais devo afirmar que o Chrys não apenas acredita em multiculturalismo, é um exemplo vivo de multiculturalismo, nascido numa família mista com alemão, galego, português, brasileiro, judeu…

    O seu multiculturalismo genético cultural vem tanto por parte materna como por parte paterna. Não tenho certeza em que momento da sua história o Chrys se fez consciente desse seu multiculturalismo. Essa será uma pergunta que guardo para fazer ao poeta no próximo encontro; pois fiquei curiosa por saber se o seu multiculturalismo teve algum efeito nas suas escolhas de forma consciente ou se esse multiculturalismo atuou desde as profundas raízes do inconsciente, e só foi depois que o poeta descobriu essa trança de tantos fios e tanta riqueza de ancestrais. Fica esta questão para ser respondida e incorporada a informação derivada para uma ampliação que irei fazer deste trabalho em posterior ocasião.

    Chrys foi levado em 1973 pelo Exército Português a prestar serviço em Timor; permaneceu lá por dois anos, em 1975 deixou Timor para ir-se para a Austrália e não demorou em perceber que queria ser australiano. Atrevo-me a dizer que o Chrys encontrou na Austrália a pátria capaz de acolher todas as suas pátrias, as descobertas e as por descobrir, as territoriais e as ideológicas e as poéticas. Pergunto-me se por aquela época o Chrys já tinha descoberto que a Galiza era mais uma de suas pátrias; embora consciente ou não desse facto, a Galiza ia nele como ser vivo, e com ele se movia pelo mundo, pois aonde o Chrys vai, a Galiza vai; isso é algo que desde já posso afirmar. Naquela altura o Chrys já era um estudioso das línguas e da política; sendo também já um autor publicado. Saliento aqui de sua obra poética o primeiro volume da Crónica do Quotidiano Inútil (1972). Publicou também um ensaio político sobre Timor. Mas a sua trajetória passou por muitos e diversos campos. Foi escolhido para um posto executivo como economista na CEM (Companhia de Eletricidade de Macau). Depois escolheu Sydney (e mais tarde Melbourne) para continuar sua vida como cidadão australiano até 1996.

    No 1967 entra no mundo do rádio jornalismo, onde lhe esperavam grandes aventuras, e também na televisão e na imprensa.

    Entre os anos 1976 e 1996 escreveu sobre o drama que se vivia em Timor Leste quando o mundo se negava a vê-lo. Sempre atento à voz que outros desde o poder escolhem não ouvir, mesmo quando essa voz era um grito, o Chrys não apenas ouvia, ele prestava a sua voz.

    Podemos dizer que o escritor Chrys Chrystello desde sempre se interessou pelas línguas; e desde os anos setenta teve que enfrentar os mais de 30 dialetos no Timor-Leste.

    Na Austrália aprendeu sobre as marcas de uma tribo aborígene que falava um crioulo do português. Foi membro fundador do AUSIT (the Australian Institute for Translators and Interpreters) e membro do painel da NAATI (National Accreditation Authority) desde o ano 1984, Chrys lecionou estudos de linguística e multiculturalismo. Tem ampla experiência na tradução e interpretação especialista em multitude de áreas desde artísticas até jurídicas ou médicas. Participou em conferências em muitos países nos diversos continentes. Autor de numerosas obras sobre os mais diversos temas, sempre com marcado multiculturalismo, tanto prático como teórico.

    A defesa do multiculturalismo é uma das grandes teimas deste autor, e é também uma das suas grandes riquezas.

     

    Com os Colóquios da Lusofonia, de que é Presidente, e se podia poeticamente mesmo dizer que é pai, tem levado as vozes que necessitam ser ouvidas aos lugares mais diversos desde onde se podem ouvir. Entre estas vozes sempre levou a voz da Galiza, conseguindo para ela o que em terra própria lhe era negado. Foi nos Colóquios da Lusofonia que se concebeu e se deu a conhecer o projeto da criação da Academia Galega da Língua Portuguesa; podemos dizer que, portanto, que ele é pai putativo desta novel academia.

    Poucos poetas como ele poderão dizer que tem escrito poemas a praticamente todos os cantos da Lusofonia com a intensidade de quem está a escrever sobre a sua própria terra. Dentro dessas terras às que este poeta canta, acha-se naturalmente, a Galiza.

    Na sua obra “Crónica do Quotidiano Inútil” com a que comemora 40 anos de vida literária, há um capítulo dedicado inteiramente à Galiza.

     

    Nesse capítulo intitulado ‘Planeta Galiza’ inclui os poemas que se integram neste estudo. (Chrys, página web)

     

    A POESIA

    Há pessoas que se dedicam a escrever a história para que fiquem documentados os fatos, os momentos, os acontecimentos que na vida veem, ou que sabem têm tido lugar. A poesia é diferente, a poesia é uma representação, uma fotografia feita com palavras do momento vivido, ou do que se tem alguma forma de conhecimento, de experiência, alguma forma de acesso. A poesia é como um momento congelado no tempo, integrada por componentes intelectuais e componentes emocionais para contar um acontecimento. De fato a epopeia é definida como o conjunto de acontecimentos históricos narrados em verso e que podem não representar os acontecimentos com fidelidade.

     

    Os acontecimentos que se narram na epopeia são de fatos com relevante conceito moral, que transcorreram durante guerras, ou que fazem referência a outros fenómenos históricos ou mesmo míticos. Em todo o caso, desde o meu ponto de vista a verdade poética não se acha na história, mesmo quando trata de ser fiel aos acontecimentos e sim se acha na manifestação artística, se acha em tudo que fica expressado entre as linhas e não necessariamente recolhido nos conceitos que as palavras tratam de representar. O poder da poesia é portanto, o poder da máquina do tempo, faz viajar os fatos, como se os congelasse. Tomando como base uma definição oferecida pela Wikipédia podemos dizer que a poesia é uma das sete artes tradicionais, pela qual a linguagem humana é utilizada com fins estéticos, ou seja que ela retrata algo em que tudo pode acontecer da imaginação do autor e da imaginação do leitor. (Wikipédia 2)

     

    MAS O QUE É A POESIA PARA CHRYS CHRYSTELLO?

    Perguntado ele responde: “A poesia é uma fuga para a utopia, contra a injustiça e desigualdade, a voz que os jornais não permitem, um recurso para os momentos felizes, uma fuga quando o mundo exterior me oprime.” Tentarei ver como esta definição teórica se confirma na sua poesia. Mas antes vamos apresentar a poesia.

     

    Poemas no capítulo ‘Planeta Galiza’ (Chrystello, 2012)
    PARTIR (à Concha Rousia e a uma Galiza Lusófona)

     

    Partir!

    cortar amarras

    como se ficar fosse já um naufrágio

    ficar

    como quem parte nunca

    partir

    como quem fica nas asas do tempo

    ficar

    como se viver fosse uma morte adiada

    partir!

    cortar amarras

    cortas grilhetas

    vencer ameias

    velas ao vento

    olhar o mundo

    descobrir liberdades

    esta a mensagem

    levar o desespero ao limiar

    até erguer a voz

    sem medos

    até rasgar as pedras

    e o ventre úbere

    semear desencanto

    sorrir à grande utopia

    nascer

    – de novo –

    dar o salto

    transpor a fronteira

    entre o ter e o ser

    imaginar

    como só os loucos sabem

    e então chegaste

    com primaveras nos dedos

    e liberdade por nome

    loucas promessas insinuavas

    despontaste

    como quem acorda horizontes perdidos

    demos as mãos

    sabor de início do mundo

    pendão das palavras por dizer

    esta a revolução

    minha bandeira por desfraldar.

     

    LENDAS DA MINHA GALIZA

     

    Galiza és tão especial

    quando sorris

    por que não sorris sempre?

     

    Galiza és tão bela

    quando escarneces

    com gargalhadas cristalinas

    por que não ris sempre?

     

    Galiza és tão enamorada

    quando falas e cicias

    por que não tagarelas sempre?

     

    no monte das Ánimas

    na era dos Templários

    os cervos eram livres

    e os servos escravos

     

    do poço no meu eido

    transbordam palavras

    dele sorvo inspiração

    amores e mouras encantadas

    lá aprendi a história de Ith

    filho de Breogán

    indo à torre de Hércules

    seduzir Eirin a Verde

    este conto queda silente

    na memória dos velhos

    já não o aprendem os nenos

     

    li em livros vetustos

    o sumiço das Cassitérides

    eram cativos os Ártabros

    nas forjas de estanho

    não encontrei os mapas

    no meu poço seco e definhado

    nem um fio de água

    sem pardais nas árvores

    nem flores no jardim

    senti o coração trespassado

    as lágrimas minguaram

    jamais haveria fadas ou sereias

    cronópios e polinópios

     

    fui penar ao cimo do monte

    atopei umas meigas

    a dançar com o Dianho

    também vi o Chupacabras

    estandarte de Castela

     

    sem medo de travessuras de Trasgos

    nem Marimanta ou Dama de Castro

    sem temor da Santa Companha

    nem do Nubeiro vagueando

    entre tempestades e tormentas

    juntei ferraduras, alho e sal

    colares de conchas e tesouras abertas

    esconjurei meigas castelhanas

    que me salve o burro farinheiro

    ou o banho santo em Lanzada

     

    visitei Santo Andrés de Teixido

    duas vezes de morto

    que não visitei uma de vivo

    desci a Ribadavia

    ali nasce o Minho

    que ora passa caladinho

    para não despertar os meninos

     

    sigo caminhando

    busco a moura fiandeira

    um dia virá o eco

    e brotará água de meu poço

    escreverei os versos e serão mágicos

    afincado no chão

    erguerei a tua flâmula

    no poste mais alto e cantarei

    Galiza livre sempre.

     

    CONCHA É NOME DE GUERRA

     

    para ti não há música nem dança

    apenas as artes marciais

    guerrilheira de montes e vales

    urdidora de emboscadas

     

    sob a copa das amplas árvores

    brandes teu gládio de palavras suaves

    não usas as falas do inimigo

    vingas a dor de seres galega

     

    a montanha tu a herdaste sozinha

    prenhada de mar na ilha dos nossos

    o povo desaparecido da Rousia aldeia

    esse recanto insuspeito ao virar da raia

    esse recanto insuspeito ao virar da raia

    onde fui a férias em 2005 sem te saber

    eu que nasci galego do sul

    sendo galego de Celanova

     

    apartado de meus irmãos e irmãs

    vivi séculos de história ao desbarato

    distavam mares que nunca navegávamos

    montes que nunca escalámos

    estrelas que jamais enxergámos

     

    até um dia em que surgiste

    vestias azul e branco orlada a ouro

    estandarte do nosso reino

    ciciavas liberdades por atingir

    sonhos por realizar

    brandias a tua utopia

    numa mesma lusofonia.

     

    ELEGIA À AGLP

     

    viver numa ilha é prisão

    sair dela é impossível

    nem a velocidade da chita

    nem a força do elefante

    nem o mergulho do cachalote

     

    viver numa ilha é prisão

    inúteis os passaportes

    ou vistos consulares

    não basta saber nadar

     

    viver na Galiza é prisão

    sair é possível

    não expulsa carcereiros

    não abate as grades

    não liberta do cativeiro

     

    viver nesta ilha é prisão

    há sempre uma Concha dos Bosques

    ou um Ângelo Merlim

    um Joám Pequeno Evans Pim

    um frei Tuck Montero Santalha

    e seu bando de lusofalantes

    manejando o arco como António Gil

    a invencível besta da Lusofonia

     

    GENEVIEVE

     

    genevieve era nome de mulher

    em restaurante japonês

    no meio de chinatown

     

    sorrisos largos e astutos

    mansos como o rio minho

    olhos profundos amendoados

    como o canon do sil

    prometia ribeiras sacras

    seios amplos acolhedores

    como as rias baixas

     

    genoveva da galiza

    amazona em sidney

    um pai na argentina

    uma mãe em paris

    com saudades de arousa

    servia sushi com saké

    minhas loucas bebedeiras em galego.

     

    GALIZA COMO HIROSHIMA MON AMOUR

     

    acordaste

    e ouviste o teu hino

    estandarte desfraldado

    ao vento ao intrépido som

    das armas de breogán

    amor da terra verde,

    da viçosa terra nossa,

    à nobre Lusitânia

    estendes os braços amigos,

    despertas do teu sono

    agarras nos irmãos

    caminhas pelas estradas

    ergues bem alto a voz

    dizes a quem te ouve quem és

    orgulhosa, vetusta e altiva

    indomada criatura

    nenhum poder te subjugará

    indomada criatura

    nenhum poder te subjugará

    nenhum exército te conquistará

    nenhuma lei te aniquilará

     

    és a Galiza mon amour. (Chrys, 2012)

     

    A Galiza

    Todo país, toda terra, toda pátria é indefinível, ou dito de outra forma, toda a terra poderia ser definida de muitas formas, tal qual se fossem acontecimentos lendários; portanto eu vou colocar aqui uma carta em que a Galiza, através das minhas palavras, se apresenta ao Brasil. Esta é a imagem da Galiza que levo em mim, e acho é uma dialoga imagem perfeitamente com a Galiza que vive e viaja na alma deste poeta.

     

    Carta da Galiza ao Brasil

    Meu benquerido irmão:

     

    Antes de mais permite-me que me apresente, há tantas cousas erradas que te tem contado de mim, e eu quero, necessito mesmo, que tu me conheças como eu sou. O meu nome é Galiza, ocupo o noroeste da península Ibérica, sou geograficamente, culturalmente e linguisticamente irmã de Portugal, que fica ao meu Sul, do outro lado do rio Minho; uma pequenina parte de mim permaneceu sempre independente de qualquer estado até meados do século XIX, mas hoje sou um território totalmente dominado polo Estado Espanhol… Eu sou uma velha pátria que esqueceu já a sua idade; mas o que nunca vou esquecer, mesmo que ao mundo lhe custe perceber, é que em mim nasceu e se criou a nossa língua; esta que tu e eu falamos e que por vicissitudes da história se conhece internacionalmente apenas como ‘português’, mas que nós aqui também chamamos ‘galego’. Mas deixa-me continuar a te contar…

     

    Permite-me que te fale um bocadinho da minha longa história. Eu sou a velha terra chamada ‘Calaica’ Terra onde, como já te disse, nasceu e se criou esta nossa formosa língua; um dia eu fui grande… Naqueles tempos foram os meus filhos os que emigrados povoaram a Bretanha, o Centro dos Alpes, e as ilhas Britânicas, consolidando durante milénios a laborada cultura Atlântica. Vai ser muito difícil para mim em poucas palavras resumir-te tantos azares, tantas batalhas, tantas façanhas e também tanta dor e tanto sangue derramado.

     

    Muitos foram os povos que quiseram governar-me, pola cobiça do Ouro, pola riqueza mineira que guardava a minha entranha; chegaram legados de Roma ávidos de conquista e saque, para abrir seu domínio, atravessando do Douro as margens, mas antes tiveram que ceifar 50.000 almas indomáveis, que a peito nu combatiam, porque cobrir o peito era para eles ação de cobardes. Do Latim trazido com as suas outras falas, misturou-se através dos séculos nossa céltica linguagem, para que abrolhasse na Idade Media a língua que agora, meu irmão em espírito, embeleces arrolando-a, com o amor e a exuberância das florestas incontornáveis. Essa língua nascida para amar e ser cantada criou uma das maiores culturas da Europa Medieval, polo caminho de Sant’Iago difundida e admirada. Mas tarde, nas lutas dos reinos Ibéricos polo controlo da Hispânia, fui vencida e humilhada polos reis Católicos de Castela e seus ferozes aliados, para pronto, sem dar-me fôlego, à escuridão ser condenada. Atrás ficara o 1º Reino da Europa a liberar-se do Império romano, no século V, polo embate dos aguerridos suevos. Atrás ficaram as lutas entre Afonso Henriques, 1 º rei português, meu filho do Porto Calem, e seu primo Afonso VII, imperador de toda a Gallaecia.

     

    Minhas glórias foram vendidas pola arrogância e a astúcia dos homens, pola traição dos insensatos; meu nome da história foi apagado. Mas o espírito só adormeceu, e centos de anos mais tarde, as vozes de Rosalía, Pondal, Curros Enriquez e muitos outros, alguns mártires em Carral, ergueram de novo esta chama que agora te entrego irmão na confiança, sabendo que farás bom uso dela, e elevarás no continente americano, como na África e Oceânia, onde outros irmãos nos aclamam, a voz lírica deste novo mundo, lusofonia chamado, para que nunca mais a vida nascida das minhas entranhas seja por outros desprezada.

     

    Eis a minha história, irmão Brasil, ainda hoje continuam meus filhos, contra a ignorância lutando, pola dignidade deste recanto que foi berço da cultura que hoje tu com orgulho ao mundo amostras sem arrogância. Continuarão ainda cá tempos difíceis que pronto iremos superando com ajuda dos nossos irmãos que conhecem a nossa palavra, porque a palavra hoje é carne e mora vestida de raças, para os povos unir na nobreza da que foi criada.

     

    Como vês, querido irmão, a minha luta tem sido longa e sem tréguas, tenho de admitir que vou velha e por vezes me sinto cansada… acho alívio em saber que tu herdaste a minha fala e que em ti nunca se apagará a minha chama; não é que eu recuse a luta, mas tenho que ser realista… O destino da nossa língua, língua em que eternamente viajará a minha alma, aqui na pátria mãe, ainda é incerto.

     

    Há algum tempo um grupo de intelectuais e artistas, professores, escritores, e defensores da nossa cultura, criaram a Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP). A ajuda da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Brasileira de Letras foi notável e imprescindível. A AGLP, a que sinto como a minha filha mais nova, tentará abrir os caminhos que rompam o cerco que nos sitia e nos abafa; do seu êxito depende em grande medida o meu futuro, é por isso que te peço a acolhas com agarimo e a ajudes no que puderes em nome da nossa eterna irmandade.

     

    A nossa língua atravessa uma das suas piores etapas de todos os tempos na terra berço, a terra mãe que com tanto amor a viu nascer, e a seus filhos e filhas de todo o mundo envia hoje a sua voz… Voz que vai na procura de ajuda que tanto necessito, ajuda que restaure a minha dignidade, peço não continuar a ser ignorada. Por isso te falo, querido irmão, por isso te falo…

     

    Recebe de mim a palavra que mais estimes, meu amado irmão Brasil

    Assinado: A Galiza (Rousia, Blog República da Rousia)

     

    MAS O QUE É A GALIZA PARA CHRYS CHRYSTELLO?

    Perguntado o poeta responde:

    “A Galiza é uma referência matricial inculcada pelo pai e avó paterna como a origem ancestral no ano de 942. Cellanova foi o ponto de partida onde um homem e uma mulher se juntaram para criar os Barbosa dos quais descendo, assim como dos Meira também galegos.”

    Como podemos ver o Chrys, poeta voador, é muito consciente de suas raízes, o que lhe permite voar com a força e sem medos, pois só quem sabe que sua raiz é de profundidade eterna se atreve a voar tão longe, tão alto, tão generoso em sua trajetória, tanto quanto possível

     

    COMO FOI QUE DESCOBRISTE QUE A GALIZA ERA UM SER VIVO QUE TAMBÉM NECESSITAVA SE ALIMENTAR DE TI?

    “A Galiza precisa da voz dos que a amam e sofrem com a opressão de estarem sob jugo estrangeiro há 500 anos ++++” Breve conciso e contundente Chrys.

     

    ACHAS QUE É POSSÍVEL UMA GALIZA FORA DA LUSOFONIA?

    A Galiza só existe se for lusófona, se fosse castelhanizada não seria Galiza…

     

    E COMO FICARIA A LUSOFONIA SE A GALIZA SE PERDER DE SUA LÍNGUA DEFINITIVAMENTE?

    A Lusofonia ficaria órfã da sua mãe, que lhe deu origem e razão de ser e nisto de bater na mãe já bastou o Dom Afonso Henriques primeiro rei de Portugal…

     

    COMO VÊS O FUTURO DA GALIZA, DA LUSOFONIA E DO MUNDO?

    Promissor desde que as novas gerações entendam o peso da Lusofonia e a arma que a língua pode ser contra a dominação e o jugo estrangeiro opressor.

     

    COMO ACHAS A POESIA PODE AJUDAR?

    A poesia é uma arma carregada de sonhos e o sonho comanda a vida como disse António Gedeão.

     

    POR FAVOR CONTA TUDO QUE TE FALTE POR CONTAR RELATIVAMENTE À IMPORTÂNCIA DA GALIZA NA TUA VIDA, TANTO PESSOAL COMO POÉTICA…

    Na juventude/adolescência a Galiza era uma extensão do país para norte e não um acréscimo do país ao lado que era a Espanha… …são galegos os do Minho a Trás-os-Montes com um sotaque diferente, mas a mesma alma…

     

    ANÁLISE DOS POEMAS

    Os textos formam um conjunto que definem o planeta que o poeta chama ‘Planeta Galiza’ e dão conta da realidade atual da Galiza, dão também as pinceladas suficientes para termos uma breve história contada de forma épica. A Galiza está em grande dívida com o poeta, pois ele a reconhece ilha, tal qual ela é, mas já a sonha planeta, livre como ela flui nos seus versos, linda e indomesticável; uma pessoa sente desejos de se ficar a viver neste planeta. Vamos agora olhar mais de perto e detalhadamente os poemas.

    Os poemas do Chrys são a vivificação do seu mundo conceitual, eles são mostras vivas do que ele acha a poesia é, e que eu resumi baseando-me nas palavras dele como: ‘uma fuga para a utopia quando o mundo exterior me oprime.’ (Comunicação pessoal)

    O poema ‘Partir’, primeiro desta série, primeiro do planeta Galiza, parece a Galiza mesma falando de sua urgência por mudar a situação que vive. Neste poema a Galiza parte, corta amarras, porque ficar é já um naufrágio, é um naufrágio desde há demasiado tempo, demasiados séculos. A Galiza parte para ficar nas asas do tempo, para viver, se eternizar… E como se viver como realmente vive fosse adiar só um bocado a morte; a poesia do Chrys corta grilhetas, vence ameias, iça velas ao vento…. Vai sorrir à grande utopia: nascer! A Galiza indo, partindo do lugar onde se abafa: a Galiza nasce! Renasce! – de novo – Eu não sei se o poeta foi consciente disto tudo que ele colocou neste poema, e talvez se poderia adaptar a outras realidades, a outras terras, certamente poderia, mas este poema cai como uma luva para o espírito da Galiza.

     

    O poema ‘Lendas da minha Galiza’ é um canto de amor, épico, no que o poeta salienta aqueles aspetos da Galiza que ele quer ver crescer, como se os semeasse, para ver a Galiza florir, eis a utopia! Quer o poeta que a Galiza seja feliz, se expresse, se conte tal e qual ela é, tal e qual ela foi sonhada desde o começo dos tempos, o poeta clama por uma Galiza que conserve toda a sua história, seu celtismo tão negado pelos historiadores com outros interesses do que a realidade histórica da Galiza. Dá vida a Ith, filho de Breogán, e reclama um povo para vir herdar esta riqueza secular, por não ver isto acontecendo o poeta canta:

     

    senti o coração trespassado

    as lágrimas minguaram

    jamais haveria fadas ou sereias

    cronópios e polinópios

     

    Mas nem toda a dor deste mundo detém o poema ai, nem a Santa Companha detém o poeta que anuncia seu propósito de visitar o Santo André de Teixido, o que, de novo, o rende galego, pois só os galegos têm que fazer esse caminho peregrino quer de mortos, quer de vivos:

     

    visitei Santo Andrés de Teixido

    duas vezes de morto

    que não visitei uma de vivo

     

    Desce pelo Minho, desde o nascimento, permitindo que o curso vivo da água flua em seu poema, vai na procura da moura, vai na procura do eco que outorgue a seus versos o poder de libertar esta terra que tanto ama.

    escreverei os versos e serão mágicos

    afincado no chão

    erguerei a tua flâmula

    no poste mais alto e cantarei

    Galiza livre sempre.

     

    O poema ‘Concha é nome de guerra’, o que eu pessoalmente agradeço muito, muito mais do que me caberia dizer aqui, mostra como é dura a escolha de resistir, com seus versos ele tece uma capa para a galega que resiste sem renunciar a nada do que é, sem perder nada da sua essência Nesse poema também se reinvindica a si mesmo quando diz:

     

    eu que nasci galego do sul

    sendo galego de Celanova,

    apartado de meus irmãos e irmãs,

    vivi séculos de história ao desbarato

     

    E coloca o rumo face a lusofonia, uma utopia para a que vale a pena escrever e lutar com a palavra.

     

    No seu poema ‘Elegia à AGLP’, no que verso após verso faz sentir ao leitor como é viver numa ilha, numa ilha que é prisão, viver como se vive agora na Galiza é prisão, e sair mesmo que parece difícil é possível com a tripulação da AGLP a que o poeta coloca dentro da sua elegia. De novo a utopia se faz possível, o poema começa com um reconhecimento da realidade, dura, difícil, situação de isolamento, mas que ele no poema já semeia com força a profecia, o desejo de a ver avançando.

     

    O último poema deste capítulo intitula-se ‘Galiza como Hiroshima mon amour’, com a força de um hino os versos vão narrando as bondades, as belezas, as grandezas da Galiza que devem ser preservadas, defendidas, amadas, protegidas e encaminhadas à nobre Lusitânia com a força de quem desperta de um longo sono para ir com os irmãos, erguendo a voz. A voz do poema vai crescendo para no final, nesse último verso poeta, poesia e Galiza se deixem sentir como uma só voz.

     

    indomada criatura

    nenhum poder te subjugará

    nenhum exército te conquistará

    nenhuma lei te aniquilará

     

    és a Galiza mon amour.

     

    Referências Bibliográficas

    Chrystello, C. (2012) Crónica do Quotidiano Inútil. Vila Nova de Gaia. Calendário Editora.

    Chrystello, C. (Página web) http://oz2.com.sapo.pt

    Rousia, C. (Blog Républica da Rousia) http://republicadarousia.blogspot.com.es

    Wikipédia http://pt.wikipedia.org/wiki/Poesia

  • se procura um país pequeno…

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    http://www.worldatlas.com/articles/100007-the-10-smallest-countries-in-the-world

    Açores, Área 2.346 km²

     

    1 – Vatican – 0.44 km²

    2 – Monaco – 2 km²

    3 – Nauru – 21 km²

    4 – Tuvalu – 26 km²

    5 – San Marino – 61 km²

    6 – Liechtenstein – 160 km²

    7 – Saint Kitts and Nevis – 261 km²

    8 – Maldives – 300 km²

    9 – Malta – 316 km²

    10 – Grenada – 344 km²

     

     

  • tenha sempre um insulto à mão

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    701 Insultos. Tenha Um S…e à Mão Ergo Res Sunt