inundações e a plastificação das cidades

Views: 0

Pode ser uma imagem de mapa e texto que diz "Interflúyio Escoamento superficial Subafluente Confluência Escoamento subterrâneo Vale Afluente Rio principal"

 

Não é meu costume abordar por aqui assuntos correntes, mas este está a tocar-me particularmente, porque tem na sua origem um paradigma cultural em decadência, substituído por algo que eu designo (de forma rápida) por urbanismo obsessivo.
A cidade retirou as pessoas da natureza e deu-lhes uma sensação errada de protecção contra essa mesma natureza. A cidade organizou as pessoas e, nos últimos anos, -..
Deu às pessoas uma sensação de poder, omnipotência (e até de imortalidade) que só é abalada quando sucedem desgraças, como acontece com as cheias.
Mas mesmo nessas alturas, os ditos técnicos “conceituados” e adaptados à referida plastificação, o que nos dizem é que ”as soluções têm sido adiadas”.
Acabo de ouvir isso mesmo de um responsável. Ou seja, é preciso construir mais coisas que resistam à força da natureza, porque isso é economicamente necessário e civilizacionalmente indispensável.
E, entretanto, vão-se distribuindo umas culpas (mediáticas) por vários serviços e entidades. Desde a protecção civil até à meteorologia… não, não me enganei, foi mesmo a meteorologia.
Em todos os casos, a solução quem vem sendo apontada passa por construir mais qualquer coisa que, tecnicamente, “é a solução”. Mais do mesmo, portanto.
?… perguntava Cícero.
Devo dizer que me lembro muito bem das cheias de 1967, ocorridas numa noite de sábado para domingo, que mataram mais de 400 pessoas, nos sítios do costume: bacia hidrográfica do Trancão, bacia de Benfica-Alcântara, e de Algés.
Gonçalo Ribeiro Teles explicou porque é que isso acontecia e porque é que isso ia voltar a acontecer. E as razões não mudaram: nem as que provocam estas cheias, nem as que sustentam ilusórias soluções que assentam em construir mais qualquer coisa.
E esta reacção é cultural, assenta numa noção estereotipada de progresso e crescimento, que ninguém quer por em causa. Até porque o sistema em si retirou às pessoas a capacidade de abrandar (já não digo parar) e reflectir: reflectir na desumanidade a que se sujeitam alegremente.
Convido-vos a ver a entrevista de Ribeiro Teles, dada em 1973 à RTP, que partilho do portal do Zé Castela Jacques.
[13m 39s que valem bem a pena]
E junto a imagem esquemática de uma bacia hidrográfica e do seu funcionamento natural. O que fizemos foi construir, asfaltar e impermeabilizar estas encostas e leitos de rios e afluentes. Era o progresso e o crescimento. Mas quando vem a água ela leva tudo à frente. Com ou sem protecção civil.

 

Like

Comment
Send
0 comments

 

 

 

 

Publicado em CLIMA Meteo fire sismos tsunamis vulcoes OVGA | Comentários fechados em inundações e a plastificação das cidades

arte timor

Views: 0

EXPO: ” MANA TIMOR” uma homenagem e respeito por todas as mulheres timorenses que lutaram lado a lado com os homens para a independencia da nossa Patria . Foram tantas …❤️
Agradeço à Camara de Oliveira de Azemeis, à galeria Tomaz Costa e ao amigo Dr Carlos Mota por esta iniciativa. Bem hajam! ❤️
Quero agradecer também a presença de S. Excelencia a embraixadora de Timor-Leste Dra Isabel Amaral assim com também do Assessor Diplomatico da CPLP Dro Isilio Coelho que vieram de Lisboa num dia de tempestade para estar presente na expo. ❤️🇹🇱
Bem Hajam!
+7
Chrys Chrystello
Like

Comment
Share
Publicado em Timor | Comentários fechados em arte timor

Ryuichi Sakamoto sofre de cancro terminal. Veja aquele que poderá ser o último concerto – NiT

Views: 0

Aos 70 anos, o músico e compositor japonês Ryuichi Sakamoto sofre de um cancro terminal em fase quatro. Como o artista já não consegue atuar de forma normal, concebeu um espetáculo em streaming — gravou um tema de cada vez e esta segunda-feira, 12 de dezembro, ficou completo para qualquer um que o queira ver. … Continued

Source: Ryuichi Sakamoto sofre de cancro terminal. Veja aquele que poderá ser o último concerto – NiT

Publicado em AICL Lusofonia Chrys Nini diversos | Comentários fechados em Ryuichi Sakamoto sofre de cancro terminal. Veja aquele que poderá ser o último concerto – NiT

BRUCE LEE AÇORIANO

Views: 0

Publicado em HUMOR Humour | Comentários fechados em BRUCE LEE AÇORIANO

Oitenta jovens mulheres timorenses foram vítimas de assédio sexual – TATOLI Agência Noticiosa de Timor-Leste

Views: 0

DÍLI, 13 de dezembro de 2022 (TATOLI) – A Organização Não-Governamental (ONG) Juventude para o Desenvolvimento (JDN, em tétum) realizou, durante dois anos, um estudo de caso em Díli. Os resultados mostram que 80 jovens mulheres foram vítimas de assédio sexual em espaços públicos, na escola e em casa. A Presidente da JDN, Belizia Maria […]

Source: Oitenta jovens mulheres timorenses foram vítimas de assédio sexual – TATOLI Agência Noticiosa de Timor-Leste

Publicado em Timor | Comentários fechados em Oitenta jovens mulheres timorenses foram vítimas de assédio sexual – TATOLI Agência Noticiosa de Timor-Leste

Caranguejo gigante japonês tem pernas com (quase) 4 metros e pesa 14 quilos – Atualidade – MAGG

Views: 0

Na verdade, os registos ficam-se por estes números, mas os cientistas assumem que a espécie ainda é desconhecida e pouco estudada, o que os leva a pensar que podem existir animais maiores.

Source: Caranguejo gigante japonês tem pernas com (quase) 4 metros e pesa 14 quilos – Atualidade – MAGG

Publicado em trivia insolito | Comentários fechados em Caranguejo gigante japonês tem pernas com (quase) 4 metros e pesa 14 quilos – Atualidade – MAGG

The Most SCARIEST! Road in China 🇨🇳 | Must Watch – YouTube

Views: 0

Publicado em china HK (Hong Kong) + Asia | Comentários fechados em The Most SCARIEST! Road in China 🇨🇳 | Must Watch – YouTube

José Gabriel Ávila · Efraim: aviso à incompetência (Cron. Rad. Atlântida)

Views: 0

Efraim: aviso à incompetência (Cron. Rad. Atlântida)
A depressão Efraim que assola este arquipélago, sendo mais um fenómeno meteorológico, típico desta época do ano, não deixa de preocupar a população destas ilhas.
Apesar dos grandes empreendimentos portuários realizados nas últimas décadas, o mar continua a dominar o nosso quotidiano, irrompendo, terra dentro, com a fúria das ondas alterosas, destruindo o que parecia seguro, derrubando sonhos de anos e anos e demonstrando com os seus ímpetos incontroláveis, que as zonas ribeirinhas da costa estão cada vez mais inseguras. O mesmo se diga a respeito do cuidado com os cursos de água no interior das ilhas.
As mudanças climáticas são uma das razões desses episódios anualmente repetidos.
Mas, alguém se pergunta se as obras realizadas na orla marítima destas ilhas, acautelam os padrões da segurança máxima,ou os projetos salvaguardam apenas a segurança mínima, para poupar dinheiro? E será que foram corretamente construídos e bem fiscalizados?
O que se vê, sempre que há uma catástrofe, um desabamento de terra, uma inundação, o desalinhamento de uma ribeira com os pequenos ou grandes estragos e até acidentes mortais, é que não se decide corretamente de molde a evitar situações semelhantes: Não se determina aqui não se pode construir, para não haver problemas identicos no futuro. A palavra normalmente é reconstruir, e ver se não acontece outra vez…
Basta recuar na nossa memória para comprovar o que afirmo.
Ainda recentemente, as nações unidas realizaram um estudo detalhado divulgando as zonas vulneráveis à progressiva subida das águas do mar. O mapa da ONU assinala, claramente, as zonas ribeirinhas das ilhas açorianas, como que aconselhando não só prudência na construção mas a coragem na tomada de medidas que acautelem o nosso futuro.
O documento está publicado, mas ainda não vi que os governantes o considerassem para prevenir eventuais ocorrências, nem nos planos municipais de ordenamento do território, nem nos empreendimentos portuários, nem no interior das ilhas, cuidando dos cursos de água, e das infraestruturas rodoviárias.
Vem uma chuvada mais intensa e os caminhos municipais transformam-se em ribeiras porque não há escoamento conveniente e as águas inundam habitações, normalmente as mais pobres e vulneráveis.
Não sou entendido nestas matérias, mas qualquer observador pergunta-se por que se dá prioridade ao saneamento das artérias citadinas, e não se atende ao protesto clamoroso dos habitantes das zonas rurais, sujeitos aos impulsos da natureza, sem que ninguém lhes valha?
É tempo de mudar de rumo. Não podemos estar permanentemente sujeitos aos ditames da natureza, como se não houvesse forma de a contrariar.
O diagnóstico está feito. Necessitamos de gente competente para assumir novos rumos no ordenamento do território e projetos mais consentâneos e consistentes face aos condicionalismos ambientais que nos estão reservados.
Gerir bem significa fazer o melhor, com os recursos financeiros disponíveis e tomar opções que garantam um aproveitamento presente e futuro dos investimentos.
A depressão Efraim vai seguir o seu rumo normal e dissipar-se mais adiante.
Outras se seguirão com maior ou menos intensidade. Importa que aprendamos com os nossos erros para não estarmos sempre a mendigar mais verbas para remendar as nossas incapacidades, quando alguns problemas já poderiam estar resolvidos.
Infelizmente ainda há muitos responsáveis que só se lembram de Santa Barbara quando faz trovões…
José Gabriel Ávila
11/12/2022
3 comments
Like

Comment
Share
3 comments
  • Júlia Roxo

    Por aqui ainda constroemquase em cima do mar quem tem a responsabilidade de dar o aval para as construções?
    • Like

    • Reply
    • 1 h
  • Francisco Fialho

    As depressões continuarão e respectivos estragos.
    Se alguma vez os políticos forem competentes e se preocuparem exclusivamente com as populações, os problemas serão drasticamente resolvidos.
    Por enquanto, em nome da autonomia, temos jobs for the boys, …

    See more
    • Like

    • Reply
    • 1 h
    • Edited
  • Artur Xavier Soares

    Um outro problema é a limpeza dos leitos das ribeiras. Os infestantes (rocas de velha, incensos e acácias) vão ocupando o seu espaço, para não falar nos lixos que alguns teimam em continuar a depositar.
Publicado em AICL Lusofonia Chrys Nini diversos | Comentários fechados em José Gabriel Ávila · Efraim: aviso à incompetência (Cron. Rad. Atlântida)