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  • a voz para idealizar erros

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    Gosto quando conheço as pessoas só pela voz, sem as ver (por exemplo, os locutores de rádio, ou quem conversa atrás de mim no autocarro). Quando isso acontece, nós idealizamos as feições da pessoa, a maneira como será a fisionomia de quem tem esta ou aquela voz, esta ou aquela maneira de se exprimir. Imaginar é das coisas mais belas que há, porque construímos uma aparência que não existe na realidade. Depois, quando vemos a pessoa de quem só conhecíamos a voz, ou se chegamos a vê-la, reparamos que é totalmente diferente da nossa representação, e aí o edifício da nossa ideia desaparece num ápice para dar lugar à realidade. Apanha-se cada surpresa! Conheço o caso de uma senhora que trabalha numa repartição pública e lida com os utentes pelo telefone. Um destes utentes ficou de tal maneira apaixonado pela voz dela, porque é realmente líquida, cristalina, feminil e muito bonita, além de muito simpática, que passou a ligar mais vezes só para ouvir a voz dela; até que um dia, já sem resistir, disse que queria encontrar-se presencialmente com a senhora, porque gostava dela. A senhora, entristecida, viu-se obrigada a recusar, pois já sabia que a desilusão dele seria enorme: é fisicamente defeituosa. A desilusão seria dela também. Assim, este senhor pode continuar a viver o seu idílio, o sonho de imaginar uma deusa da perfeição com quem pode falar, mas sempre à distância, sempre sem chegar a vê-la, porque ela mora no Olimpo, é inacessível, então continua a enriquecer a sua imaginação e até a sua paixão platónica. Como idealizarão os cegos a realidade? Como imaginará um cego de nascença o que é este mundo? Talvez não suponha que há coisas feias, ou lixo, ou escuridão, ou cenhos carregados, ou atentados à paisagem. Talvez a paisagem deles seja povoada de beleza, de uma estranha luz que tudo ilumina num mundo perfeito. Ou então, se ouve um ruído áspero e feio, imagina uma figura grotesca que não tem existência real, uma monstruosidade mitológica, algo que para nós seria uma extraordinária aberração.
    Ontem fui ouvindo uma mulher no autocarro que estava sentada atrás de mim. Eu não podia vê-la. Tinha uma voz muito aguda, esganiçada, de cana rachada, então eu ideei uma determinada figura, algo parecido com uma górgona. Quando me levantei para sair e a vi, abriu-se-me a cortina da realidade. Era uma mulher bonita. É interessante como os nossos sentidos podem ser conflituosos entre si.
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    Lia Correia

    A voz é um poderoso elemento de definição.
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    • 3 h
  • a razão 60 anos depois

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    Joaquim Fernandes
    VIDA MICROBIANA ENTRE AS NÚVENS:
    O ESPANTO DEPOIS DA CONTROVÉRSIA
    Entre filamentos brancos algo se agitava – assim concluiu Joaquim Amaral, então diretor da Escola Comercial e Industrial de Évora quando, em 2 de novembro de 1959, recolheu do solo uma porção de filamentos brancos que caíra sobre o centro da cidade e nele detetou algo microscópico e aparentemente vivo.
    Era o começo de uma epopeia entre exaltações, negações e contradições no acanhado meio científico português em pleno regime censório do Estado Novo, com receios e prevenções veladas e que só mais tarde, em 1978, se viria a revelar no seu conteúdo original, que o citado docente teve a coragem de produzir mas nunca pôde publicar conforma planeava..por sugestão da hierarquia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
    Hoje, justiça póstuma lhe seja feita, microbiólogos e investigadores da bioesfera prosseguem estudos pertinantes sobre a hipótese de existência de vida microscópica nas altas camadas da atmosfera terrestre.
    VIDA MICROSCÓPICA NAS NUVENS:
    HIPÓTESE SUSCITADA
    HÁ 60 ANOS EM PORTUGAL
    REFORÇADA PELA CIÊNCIA DE HOJE
    Documento: Jornal de Notícias, 20 de Maio 2018
    No photo description available.
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    Manuel CAmaral

    São os Dogmas, os preguiçosos adoram,mas o progresso avança. Bom fim de semana

     

     

  • Lisboa parece tentar asfixiar os Açores

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    1 h
    ENTREVISTA
    • OSVALDO CABRAL. JORNALISTA

    Lisboa parece tentar asfixiar os Açores

    A Região queixa-se amargamente de não receber de Lisboa o dinheiro que lhe é devido, sendo que responsáveis políticos locais falam em transferências antecipadas quando o PS estava no governo nos Açores e em Lisboa. O que lhe parece que se estará a passar?
    É mais uma das habituais diatribes do governo de António Costa. É um padrão comum a todos os governantes nas últimas duas legislaturas, mas agora mais acentuado, por coincidência (ou não?) desde que temos nos Açores o governo de coligação. No tempo de Vasco Cordeiro ele foi enxovalhado pelo Ministro da Ciência, Manuel Heitor, que veio cá assinar um contrato-programa com o reitor da Universidade dos Açores para um financiamento de 3,5 milhões de euros. Vasco Cordeiro fez questão de promover uma cerimónia pública para o ato. Até hoje, nunca mais vimos os 3,5 milhões. A atual ministra do Ensino Superior, Elvira Fortunato, foi confrontada ontem, aqui em, S. Miguel, com este atraso. Foi apanhada de surpresa, coitada, mas assumiu o mesmo padrão: não se comprometeu com nada! São os atrasos no pagamento das OSP para o Faial, Pico e Santa Maria, no valor de 10 milhões, são os apoios aos agricultores que excluem os açorianos, são os apoios aos emigrantes que excluem os açorianos, são os atrasos no pagamento dos estragos do Furacão Lorenzo, enfim, um rol nunca visto. Se não é tentativa para asfixiar a região, então disfarçam bem.
    A extensão aos Açores de iniciativas nacionais de apoio está a ser revindicada, mas não ocorre. São casos como o apoio ao regresso de emigrantes, os apoios à lavoura, entre outros. Parece-lhe legítimo, de acordo com a Constituição e o Estatuto, a Região – tal como a Madeira – solicitar tais extensões?
    Claro! Somos território da coesão nacional só quando interessa a António Costa, quando invocou isso mesmo para aplicação de medidas na pandemia? Ou quando se trata da gestão do nosso mar?
    Apoios nacionais, com programas comunitários, devem ser obrigatoriamente extensivos às Regiões Autónomas, como acontece com o PRR. Ou somos para umas coisas e ignoram-nos para outras?
    O PS dos Açores já veio dizer que a Autonomia tem que tratar do financiamento dos seus assuntos. Como avalia esta declaração?
    Devia ter dito isto quando era governo, em que beneficiou de muitos apoios da solidariedade nacional. Até no tempo de Passos Coelho, o PS criticou-o duramente por nos ter mandado à banca para financiarmos estragos de um sismo. Nessa altura não pensou que a região devia tratar do seu financiamento? O PS dos Açores e os seus dirigentes andam completamente arredados da realidade. Não dizem coisa com coisa.
    Pelo caminho que vamos, com dívidas que todos os dias nascem debaixo dos pés – a Saúde é um caso exemplar – e com receitas próprias tão diminutas que estão todas comprometidas em despesas correntes, onde vamos parar?
    E para piorar veio aquela decisão precipitada de endividamento zero. Devia ter sido uma decisão mais suave, até chegarmos a um orçamento mais folgado para o endividamento zero. Os governantes em Lisboa, atarefados que andam com as zaragatas escandalosas da governação de Costa, aproveitam-se para fechar, ainda mais, a torneira às regiões autónomas. Essa gente não tem carácter político. Muito menos estofo para governar.

    in, Diário Insular, 20 de Maio / 2023

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    Lou Resendes

    é por isso que eu defende uma independência para os Açores e já
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    • 57 m
  • açores festas da praia

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    Festas da Praia recordam tempos dourados da Base

    Praia. As festas concelhias regressam de quatro a 13 de agosto, com o mesmo modelo e uma aposta nos artistas locais.

    Primeiro existiam os campos de trigo, que se estendiam pelas terras onde depois surgiu a base militar. Os ingleses chegaram em 1943 e seguiram-se os americanos. A Base das Lajes moldou o desenvolvimento da ilha e da Praia da Vitória ao longo de décadas.
    É este o ponto de descolagem das Festas da Praia 2023. Com o tema “Do Trigo Dourado aos Pássaros de Ferro”, exploram a história contemporânea do concelho, como explicou a coordenadora artística, Judite Parreira.
    “As Festas da Praia são a nossa montra, a possibilidade de expormos o que somos e o que temos. Entendi que este ano seria a altura de expormos um pouco da nossa história”, disse.
    Judite Parreira referiu que houve um trabalho de pesquisa prévio. “Escolhi da história mais recente a parte que verdadeiramente elevou o concelho da Praia e lhe deu a dimensão até internacional que hoje tem”, adiantou.
    O facto de se assinalarem os 80 anos da chegada dos militares ingleses à ilha foi outro elemento que contribuiu para a escolha do tema. “Há 80 anos chegaram os ingleses e transformaram o chão de trigo”, recordou.
    As festas conservam o modelo, apesar da crise financeira que o município atravessa. “São um motor económico e social desta cidade e deste concelho. Apesar das circunstâncias, era impensável não as realizarmos, até pelo contributo real que elas geram para a nossa economia. Mantemos o modelo, reforçamos a gestão rigorosa e pormenorizada das contas, reforçamos os meios e estratégias de geração de receitas e apostamos fortemente nos artistas locais”, defendeu a presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória, Vânia Ferreira.
    Concurso para concessão da Dream Zone com duas propostas
    Segundo o município, o orçamento global é de 462 mil euros, com a autarquia a suportar perto de 257 mil. O restante valor assenta nas receitas publicitárias, a angariar pela Cooperativa Praia Cultural.
    Está em fase final o concurso para a concessão da “Dream Zone”, espaço principal de concertos. De acordo com Paula Sousa, vereadora com o pelouro da Cultura, verificaram-se duas propostas.
    Segundo Paula Sousa, a autarquia pretende também expandir a área das tascas na zona verde.
    “Terão oportunidade de ver um programa rico, mas adequado à situação atual do município”, vincou.
    Vânia Ferreira argumentou, sobre as dúvidas que rodearam a realização das festas este ano, que foi equacionada uma “possível alteração de modelo mediante a situação financeira”, mas que “nunca esteve, em momento algum, em cima da mesa que não acontecessem”.
    “Desde o momento que terminaram as festas de 2022 e convidámos a coordenadora artística, assumimos que teríamos de gerar este momento. Seria muito comprometedor para o nosso concelho. Não poderíamos, em momento algum, pensar que não iriam existir festas da Praia. O que temos é de adaptar-nos”, disse.
    A presidente do município prometeu “trabalhar de forma contida e organizada”, também no sentido de “assegurar o máximo de qualidade, com o máximo de contenção face aos custos”.
    As Festas da Praia 2023 realizam-se de quatro a 13 de agosto. A Feira de Gastronomia abre a quatro e, no dia seguinte, realiza-se o desfile de abertura. A tourada de praça será no dia sete, organizada pela Tertúlia Tauromáquica Praiense. Para o dia 10, está marcado o desfile infantil.
    A Feira de Gastronomia, com organização pela Escola Profissional da Praia da Vitória, conta com os restaurantes O Típico (Mealhada), Tasca Algarvia (Algarve), Cufra (Porto), Do Dia para a Noite, Carne Arouquesa, O Académico e a Tasca do Ramo Grande. DAMAR, da Serra da Estrela, Bísaro, de Trás-os-Montes, e Marquês, do Alentejo, são as charcutarias. Na feira estarão as pastelarias Capote, Amêndoa Doce e Queijadinhas d’Anita. Realiza-se também a Feira de Artesanato.
    A nota das festas é de esperança, sublinhou Judite Parreira. “O campo de aviação foi o que realmente nos projetou no mundo. Hoje, não será tanto assim, lá está, mais uma viragem e mais uma mudança que nos preocupam. Mas, com certeza, os jovens do nosso concelho conseguirão, porque são mais arrojados e desassombrados, transformar este momento numa altura de oportunidades”, refletiu.
    • in, Diário Insular, 20 de Maio / 2023
    May be an image of 2 people and text that says "Festas da Praia t FESTAS .ESTAAPRAI DA PRAIA t PRAIAD Tema Festas da Praia lembram história da Base das Lajes, dos campos de trigo aos pássaros de ferro que lá pousaram"
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  • O regular falecimento das instituições – Observador

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    A “oposição” insiste em exigir vigorosamente a demissão do professor Galamba. É o mesmo que confiscar um canivete a um gangue armado com bazucas.

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  • Viet Thanh Nguyen: “Os atos de traição na arte podem sempre ser justificados se a arte for bela” – Observador

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    Ganhou o Pulitzer com o romance de estreia, uma abordagem à Guerra do Vietname inspirada em Lobo Antunes. Após 8 anos, vai lançar um livro de memórias. Entrevistámos o escritor em Lisboa.

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  • Yuval Noah Harari em Lisboa: “A inteligência artificial é mais perigosa que a bomba atómica” – Observador

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    Australia’s near neighbour heads into an election on Sunday with very real concerns about its future economic prosperity.

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