“32599 Pedromachado” é o nome dado ao asteróide 2001 QN160, em honra do investigador natural da ilha de São Miguel, Pedro Machado, revelou ontem a União Astronómica Internacional
Desde ontem, há um corpo celeste no céu que tem um nome açoriano: o asteroide 32599 passou a ser chamado de “Pedromachado”, em honra do astrofísico micaelense Pedro Machado, investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA1) e professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Ciências ULisboa).
O nome foi atribuído pela União Astronómica Internacional, por indicação do Grupo de Trabalho para a Nomenclatura de pequenos corpos, durante a Conferência de Asteroides, Cometas e Meteoros, que decorreu em Flagstaff, no estado norte-americano do Arizona.
Com quase três quilómetros de diâmetro, o “Pedromachado” demora quatro anos e meio a dar uma volta ao Sol. O asteroide orbita o Sol entre os planetas Marte e Júpiter, na região conhecida como Cintura de Asteroides. Foi descoberto em 2001 através do programa Lowell Observatory Near-Earth-Object Search, da NASA e do Observatório Lowell, para a deteção de objetos espaciais em órbitas próximas da Terra.
“É uma honra inesperada e uma grande satisfação ver o meu nome na lista de novas nomeações de asteroides. Estou muito grato por este reconhecimento do meu trabalho pela comunidade científica”, afirma Pedro Machado, citado em nota de imprensa.
O astrofísico açoriano torna-se o terceiro português a ver o seu nome no espaço, depois dos investigadores do IA1, Nuno Peixinho (Universidade de Coimbra) e Pedro Lacerda (Instituto Pedro Nunes), que viram igualmente o seu trabalho reconhecido com a atribuição dos seus nomes aos asteroides 40210 Peixinho e 10694 Lacerda.
“Quando Abraão Hassiboni chegou a São Miguel em 1825 não falava uma palavra de português. Na altura em que morreu, muitos anos mais tarde, continuava sem saber construir uma frase em português escorreito.
Falava árabe marroquino e um espanhol arcaico. Mesmo assim, mal pousou o pé nos Açores adoptou um apelido luso – Bensaúde, por ser o nome do seu padrinho e protector da família.
Como outros judeus, os Hassiboni tinham chegado a Marrocos fugidos da Península Ibérica vítimas das perseguições dos Reis Católicos, de D. Manuel e de D. João III. No Norte de África a sua vida não foi, no entanto, mais pacata. A população odiava-os e eram saqueados a torto e a direito. Valia-lhes a protecção do sultão, que só não os desprezava porque os judeus lhe engordavam as finanças.
O pior foi quando o sultão morreu: a mulher de Abraão enterrou as jóias de família no quintal e a família aguardou os saques inevitáveis. Depois, fugiram para os Açores, onde o ambiente era de maior tolerância.
Trabalhador incansável, Abraão dedicou-se à venda de tecidos de alta qualidade, mas a inveja de outros vendedores mais antigos de tecidos de menor qualidade quase lhe custou o negócio.
Na senda do pai, Jacob Bensaúde fundou a firma Jacob Bensaúde Abraão & C.ª, que importava fazendas e exportava cereais e laranjas para o Reino Unido. Morreu cedo, com apenas 28 anos e foi o seu irmão Judah – o primeiro dos Bensaúde a saber falar português – que manteve o negócio das fazendas vivo. Quando não havia clientes, Judah ficava sentado ao balcão a ler e a estudar, o que lhe valeu um “alto nível cultural”, conforme é contado no livro Subsídios para a Genealogia da Família Bensaúde.
Geração após geração, os negócios dos Bensaúde proliferaram: José Bensaúde fundou a Fábrica de Tabaco Micaelense e foi também um homem de cultura que deixou uma biblioteca com mais de 1200 volumes.
O seu filho Joaquim formou-se em Engenharia na Alemanha, pertenceu à Academia das Ciências de Lisboa e à Academia Portuguesa de História. Teve ainda um papel relevante na investigação da história da astronomia peninsular e dos instrumentos náuticos primitivos. Ainda no século XIX, a família criou a Parceria Geral de Pescaria, especializada na pesca do bacalhau, e a Empresa Insular de Navegação. Fundou ainda o Banco Lisboa Açores, as fábricas de tabaco, álcool e açúcar, bem como a Companhia de Seguros Açoreana. Foram ainda os responsáveis pela criação da SATA (Sociedade Açoriana de Transportes Aéreos) e pelo Banco Micaelense, actual Banif. A partir de 1916, os Bensaúde começaram a importar, armazenar e fornecer carvão para a navegação, mas depois da II Guerra Mundial, quando o carvão perdeu grande parte do seu valor, adquiriram uma instalação para armazenamento de combustíveis líquidos em São Miguel. Foi nesta altura que o clã se converteu ao catolicismo, provavelmente com medo da expansão do anti-semitismo de Hitler.” – Por Rita Roby Gonçalves
O ministro da Cultura de Cabo Verde, em representação dos países da CPLP, manifestou, durante a 64ª Reunião dos Estados Membros da OMPI, a vontade de ver o português como a língua de pleno trabalho desta organização internacional.
“Dizemos, sem pestanejar, que somos um país de poetas, mas, depois, vendemo-nos como qualquer coisa entalada entre a camisola do Ronaldo e o pastel de nata. Os nossos duty free consistem num combo muito específico de chocolates, cigarros, perfumes e álcool, muito álcool. E, no resto dos aeroportos, é possível comprar roupa, malas de viagem (nunca percebi. Diria que é assunto que se resolveu, na pior das hipóteses, antes de ir para ali) e sandes de frango pré-feitas ao preço d…
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OBSERVADOR.PT
Uma livraria na viagem da espera
Uma livraria na viagem da espera
Se dependesse da “elite” que nos governa, Vasco da Gama ainda estava parado a comer pastéis de Belém, à espera de autorização para içar velas e ir descobrir o caminho marítimo para a Índia.
Esta semana, ficámos a saber de mais alguns avanços extraordinários em relação ao novo aeroporto de Lisboa. Que a “comissão técnica” que ficou de apresentar a proposta da nova localização ainda nem sequer conseguiu contratar os “técnicos” de que precisa para funcionar. Que, de qualquer maneira, a “comissão técnica” não serve para nada porque a decisão será “política”. E que a “política” será, na verdade, a indecisão do costume porque, na mesma semana em que dois governantes decidiram pronunciar-se sobre a questão sem que ninguém lhes tivesse perguntado, decidiram logo fazê-lo com opiniões diametralmente opostas: Santarém é um sítio óptimo para fazer um aeroporto vs. Santarém é um sítio péssimo para fazer um aeroporto.
Se dependesse da “elite” que nos governa, Vasco da Gama ainda estava parado a comer pastéis de Belém, à espera de autorização para içar velas e ir descobrir o caminho marítimo para a Índia, e Nuno Álvares Pereira reformado do exército antes de o governo ter decidido a melhor localização para a Batalha de Aljubarrota. Camões teria sido talvez um poeta satírico, em vez de lírico e épico, e ao menos para ler essa obra poderia valer a pena ter tido a má fortuna de viver nesta época.
Não acredito, é claro que já não acredito. A discussão sobre a necessidade de relocalizar o aeroporto de Lisboa começou em 1969, o ano em que a Humanidade chegou à Lua. E ainda vai chegar a Marte antes de haver novo aeroporto em/de/para Lisboa. Leram aqui primeiro. De modo que já só queria pedir uma coisa, uma coisa muito ambiciosa: quando fizerem o aeroporto, lá onde quiserem, será que podia ter uma livraria? Ou melhor, porque, nessa altura, pelo andar da carruagem, as dioptrias podem já não me permitir: enquanto esperamos, será que podia haver uma livraria neste aeroporto de Lisboa? E noutros pelo país, se não for muito extravagante pedir?
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