outono Rainer Maria Rilke

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Carlos Fino
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«Dia de Outono»
Senhor: é tempo. Foi muito grande o verão.
Nos relógios de sol estira as tuas sombras,
deixa que pelo prado os ventos vão.
Manda aos últimos frutos a espessura,
dá-lhes do sul ainda mais dois dias,
força a plenitude neles, vê se envias
ao vinho forte a última doçura.
Quem não tem casa agora, já não constrói nenhuma,
quem agora está só, vai ficar só, sombrio,
perder o sono, ler, escrever cartas a fio,
e a um ir e vir inquieto nas áleas se acostuma,
vagueando enquanto as folhas lá vão num rodopio.
Senhor, já é tempo; foi tão longo o Verão»
Rainer Maria Rilke
Trad. de Vasco da Graça Moura,
Cortesia Teresa Pizarro Beleza, September 25, 2015

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Francisco Filipe Cruz

Day in Autumn a poem by Reiner Maria Rilke & Elegy of Autumn photo by Dina Bova.
Portuguese translation by Vasco da Graça Moura.

After the summer’s yield, Lord, it is time
to let your shadow lengthen on the sundials
and in the pastures let the rough winds fly.

As for the final fruits, coax them to roundness.
Direct on them two days of warmer light
to hale them golden toward their term, and harry
the last few drops of sweetness through the wine.

Whoever’s homeless now, will build no shelter;
who lives alone will live indefinitely so,
waking up to read a little, draft long letters,
and, along the city’s avenues,
fitfully wander, when the wild leaves loosen.

Transelated by Mary Kinzie

«Dia de Outono»

Senhor: é tempo. Foi muito grande o verão.
Nos relógios de sol estira as tuas sombras,
deixa que pelo prado os ventos vão.

Manda aos últimos frutos a espessura,
dá-lhes do sul ainda mais dois dias,
força a plenitude neles, vê se envias
ao vinho forte a última doçura.

Quem não tem casa agora, já não constrói nenhuma,
quem agora está só, vai ficar só, sombrio,
perder o sono, ler, escrever cartas a fio,
e a um ir e vir inquieto nas áleas se acostuma,
vagueando enquanto as folhas lá vão num rodopio.

Senhor, já é tempo; foi tão longo o Verão»

Rainer Maria Rilke
Trad. de Vasco da Graça Moura,

Cortesia Teresa Pizarro Beleza, September 25, 2015 ·
Encontrei, finalmente: Rainer Maria Rilke traduzido por Vasco Graça Moura. Não é um soneto, mas ‘quase’. E é uma perfeita descrição do Outono que começa…

Agora vou desencantá-lo em alemão, a ver como se compara com esta recriação lusa (Graça Moura e Jorge de Sena eram dois recriadores extraordinários de poemas importados de outras línguas)

http://poemasdetodososlugares.blogspot.pt/…/dia-de-outono-r…

Aqui está ele… se os textos estão correctos (fui buscá-los à net, como indico, não sei do meu livro) VGM acrescentou um último verso. Que fica, aliás, muito bem…

«Herbsttag
Herr, es ist Zeit. Der Sommer war sehr groß.
Leg deinen Schatten auf die Sonnenuhren,
und auf den Fluren lass die Winde los.

Befiehl den letzten Früchten, voll zu sein;
gib ihnen noch zwei südlichere Tage,
dränge sie zur Vollendung hin, und jage
die letzte Süße in den schweren Wein.

Wer jetzt kein Haus hat, baut sich keines mehr.
Wer jetzt allein ist, wird es lange bleiben,
wird wachen, lesen, lange Briefe schreiben
und wird in den Alleen hin und her
unruhig wandern, wenn die Blätter treiben. »

Rainer Maria Rilke, 21.9.1902, Paris

http://rainer-maria-rilke.de/06b012herbsttag.html

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