OTELO – CRÓNICA 407 FUGIR ATÉ QUE HAJA HUMANIDADE DE GRUPO

CRÓNICA 407 FUGIR ATÉ QUE HAJA HUMANIDADE DE GRUPO

Fala-se ininterruptamente da pandemia, mil e um peritos e especialistas de tudo e de nada, quase todos na mesma senda, científica ou não, debitam verdades inabaláveis hoje, desmentidas amanhã, sobre o vírus, as vacinas, internamentos, mortes.

Ocasionalmente surgem fait divers para alegrar a populaça, um ministro que atropela e mata e culpa o motorista, a prisão desse colecionador de arte boa e má à custa doutrem, o Berardo, ou o presidente do Benfica que de bestial a besta bateu todos os records, ou ainda as falcatruas alegadamente cometidas pelo homem forte do Santa Clara e do parque da cidade de Ponta Delgada. Pelo meio surge um outro incêndio, inundações violentas na Europa desenvolvida e um pouco por todo o mundo, antes de nos matraquearem (de manhã à noite em todos os canais de TV, rádio e em jornais) com as vítimas do vírus, sempre na senda do “nós” contra “eles” os que discordam e a quem são atribuídas todas as culpas pelos aumentos de casos positivos.

Agora com a morte desse controverso “capitão de abril (Otelo Saraiva de Carvalho) as redes sociais iam explodindo entre os que o acusavam de 16 mortes terroristas aos que o idolatravam, sem meio termo, com muita mentira e distorção pelo meio, como se a verdade fosse branca e oura como o cristal e a História não tivesse mil sombras de cinzento. Não ouvi porém falar dos terroristas do MIRN, do cónego Melo e outros bombistas mas foi – decerto – por esquecimento. Como se os erros posteriores de revolucionário de Otelo pudessem apagar o que ele, Melo Antunes, Salgueiro Maia e tantos outros fizeram para nos libertar da ditadura salazarenta de 48 anos mal disfarçados pela primavera Marcelista. Nisto, Portugal e Timor são parecidos, lá ao fim de tanta década as feridas de agosto 1975 e da guerra fratricida de então vêm à superfície ao mais ligeiro sintoma de opinião divergente dos líderes, esquecendo ambos as brutalidades que ambas as partes cometeram antes de serem mortas e escravizadas pelos indonésios durante 24 anos.

É nestas ocasiões em que tento ter uma posição equilibrada, entre estes extremismos que descrevi, que me apetece fugir e isolar-me no forte de Sigriya nas cercanias da cidade de Dambulla na região de Matala no Sri Lanka ATÉ QUE HAJA HUMANIDADE DE GRUPO.