OSVALDO JOSÉ VIEIRA CABRAL. Um ministro com ódio de estimação

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Um ministro com ódio de estimação

O Ministro Augusto Santos Silva tem um ódio de estimação pelos Açores.
Já vem de longa data, desde que foi braço direito de José Sócrates.
Na altura detinha o pelouro da Comunicação Social e foi o ministro que pior tratou a RTP-Açores, deixando que ela entrasse no limbo da morte lenta.
Faz agora exactamente três anos que o Ministro dos Negócios Estrangeiros voltou a desconsiderar os Açores e os compromissos entre o seu governo e o Governo Regional.
Foi na célebre intervenção na Assembleia da República, ao considerar que os 167 milhões de euros inscritos no PREIT (Plano de Revitalização da Terceira), que deviam ser exigidos aos EUA para descontaminação ambiental, “valiam zero”!
E foi mais longe, confessando-se “absolutamente estupefacto” com as exigências açorianas contidas no PREIT.
“Ninguém aprova uma coisa que exige a um governo nacional que exija a um governo estrangeiro que financie em 167 milhões de euros o orçamento nacional do país sem sequer contactar antes esse governo estrangeiro”, criticou então o chefe da diplomacia portuguesa.
Veio a seguir um coro de protestos, com Vasco Cordeiro a lembrar ao ministro que ele tinha estado ao lado de António Costa, na ilha Terceira, onde foi assinado este compromisso.
Reconhecendo que tinha posto a pata na poça, Santos Silva veio depois em recuo, dizendo que aquela verba e o PREIT “eram apenas uma referência”.
Agora voltou a dar sinal de vida relativamente ao seu ódio de estimação.
Sobre a renegociação do Acordo das Lajes, que a Cônsul dos EUA nos Açores disse esta semana que competia a Portugal iniciar o processo, o Ministro dos Negócios Estrangeiros disse no parlamento, em resposta ao deputado Paulo Moniz, que Portugal não ia pedir a revisão do Acordo e depois ironizou, tratando-nos, a nós açorianos, como se fôssemos uns tontinhos que não percebem da matéria e que tinha outras prioridades relativamente às Lajes.
O que o ministro certamente se esqueceu (ou talvez não) é que Vasco Cordeiro, Presidente do Governo Regional, já há vários anos que vem dizendo que o Acordo devia ser revisto.
O ministro insultou-nos a todos e insultou o Presidente do Governo com a sua resposta irónica.
Vasco Cordeiro respondeu-lhe à letra, também com ironia, mas parece tudo inconsequente.
Já é tempo dos Açores tomarem uma posição conjunta – Governo e Assembleia – de protesto contra este ministro e pedir explicações a António Costa sobre este ódio de estimação por parte de Santos Silva.
É claro que nada vai acontecer.
Há outros interesses que rodeiam estas polémicas e estamos em ano eleitoral.
Mais: este ministro foi essencial ao famigerado governo de Sócrates e volta a ser a António Costa, porque os líderes partidários precisam de alguém que faça este papel, o de “quem se mete com o governo, leva!”.
Um ministro com este carácter não merece qualquer consideração de um povo.
Ainda vamos ver, quando ele se deslocar no próximo mês a estas ilhas, para um Conselho de Ministros, a ser tratado com abraços e pancadinhas nas costas.
A hipocrisia da política dá para tudo.

(Osvaldo Cabral – Diário dos Açores de 29.02.2020)

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Comments
  • Luisa Teves Bastava voltarem do túmulo uns 6 que estou pensando ele iria ter dificuldade de andar pelas nossas terras.
  • Jose Vieira Os interesses dos Açores não podem estar dependentes da simpatia ou ódio de um ministro.
  • João Bagnari E o Carlitos que é um bom rapaz, a vê-los passar. Mas sim é como diz, nada se vai passar, as eleições ainda estão longe, e o povo esse… merece o que escolhe!!! Temos pena, mas merecemos isto e nada mais!!!
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