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Paga o justo…
As novas medidas restritivas para a ilha de S. Miguel eram inevitáveis,
Quem vem acompanhando, atentamente, a evolução epidemiológica nesta ilha e quem conhece profundamente a cultura das nossas gentes, sabia que logo após o Natal vinha o descalabro.
Foi um erro, nos Açores como no Continente, relaxarem-se as medidas durante o Natal, julgando que as populações iam cumprir as recomendações das autoridades sanitárias.
No que nos diz respeito, é sabido que ocupamos os últimos lugares na estatística europeia no que toca à participação cívica.
Apelar ao colectivo para uma série de conselhos cívicos e sanitários, entre nós, infelizmente não funciona com paninhos quentes.
Por isso, há momentos em que é imperioso o endurecimento da obrigatoriedade das recomendações quando o colectivo não responde com o comportamento que se exige.
Devia ter sido assim no Natal e é bom que vão pensando nos próximos dias, em que se aproxima outra tradição de ajuntamentos, como são os dias de Amigos e Amigas e o Carnaval.
Ficar à espera que as pessoas vão respeitar os procedimentos e agir depois do mal estar feito é uma infantilidade.
Agir a tempo em focos localizados, recorrendo, se necessário, a confinamentos selectivos, poderá ser outra estratégia a seguir, tal como aconteceu em Rabo de Peixe com sucesso, mas não se percebe porque não se agiu com o mesmo critério em Vila Franca do Campo.
E atenção: sempre que forem anunciadas medidas duras, como as de agora para S. Miguel, é um erro não serem acompanhadas das medidas compensatórias para as famílias e empresas prejudicadas pelas restrições.
Este Governo já errou, vai errar mais, tal como o Governo anterior também errou várias vezes, pelo que não é com acusações de parte a parte, às vezes roçando a desonestidade e deselegância política, que se consegue unir toda a população num combate que é comum.
Somos 140 mil almas numa ilha a pagar pela permissividade de uma minoria de pessoas entre as 500 infectadas.
É para essa minoria que se deve focar, no futuro, o endurecimento das suas obrigações para com a restante sociedade.
Quando o justo paga pelo pecador é toda uma sociedade que adoece.
(
Osvaldo Cabral
– Diário dos Açores de 10/01/2021) — with
Osvaldo José Vieira Cabral
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