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Pierre Sousa Lima
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Admin
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Onde páram os milhões?
Tornou-se moda neste país muita gente pedir explicações ao Governo de António Costa sobre milhões prometidos e nunca vistos.
Nos Açores, até Vasco Cordeiro já pergunta por alguns milhões que vêm do tempo em que o próprio era Presidente do Governo Regional, o que é mais espantoso.
Em Dezembro do ano passado escrevi o seguinte numa destas crónicas: “Há outra incongruência de monta nos investimentos previstos no referido Plano (de Recuperação e Resiliência), que somam 580 milhões de euros destinados à nossa Região, quando aquilo que foi anunciado inicialmente pelo Governo Regional eram 720 milhões de euros! Na vinda do Plano do Terreiro do Paço para o Palácio de Santana a resiliência deve ter-se esfumado pelo mar em 140 milhões de euros…”.
Mais de dois meses depois o líder do PS-Açores faz a mesma pergunta ao Governo de Bolieiro, quando devia tê-la dirigido ao seu camarada de Lisboa já há algum tempo.
Esta falha de milhões para com os Açores não é nova e tem sido um padrão na governação de António Costa, sem que o anterior Governo Regional tivesse levantado a voz alguma vez.
Aliás, Vasco Cordeiro é testemunha directa destes “esquecimentos” dos seus camaradas da República.
Basta lembrar o compromisso assinado, a 5 de Fevereiro de 2020, na presença do próprio, entre o Ministro do Ensino Superior e o Reitor da Universidade dos Açores, em que a República se comprometia entregar mais de 1 milhão de euros por ano à academia açoriana.
Onde está o milhão? Até hoje!
Não admira, portanto, que a lista de calotes venha a engrossar, como parece acontecer, também, com os milhões destinados à recuperação dos estragos do furacão Lorenzo, e que já mereceu uma explicação atrapalhada por parte de Sérgio Ávila, contradizendo declarações de Vasco Cordeiro.
São inúmeras as trapalhadas envolvendo o governo da República, que finge distribuir milhões com uma mão e retira-nos com a outra.
Todos estamos lembrados como António Costa inscreveu no Orçamento de Estado para 2020 um aumento da taxa máxima do imposto sobre os combustíveis na Região, para nos ir ao bolso enquanto o diabo esfrega o olho.
Nada disto surpreende os mais atentos, quando a política orçamental do governo é poupar com os fracos, como é o caso das Regiões Autónomas, para distribuir pelos mais fortes.
Só a TAP, no último ano, recebeu mais de 1.300 milhões de euros, o equivalente a dois Planos de Resiliência para os Açores!
Enterrar dinheiro nos negócios ruinosos geridos pelos Governos de António Costa tem sido uma constante, enquanto se poupa no mais importante, para fazer boa figura orçamental nas reuniões em Bruxelas.
Portugal, como sabemos, foi um dos países da Europa que menos investiu para combater a pandemia, e quando o governo foi autorizado, no orçamento suplementar, a aumentar a despesa até 101 mil milhões de euros, num acréscimo de 4,5 mil milhões, o governo não gastou um cêntimo que se visse, quando o sector da saúde anda de pantanas.
Não admira que o Plano de Resiliência nacional seja uma autêntica manta de retalhos, beneficiando a clientela da administração pública em detrimento dos investimentos nos sectores produtivos.
O Plano dos Açores, para não ficar atrás, foi beber da mesma doutrina ao nacional.
São 7 as áreas de intervenção prioritárias para as ditas reformas estruturais nos Açores, no âmbito do instrumento de recuperação e resiliência, todas devidamente quantificadas, com especial destaque para a transição energética, que leva a maior fatia do bolo: 116 milhões de euros.
Como já alertei, não sei se estão a perceber: nós, cidadãos comuns, preocupados com a capacidade de resposta do nosso sistema de saúde, onde se espera mais de 300 dias, em média, por uma cirurgia, aliada à grave situação do desemprego e pobreza estrutural, sobretudo na classe jovem, ou a enorme fila de precários que se gerou nos últimos anos… e eles preocupados com a transição energética!
Tanta gente aflita com o futuro das suas vidas depois desta pandemia e eles preocupados com a “Modernização e Digitalização da Administração Pública Regional”, que leva mais 25 milhões de euros, outros 30 milhões para a “Educação Digital” e ainda 30 milhões para o “Hospital Digital”.
De repente vamos ser todos funcionários digitais, doentes digitais e cheios de transição energética para enfrentarmos o que aí vem.
Se isto é um Plano para enriquecer a Região…
Agora imagine-se quando chegarem os milhões do novo Quadro Comunitário de Apoio, que é mais do que o triplo do Plano de Recuperação e Resiliência.
Caso não se esfumem, novamente, entre Lisboa e os Açores…
Fevereiro 2021
Osvaldo Cabral
(Diário dos Açores, Diário Insular, Multimédia RTP-A, Portuguese TImes EUA, LusoPresse Montreal)
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