OSVALDO CABRAL, O DEBATE SOBRE TRANSPORTES MARÍTIMOS

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Transportes

O debate sobre os transportes marítimos de mercadorias ocorrido esta semana no parlamento açoriano demonstrou duas coisas: primeiro, que apenas governo e armadores não estão interessados em alterar o actual modelo, enquanto empresários, populações e partidos da oposição acusam o modelo de obsoleto; segundo, este debate já chega tarde, porquanto a legislatura está a terminar e tudo o que o parlamento ou o governo decidirem não terá efeitos até Outubro.
É caricato que a Assembleia Regional e o Governo dos Açores se debruçam sobre um assunto que já é velho como a Salvé Rainha, que já foi mais do que discutido na legislatura anterior, com estudos apresentados pelos empresários e sempre com a recusa do executivo de Vasco Cordeiro em alterar o sistema.
Não se percebe, portanto, o anúncio de que “está em fase de contratação para elaboração um Plano de Transportes 2021-2030”, quando ninguém sabe o que será o próximo governo a sair em Outubro próximo.
De repente, a nove meses de eleições, assistimos a tantas promessas, tantos estudos, tantos planos, “agora é que é”, dinheiro a rodos, quando é sabido que nada vai mudar até ao acto eleitoral.
Este frenesim de fim de mandato é o pior que pode haver em política.
Cada vez mais o cidadão fica com a ideia de que há apenas nove meses em que se governa nesta região. O resto é para descansar.

Nódoa

Todos se recordarão que a nódoa das Galerias da Calheta nasceu de um conjunto de interesses partidários e particulares à época, envolvendo o Governo Regional e a Câmara Municipal.
O escândalo permanece lá, para que todos não se esqueçam que a palavra de político, por mais alto cargo que ocupa, tem pouco valor quando outros interesses se sobrepõem aos interesses do cidadão.
A vergonha é tão grande que, passados estes anos todos, governo e município ainda não se entenderam em mandar pôr aquilo abaixo.
A actual vereação herdou o fardo, mas também já demonstra desorientação ao isentar os “donos daquilo tudo” de IMI por 10 anos, recuando depois porque terá cometido alguma irregularidade.
Como diz o povo, o que nasce torto…
Entretanto, lá vai permanecendo as ruínas fantasmagóricas, conspurcando Ponta Delgada, como se fossem um monumento em homenagem ao pior que há na política regional.

(Osvaldo Cabral – Diário dos Açores de 16.02.2020)

— with Osvaldo José Vieira Cabral.

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