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A fina flor do centralismo
Tentações centralistas sempre houve em todos os partidos.
O problema é que as extensões dos partidos no arquipélago nunca o reconheceram.
Os Açores foram prejudicados nos últimos anos devido a essa submissão e obediência aos mandantes de Lisboa, e um dos exemplos foi exactamente a gestão partilhada do mar, gravemente guardada na gaveta pela então Ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, a mesma que agora encabeça um grupo de deputados socialistas que não querem os Açores a gerirem o seu mar.
Foi essa mesma ministra que em 2017 prometia a “gestão partilhada do mar com os Açores”, “50-50%, é isso mesmo. Não haverá nada aprovado para a ZEE que não tenha a aprovação do Governo dos Açores”.
A mesma ministra que foi levada ao colo pelos nossos governantes e deputados submissos, no porto da Praia da Vitória, para anunciar um grande entreposto “fundamental para a estratégia nacional ligada ao abastecimento de gás natural”.
A mesma que anunciou, ainda, 300 milhões de euros a investir no porto da Praia, exclusivamente por privados, para criação de um serviço que iria captar transporte de carga marítima entre a Europa e o continente americano.
É ainda a mesma que anunciou 77 milhões de euros do Plano Junker para o referido porto.
E ainda, há 3 anos, os radares metereológicos em modo “acelerado”…
Os bajuladores do costume puseram a ministra nos píncaros da “visão estratégica” de ambos os governo e até houve um ex-governante (que por onde passou deixou rasto de destruição) que até lhe chamou uma “visionária”!
Não faltou quem alertasse para o logro, nomeadamente nestas páginas.
Limpem agora as mãos à parede.
O centralismo está de volta e agora tem mais rostos, com o silêncio habitual dos nossos por cá.
Gente submissa dá nisto: uma região permanentemente de mão estendida…
(Osvaldo Cabral – Diário dos Açores de 26/07/2020)
