OS TELEFÉRICOS NAS ILHAS DO TRIÂNGULO

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O acesso fácil ao cume da ilha do Pico, no arquipélago dos Açores, vai finalmente poder concretizar-se. O empreendimento, que tem provocado acesa polémica em alguns meios açorianos, acaba de ser adjudicado a uma conhecida empresa continental que opera na região dando assim corpo a um velho sonho dos picoenses, que dista já dos recuados tempos do povoamento.
Este projecto, o vigésimo nono maior que se leva a cabo no arquipélago desde 1914, está orçado em 2.351 milhões de euros e visa, no dizer dos seus promotores, implantar um teleférico na vertente norte da ilha montanha, com ampla vista sobre o canal Pico/São Jorge, e que deverá estar já operacional nos primeiros dias de Julho.
Numa segunda fase, a arrancar em Março ou Abril do próximo ano, está igualmente prevista a construção de um ramal que partindo de uma zona próxima da Lagoa do Capitão subirá, serpenteando, a íngreme encosta até escassos 352 metros do ponto mais elevado do país.
Contagiados por tão arrojada iniciativa um grupo de dinâmicos empresários faialenses, apoiados por capitais oriundos de um país árabe não especificado, vão apresentar brevemente na Horta um projecto que visa rasgar dois ramais de acesso ao fundo da Caldeira a partir do Cabeço Gordo e de um ponto ainda por definir na vertente norte da ilha.
Fontes empresariais, que nos pediram o anonimato, admitem que um projecto desta envergadura irá dinamizar, “decisivamente”, o turismo de qualidade que se quer para o arquipélago. Tal como na vizinha ilha do Pico aqui também serão instalados, ao longo do percurso, alguns quiosques para venda de “souvenirs” e artesanato regional. No fundo da magnífica cratera está prevista a construção de três “resortes” com igual números de “courts” de ténis e piscinas aquecidas.
Algumas dezenas de barraquinhas de comes e bebes serão disseminadas por entre as urzes e os cedros por forma a servir, em regime de “exclusividade”, pratos típicos da cozinha tradicional açoriana.
Preocupados com o impacto negativo que tão arrojada iniciativa eventualmente possa provocar no equilíbrio do frágil eco-sistema daquela zona protegida as nossas fontes asseguram que estarão sendo implementadas, há já alguns meses, “aturadas pesquisas e ensaios práticos” por forma a que as infraestruturas programadas respeitem, “escrupulosamente”, a traça arquitectónica característica da ilha bem como o meio físico e ambiental onde as mesmas se vão inserir.
Cá estaremos nós aguardando, sentados, para que tudo seja feito realmente de acordo com a legislação em vigor em matéria tão sensível como esta que diz respeito às nossas zonas protegidas e à sua biodiversidade.
Post sriptum – Este texto reproduz um outro, com ligeiras alterações, que foi publicado no extinto jornal diário “O Telégrafo” da cidade da Horta no dia 7 de Abril de 1990, conforme cópia que se anexa.
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  • Falta mencionar a obra da ponte sobre o Canal. Ouvi dizer que uma empresa de construção civil corvina – a mesma que irá construir o segundo porto da ilha de Mouzinho – se encontra pronta para montar estaleiro na ponta da Espalamaca. Ainda não vi o projecto, mas segundo a mesma fonte será uma ponte pênsil com dois pilares: um assente na Baixa do Norte, localizada duas milhas a Leste da Ponta da Espalamaca, e o outro, nos fundos do espaço entre os ilhéus da Madalena. Se bem que, no Faial não existirá dificuldade em construir a via de acesso ao tabuleiro da ponte, ainda está por decidir o local onde se localizará o acesso à ponte na vila da Madalena. Mas, os mais entendidos na matéria sugerem o aproveitamento da rampa de varagem do estaleiro da Vila. Também ainda se desconhece se as Câmaras Municipais da Horta e da Madalena já conseguiram negociar um plano financeiro que lhes permita avançar com o co-financiamento de 25% do custo da obra, uma vez que a UE suportará a parte de leão do custo da maior ponte pênsil do mundo. Graças ao engenho do Homem, muito em breve será possível passear entre o Faial e o Pico, com absoluta segurança, mesmo em dias de tempestade.

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      José António Martins Goulart

      ontem esqueci-me de fazer uma pequena correcção ao seu primeiro “post”: quando você refere que, uma vez construída a ponte, se poderá andar cá e lá, mesmo em dias de grande borrasca olhe que não será bem assim; os técnicos responsáveis pelo projecto recomendam que, quando os ventos ultrapassarem assim tipo os 120 quilómetros por hora “os acessos à ponte deverão ser encerrados, nos dois sentidos”, para prevenir possíveis danos físicos ou materiais aos utilizadores da mesma. Fica aqui o esclarecimento.

      May be an image of sky and body of waterNo photo description available.
      • Será possível?????
        Mas que grande paródia!
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        • 1 d
        • Pois é cara Filomena, um lapso absolutamente lamentável…

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          • 1 d
      • Ainda não é 1.o de Abril, embora os dias estejam confusos,…
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        • 1 d
      • Seja verdade ou não é uma grande parvoíce
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        • 1 d
      • Es um brincalhão

        Heitor H Silva

        . Mas com tanta aberração que se têm feito nos últimos tempos, já nada me espanta.

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        • 1 d
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        • Fernanda Serpa

          não, não sou. Foi apenas um lapso em datar esta… autêntica parvoíce. Desculpa.

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          • 23 h
      • Oh, como tudo isso me lembra as previsões da minha avó. No século passado, quando íamos até a rua do mar, a de terra batida, ela pegava-me na mão e dizia, neta escuta o que te vou dizer: um dia, daqui a muito tempo, não para ti, nem filhos, talvez os teus netos, tudo isto será diferente. Não virão aqu espreitar a Calheta por cima dessas vagas, com Mestre Simão, irão até ao Pico em poucos minutos por uma ponte que ligará as ilhas. Haverá heliportos, com helicópteros para os turistas. E ela continuava a enumerar, muita, muta coisa, infelizmente o fim era enigmático, nem sei se para os teus bisnetos……..talvez, talvez..
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        • 1 d
        • CHRYS CHRYSTELLO DIZ EM JUNHO 2019 PREVI MAIOR INVESTIMENTO AINDA EM SÃO MIGUEL LEIAM AQUI EM
        • https://blog.lusofonias.net/wp-content/uploads/2021/02/cronica-263-o-6-de-junho-2035.pdf