Os Protuket do Sião: uma casta militar.

Os Protuket do Sião: uma casta militar.
No Sião antigo – hoje Tailândia – chamavam-lhes Protuket e germinaram como comunidade a partir da segunda metade do século XVI, primeiro em Ayutthaya e, depois, a partir de 1782, na actual Bangkok.
Tratava-se de uma comunidade autocéfala – isto é, regida por leis próprias e dirigida por autoridades locais – e possuía uma estrutura social centrada na família nuclear, possuindo uma clara especialização económica distinta que os distinguia dos seus vizinhos.
Intérpretes, pilotos e militares (arcabuzeiros e artilheiros), mantinham uma dupla lealdade: lealdade ao soberano local, o Rei do Sião que serviram e em troca garantia-lhes liberdades no contexto do regime social siamês conhecido por Sakdina, mas também lealdade ao Rei de Portugal, padroeiro e protector do cristianismo asiático.
Entre as liberdades e privilégios de que gozavam enquanto minoria religiosa, sobressaiam a autorização para deixar crescer o cabelo, o descanso aos domingos e a dispensa do cumprimento de quaisquer obrigações religiosas destinadas aos budistas.
Sendo servidores do Rei do Sião, apenas lhes era exigido o voto anual de lealdade ao Soberano, cerimónia que decorria nas paróquias perante um ministro ou dignitário da Corte.
Servindo no Tahǎn Khlang – exército de primeira linha – e nas guerras travadas pelo Sião ao longo dos séculos XVIII e XIX – contra birmaneses, laocianos, cambojanos e vietnamitas – as unidades Protuket estiveram sempre na primeira linha de fogo.
Das suas fileiras sairiam oficiais generais com o posto de brigadeiros, sendo o mais conhecido Pascoal Ribeiro de Albergaria, ou antes, Phraya Wisset Songkram que em português se traduzirá por Senhor da Arma Miraculosa.
(Texto de Miguel Castelo-Branco, publicado na página do Facebook de Nova Portugalidade).
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