os Portugueses de Pegu (Burma)

Three Portuguese who were kings of Pegu (Burma) in the seventeenth century.

Três portugueses que foram reis do Pegu (Birmânia) no século XVII.

 

O primeiro foi Salvador Ribeiro de Sousa, que nasceu em Ronfe, Guimarães, no século XVI.
Foi um militar, Comendador da Ordem de Cristo, eleito Rei pelo povo do Reino do Pegu e sendo chamado na Birmânia pelo nome de Massinga.

Conforme assinala Benjamim Videira Pires:
“Como o único herdeiro do verdadeiro rei do Pegu fora morto pelo rei de Tungu, seu cunhado, os peguanos, atendendo às grandes vitórias de Ribeiro, que reputavam invencível, reuniram-se e aclamaram-no rei de Massinga do Pegu.
(…) Pouco depois, chegava da Índia Filipe Brito Nicote, nomeado pelo vice-rei capitão-geral daquelas conquistas.
Modesto como sempre foi, Salvador Ribeiro de Sousa entregou-lhe o reino e, meses depois, regressou a Portugal na primeira nau que ali aportou.
Por carta de 12 de Setembro de 1608, o rei de Portugal aceitou a coroa do Pegu.”

Filipe de Brito e Nicote nasceu em Lisboa cerca de 1566 e morreu em 1613 na Birmânia, onde foi rei cerca do ano de 1600 com o nome de Nga Zingar.

“Até meados do século XIX, o Sião só com muita relutância concedeu privilégios aos europeus.
Os Ingleses e Franceses voltaram então a sua atenção para o porto de Siryam, na Birmânia, onde fora rei o português Brito Nicote”.

“O terceiro português que se alcandorou a rei da Birmânia foi Sebastião Gonçalves Tibau (ou Tibão), natural de Santo António do Tojal e filho de pais humildes.”

A história é muito interessante mas extensa para colocar aqui.
Aconselho vivamente a leitura do livro de Benjamim Videira Pires.

Parece que Sebastião Gonçalves Tibau fundou ainda na ilha de Sandwip uma república de piratas, cerca de 3 mil, da qual ainda hoje existem descendentes.

in “Taprobana e mais além… Presenças de Portugal na Ásia”.
por Benjamim Videira Pires, S.J. (1916-1999), Instituto Cultural de Macau, 1995.

ver http://abemdanacao.blogs.sapo.pt/portugueses-quase-esquecidos-3-1153788

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Testimony of Fernão Mendes Pinto about Ayuttaya, capital of Kingdom of Siam.
Testemunho de Fernão Mendes Pinto sobre Ayuttaya, capital do Reino do Sião.

Fernão Mendes Pinto (1510-1583) was a well known Portuguese explorer and writer. His voyages are recorded in his book Pilgrimage.
Fernão Mendes Pinto (1510-1583) foi um conhecido explorador e escritor português. As suas viagens estão registadas na sua obra “Peregrinação”.

In Siam, hebhad been two times.
Impressed by the importance of the capital, Ayutthaya, cut by river channels, with-for it with Venice: on them circulated over two hundred thousand small and large boats.
Their king was called Prechau Saleu, which meant “holy member of God.”
He lived in a very beautiful palace tin coated on the outside and gold inside.
Their outings to be with his subjects were limited to twice a year; its retinue was then formed of two hundred elephants carrying the dignitaries of the royal court and a guard of five to six thousand soldiers.
The king was also designated as “the master of the White Elephant” by owning a copy of this very rare animal.
Pinto describes the complicated bath ceremony of it, stressing that on the move, the pachyderm was accompanied by a large retinue and carried in the trunk a gold sphere as large as a double head of man, “whose sphere was cosmography.”
The animal died in 1551 and was immediately replaced by another that did come from Tenasserim.
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No Sião, estivera por duas vezes.
Impressionado pela importância da capital, Ayutthaya, cortada por canais fluviais, com- para-a com Veneza: neles circulavam mais de duzentos mil barcos pequenos e grandes.
Seu rei chamava-se Prechau Saleu, o que queria dizer “membro santo de Deus”.
Vivia num belíssimo palácio revestido de estanho por fora e de ouro por dentro.
Suas saídas para avistar-se com os súditos limitavam-se a duas vezes por ano; seu cortejo era então formado por duzentos elefantes que transportavam os dignitários da corte e de uma guarda de cinco a seis mil soldados.
O rei era também designado como “o mestre do elefante branco” por possuir um exemplar deste raríssimo animal.
Pinto descreve a complicada cerimônia do banho do mesmo, sublinhando que, ao deslocar-se, o paquiderme se fazia acompanhar de um grande cortejo e carregava na tromba uma esfera de ouro grande como duas cabeças de homem, “cuja esfera era de cosmografia”.
O animal morrera em 1551 e foi imediatamente substituído por outro que fizeram vir de Tenasserim.

in “O Império dos Sonhos, Portugal e Sião na Rota das Especiarias.
por Mary Lucy Murray del Priore, Revista USP, São Paulo, Setembro/Novembro 1996.

Testimony of Fernão Mendes Pinto about Ayuttaya, capital of Kingdom of Siam. Testemunho de Fernão Mendes Pinto sobre Ayuttaya, capital do Reino do Sião. Fernão Mendes Pinto (1510-1583) was a well known Portuguese explorer and writer. His voyages are recorded in his book Pilgrimage. Fernão Mendes Pinto (1510-1583) foi um conhecido explorador e escritor português. As suas viagens estão registadas na sua obra "Peregrinação". In Siam, hebhad been two times. Impressed by the importance of the capital, Ayutthaya, cut by river channels, with-for it with Venice: on them circulated over two hundred thousand small and large boats. Their king was called Prechau Saleu, which meant "holy member of God." He lived in a very beautiful palace tin coated on the outside and gold inside. Their outings to be with his subjects were limited to twice a year; its retinue was then formed of two hundred elephants carrying the dignitaries of the royal court and a guard of five to six thousand soldiers. The king was also designated as "the master of the White Elephant" by owning a copy of this very rare animal. Pinto describes the complicated bath ceremony of it, stressing that on the move, the pachyderm was accompanied by a large retinue and carried in the trunk a gold sphere as large as a double head of man, "whose sphere was cosmography." The animal died in 1551 and was immediately replaced by another that did come from Tenasserim. _______ No Sião, estivera por duas vezes. Impressionado pela importância da capital, Ayutthaya, cortada por canais fluviais, com- para-a com Veneza: neles circulavam mais de duzentos mil barcos pequenos e grandes. Seu rei chamava-se Prechau Saleu, o que queria dizer “membro santo de Deus”. Vivia num belíssimo palácio revestido de estanho por fora e de ouro por dentro. Suas saídas para avistar-se com os súditos limitavam-se a duas vezes por ano; seu cortejo era então formado por duzentos elefantes que transportavam os dignitários da corte e de uma guarda de cinco a seis mil soldados. O rei era também designado como “o mestre do elefante branco” por possuir um exemplar deste raríssimo animal. Pinto descreve a complicada cerimônia do banho do mesmo, sublinhando que, ao deslocar-se, o paquiderme se fazia acompanhar de um grande cortejo e carregava na tromba uma esfera de ouro grande como duas cabeças de homem, “cuja esfera era de cosmografia”. O animal morrera em 1551 e foi imediatamente substituído por outro que fizeram vir de Tenasserim. in "O Império dos Sonhos, Portugal e Sião na Rota das Especiarias. por Mary Lucy Murray del Priore, Revista USP, São Paulo, Setembro/Novembro 1996.