OS ÍNDICES DE MORTALIDADE NOS AÇORES EM SETEMBRO ESTIVERAM SISTEMATICAMENTE ACIMA DO ESPERADO

Views: 0

MORTALIDADE NOS AÇORES EM SETEMBRO FOI O DOBRO DA ESPERADA

OS ÍNDICES DE MORTALIDADE NOS AÇORES EM SETEMBRO ESTIVERAM SISTEMATICAMENTE ACIMA DO ESPERADO E O INSTITUTO NACIONAL DE SAÚDE DIZ QUE NÃO É NORMAL E VAI INVESTIGAR, ADMITINDO RELAÇÃO DIRECTA OU INDIRECTA COM A COVID-19.

Com efeito, a mortalidade nas diferente regiões de Portugal continental e na Região Autónoma dos Açores esteve “sistematicamente” acima do esperado para esta época do ano durante o mês de Setembro, sobretudo nas idades acima dos 85 anos.
A conclusão é do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) num relatório que analisou os óbitos registados no último mês.
O documento, revelado pela TSF, feito pelo departamento de epidemiologia, detectou esta manutenção sistemática acima da linha da mortalidade esperada, num padrão que, como é sublinhado, não foi observado em anos anteriores.
O caso dos Açores
As conclusões deste relatório sublinham que a Covid-19 pode ter tido uma influência directa ou indirecta na mortalidade num mês, Setembro, em que os dados da Direcção-Geral da Saúde revelam que os óbitos oficialmente relacionados com o coronavírus foram 149 (um dos meses com números mais baixos).
Aliás, o relatório mostra que em quase todas as semanas, em todas as regiões (menos na Madeira), a mortalidade em Setembro esteve acima do esperado tendo em conta o histórico dos últimos anos, mas foi exactamente nos Açores onde esses números foram mais elevados.
Apesar de não ter registado, em Setembro, uma única vítima mortal de Covid-19, nas duas primeiras semanas desse mês (e de forma apenas um pouco menos vincada nas outras), a mortalidade nos Açores foi o dobro da esperada para esta época do ano.
Efeito directo e indirecto
da Covid-19?
Uma conclusão que, segundo o relatório, obriga a investigar se existe ou não uma relação directa com a pandemia de Covid-19, resultado da gravidade da doença em indivíduos mais fragilizados, ou indirecta, fruto da alteração do padrão de cuidados de saúde ou adopção de comportamentos de risco.
Esta conclusão é diferente da visível nos anteriores relatórios à mortalidade, entre Março e Agosto, feitos pelo INSA nos primeiros meses da pandemia.
Até agora, os especialista deste instituto do Ministério da Saúde ligavam os momentos de excesso de mortalidade, que outros especialistas associavam ao impacto directo e indirecto da Covid-19, nomeadamente no acompanhamento de outras doenças, a vários períodos de calor extremo que existiram em 2020.
Agora, para Setembro, há uma conclusão diferente.
Calor deixou de explicar
quase tudo
Para além de uma semana numa região específica do país (Lisboa e Vale do Tejo) e de outra semana num grupo etário (dos 75 aos 84 anos), voltou a não se identificar, de uma forma genérica, em Setembro, um excesso de mortalidade, ou seja, não foram ultrapassadas, durante uma ou duas semanas, as variações normais dos valores de mortalidade – na linguagem técnica, 95% ou 99% acima do “intervalo de confiança”.
No entanto, houve um segundo valor ou uma segunda linha na análise que foi persistentemente ultrapassada em setembro, ficando a mortalidade quase sempre acima da “mortalidade esperada”, indicador calculado com base no histórico de outros anos, a tendência e a época do ano.
Na prática, em vez de variar aleatoriamente, como é comum, ao longo de um mês inteiro, devendo estar umas vezes acima ou abaixo da linha da mortalidade esperada, a mortalidade esteve sistematicamente acima, o que levanta interrogações aos especialistas do Instituto Nacional de Saúde.
O calor extremo, que até agora era o principal factor explicativo do aumento da mortalidade nos meses anteriores, segundo os especialistas do INSA, já não foi um factor tão forte em setembro, não chegando para explicar a tendência de mais óbitos que o esperado.

http://www.diariodosacores.pt/index.php…

Image may contain: one or more people
Like

Comment
Share

Comments