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Após um interregno, olha-se para a evolução dos últimos dias…
Dá para relatar o passado e fazer uma previsão…
Tudo vai depender do vento e da chuva. Explico no final.
O passado: não é novidade que o abrandamento prossegue. Em detalhe regional, vê-se que as consequências dos festejos do campeonato, a Norte começam a quebrar, vê-se que a quebra de tendência em Lisboa há dias foi episódica. Vê-se que mesmo com um número de testes normal a percentagem de positivos caiu, indicando menos prevalência na população em geral, vê-se uma queda sustentada nas datas de início dos sintomas, o que reflete a mesma situação.
Teremos por isso uma provável estabilização no final de agosto pelos 54400 casos, muito perto de onde estamos. (Isto é “passado” no sentido em que os novos casos até lá são os contágios já ocorridos, mas por detetar e os que ocorram esta semana, que devem manter o ritmo das anteriores.)
A previsão? Bem, depois de agosto acho que teremos (até à vacina) um espelho da dança que foi até aqui e que se vê na evolução das curvas sigmóides assimétricas à medida do tempo (o primeiro dos gráfico abaixo): as medidas de contenção de março estabilizaram o contágio, durante muitos dias apontar-se-ia para um patamar de 35000 casos. Depois veio o 1.º de maio e a retoma exponencial em Lisboa, que gerou aquela linha disparada para o céu. Os cuidados gerais e o trabalho de seguimento de casos em Lisboa voltou a travá-la e gerou este patamar onde estamos. Esses cuidados, em especial as máscaras, evitaram disparos nas concentrações como os concertos no Campo Pequeno ou a manifestação antirracismo. A ausência de máscaras gerou novos surtos no decurso dos festejos do campeonato no Porto, mas quando a prevalência é relativamente baixa, vê-se que é possível ir atrás desses surtos para os conter.
Temos por isso agora os novos desafios: a mais que provável abertura a turismo devido a este abrandamento e importação de novos casos; a abertura das escolas; o tempo frio e chuvoso que levará a menos convívio de esplanada e a mais convívio em espaços fechados, agravado por uma descontração geral que decorre de as pessoas sentirem o contágio mais distante.
A consequência será uma sucessão de contágios mais ou menos disseminados e contenção seguida. Se os casos forem suficientemente dispersos, os serviços de saúde terão mais meios para os seguir e conter (mais equipas). Se os números a subir ocorrerem suficientemente depressa, os comportamentos poderão resguardar-se suficientemente depressa para que apenas tenhamos situações que se conseguem conter. Se os números a subir ocorrerem muito devagar, pode acontecer como em Espanha, muitos contágios disseminados pelos comportamentos antes de se poder reagir.
Vamos ver o que dá… a passagem do convívio para espaços fechados no outono, em paralelo com as escolas, será o grande problema. Se estiver bom tempo em setembro, os contágios escolares virão para as notícias antes do convívio passar para espaços interiores – e provavelmente as pessoas tomarão mais cuidados. Os surtos serão ocasionais e mais viáveis de conter. Se vier vento e chuva no final de setembro, os convívios passarão para espaços interiores antes de começarem a surgir os contágios das escolas, pelo que quando surgirem os surtos serão mais disseminados, em maior número e mais difíceis de conter.
Precisamos mesmo de um setembro quente… e de um início de outubro ameno.