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José Bárbara Branco shared a post.
“O maior desfile militar em democracia sai hoje à rua”
Leio este título e não posso deixar de me sentir invadido por um sentimento de vergonha como Português que sou!
Não pelo desfile, obviamente, mas porque penso em todos aqueles que, na Guiné, Angola e Moçambique, (para citar apenas estes), filhos dessas terras benditas, juraram bandeira como eu, juraram a Bandeira Portuguesa, e depois foram abandonados à sua infeliz “sorte”.
Esses, que na Guiné me orgulho desmedidamente ter comandado, mais do que comandado, ter lutado lado a lado, e que o Estado Português e as próprias Forças Armadas naquele tempo, abandonaram, (e ainda abandonam), para serem na sua maior parte fuzilados pelos “novos senhores”.
Mas envergonho-me também como Português, porque este desfile é uma afronta a quantos combatentes da Guerra do Ultramar vivem pelas ruas, abandonados, sem “eira nem beira”, porque este mesmo Estado e estas mesmas Forças Armadas olham para eles com desdém, ou mais do que isso, como um sentimento incrível de que preferiam que eles, nós, não existíssemos.
E, se o Governo nada faz por eles, o que dizer dum tal Presidente da República que se permite assistir a tudo isto sem uma preocupação sequer por aqueles que, tendo dado tudo das suas vidas por Portugal, sofrem agora o desprezo de quem em Portugal manda, e manda apenas, porque governar é outra coisa bem diferente.
Aos meus camaradas de armas, daqui e dalém mar, o meu abraço apertado, sentido e envergonhado deste vosso camarada de armas.
Aos que morreram, sejam eles quais forem, até aqueles que eram ao tempo nossos inimigos, o meu infinito orgulho.
Fomos bem melhores do que estes que agora não nos conhecem, que agora não nos reconhecem!
.
.
Marinha Grande, 4 de Novembro de 2018
Joaquim Mexia Alves
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“O maior desfile militar em democracia sai hoje à rua”
Leio este título e não posso deixar de me sentir invadido por um sentimento de vergonha como Português que sou!
Não pelo desfile, obviamente, mas porque penso em todos aqueles que, na Guiné, Angola e Moçambique, (para citar apenas estes), filhos dessas terras benditas, juraram bandeira como eu, juraram a Bandeira Portuguesa, e depois foram abandonados à sua infeliz “sorte”.
Esses, que na Guiné me orgulho desmedidamente ter comandado, mais do que comandado, ter lutado lado a lado, e que o Estado Português e as próprias Forças Armadas naquele tempo, abandonaram, (e ainda abandonam), para serem na sua maior parte fuzilados pelos “novos senhores”.
Mas envergonho-me também como Português, porque este desfile é uma afronta a quantos combatentes da Guerra do Ultramar vivem pelas ruas, abandonados, sem “eira nem beira”, porque este mesmo Estado e estas mesmas Forças Armadas olham para eles com desdém, ou mais do que isso, como um sentimento incrível de que preferiam que eles, nós, não existíssemos.
E, se o Governo nada faz por eles, o que dizer dum tal Presidente da República que se permite assistir a tudo isto sem uma preocupação sequer por aqueles que, tendo dado tudo das suas vidas por Portugal, sofrem agora o desprezo de quem em Portugal manda, e manda apenas, porque governar é outra coisa bem diferente.
Aos meus camaradas de armas, daqui e dalém mar, o meu abraço apertado, sentido e envergonhado deste vosso camarada de armas.
Aos que morreram, sejam eles quais forem, até aqueles que eram ao tempo nossos inimigos, o meu infinito orgulho.
Fomos bem melhores do que estes que agora não nos conhecem, que agora não nos reconhecem!
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Marinha Grande, 4 de Novembro de 2018
Joaquim Mexia Alves