OPINIÃO DIVERGENTE morrer com ou morrer de Covid-19

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Erro (não intencional) ao lidar com esta pandemia? Não se fazer diferença entre quem falece COM ou DO vírus, fazendo aumentar a taxa de mortalidade e levando às medidas excessivas. Opiniões?

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Andre Dias

Epidemia
Olhar para as provas e dados objectivos é urgente

A propagação local e mundial do SarsCovid-2, vírus identificado na China, provocou uma reação inédita a este tipo de pandemias. Muitas consequências são mesmo potencialmente imprevisíveis, perigosas ou até irreversíveis. O motivo teria de ser fortíssimo e assim foi apresentado. Um vírus, com algumas semelhanças aos que que coabitamos, mas bastante mais perigoso. A 3 de Março a OMS revelava uma taxa de letalidade de 3,4% que resultava de 99% de infetados sintomáticos (na China). Era aparentemente menos eficiente na transmissão que o influenza. Defendia por isso que estratégias de contenção eram possíveis e que “devíamos tudo fazer para o conter”. As imagens e relatos que nos chegaram de Itália (e depois de Espanha) pareciam confirmar que algo de diferente se tratava. Perante o medo crescente dos seus cidadãos e respaldados pela OMS foram tomadas por muitos países, Portugal incluído, medidas nunca antes experimentadas. Suspenderam-se liberdades individuais e, de certa forma, suspendeu-se a vida tal a conhecemos. Tudo por uma causa maior. Pensamos, que a esmagadora maioria compreendeu e concordou.

No entanto, alguns investigadores e especialistas de topo, mostraram publicamente estranheza ou até estupefação. O que sabíamos na altura

Os dados iniciais de surtos infecciosos são essencialmente ruído, com muito pouco para tirar de sinal. Primeiro, porque durante algumas semanas não há agente identificado, depois, não há teste específico para o agente, depois, só há testes virológicos (onde estamos agora) e, só bastante mais tarde, aparecem testes serológicos/ anticorpos. Os testes virológicos só podem ser feitos numa janela temporal muito curta ou dão negativo, daí induzirem um ruído gigantesco. Os serológicos indicam se alguma vez houve contacto com o vírus, logo podem ser feitos em amostragem populacional e permitem dados estatisticamente significativos. Neste momento (escrito a 23 de Março), “ NÃO HAVIA nenhuns dados fiáveis para estimar a letalidade da covid19, podiam ser 0,001% ou 5%. Tudo isso é ruído. O número de infectados podia ser o que se conhecia ou dez mil vezes maior (sim, dez mil vezes).” Só com a chegada de testes serológicos se começa a ter real imagem da doença na sociedade.

Por exemplo, a gripe Suína começou com estimativas de 30% — literalmente extinção humana em poucos meses — e acabou abaixo de 1%, abaixo da gripe sazonal (0,02%) e não fez dano nenhum relevante.Este é o tipo de ruído com que estamos a lidar.

Relativamente ao SarsCov-2 os únicos dados minimamente fiáveis que se tinham à data eram de testes virológicos do cruzeiro Diamond Princess, porque toda a gente foi testada num intervalo relativamente curto. Indicavam 1% de letalidade numa população muito envelhecida, em ambiente confinado e a partilhar cantina. Podemos ter certeza estatística de que o mundo fora do cruzeiro terá taxas bem mais baixas. Adicionalmente, menos de 20% das pessoas foram infectadas e não havia ainda explicação para tal. Como não se podia sequer estimar no início a letalidade, todo o medo e pânico são irracionais. É preciso um cuidado extremo, extremo, paranoico, com a divulgação de dados iniciais de surtos em particular com a letalidade. A Organização Mundial de Saúde (OMS) devia responder criminalmente por não controlar esses dados e não assegurar que indica a ordem de grandeza do ruído. Foi só e apenas isso que fez este “surto”.

A equipa do Imperial College que fez previsões catastrofistas tem um historial macabro de indicação para abate de centenas de milhares de animais por causa da ‘foot and mouth disease’. Verificou-se na altura que o modelo estava errado, sendo, no essencial, o mesmo usado agora. Numa audição parlamentar, Neil Ferguson reviu as estimativas do Imperial College, sem qualquer justificação plausível além de “medidas” que não especificou, passando de 500 000 para 20 000 mortos!

Mesmo que fosse muito mau, os vírus pulmonares são sempre lentos, nunca infectam mais de 30% das pessoas por ano, não importa o “como” e “onde”. Os vírus rápidos são os vírus que estão disponíveis na pele ou secreções, que têm proteção do ambiente até ao momento de infectar um novo hospedeiro. Os vírus pulmonares têm de estar expostos ao ambiente hostil algum ou muito tempo, que lhes reduz dramaticamente a capacidade de infecção — por exemplo são destruídos pelos raios ultravioleta – o que os torna muito mais lentos e muito influenciados pelos pequenos aumentos de imunidade de grupo.

A gripe tem sempre estirpes com imunização zero. A OMS faz previsão das estirpes e falha muitas vezes, ficando uma ou duas estirpes de fora da vacina para as quais a imunidade é zero. Decisões como encerrar escolas são erros grosseiros, que ninguém em momento nenhum, incluindo a OMS, recomenda ou reconhece qualquer prova de eficácia. Teria sido tempo de usar o conhecimento de cem anos de epidemiologia na gestão desta epidemia, em vez de adoptar medidas extremas, que nunca foram testadas em lado nenhum, e que seguramente terão um grande impacto negativo na nossa vida.

As declarações do dr. Jorge Torgal vêm claramente nesse sentido. Ele é bem incisivo nas declarações na véspera do anúncio do fecho das escolas. Além de só recomendar algumas medidas de afastamento social declara “para outros passará por fechar escolas, mas fechar escolas não tem qualquer justificação técnico-científica e não colhe nada, mas há quem não pense assim.” Público, 12 de Março de 2020 O que sabemos agora

A Estimativa da OMS de 1% de assintomáticos tem sido completamente rejeitada pelos factos. Neste momento já temos evidência suficiente para perceber que uma percentagem de assintomáticos é significativamente maior (de 50% a 80%). Este facto, só por si distorce irremediavelmente a perspetiva que a OMS tinha do vírus em causa e da melhor forma de o combater. A base para a tomada destas políticas foi a ideia de que este vírus era especialmente perigoso, 3,4% de letalidade. Neste momento, isso já não é minimamente credível.

Os dados de que já dispomos entre estimativas do centro de medicina baseada em prova de Oxford abaixo de 0,36% e de vários estudos serológicos (embora ainda insuficientes para o valor final) vão no sentido da letalidade ser numa ordem muitíssimo inferior, possivelmente inferior à da gripe normal (0,04-0,6). As idades médias das vítimas serem muito elevadas (85/ 80 em Portugal) e as morbilidades associadas (muitas) também parecem indiciar que a esmagadora maioria das mortes poderão acontecer sem sequer intervenção do vírus ou que o vírus será apenas a “gota final”. Em Itália por exemplo, foi relatado que apenas 12% das mortes reportadas por Covid-19 tiveram causa direta no vírus. Isto cria camadas de vieses de seleção com distorções enormes nos dados apresentados.

Quando há teorias divergentes, elas só podem ser rejeitadas ou validadas por predições. Neste momento está claro a falência total das previsões que suportavam o tipo de medidas adotadas. Japão, Coreia do Sul e Suécia com medidas menos restritivas não tiveram a catástrofe anunciada. As curvas de praticamente todos os Países vão de encontro a um normal surto de gripe (em alguns casos potenciado por dois Invernos de atividade gripal baixa). As curvas da epidemia (novos casos) chegaram todas ao pico sensivelmente ao mesmo tempo, sinal que foi a natureza, a primavera, a ditar a regra não a quarentena.

Conclusão

As contagens criadas e os procedimentos da atribuição causal da morte, em consequencia de ser esta uma doença de notificação obrigatória, ao SarsCovid-2 causam grande distorção. Confundem-se pessoas que morrem COM o vírus com pessoas que morrem DO vírus. Tudo indica que a grande maioria morre COM o vírus ou que o vírus apenas contribui para um desfecho em doentes muito debilitados (muitas vezes com outros vírus e bactérias).

Se fizessem o mesmo com a gripe “normal” numa das epidemias anteriores (em que morreram muitos milhares de pessoas em pouco tempo) e contassem quem estivesse COM Influenza ou a ILI (mais frequente na altura) no organismo, os números seriam igualmente alarmantes. Mas nunca houve nada semelhante. Por isso (e não só) a perceção pública está tão distorcida.

A do governo não pode estar. Para além dos óbvios impactos sociais e económicos desta situação poderemos ainda juntar um outro. Arriscamo-nos a ter uma epidemia, em que uma população não imunizada ao SarsCovid-2 o terá de enfrentar juntamente com outros vírus da proxima epoca gripal.
Aí sim, poderemos ter um gigantesco problema de capacidade hospitalar. Fecharemos de novo as portas? Os duríssimos compromissos implementados pretenderam (e bem) valorizar o humanismo. Mas o humanismo e a racionalidade não podem ser concorrentes, têm de ser aliados.
É preciso levantar todas as restrições. A começar pela abertura imediata de todas as escolas para retoma da actividade económica e da vida social de seguida

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