Olivença e a língua portuguesa

Carlos Da Cruz Luna (friends with Fernando de Sousa) commented on a photo you shared.
Carlos wrote: “PEÇO PUBLICAÇÃO Carlos Eduardo da Cruz Luna, C.C. 04737795, Rua General Humberto Delgado, 22, R/C 7100-123-ESTREMOZ, 939425126 268322697 MANIFESTO (A PROPÓSITO DO MANIFESTO DE CELEBRAÇÃO DOS 800 ANOS DA LÍNGUA PORTUGUESA)

É notícia e é oficial. A Língua Portuguesa completa 800 anos (1214, testamento de Afonso II). E, nestes dias de Junho de 2014, surge um Manifesto que junta nomes vários da Lusofonia para assinalar o facto. Veio nos jornais, com pompa e circunstância. «O deputado José Ribeiro e Castro é um dos promotores do manifesto, que reúne “professores, autoridades, escritores, linguistas, cineastas, homens e mulheres da cultura», era um dos títulos. Repetido ou “adaptado”, em quase todos os órgãos de comunicação. É a História de uma língua que tem os seus primórdios na Galiza, lá pelos séculos IX ou X; que passa a galaico-português nos séculos XI e XII (ainda hoje há quem defenda que o Galego e o Português são dialetos duma mesma língua); que se assume como própria nesse texto de 1214. Espalhou-se pelo território português, deixando qpenas um pequeno espaço para o Mirandês (um dialeto ásture-leonês). Ganhou cada vez mais consistência e firmeza. Depois dos Séculos XV e XVI, ganhou projeção mundial. Hoje, tem mais de 240 milhões de falantes, incluindo um gigante (o Brasil). É língua mãe dos mais desvairados sentimentos e aspirações. Língua culta e popular. Celebrá-la é celebrar a forma de expressão de uma boa parte da humanidade. Já a têm dado como imprópria para alguns níveis de cultura. Alguns dos seus falantes preferem outros idiomas em simpósios internacionais (e até, o que é pior, nacionais!). Mas ela está aí. Evoluindo. Basta estar atento. Mas… nem sempre tem tido a atenção merecida. Veja-se o que sucede em Olivença. Sim, digo bem, Olivença. Aquela terra esquecida, conotada, quase sempre por preconceito, com as mais variadas orientações políticas, ou com aspirações fora de moda, de esquerda ou de direita. Na verdade, o Português foi sendo falado na região, e foi maioritário até às décadas de 1960 e mesmo 1970. Na de 1980, começou a perder terreno. Alguns intelectuais, ao longo dos séculos XIX e XX, preocuparam-se com tal, mas pouco conseguiram fazer, mesmo porque poucos os escutavam. Agora, a Língua Portuguesa faz 800 anos. E refere-se a sua capacidade de resistência e de adaptação. Mas (há sempre um “mas”), ninguém parece estr a dar-se conta de um fenómeno curioso. Em Olivença, pois então! Na verdade, desde março de 2008, círculos oliventinos, autóctones mesmo, mobilizaram-se. E começaram a lutar por uma língua e cultura que era a sua, e que resistia, apesar de parecer estar em perigo. Nascia o “Além Guadiana”. Que, desde então, e evitando debruçar-se sobre problemáticas de soberania (que existem, mas são pouco relevantes para o caso), tem lutado pela cultura e língua da sua Região. Procura reafirmar-se como lusófono, e querer fazer parte desse espaço. Em 2008, 2009, e 2010, promoveu espetáculos/encontros a que chamou “Lusofonias”, para os quais convidou intelectuais e órgãos de informação. Em 2011, a par de mais um encontro, conseguiu que fossem repostos os antigos nomes portugueses em 74 ruas de Olivença. O que, pasme-se, foi pouco noticiado. Atualmente, em Olivença, têm surgido casos de pedidos de nacionalidade portuguesa, referidos até na televisão portuguesa (22 e 24 de março de 2013). Sempre, sublinhe-se, sem intenções políticas ou controvérsias sobre soberania. O “Além Guadiana” pede apenas respeito e reconhecimento. Quer ajuda portuguesa desinteressada, para tentar fazer Olivença aproximar-se da situação linguística das décadas de 1950 e 1960. A 30 de maio de 2014, a Associação “Além Guadiana” apresentou, no pátio do velho castelo dionisino, o esboço de uma recolha de Português “oliventino”. Inúmeros populares, incentivados, usaram da palavra, em Português, e apelou-se aos oliventinos em geral no sentido de usarem a sua língua no dia-a-dia. O próprio “alcalde” interveio, apoiando. Infelizmente, muitos convidados portugueses não apareceram, embora outros estivessem presentes. Não é possível, numa altura em que se celebram 800 anos de uma língua, ignorar este fenómeno de recuperação do Português em Olivença. Quem persistir nesta atitude estará a ser hipócrita. Ou a ser apenas “politicamente correto”, o que, neste caso, vai dar ao mesmo…. Estremoz, 14 de junho de 2014 CARLOS EDUARDO DA CRUZ LUNA https://www.youtube.com/watch?v=Lbkdu7dOVsk”