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O voto
O voto é um direito, o que exclui na sua etimologia filosófica o conceito – obrigação.
Entretanto brandem-se argumentos como participação, cidadania e…democracia enroupadas de prestigitações retóricas.
O voto é um acto de responsabilidade e convicção e deve emanar de um exercício de consciência, fornido de informação. O resto é fé, tribalismo, folclore e desportivismo. Numa boa parte dos casos até contam a simpatia, o aspecto e o sex-appeal…
Votar é também um gesto de conveniência no sentido de fortalecer a sua posição social, num alarde de proteccionismo e sectarismo. Raro é o que vota com o intuito de contribuir para o bem comum.
Mas a incisão já vai longa e há que dar lugar à cirurgia.
Votar por quem e porquê se tudo está enredado numa ordem inalterável? Que diferença faz?
Legitimar uma classe política fúngica e alarve, sem espírito de missão e polidora de genuflexórios de chapéu na mão?
Sejamos francos. Andamos a eleger paus mandados que varejam sobre nós os eleitores, desesperadamente unhados na sua bóia de sobrevivência e garantia de status.
Quem manda de verdade? Pois, as grandes corporações que impõem cabazes contributivos de excepção para mascarar índices de desemprego, utilizando para tal buffets de advogados contíguos ao parlamento transformado em carimbador de « vistos buenos » ; instituições internacionais como o FMI, o Banco Mundial, a ONU e as sua subsidiárias como, por exemplo a UNESCO e a OMS, capazes de, por decreto, impôr alterações regimentais e estruturais da Constituição; a toda poderosa UE que nos obriga a cotas, obrigações e proibições ;…e por fim esquemas « underground » de que nem sonhamos…
Os governos que escrutinamos não passam de meras comissões administrativas. Imaginem o executivo que parte a Bruxelles ou a Strasburg com o orçamento do ano numa moxila e as preces em alto e regressa com um rotundo chumbo e pertinentes correcções. Faz os TPC’s, corta aqui para pôr acolá, retoma a jornada e recebe um bom com distinção. – Eh pá deem de comer a este homem e façam-lhe um farnel pó caminho!!!
Como poderiam mandar se não existe soberania ? Ficamo-nos por uma oligarquia « democrática » do – ora agora tocas tu, ora agora danço eu-, promovem-se performances teatrais, por vezes canastronas, para dar a ideia de que andam todos à turra e à massa, e os « main-stream » preparam o trono ao que fôr escolhido por forças repimpadas nos bastidores.
E neste estado de coisas trunca o direito à abstenção, díga-se de passagem o maior partido. A abstenção pode derivar do desencanto, do lascismo, do cepticismo ou com mais dignidade da consciência e é, em qualquer dos casos uma posição lagítima. Senão repare-se numa vulgar sessão parlamentária em que o responsável dá matória de viva voz à votação de uma qualquer proposta de lei : – A proposta foi aprovada com (avanço números aleatórios) 80 votos a favor, 70 contra e 90 abstenções. Ora sendo o Parlamento o instituído berço da democracia, como ousa alguém considerar indevido um acto de abstençã