O SEPARATISMO DE LISBOA JOSE GABRIEL AVILA

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(Crón. Rádio Atlântida 23/03/2020)

O separatismo de Lisboa

Continua a merecer reprovação a decisão do primeiro ministro de não ter aceite, em tempo oportuno, o pedido do presidente dos Açores para cancelar as ligações aéreas com o arquipélago. E o pior foi António Costa ter acintosamente solicitado à TAP para efetuar voos regulares com São Miguel e Terceira, quando a SATA já interrompera as suas ligações.
A decisão é tanto mais injustificada quanto é certo que, quem viaja para outras ilhas, não pode lá chegar porque não tem ligações.
Trata-se, portanto, de uma deliberação discricionária e prepotente do primeiro ministro que não respeita os órgãos de governo próprio e me faz lembrar os tempos coloniais.
Mal esteve também o Presidente da República que procedeu, como nos tempos da outra senhora, quando se mandava chamar a Lisboa o governador do distrito autónomo para ditar as normas do poder centralista… Marcelo chamou a Lisboa o representante da república, colocando-lhe um avião à disposição, para acertar com o ele e o Primeiro Ministro o modo de os açorianos cumprirem o estado de emergência, e deixou de fora o presidente do governo regional, ele também membro do conselho de estado…
Tudo isto demonstra que Marcelo e Costa, na prática, desprezam as autonomias e as competências dos órgãos de governo próprio, e têm atitudes centralistas que negam possuir, implementando procedimentos que não se viam desde a criação da autonomia.
O que nem Marcelo nem Costa entendem é que, não interrompendo as ligações aéreas com o exterior, estão a pôr em causa a saúde de todos nós residentes e, mais grave ainda, estão a facilitar a vinda de nacionais e estrangeiros que, caso estejam contaminados, irão sobrecarregar o serviço regional de saúde, na sua totalidade, impedindo os açorianos d0os cuidados convenientes.
Isto não podemos admitir, pois encontram-se no arquipélago cerca de meio milhar de turistas e, certamente, não cumprem a quarentena a que passageiros residentes e bem! são obrigados.
São estas atitudes centralistas que provocam reações separatistas, e fortes críticas a entidades que tudo deviam fazer para proteger a vida de populações indefesas.
Os açorianos são frontais e atenciosos com governantes e políticos que respeitam os seus direitos e problemas, e não gostam de ser bajulados só em tempos de visitas e de festas.
Foram muitos anos a ver passar caravanas oficiais de Lisboa, sob aplausos de crianças das escolas e servidores do regime, sem resultados palpáveis. Esse tempo não voltará, mesmo que detentores do poder nacional e de um centralismo e nacionalismo retrógrados pretendam dominar.
Logo agora, quando o que está em causa é salvaguardar a vida de 240 mil habitantes de ilhas envelhecidas pela emigração que o poder ditatorial de Lisboa patrocinou.
Somos um povo com identidade própria que conquistou um poder democrático autónomo.
É isto que reclamamos. É esse direito legítimo que deve ser respeitado, por quem quer que seja…

José Gabriel Ávila
22/03/2020

One thought on “O SEPARATISMO DE LISBOA JOSE GABRIEL AVILA

  1. TOTALMENTE DE ACORDO.TEMOS DE PÔR COBRO A TANTA INCOMPETÊNCIA E ATITUDES DITATORIAIS DO GOVERNO CENTRAL.
    O SR. PRESIDENTE DA REPÚBLICA QUANDO FOI PASSAR O ANO NOVO NO CORVO, ACHOU QUE OS RESIDENTES TINHAM CONDIÇÕES PARA FAZER FACE A UMA SITUAÇÃO COMO A QUE VIVEMOS ?

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