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Hoje no Correio dos Açores:
O preço de estudar fora dos Açores.
Todos os anos muitos dos jovens açorianos, após concluírem o ensino secundário, deparam-se com uma decisão muito difícil: continuar a estudar no ensino superior ou ingressar no mercado de trabalho.
Uma decisão tão importante, que deveria ser norteada por vocação, talento e mérito académico, está cada vez mais condicionada por fatores externos, nomeadamente os custos incomportáveis de estudar fora.
Em Ponta Delgada, a pressão sobre o alojamento estudantil tornou-se cada vez mais evidente. O aumento do turismo e da procura de arrendamento de curta duração, reduziu, significativamente, a oferta de quartos acessíveis para estudantes. Hoje, arrendar um quarto pode ultrapassar os 400 euros mensais.
No continente, a crise do alojamento para estudantes atingiu proporções dramáticas. Arrendar um quarto em Lisboa ou no Porto pode custar mais de 600 euros mensais.
No total, o custo de um estudante deslocado ultrapassa os 1.000 euros por mês, tendo em conta o conjunto de despesas essenciais como alojamento, alimentação, transportes e material escolar. Um encargo que a maioria das famílias açorianas não consegue suportar, transformando o sonho da formação superior, numa barreira económica quase intransponível.
Sendo que, a distância geográfica agrava, ainda mais, o peso financeiro, uma vez que os jovens açorianos têm de suportar custos adicionais de viagens aéreas para regressar a casa, sobretudo nas férias e períodos festivos.
Esta realidade está a criar profundas desigualdades. Enquanto alguns jovens conseguem estudar fora com o apoio dos seus familiares, outros têm as suas escolhas limitadas, comprometendo oportunidades académicas e profissionais futuras.
Não obstante todo esse cenário, o Governo Regional dos Açores não tem sabido criar as condições efetivas para inverter essa difícil situação. A inexistência de uma política robusta de apoios específicos (apenas com respostas insuficientes e fragmentadas) agrava a igualdade de oportunidades entre os jovens açorianos.
A Constituição da República Portuguesa consagra a educação como um direito universal, fundamental para a igualdade de oportunidades e para o desenvolvimento do país. Contudo, esse direito está, deploravelmente, a transformar-se num privilégio reservado apenas a quem pode pagar.
A garantia de igualdade de oportunidades não pode continuar a ser uma promessa de políticos mais ou menos bem-intencionados, tem de ser uma realidade concreta. Todos, enquanto comunidade, temos de garantir que a educação cumpre o seu papel: ser o verdadeiro motor da justiça social.
Humberto Bettencourt
O preço de estudar fora dos Açores.
Todos os anos muitos dos jovens açorianos, após concluírem o ensino secundário, deparam-se com uma decisão muito difícil: continuar a estudar no ensino superior ou ingressar no mercado de trabalho.
Uma decisão tão importante, que deveria ser norteada por vocação, talento e mérito académico, está cada vez mais condicionada por fatores externos, nomeadamente os custos incomportáveis de estudar fora.
Em Ponta Delgada, a pressão sobre o alojamento estudantil tornou-se cada vez mais evidente. O aumento do turismo e da procura de arrendamento de curta duração, reduziu, significativamente, a oferta de quartos acessíveis para estudantes. Hoje, arrendar um quarto pode ultrapassar os 400 euros mensais.
No continente, a crise do alojamento para estudantes atingiu proporções dramáticas. Arrendar um quarto em Lisboa ou no Porto pode custar mais de 600 euros mensais.
No total, o custo de um estudante deslocado ultrapassa os 1.000 euros por mês, tendo em conta o conjunto de despesas essenciais como alojamento, alimentação, transportes e material escolar. Um encargo que a maioria das famílias açorianas não consegue suportar, transformando o sonho da formação superior, numa barreira económica quase intransponível.
Sendo que, a distância geográfica agrava, ainda mais, o peso financeiro, uma vez que os jovens açorianos têm de suportar custos adicionais de viagens aéreas para regressar a casa, sobretudo nas férias e períodos festivos.
Esta realidade está a criar profundas desigualdades. Enquanto alguns jovens conseguem estudar fora com o apoio dos seus familiares, outros têm as suas escolhas limitadas, comprometendo oportunidades académicas e profissionais futuras.
Não obstante todo esse cenário, o Governo Regional dos Açores não tem sabido criar as condições efetivas para inverter essa difícil situação. A inexistência de uma política robusta de apoios específicos (apenas com respostas insuficientes e fragmentadas) agrava a igualdade de oportunidades entre os jovens açorianos.
A Constituição da República Portuguesa consagra a educação como um direito universal, fundamental para a igualdade de oportunidades e para o desenvolvimento do país. Contudo, esse direito está, deploravelmente, a transformar-se num privilégio reservado apenas a quem pode pagar.
A garantia de igualdade de oportunidades não pode continuar a ser uma promessa de políticos mais ou menos bem-intencionados, tem de ser uma realidade concreta. Todos, enquanto comunidade, temos de garantir que a educação cumpre o seu papel: ser o verdadeiro motor da justiça social.
Humberto Bettencourt
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