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POLÍGONO DE ACÚSTICA SUBMARINA DOS AÇORES
Quer-me parecer que quase todas as atividades militares e paramilitares, tuteladas pelo governo, em Santa Maria acabam por ser votadas ao abandono. Assim foi com a Estação Loran; o mesmo aconteceu com as construções no Pico Alto, que vieram a ser aproveitadas, nos anos mais recentes, para outros fins; a famosa Zona Franca, uma área enorme toda urbanizada e vedada, colada às pistas do aeroporto, acabou por servir de apoio ao Centro de Atividades Ocupacionais da Santa Casa da Misericórdia, que ocupa os escritórios e uma pequena zona adjacente, embora estejam envidando todos os esforços para serem os seus proprietários de lei; e o Polígono de Acústica Submarina dos Açores que, à semelhança do que aconteceu com a Estação Loran, também está em ruínas.
A utilidade do PASA parece ter estado envolvido em segredo. Há quem diga que estaria a ser utilizado para espionagem, a pretexto de outras atividades menos discutíveis: a unidade tinha como missão a recolha de dados acústicos referentes ao meio marítimo ambiente e do fundo do oceano.
O Polígono de Acústica Submarina tinha a participação de um grupo de oito países: França, Alemanha, Itália, Holanda, Portugal, Reino Unido e Estados Unidos da América. Embora todas os países tivessem encargos na sua gestão, a fatia mais grossa coube aos americanos, que arcaram com a quase totalidade da despesa da construção dos diversos edifícios: um para os serviços de laboratório; um para instalar uma central elétrica; e outro para acomodação dos investigadores e pessoal associado, que chegou a atingir à volta de trinta pessoas. A parte que não se via, e que foi construída debaixo de água, era composta por três torres de quase quarenta metros de altura e com uma base de cerca de treze metros, que estabeleciam um triângulo. Era feita uma recolha de dados referentes ao meio ambiente e às condições do fundo do mar para fins científicos. Os dados eram enviados para monitorização para a sala do Polígono. Diziam que esses dados tinham também a ver com a deteção dos submarinos soviéticos que prestavam apoio aos cubanos.
O Polígono reunia todas as condições de habitabilidade, a que não faltava sequer uma piscina que era muito usada pelo pessoal. Era aproveitado pelo sociedade da altura para festas e convívios e muita gente ainda tem uma boa recordação desses momentos. E todos mostram a sua consternação pelo estado a que aquilo chegou.
O processo de instauração do Polígono de Acústica Submarina dos Açores teve início nos idos de 1968. Em 1972 as obras foram concluídas, tendo a sua atividade decorrido até 1980. Com o advento dos meios de comunicação instalados em satélites artificiais ao redor do planeta e com o desenvolvimento da informática, todo aquele processo de obtenção de dados acabou por ser facilitado, não se justificando a manutenção daquele lugar que, só em 1972, absorveu verbas no valor de 2.480.000.00 escudos.
PS: Agradeço que, em comentários a este artigo, me sejam facultadas mais informações que o possam enriquecer.





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