O PICO ESTÁ NA MODA

Views: 0

á
, ã
Adega do Caisinho, mais uma novidade este Verão, e na menos populosa freguesia da ilha do Pico: Santo Amaro (apenas 255 habitantes, segundo os censos de 2021). Isto representa zero no dinamismo que envolve esta freguesia ao longo dos últimos anos. Depois dos emblemático Restaurante Magma (Lava Homes) e Mercearia de Santo Amaro, surgiu há cerca de 3 meses este restaurante de refeições ligeiras gourmet complementado com um bar só para bebidas, que já conquistou os picarotos. Na “Terra dos Barcos” e da Construção Naval Açoriana, fomos falar com o Ricardo Branco sobre este seu novo projecto, com uma vista soberba para o mar e ilha de São Jorge.
Quem dá alma à Adega do Caisinho?
Ricardo Branco: Quem dá alma à Adega do Caisinho é esta equipa fantástica que eu consegui reunir, e que dá o seu melhor todos os dias. A equipa é encabeçada por mim, Gestor Hoteleiro de formação, a trabalhar na área da restauração há já mais de duas décadas. Quando me foi apresentada a hipótese de pegar nisto, pensei logo no Chef Amiro, com longa experiência trazida do continente, alguém que eu já conhecia pessoalmente, e que sem hesitar aceitou o desafio. Depois, para a sala, falei com a Érica, com formação que nada tem a ver com esta área, mas que me pareceu que se adaptaria com facilidade. Assim foi, ao fim de dois dias parecia que trabalhava nisto desde sempre, e é de uma simpatia extrema. No bar, falaram-me do Mitchell, um canadiano que estava por cá, já com experiência na área (e formação também). É um viajante, uma “alma livre”, mas é um artista nos cocktails, que têm sido um sucesso.
Quando surgiu a ideia para este projecto? Como surge na sua vida a oportunidade de investir na área da restauração?
A ideia surgiu quando quem comprou o espaço (americanos) nos propôs a exploração do mesmo. O espaço é lindíssimo, com um potencial enorme. Estávamos no início de Maio, e foi uma correria, mas abrimos ainda em Junho, para aproveitar a alavanca do verão. A oportunidade de investir na restauração já vem de longe. Este projecto é apenas o mais recente. Estive envolvido na abertura do Restaurante Magma também em Santo Amaro, até começar a trabalhar na Adega do Caisinho. Vim há três anos para o Pico abrir o Magma a convite da Benedita Branco. Ano e meio depois veio a família e agora tenho o desafio da Adega do Caisinho em mãos.
Fale-nos um pouco sobre a carta e as origens dos ingredientes. Quais as vossas apostas, qual o vosso conceito?
O conceito é um “dois em um”. Por um lado o Snack-Bar, com comidas ligeiras, mas apostando claramente na qualidade do produto, que é logo metade do caminho para o sucesso.
Trabalhamos com as carnes mais nobres (prego de lombo de novilho, bifana de presa de porco preto ibérico, hambúrguer de novilho), com lombo de bacalhau, com camarão de excelência, com pão da padaria da terra, seja para os hamburgers, para o taco mexicano com chili ou no pão sírio para a Pita Shoarma. Temos algumas opções vegetarianas e sobremesas.
Por outro lado, o Bar, onde a aposta foram os cocktails de eleição (com bebidas açorianas, inclusive um cocktail com gin Rocha Negra), num espaço único, com música calma, onde se pode conversar e conviver com a presença do mar logo ali.
Porquê a abertura deste projecto em Santo Amaro, ao invés de uma das vilas da ilha?
Como dito, o espaço “caiu-nos ao colo”, e desde logo nos apaixonou. De qualquer maneira, já tínhamos a experiência do Restaurante Magma, onde essa deslocalização não trouxe qualquer problema. Lembro-me de falar com os locais, quando cheguei à ilha com a missão de o abrir, e os palpites eram que “ali?” não nos davam mais de seis meses. E no entanto, o Magma está aberto há mais de três anos, a trabalhar muito bem o ano todo, e sobreviveu a estes tempos difíceis que nos assolaram nestes dois anos. Quando se aposta na diferença aliada à qualidade, não há o problema da distância aos meios urbanos.
O mercado alvo é o Turista que visita a ilha? A porta vai estar aberta todo o ano? Há receios em relação aos meses de inverno (sazonalidade)?
Não temos propriamente mercado alvo. É claro que o turismo, ainda que sazonal, alavanca a ilha, mas posso dizer que até agora a maioria dos clientes que nos visitaram são de cá. Uns de cá o ano inteiro, outros de cá apenas no verão, mas pessoal que vem todos os anos. Os turistas têm aparecido em menor número, mas estamos abertos apenas há dois meses. Acredito que no próximo ano eles já venham com a Adega do Caisinho na mente, como acontece com os restaurantes com mais história. O receio da sazonalidade existe sempre, mas o facto de termos tido muitos locais a experienciar o nosso espaço, dá-nos alento para o inverno. Este inverno teremos de encerrar para fazer as obras que não tivemos tempo agora para a abertura. Mas acredito que no próximo ano, quando reabrirmos, seja negócio para estar aberto todo o ano.
Que desafios encontra enquanto empresário do sector da restauração?
A logística é de longe o maior desafio. São coisas da insularidade, nada que já não esteja habituado, mas tudo leva eternidades a chegar cá, e há coisas que não chegam de todo.
Os recursos humanos são sempre também um desafio. Estou consciente da pequena dimensão populacional da ilha, o que, claro, torna os recursos humanos mais escassos, menos formados. Mas como sou formador, desde que haja vontade de aprender, tudo se resolve. E agora, já com “histórico” no Pico, confesso que me foi mais fácil angariar pessoal para esta equipa do que na anterior, onde toda a gente olhava com alguma desconfiança.
Trabalhar e gerir um restaurante é uma tarefa muito exigente? A vossa equipa é composta por quantas pessoas?
É, claro! À cabeça, estará o tempo diário despendido. A minha família e os meus amigos, quando chega a esta altura do ano, dizem em tom de brincadeira: “então até Novembro”, mas não é assim tanto uma brincadeira, pois é a dura realidade. Depois, tudo o resto inerente à gestão de um negócio aberto ao público. Só quem trabalha neste ramo sabe o quão complexo é. Gestão financeira, gestão de produto, gestão de pessoal, o atendimento ao público, as compras, que por mais que se tente concentrar, acabam por ser diárias e exaustivas.
Começámos apenas eu e os três que mencionei na primeira questão, mas já tivemos de recrutar os seus ajudantes.
Como vê a evolução do turismo na ilha do Pico?
O turismo vinha claramente em crescendo, mas depois veio o “bicho mau” (Covid-19) e atrasou um pouco a coisa. Felizmente esse problema está quase ultrapassado, está quase toda a gente vacinada, e acredito piamente que voltará a crescer no futuro, como aliás já se está a verificar. O Pico está cheio de turistas neste momento.
Tem outros projectos em mente? Sente-se uma pessoa realizada?
Este projecto vai absorver as minhas energias durante algum tempo, pois está a dar os primeiros passos, e como dito, o potencial do espaço é enorme, e há ainda muita coisa para fazer aqui. No futuro, nunca se sabe. Passei a minha vida nisto, não seria nada de novo.
Eu sinto-me realizado. Estou a trabalhar naquilo que me formei, num lugar único, esta maravilhosa ilha de onde não pretendo sair mais.
Horário de funcionamento?
Fechamos às Terças-feiras, e concentrámos as energias apenas na noite. O Snack serve refeições das 18:00 às 22:00, o Bar abre às 20:00 e fecha à 1:00. Não fazemos reservas, pois o serviço é rápido, está sempre a rodar.
Este Inverno fecharemos para obras (lá para Novembro), mas no ano seguinte será para abrir todo o ano, ainda que possa ter de ajustar horários, claro.
Rua do Canto, nº17
9940-185 Santo Amaro
São Roque do Pico
jornal@diariodosacores.pt
(Diário dos Açores de 12/09/2021)
Visit the COVID-19 Information Centre for vaccine resources.
Get Vaccine Info

3
Like

Comment
Share
0 comments

Mais artigos