O nível das águas do Mar vai subir (Crónica Atlântida)

O nível das águas do Mar vai subir (Crónica Atlântida)
Vivendo nestes torrões insulares, de tempos a tempos abalados por sismos, ciclones, cheias e derrocadas, esquecemo-nos de que estes e outros fenómenos naturais não nos deixarão de afetar seriamente, se nada fizermos para evitar o aquecimento global.
Um estudo recente, publicado pelas Nações Unidas chama a atenção para a necessidade de os países signatários do acordo de Paris cumprirem o estipulado, segundo o qual só a redução dos gases de efeito estufa, pode impedir a subida da temperatura em 1 grau e meio, até 2030. Caso contrário, o aquecimento do Planeta provocará mais degelo no Ártico, mais seca e, também no nosso caso, a subida do nível médio das águas do mar.
O estudo apresenta um mapa muito interessante e útil das áreas que serão engolidas ou ficarão submersas pelas água do mar em todo planeta, nomeadamente nos Açores.
Em Ponta Delgada, por exemplo, serão afetadas a Avenida Marginal, as Portas do Mar, a Avenida do Mar, como acontece já frequentes vezes, o próprio molhe do porto e o renovado parque residencial no litoral de São Roque; na Praia da Vitória, Horta e Lajes do Pico, as zonas mais baixas ficarão submersas, o mesmo acontecendo em Fajãs, devido a erros na construção de infra-estruturas do litoral, sem ter em conta os alertas há muito feitos pelos ambientalistas.
Avisam os cientistas que a situação é mais alarmante, em regiões da Ásia e do Pacífico, onde os países insulares correm o risco de verem a maior parte da terra ficar submersa. Cerca de 800 milhões de pessoas da China, Vietname, Indonésia serão afetadas, caso a temperatura suba até aos 2,7 graus centígrados.
O problema é sério demais para ser desvalorizado pelos cidadãos e responsáveis políticos. Os erros já cometidos em obras públicas que não acautelaram a segurança de pessoas e bens, deveriam ser corrigidos quanto antes, para levar a sério os avisos das instituições internacionais.
Infelizmente não é isso que se vê, pese embora os estudos de impacte ambiental exigidos para a atribuição dos financiamentos europeus. Os governantes fecham os olhos para beneficiar, temporariamente, a economia com as dotações dos planos, e não pensam que as alterações climáticas são a maior ameaça de uma crise planetária porque afeta a vida de toda humanidade.
Estou certo, que todos acabarão por compreender que em ilhas como as nossas o assunto terá de integrar rapidamente a agenda ambiental do poder local e regional, com medidas drásticas e oportunas, sob pena de, num futuro não muito longínquo, nos acusarem de termos sido incapazes de cuidar e proteger o nosso maravilhoso arquipélago, pequeno mas muito vulnerável.
José Gabriel Ávila
17 outubro 2021