o mistério da foto de Fátima

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UM MISTÉRIO A ILUSTRAR OUTRO
A fotografia foi publicada originalmente em 29 de outubro de 1917 na revista “Ilustração Portuguesa”, do jornal “O Século”, a ilustrar – juntamente com outras dez fotografias mostrando a multidão de peregrinos de olhos postos no céu «à espera do sinal de Deus» – uma reportagem sobre o milagre de Fátima, assinada pelo jornalista Avelino de Almeida.
Junto à parede de pedra de um curral de bois, três crianças, duas raparigas e um rapaz, por ordem: Lúcia, Francisco e Jacinta, olhando em frente, todos com ar muito sério para a idade. As raparigas usam um longo lenço escuro na cabeça, vestem camiseiros floridos, saias compridas até aos pés e calçam socas de madeira, o rapaz, apoiado num bastão de pastor, veste calças e casaco, usa um barrete à campino e traz o saco do farnel ao pescoço.
Lúcia dos Santos, com dez anos de idade na época das aparições, é prima, pelo lado materno, de Francisco Marto e de Jacinta Marto, ambos irmãos e com nove e sete anos, respetivamente. Os três nascidos e criados na aldeia de Aljustrel, em Fátima, os três analfabetos e os três pastores de animais.
Em 1916, a fazer fé no testemunho das três crianças, que ficarão conhecidos para a posteridade pelo nome de “pastorinhos de Fátima” ou “videntes de Fátima”, terão testemunhado três aparições de um anjo que se identificou como “Anjo da Paz” ou “Anjo de Portugal”, e em 1917, entre 13 de maio e 13 de outubro, a seis aparições de Nossa Senhora, sobre uma azinheira, no lugar da Cova da Iria.
A fotografia a partir da qual se construiu a iconografia dos pastorinhos é uma das mais conhecidas e emblemáticas das três crianças que dizem ter a Virgem falado com elas, e, arrisca quem sabe, uma das imagens com maior circulação no mundo. Porém, a sua autoria permanece um mistério, quase tão grande quanto o mistério das visões que os três pequenitos juraram a pés juntos ter assistido: Joshua Benoliel, um dos nomes maiores da fotografia portuguesa do século XX? Judah Bento Ruah, um engenheiro eletrotécnico, sobrinho de Joshua Benoliel, que à última hora teria substituído o tio na cobertura do evento? Ou uma das hipóteses mais plausíveis, de acordo com os especialistas do Museu do Santuário de Fátima, por encomenda de um estúdio do Porto (os “Estúdios Marques Abreu”) ou por algum fotógrafo anónimo que a tirou, mandando posteriormente estampar várias cópias em formato de bilhete postal para, à época, as vender aos crentes que inundavam o Santuário?