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Na noite da passagem de ano de 31 de dezembro de 1961 para 1 de janeiro de 1962 ocorreu uma tentativa de golpe civil e militar para derrubar a ditadura. Ficou conhecido como a “Revolta de Beja”, dois civis morreram.
Foram semanas de secreto planeamento, de contactos e de deslocações que culminaram num inesperado assalto ao Regimento de Infantaria de Beja. A liderar este irreverente acontecimento estava o capitão João Varela Gomes, com o major Francisco Vasconcelos Pestana, o capitão Pedro Marques, o tenente Brissos de Carvalho, bem como os civis Manuel Serra e Fernando Piteira Santos que, com cerca de 300 homens, civis e militares, realizaram este golpe. Ele havia sido previamente planeado por Humberto Delgado, que tinha entrado clandestinamente no país, proveniente de Marrocos, para esta operação.
O plano passava pela tomada do quartel, a obtenção de armas e, de seguida, pelo envio de colunas para vários pontos do país: os militares dominariam os quartéis e os civis, ocupariam as centrais de telecomunicações, os postos da GNR e cortariam os sistemas elétricos.
A revolta foi dominada pelo Major Henrique Calapez, que foi considerado um herói pelo regime, Humberto Delgado regressou ao exílio e os implicados neste assalto, presos pela PIDE.
Embora a missão tenha fracassado, representou uma expressão do descontentamento, determinação e coragem de um grupo de civis e militares que tentaram o derrube do regime, até que, 13 anos depois, realizar-se-ia o 25 de Abril de 1974.
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- Manuel RamosTinha 14 anos e já trabalhava e estudava de noite o meu trabalho era na subestação de distribuição de energia em alta um dos pontos nevrálgicos da operação que não foi ocupado inicialmente pelos revoltosos mas sim por tropas vindas de Elvas um pelotão que ali esteve durante 8 dias, durante os quais se desenrolaram buscas pelas tropas e GNR dos montes e abrigos de pastores onde se tinham refugiado muitos dos revolucionários alguns feridos nos combates dentro do Quartel. A presença do 2º Comdt do RI 3 Major Calapez e do Capitão Delgado que deu o alarme exterior leva a crer que houve alguma fuga de informação do poderia acontecer nessa noite pois a situação no país já era preocupante com a queda do Estado Português na Índia e os massacres no Norte de Angola pela UPA. Quem diria que em Dezembro no dia 3 de 69 eu iria no Niassa de viagem para a guerra no Leste de Angola.