O FUTEBOL COMEÇOU NO FAIAL

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COMEÇOU NO FAIAL O FUTEBOL PORTUGUÊS
Tudo o que se tem escrito sobre a introdução do futebol em Portugal contradiz este título, mas a fonte merece toda a credibilidade. Trata-se do conhecido banqueiro J.P. Morgan, esse sim, verdadeiro DDT nos Estados Unidos da América.
Morgan esteve no Faial, entre novembro de 1852 e abril de 1853, por motivos de saúde (febre reumática), quando tinha 15 anos de idade. Durante a estadia, escreveu um Diário, que foi descoberto pela Professora Doutora Elisa Gomes da Torre. O livro acabado de publicar pela editora Letras Lavadas, tem por título My Sweet Fayal, verso de um poema escrito pelo próprio Morgan, uns anos mais tarde.
Nesse diário transcrevem-se os bons e maus momentos da sua permanência na ilha, no convívio diário com a família Dabney, e as diversões que ajudavam a passar o tempo, à medida que ia recuperando dos males que o apoquentavam: andava a cavalo, jogava bowling, ténis e, “futebol pontapeado com o pé”, no relvado.
Ou seja, em 1852-53, os marinheiros ingleses quando aportavam na Horta tinham como diversão jogar futebol e é muito natural que alguns rapazes faialenses tivessem sido chamados a participar. Se não jogaram, pelo menos viram. Como anota a Professora, deviam jogar de acordo com as novas regras de 1848, conhecidas por “Regras de Cambridge”, que estabeleciam a diferença em relação ao rugby.
Sendo assim, o futebol antes de chegar ao continente (1866), à Madeira (1875) e aos Açores (depois de 1895, pelos dados até agora conhecidos), surge a informação de que o Faial poderá ter sido pioneiro nesse desporto. Mas deixo também no ar a suspeita de que na Terceira e em São Miguel, onde eram muito frequentes os barcos ingleses ancorarem para carregarem a laranja, pudesse também ter sido praticado o futebol.
Aqui fica a curiosidade e a chamada de atenção para mais este livro da Professora Elisa Torre, que já publicou outros títulos sobre relatos de viagens de estrangeiros aportados ao arquipélago: Estranhos em terra estranha, de Marian Hartley, que ficou retida durante a primeira guerra mundial em Ponta Delgada, e escreveu um belo livro sobre a vida em Ponta Delgada e nas Furnas; Diário de um náufrago nas Flores e no Faial, de John Fowler, com observações muito perspicazes sobre alguns costumes nestas ilhas.
Uma leitura a não perder.
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Sobre CHRYS CHRYSTELLO

Chrys Chrystello jornalista, tradutor e presidente da direção da AICL
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