o fracasso desta versão de ensino à distância

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Caros amigos, não há grande debate no ensino à distância no secundário, porque os facto falam por si. A Universidade Aberta lida com adultos, que escolheram este ensino, e tem uma equipa há décadas só para criar matérias pedagógicos à distância. Não pode ser usada como exemplo com o descalabro que se passa no Ensino Secundário. O que vai acontecer no Secundário é o mesmo que aconteceu até aqui mas elevado a um grau mais grave: quem tem dinheiro pagará explicações, quem não tem fica para trás. Já era assim, agora passará a ser assim de forma mais vincada uma vez que, segundo relatos dos próprios professores, em algumas zonas das cidades metade nem sequer aparecem nas aulas, nem têm faltas; os que aparecem não fazem na sua grande maioria o estudo sozinhos, nem os trabalhos, mesmo os bons alunos. Só os muito bons estão a trabalhar e mesmo assim de forma desigual nas disciplinas. Portanto o que vamos ter com esta opção do Governo é isto, pagará quem pode, quem não pode fica (ainda) pior. Podemos esforçar-nos com as maravilhas de um caso que funciona bem, mas o nosso exemplo pessoal não explica o país. Hoje recebi uma mensagem de uma professora num subúrbio de Lisboa, escolas com mais de 1000 alunos, anda, diz ela “à cata dos alunos nas redes sociais para ver se os convence a “vir” às aulas”, os poucos que vão é pelo telemóvel, não têm computador, e, os que vão, não conseguem apreender a maioria do que escutam (já era assim no presencial, imagine-se frente ao ecran). Não, esta opção não foi correcta, foi errada e vai prejudicar a imensa maioria dos alunos portugueses, devia ter-se dado revisão de alguma matéria, debate online de bons filmes e bons livros, a RTP poderia ter um papel aqui excelente também, mandar toda a gente descansar no Verão destes meses de medo e pavor, e começar em Setembro reduzindo alguma matéria. E, sobretudo, devia ter-se ouvido os professores que conhecem os alunos, as escolas, e as práticas pedagógicas. Assim, criou-se um fosso que para alguns, sobretudo os mais esforçados que não têm dinheiro para explicações, não vai ser ultrapassado no acesso à Universidade – vão ficar para trás. Foi um erro esta opção. Pelo caminho vários professores vão desistir porque a escolha será entre o sofrimento ético e o burnout que daí vem – fazer algo que sabem que está mal; ou arrumar a casa e pedir a pré-reforma, mesmo com penalizações, para não violarem o seu sentido de justiça e brio laboral.