o estado pedinte por osvaldo cabral

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O Estado pedinte
Desde há uns anos que vamos assistindo a uma contínua desresponsabilização do Estado e de empresas que já foram do Estado para com os serviços e instituições que possuem nas Regiões Autónomas.
Os últimos governos da República, sobretudo o último de António Costa, foi do piorio em matéria de cumprimento para com as Autonomias.
Não vale a pena elencar a lista das promessas em falta, porque todos a conhecem, mas esta semana foi evidente o desconforto, mais uma vez, do responsável pela PSP nacional, na visita que efectuou a S. Miguel, ao prometer que virão mais polícias para os Açores mas… “não será muito”!
Ninguém sabe o que é este “não será muito”, porque, por incrível que pareça, o próprio Director Nacional da PSP disse que também não sabia, mas foi avisando que “não existem só os Açores. Não existe só o comandante dos Açores a chatear o diretor nacional porque precisa de mais polícias”!
Aí está a teoria do Estado pedinte e mal intencionado, a querer comparar o Comando de uma região insular com 9 ilhas com um território continental onde facilmente se deslocam efectivos de um local para outro via terrestre.
Esta escola já vem de longe, mas tem feito o seu caminho com mais fulgor nos últimos anos, devido a uma geração mais nova mal formada politicamente, que desconhece o que são as Autonomias Regionais e, muito menos, as obrigações do Estado.
É um Estado que vive da “pedinchice” permanente, em que as Regiões Autónomas é que têm que suportar a crónica falta de recursos das instituições nacionais, financiando obras de remodelação de esquadras e de tribunais, oferecendo viaturas e material informático, numa descarada substituição dos deveres do Estado.
Ainda esta semana assistimos a outra consequência do desleixo do Estado, com uma espécie de motim na cadeia de Angra, que parece ser coisa frequente, porque a sobrelotação é por demais evidente, com 280 reclusos e apenas 70 funcionários.
E a fazer escola de pedinte está também os CTT, empresa que já foi do Estado, e que tem uma excelente filosofia, que é de ficar com os lucros e entregar a nós, contribuintes, as despesas.
Foi o que aconteceu esta semana em Água de Pau, onde depois de ameaçar fechar o posto de correios naquela freguesia, voltou com a palavra atrás… mas com a condição da Junta de Freguesia pagar o funcionário para manter o posto aberto!
Ainda há mais: o ministro das Infraestruturas anunciou esta semana, todo contente, com o aplauso dos deputados do PS-Açores, que o projecto de ampliação da pista da Horta vai avançar com o Governo Regional a pagar 40% dos custos!
Perante todos estes atropelos, como já dizemos há décadas, o representante do Estado nos Açores não passa de um representante dos croquetes.
E é assim, com todo este descaramento, que vamos sendo explorados, paulatinamente, pelos senhores de Lisboa, que continuam a ver nas ilhas um filão para se encherem com os nossos recursos.
Já o faziam com o Acordo das Lajes.
Tal e qual como no tempo das caravelas.
E lá vamos alimentando isto, sem percebermos que, entrando no jogo deles, estamos a castrar a nossa Autonomia.
Uma Autonomia cada vez com menos voz, menos músculo e curvada ao Estado pedinte.
Até quando?
Editorial Diário dos Açores
15-05-2022
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Sobre CHRYS CHRYSTELLO

Chrys Chrystello jornalista, tradutor e presidente da direção da AICL
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