O Dever Social dos Bancos… e um Conselho de Estado, JOSÉ SOARES

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O Dever Social dos Bancos… e um Conselho de Estado

JOSÉ SOARES jose.soares@peixedomeuquintal.com

@ – Comecemos por dizer que não tenciono insinuar que os bancos estão lá para atirar notas pelas janelas.

Mas em tempos de crise social e inflacionária, as instituições bancárias dificultam por princípio toda a sua atividade nos empréstimos às famílias. Recuam literalmente na sua função social. E no entanto, quando são os bancos a terem dificuldades, pedem recursos aos governos que logo lhes passam milhares de milhões de euros do erário público para os salvar. E há até aqueles que não se salvam, levando pela retrete abaixo todos os milhões públicos que lhes foram confiados. A infame implosão do centenário Banco Espírito Santo, prova como se pode continuar a enganar o país transformando um banco pirata num banco igual, mas com nome diferente, dizendo e repetindo até à exaustão que agora é um banco a sério.

A banca em Portugal deve enormes favores ao povo português, por este lhe ter salvo a vida.

Será agora altura de estudar, caso a caso e com alargada visão humanista, aqueles que recorrem em aflição aos bancos para reestruturarem contratos, afim de reduzirem prestações mensais. Mais de 70 mil famílias já o fizeram. Se os bancos levarem mais alguns anos a receber, com o prolongamento desses contratos, não perdem os juros e evita-se graves conflitos sociais, em que no final todos podem perder, a começar por essas entidades financeiras.

 

@ – Mais um “ritual maçónico” que custa caro ao país: Conselho de Estado. Afinal, o povo tem um presidente da República eleito por maioria direta, que necessita que lhe “aconselhem” o que fazer, como e quando fazer, o que tem a fazer e as decisões a tomar. Isto custa mais um balúrdio financeiro ao país. Trata-se apenas de um “chá das cinco” entre elementos do clube. Nele cabem comentadores que viraram presidentes, políticos que viraram empresários de canais televisivos e depois manipulam quais as figuras a lançar ao país, como comentadores dos seus canais televisivos privados. Temos poetas que não conseguiram a presidência, mas temos, sobretudo, um latente machismo: Dos dezoito membros deste clube, quinze são homens. Apenas três mulheres: A Provedora de Justiça, Maria Lúcia Amaral (por inerência do cargo!!!); Quanto à escritora Lídia Jorge e à política Leonor Beleza estão lá porque foram designadas pelo presidente Marcelo. Senão, nem isso!!!

Afinal, parece que estes conselheiros nem sabem dar conselhos a si próprios, começando pela devida e legal igualdade de género no seu próprio seio, coisa que o presidente da República, garante da Constituição, devia ser o primeiro a assegurar.

“Compete aos países membros da UE, na realização de todas as suas ações, promover a igualdade entre mulheres e homens, em conformidade com os Tratados. A igualdade de género é um valor fundamental da UE, um direito fundamental e um princípio-chave do Pilar Europeu dos Direitos Sociais.” (COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU, AO CONSELHO, AO COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL EUROPEU E AO COMITÉ DAS REGIÕES, Uma União da Igualdade: Estratégia para a Igualdade de Género 2020-2025). (05MAR2020).

Para um país que tem vivido sempre de mão estendida, estes luxos desnecessários serão atentados à cada vez maior pobreza que grassa pelo país. No ano que se aproxima para a comemoração do meio século de Liberdade (1974-2024) o aumento da pobreza é uma ferida cada vez mais aberta no corpo da democracia portuguesa.

“Desde a adesão à União Europeia em 1986, Portugal recebeu de Bruxelas mais de 150 mil milhões de euros em fundos europeus. Agora, com a implementação do Portugal 2020 quase a terminar, o país prepara-se para receber mais 23 mil milhões até ao final da década, com o mesmo objetivo dos anteriores fundos: apoiar políticas públicas nacionais e locais que promovam a coesão económica, social e territorial.

De acordo com os dados do Banco de Portugal (BdP), que foram compilados pela Pordata, ao longo dos últimos 36 anos, Portugal recebeu, em média, 3,7 mil milhões de euros por ano da União Europeia”. (Jornal de Negócios, 20ABR2023)

jose.soares@peixedomeuquintal.com