O confinamento social e o uso de máscara.

O confinamento social e o uso de máscara.

Tenho observado com alguma preocupação a persistência de casos positivos de Covid 19 em muitas cidades estrangeiras onde o problema existe e tende a agravar-se.

Todos os comentários políticos sobre o eventual controlo da situação, é pura negação dos factos.

E pior que não aceitar o que é óbvio aos olhos de qualquer observador mais atento, é transmitir para a opinião pública a inverdade dos acontecimentos.

O que é, na realidade, o confinamento social?

Se formos ao dicionário, o verdadeiro significado etimológico da palavra pressupõe o acto de se confinar.

De clausura ou isolamento.

Quando alguém se encontra doente, nomeadamente com uma doença infectocontagiosa, deve permanecer em isolamento, em sua casa ou num quarto do hospital, com todas as medidas de precaução necessárias que daí resultam.

Medidas como o uso de máscara e bata esterilizada, como a lavagem de mãos antes e depois de contactar com o doente. Isto é confinamento.

É neste contexto que podemos afirmar – e ainda assim sem a garantia total – que uma situação está ou pode estar aparentemente controlada.

E está controlada precisamente porque foram tomadas as medidas para evitar o contágio.

O confinamento social que é uma das chaves para evitar a propagação do vírus, mas não está a ser devidamente respeitado.

Se seguirmos as regras que nos são propostas pelas autoridades sanitárias , algo poderá ser diferente doravante.

Nos vários pontos do globo onde as orientações não são cumpridas, as pessoas devem ser punidas severamente.

Se o meu carro ultrapassar o limite da velocidade permitida, sou multado.

Se me arriscar a conduzir sob o efeito do álcool, sou punido com multa e eventual pena de prisão.

Se as pessoas não se confinam devidamente, devem responder pelo seu acto criminoso e irresponsável.

Por outro lado, nas cidades onde é possível iniciar o desconfinamento social, este passo deve ser sempre progressivo e de acordo com a redução de números de casos.

Só assim poderemos controlar melhor o vírus e evitar a escalada ou o ressurgimento da pandemia.

O outro motivo para o descontrolo que se faz notado em muitos países e cidades, tem a ver com o uso inadequado da máscara ou mesmo da sua não utilização.

Em zonas de alto risco de contágio, o desrespeito pelas regras e recomendações das autoridades sanitárias, faz disparar em flecha o risco de contágio, com o aparecimento de dezenas de novos casos.

É necessária uma total comunhão entre quem manda, aconselha e orienta e aqueles que têm obrigação moral de cumprir e de acatar as ordens: os cidadãos.

Esta guerra ainda não acabou e nem irá terminar tão depressa nos próximos tempos.

É por isso que TODOS , devem estar focados no mesmo objetivo: vencer e erradicar o Covid-19, afastar esta ameaça do nosso quotidiano.

Ninguém ganha um conflito apenas com armas.

Somos nós, cidadãos do mundo, os soldados desta guerra.

Ao pegarmos nas armas, cumprindo as ordens dos nossos capitães, iremos derrotar, sem qualquer tipo de contemplação, este inimigo invisível e poderoso chamado Covid-19.

Depois, poderemos voltar a reviver o nosso passado com intensidade e alegria, conviver com os nossos familiares e amigos, retomar aquilo que nos foi sonegado pela força das circunstâncias e. acima de tudo, poderemos respirar de novo.

Não posso terminar este mini artigo de reflexão, sem lembrar um outro artigo sobre a Covid-19, publicado na revista Visão, para o qual eu dei o meu contributo, chamando a atenção para os 10 erros que foram cometidos desde que o vírus emergiu e a necessidade de confinar, usar a máscara, ter cuidados especiais com a higiene das mãos.

No artigo referia ainda a importância do distanciamento social e o controlo de temperatura, nomeadamente nos aeroportos e fronteiras.

Será que alguém ouviu desde Fevereiro, as diversas mensagens e chamadas de atenção sobre o perigo e a forma de combater o Covid-19?

As informações foram divulgadas através de diversos meios de comunicação social, que escrita, quer audiovisual.

Fica na consciência de cada um o timing correcto na sua aplicação .

Continuo a achar que muitas mortes poderiam ter sido evitadas, caso fossem implementadas regras viáveis – e sem hesitações – de combate ao Covid-19.

Infelizmente, esta tragédia humana, sob a forma de pandemia, ainda não terminou.

Mas, depende apenas de TODOS NÓS, a erradicação.

Não devemos perder mais tempo com estratégias infrutíferas ou planos inúteis.

A OMS tem a obrigação moral de liderar todo este processo com coragem, com decisões práticas e não ambíguas, certezas dentro da incerteza actual e, acima de tudo, chamando a atenção dos países ou regiões que não cumprem e protegem os seus cidadãos, colocando-os em perigo iminente face a abordagem inapropriada no combate ao Covid-19.

Jorge Sales Marques/Pediatra
Expediente Sínico, 31 de Julho de 2020.

http://expedientesinico.com/…/o-confinamento-social-e-o-u…/…

Image may contain: 1 person, suit