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Escolas em Transformação II. O nosso sistema de ensino é hoje uma jangada perdida num mar alteroso. Os sobreviventes remam vigorosamente, mas cada um deles rema para seu lado e a jangada não sai do lugar. Faltam, desesperadamente, lideranças e organização.
O vídeo oficial, pela boca de uma estrela mediática, pontifica que se cumpra o horário. O horário de quê? Alguém, na posse das suas faculdades, acredita que é possível transpor um modelo presencial para o online, com aulas de hora a hora? Como se a Terra tivesse necessariamente de ser plana!…
Esclarecido que não é por aqui que a jangada ganha rumo, percebe-se a urgência de que as lideranças e a organização surjam do terreno. Serão necessários, pelo menos, dois tipos de liderança:
– a liderança do Trabalho Escolar, que, na minha ingenuidade de quem está hoje longe destas coisas, me parece que deveria ser assumida pelos diretores de turma; e
– a liderança do Apoio e Assistência, que assume importância gigantesca e podia ser assegurada por um ou dois grupos de professores online, em ‘crowdsourcing’ da pesada.
A ação dos diretores de turma seria, passe a metáfora, uma ação de guerrilha. Agruparia online os professores da turma, pondo-os a conversar em permanência uns com os outros na configuração de uma estratégia para os próximos tempos. A estratégia seria ajustada periodicamente. Idealmente, suspenderiam a pulverização disciplinas. Cada dia seria dedicado a uma ou duas disciplinas, que seriam trabalhadas tanto quanto possível por projetos, com muito apoio aos alunos.
A outra liderança, do Apoio e Assistência permanentes, seria assumida por um dois grupos online que quisessem oferecer-se e assegurar a sua organização e continuidade. Actuariam por grupos temáticos (ferramentas, padagogias, estratégias, didáticas online, conteúdos, etc.). Cada grupo temático, auto-proposto, seria um espaço de colaboração, aconselhamento, curadoria e síntese do que já foi apreendido. A síntese — pequenos textos e vídeos para a resolução de dificuldades práticas correntes — seria de importância chave.
NOTA – Este cenário é uma ficção escrita por alguém que está afastado destas lides há mais de uma dúzia de anos. Não pretende ser nenhuma verdade, mas apenas uma inspiração e a expressão de uma convicção: a de que os nossos professores vão conseguir. Quer haja ministério, quer não haja.