o 25 de novembro

A CAUSA DAS COISAS
25 Novembro de 1975- (46 ANOS)
Faz hoje 46 anos que militares do Regimento de Comandos, na Amadora, impediram uma tentativa de golpe de uma fação mais radical das Forças Armadas e que viria a resultar no fim do processo revolucionário em curso (PREC). Eram os chamados moderados do Movimento das Forças Armadas, afectos ao Grupo dos Nove, liderado por Melo Antunes, e que tinha Ramalho Eanes como coordenador operacional.
Valerá a pena recuar um pouco e lembrar os dilemas que se colocavam à política das grandes potências ocidentais em Janeiro de 1975, quando Kissinger substituiu o embaixador Nash Scott no seu posto de Lisboa por Frank Carlucci. Não custa crer que a decisão de Kissinger fosse ditada pela expectativa de poder bisar em Portugal o êxito obtido no Chile..
Mas, se alguém sabia apalpar o terreno e avaliar as condições para um putsch, esse alguém era certamente o experiente Carlucci. Depois de Spínola por duas vezes ter tentado golpes de Estado, de forma prematura e diletante, as condições para um terceiro do mesmo tipo pareciam definitivamente comprometidas. Não por escrúpulos democráticos, mas por realismo político, Carlucci entendeu o que se passava e não chegou, seriamente, a conspirar para uma espécie de pinochetazo português.
Na impossibilidade de fazer de Portugal o Chile da Europa, Kissinger rapidamente passou a preconizar que se tratasse o país como a Cuba da Europa. E também a essa avaliação e às ilações práticas correspondentes se opôs Carlucci, mas neste caso em estreita colaboração com o embaixador alemão em Lisboa, Fritz Caspari, e com o respaldo do Governo de Bona.
Com efeito, contra a “teoria da vacina” defendida por Kissinger, Schmidt opunha-se a que Portugal fosse expulso da NATO. Neste contexto, forçou mesmo em Maio de 1975 um encontro entre o secretário de Estado norte-americano e o seu homólogo português, Melo Antunes. E, à margem deste contacto infrutífero, o Governo de Bona ia-se comprometendo com um auxílio a Portugal no valor de 70 milhões de marcos.
Por muito hábil que tenha sido Carlucci e foi, ficava sempre por explicar como ele se teria imposto ao seu chefe, que nunca teve tendência para se contentar com um papel decorativo.
Na verdade, a conhecida colaboração que mantiveram no terreno os embaixadores norte-americano e alemão não foi mero produto de uma afinidade pessoal ou de uma visão comum sobre o processo revolucionário que ambos estavam empenhados em travar. Essa colaboração contou também, do lado alemão, com o apoio do Governo Federal.
Se Carlucci conseguiu fazer da vitória eleitoral do PS a principal alavanca para suscitar um movimento militar de restauração da disciplina castrense, como primeiro passo para controlar a dualidade de poderes no país, isso deveu-se em grande parte ao facto de ele poder colocar no seu prato da balança o peso da principal potência europeia, que partilhava dessa aposta estratégica.
Parece, assim, credível a versão de Schmidt, apresentada em público meses depois do 25 de Novembro reclamando para si o crédito por ter convencido os renitentes Henry Kissinger e Harold Wilson de que a revolução portuguesa devia ser domada pelo PS e pelos seus aliados militares – não por um putsch de tipo chileno ou por uma quarentena de anos ou décadas como no caso de Cuba…”
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