NOVO MUNICÍPIO EM TIMOR ATAÚRO

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May be an image of nature and body of water
Governo timorense cria novo município de Ataúro e novos postos administrativos
Díli, 19 fev 2021 (Lusa) – O Governo timorense aprovou hoje a criação do novo município de Ataúro, ilha que estava até aqui integrada no município de Díli, no âmbito de alterações à divisão administrativa do país.
Em comunicado, o executivo indicou que a alteração, aprovada em Conselho de Ministros e a ser enviada para o Parlamento Nacional, extingue o antigo posto administrativo de Ataúro, que fazia parte do município da capital.
A proposta apresentada pelo ministro da Administração Estatal timorense, Miguel Pereira de Carvalho, cria ainda o posto administrativo de Hatolia B, no município de Ermera, pela divisão da circunscrição administrativa correspondente ao posto administrativo de Hatolia.
Cria ainda, no município de Lautém, o posto administrativo de Loré, através da divisão da circunscrição administrativa correspondente ao posto administrativo de Lospalos.
A separação de Ataúro tem vindo a ser discutida, pontualmente, por vários anteriores executivos, e recentemente voltou a ser defendia pelo líder do maior partido do Governo, a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), Mari Alkaiti.
Apesar da relativa proximidade a Díli, cerca de 30 quilómetros, Ataúro continua a sentir as dificuldades do isolamento, com problemas regulares no funcionamento de eletricidade e de água, estradas e infraestruturas precárias e outros desafios.
Esta situação levou, em novembro, a Comissão de Finanças Públicas parlamentar a recomendar que seja dada “atenção especial” das autoridades às carências básicas, incluindo água e saneamento, sentidas pela população da ilha.
“Perante os inúmeros desafios sociais e económicos que os habitantes de Ataúro vêm atravessando e que têm vindo a ser amplamente divulgados pelos meios de comunicação social, entre eles a falta de energia elétrica e de água potável, a Comissão recomenda à RAEOA especial atenção para o desenvolvimento dessa região englobada no espaço da Zona Especial, como polo complementar de desenvolvimento de grande potencial turístico para o país”, de acordo com o parecer.
Uma fatia significativa da população de Ataúro continua sem acesso a água ou a eletricidade, com serviços limitados e sem manutenção básica.
Residentes da ilha disseram à Lusa sentirem-se abandonados e esquecidos pelo Governo central e pela RAEOA.
A situação condiciona fortemente o dia a dia da maioria da população e afeta também o setor de turismo que estava a tornar-se uma das principais fontes de rendimento da ilha.
Depois de um crescimento regular, o turismo foi significativamente afetado pelo aumento de preços das viagens aéreas para Timor-Leste, nos últimos anos. Desde março do ano passado, a pandemia da covid-19 deixou o país sem voos comerciais.
Um dos maiores problemas continua a ser a questão da água, com a seca e as alterações climáticas com efeitos agravados por não ser feita qualquer manutenção básica à reduzida rede existente em Ataúro.
Em termos de fornecimento de energia elétrica, a situação não é melhor: uma grande fatia da população não tem acesso a eletricidade, há cortes regulares e mesmo quando há fornecimento, este só acontece durante algumas horas.
Sem acesso à luz, não há condições adequadas para preservar alimentos, especialmente peixe fresco, com a população a ter que recorrer à secagem, o que acaba também por afetar a nutrição.
Vias de comunicação insuficientes limitam igualmente a mobilidade interna na ilha, com a população a ter que fazer várias horas a pé para se deslocar entre localidades.
ASP // EJ
Lusa/Fim
Joana Ruas, Isabel Nolasco and 15 others
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  • Sim… mas! Cuidado com a municipalização do país num contexto de falta de quadros qualificados! Arriscam-se a soltar a “hidra” da corrupção e dos projetos mal concebidos e pior implementados… Olhem para o Mercado de Baucau e vejam o dano que um “ti…

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