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A sociedade está cada vez mais dividida entre os que consideram estarmos a entrar numa fase de endemia viral e os que receiam estar-se a permitir uma “normalização” precoce da pandemia.
De um e outro lado esgrimem-se argumentos, apresentam-se ideias, factos, pseudo-factos e múltiplas teorias de café. Intensificam-se os argumentos a favor de um e outro lado, cruzam-se opiniões científicas e políticas, em plena campanha eleitoral a pandemia é argumento na luta pelos votos, e no meio está o povo aparentemente mais confuso com a falta de sistematização de medidas e da sua devida e eficaz divulgação.
Reforça-se a testagem diária, procura-se acelerar a vacinação, acaba-se com o isolamento de turmas, mas a verdade é que a pandemia parece incontrolável e todos os dias surgem centenas de novos casos nos Açores onde os hospitais continuam a dar resposta, mas com os enfermeiros a alertarem que estão no limite da sua capacidade de trabalho e onde os centros de saúde se veem obrigados a reduzir a atividade assistencial. Nas escolas, há cada vez mais docentes e não docentes infetados, os casos entre alunos aumentam também de forma significativa.
Se o caminho é o da normalização então que isso seja assumido claramente perante todos. Contudo, uma decisão dessas deve estar alicerçada em pareceres médicos e científicos, salpicados por bom senso e ponderação, e não na mera vontade política de transformar a Covid-19 numa “simples” gripe.
Ao Governo Regional recomenda-se uma comunicação clara sobre a sua estratégia imediata, tal como é urgente sistematizar a informação sobre as regras, exceções e recomendações e passá-las, de forma clara e massiva, aos cidadãos. Basta andar pelas ruas e trocar dois dedos de conversa, aqui e ali, nos cafés, nos minimercados, nas farmácias, nas filas de espera dos autocarros, para se perceber o mar de dúvidas e o medo que muitos açorianos acumulam, um medo que pode contaminar as eleições do dia 30.
Os partidos andaram tão entretidos com a dissolução do Parlamento Nacional, guerrilhas internas, congressos antecipados e estratégias eleitorais que se esqueceram de pensar sobre o `modus operandi’ do ato eleitoral. E agora vamos todos votar independentemente de estarmos positivos ou não, todos alegremente lado a lado. E o que revela a `vox pop’? Revela que há muitos cidadãos que poderão não votar com receio de ficarem infetados. E, se assim for, o tiro pode sair pela culatra de quem andou com a cabeça no ar e não refletiu sobre o problema eleitoral.
(Paulo Simões – Açoriano Oriental de 23/01/2022)
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